Após o meu almoço com o Draco voltei ao ministério para fazer o trabalho da parte da tarde e no final fui à Toca buscar o Hugo.

— Mãe...? – Chamou o Hugo quando chegamos a casa através da rede de floo.

— Sim, querido, diz.

— Agora vamos ser sempre os dois à semana? – Questionou enquanto ele seguia-me até à cozinha. Eu respirei fundo, tentando não pensar no traste do pai dele.

— Não, o Draco vem cá jantar de vez em quando. Aliás, ele vem cá hoje. – Respondi, tentando não demonstrar grande alívio ao relatar esse facto. Quando olhei para ele, a única coisa que vi foi um sorriso no rosto.

— Ainda bem!

— Tu gostas do Draco, não é? – Inquiri com um pequeno sorriso.

— Gosto, ele é simpático e divertido!

— Bom saber que sou bem visto pelos meus doentes preferidos! – Comentou o Draco na porta da cozinha. Ele estava de braços cruzados, encostado na ombreira da porta e com um sorriso lindíssimo no rosto.

O Hugo virou-se para ele e correu para os seus braços, fazendo com que eu apenas sorrisse com a imagem. Sim, eu sabia que tinha feito a escolha certa ao pedir ao Draco para ser ele a estar ao meu lado quando fosse contar ao Hugo sobre o divórcio.

O Draco ao notar o meu sorriso sorriu-me e, com o Hugo no colo, veio até mim para me beijar a bochecha.

— Vá, Draco, vai descansar um pouco, e tu Hugo podes ir brincar enquanto eu preparo o jantar.

— Não precisas de ajuda? – Perguntou o Draco.

— Não, não te preocupes. – Respondi com um pequeno sorriso, ao qual ele correspondeu e logo pousou o Hugo no chão, que logo correu para o seu quarto.

— Quando é que lhe vais contar? – Questionou um pouco mais sério, mas, ainda assim, consegui notar a preocupação na sua voz e olhos.

— Depois de comermos, isto, se não tiveres nada planeado para depois de jantar...

— O que é que eu posso ter para fazer quando o meu filho está na escola?

— Eu sei... Também já estou cheia de saudades deles os dois...

— A Rose disse-te que te ia escrever, certo?

— Sim, ela disse que ia, não tarda chega a coruja dela... - Respondi com um suspiro, a preocupação e o nervosismo tomavam conta de mim a cada segundo e eu só tinha de agradecer por ter alguém como o Draco do meu lado.

— Mi, nós estamos juntos nessa, eu vou estar do teu lado para o que precisares.

— Draco... Como é que eu vou poder algum dia compensar-te pelo que estás a fazer?

— Eu hei de lembrar-me de algo entretanto. – Informou com o seu sorriso torto e piscou-me o olho, o que só me fez rir.

— No que é que eu me fui meter? – Comentei para o alto. – Ficar a dever um favor a um Slytherin!

Ele começou a rir comigo e ajudou-me a preparar o jantar mesmo comigo a insistir que não era preciso.

— Hugo, filho, eu preciso de te contar uma coisa muito importante... - Comecei assim que reparei que ele tinha terminado de comer.

— O que foi mãe?

— Bem... isto não tem forma fácil de se contar... mas a verdade é que eu e o teu pai estamos chateados um com o outro e vamos nos separar...

O seu olhar ficou perdido em algum ponto da parede atrás de mim e a sua boca abriu e fechou-se várias vezes sem realmente dizer uma palavra. Isto estava a matar-me por dentro, ter que fazer os meus filhos passar por todo este processo e fazê-los sofrer por terem o lar destruído...

— Foi algo que eu fiz? – Questionou com os olhos a lacrimejar e eu levantei-me para o abraçar e beijar-lhe os cabelos.

— Claro que não, querido, a culpa disto não é tua nem da tua irmã, apenas eu e o teu pai não achamos que devemos de continuar juntos se não estamos felizes, percebes, príncipe? Mas nós continuamos a amar-vos muito, isso não muda e nem nunca vai mudar.

— É por isso que o pai já não vem para casa há muito tempo? – Perguntou, limpando os olhos, ainda que as lágrimas só aumentassem.

— É sim... - Respondi com tanta dor no coração que nem dava para controlar as minhas próprias lágrimas. Foi nesse momento que o Draco veio para a nossa beira.

— Eu não vou poder ver mais o pai?

— Claro que vais, querido, eu nunca te proibiria de o veres se quisesses.

— Mas e se ele não me quiser ver?

— Ele vai querer. – Quem respondeu foi o Draco com um sorriso reconfortante não só para o Hugo como para mim.

— Como sabes?

— Eu sei, campeão, porque os pais querem sempre ver os seus filhos.

— Aliás, é por isso que ele vem sempre ao domingo. – Reforcei, tentando para as lágrimas que teimavam em molhar-me a cara. O loiro à minha frente simplesmente passou a mão no meu rosto, limpando assim as gotas salgadas e dando um pequeno sorriso de encorajamento. – Ele sempre vai querer ver-vos.

— Tens a certeza, mãe?

— Hugo, sabes como é que a mãe era conhecida pelos invejosos?

— Não...

— Ela era a Hermione sabe-tudo Granger, a tua mãe sabe sempre tudo.

Após acalmarmos o Hugo ele pediu para brincarmos com ele, sendo que eu tive de recusar por ter de arrumar a cozinha, mas o Draco aceitou, fazendo o meu pequeno sorrir.

Arrumei tudo com um aceno da varinha, neste momento queria estar com o meu filho durante o maior espaço de tempo possível. Quando entrei na sala os dois estavam sentados no chão a jogar monopólio.

— Vