Na manhã seguinte acordei já com os nervos à flor da pele pelo dia que eu ia enfrentar...

Levantei-me e arranjei-me com mais rapidez que o costume e fui acordar o Hugo para levá-lo à Toca

— Filho, está na hora de acordar para ires para a avó. - Disse, enquanto o abanava com cuidado.

— Só mais cinco minutos, mãe... Por favor... - Murmurou, enfiando o rosto ainda mais fundo na almofada.

— Hoje não pode ser mesmo, lindo, eu tenho muito trabalho para fazer hoje e quanto mais cedo eu for depois eu consigo ir buscar-te à avó para virmos para casa.

— Okay... mas hoje há sobremesa? - Questionou esperançoso e eu beijei-lhe a testa.

— Vou pensar no teu caso, agora vamos, queres que te arranje a roupa ou vais fazer tu isso?

— Eu faço, mãe! - Assegurou quando se levantou e correu para a casa de banho. Eu sorri e fui para o andar de baixo para fazer o pequeno almoço.

— Maria, já voltaste, correu tudo bem? - Questionei a minha assistente e fiel amiga Maria. Uma bruxa brasileira que sempre ambicionou viver em Londres. Ela tinha ido passar as festas a casa, ela tinha cabelos castanhos pela cintura, olhos também eles castanhos, a sua pele era branca e o seu corpo era magro. Ela deu-me um sorriso amigável.

— Sim, foi uma pena deixar os meus pais, mas… o meu trabalho chamou-me e aqui estou para continuar ao lado da única e eficiente Hermione Weasley! – Exclamou com a sua forma de ser simpática e energética, sempre traz um pouco mais de bom humor ao escritório pela manhã. – Por falar nos meus pais, eles dizem que eu tenho que te levar lá qualquer dia, para passares umas férias no quente e soalheiro Brasil!

— Bem, quem sabe um dia eu posso aceitar a proposta, gostava de lá ir mesmo, mas… com todo este trabalho torna-se impossível…

— Quando estiveres a precisar de umas férias é só dizeres e aproveitas e levas a família, aposto que a Rose e o Hugo iam adorar!

— É… eu também acho… Bom está na hora de começar a trabalhar, prometi ao Hugo que hoje ia busca-lo um pouco mais cedo para poder fazer uma sobremesa para o jantar…

— Tudo bem! Aproveita os papéis na tua secretária!

Eu ri e entrei para o meu gabinete com um sorriso, que logo desapareceu ao ver um pequeno monte de papéis na minha secretária.

— Bem, vamos a isto…

A manhã passou de forma demasiado rápida para o meu gosto… E o nervosismo estava a tomar conta de mim a esta hora…

Mais uma vez respirei fundo, quando a minha porta se abre e a Ginny e o Draco entram, a ruiva com um sorriso que indicava que estava na hora e o loiro com um sorriso, mas que não lhe atingia os olhos, percebendo o meu nervosismo ele é o primeiro a falar.

— Pronta para ir almoçar?

— Claro, vamos a isso.

Seguimos os três para fora do meu gabinete e eu convidei a Maria para vir connosco almoçar. Quando já estávamos no átrio do ministério ouvi o meu nome ser chamado e por instinto agarrei a mão do Draco que se encontrava do meu lado direito. Os quatro olhámos para trás, vendo o desprezível do meu, ainda, marido e o Harry atrás dele, tentando acalmá-lo.

— Como assim tu queres o divórcio e a guarda TOTAL dos MEUS filhos?! – Questionou com um olhar furioso e o rosto totalmente vermelho.

— Ronald, eu creio que seja melhor falarmos sobre isto num local mais privado, e não há razão para gritar. – Afirmei com uma calma na voz que eu não sentia, nem de perto nem de longe.

— Mas porque raio queres o divórcio?! Eu dou-te tudo aquilo que tu queres! Eu dou tudo o que os meus filhos querem! Porque haverias TU de ficar com eles?!

Eu não tive tempo de responder pois o eco que foi ouvido foi de duas mãos chocarem ao mesmo tempo no rosto do ruivo à minha frente. A Maria e a Ginny tinham acabado de dar um estalo ao Ronald pelas suas palavras.

— Como te atreves a dizer que nos dás tudo o que queremos?! Nós queremos um marido e pai presente, queremos amor e carinho, não dinheiro! – Exclamei já fora de mim, e senti o aperto da mão do Draco na minha aumentar, para me tentar acalmar, mas as lágrimas já rolavam livremente pelo meu rosto. O Ronald, que até ao momento estava com um olhar chocado pela agressão de duas mulheres contra si, deve de ter reparado no movimento e riu sarcástico.

— Então é por isso… Tu andas a trair-me com esse furão saltitante, não venhas com desculpas esfarrapadas, queres ser a vítima nesta história, mas não enganas ninguém sua…

Desta vez ele nem terminou de falar, pois um murro voou na sua direção, mas para a maior surpresa de todos os presentes, não foi nem a ruiva, nem o loiro, nem eu, mas sim a Maria... Antes que algo mais se pudesse fazer o Dean Thomas, que trabalhava no Departamento de jogos e desportos mágicos, segurou-a e afastou-a do ruivo.

— A trair-te? Mas tu ainda tens a distinta lata de dizes que a tua mulher, que te ama e que mente aos filhos sobre o pai estar a trabalhar até tarde, anda a trair-te?! Aqui quem se está a fazer de vítima és tu Weasley, não a Hermione, tu é que andaste a traí-la durante dois anos, não ela! – Quem tomou a palavra agora foi o Draco, ele tinha os olhos escuros e tempestuosos como se conseguisse matar com o olhar. Após as suas palavras todos os que se encontravam no átrio calaram-se pasmados com a revelação e o Ronald perdeu toda a cor que tinha no rosto. Eu cheguei-me à frente do Draco, que nem tinha reparado que estava mais próximo do ruivo, e decidi acabar com isto de uma vez.

— Agora não falas nada? Pois é, nós descobrimos a verdade, já toda a gente sabia o que eu planeava menos tu, que nos últimos dois anos só tens aparecido em casa aos domingos de manhã e em festas, por isso sim, eu estou a pedir o divórcio e a guarda TOTAL dos MEUS filhos, porque esse é o meu direito! Agora se não te importas eu vou almoçar com os meus amigos e tu vê se vais procurar uma casa, porque se quiseres mexer uma palha para tentar lutar pelos MEUS filhos, tu vais precisar de pelo menos um teto para lhes dar.

Agarrei na mão Draco e fomos até uma das lareiras, seguidos pela Ginny, Harry, Maria e Dean.

Quando dei por mim estava no meu sofá em casa, eu já podia mostrar toda a dor que sentia e simplesmente abracei-me ao Draco enquanto chorava e ele passava a mão pelas minhas costas e a dizer para eu deitar tudo cá para fora. Logo o casal Potter e a Maria e o Dean também lá estavam.

— Mione, nós vamos fazer-te o almoço, fica descansada. – Anunciou a Gin, levando os outros três para a cozinha e fechando a porta da mesma.

Eu respirei fundo e olhei para o loiro que me deu um sorriso lindo.

— Melhor, Mi? – Perguntou baixo e com carinho.

— Sim… obrigada por lá estares comigo… Mas e agora? Todos ouviram e eu aposto tudo o que tenho em como a Skeeter estava lá a anotar cada letra que se dizia… Os miúdos vão ficar destroçados... Tu sabes como as notícias em Hogwarts voam depressa, e sabes como os miúdos podem ser cruéis com eles…

— Tem calma, Mi, quanto à Skeeter temos de esperar para saber se ela estava lá ou não, mesmo que eu não tenha grandes dúvidas, e sobre os miúdos… Eles já sabiam mais ao menos o que se passava… claro que saberem que foi traição vai desapontá-los um pouco, mas eles são fortes e não estão sozinhos lá, o Hugo, se calhar vai ser mais complicado, eu sei como ele gosta do pai, mas ele tem os genes da mãe, e ele adora-te, és tu que cuidas dele, não o Weasl. E afinal eu nunca te deixaria na mão numa altura como esta.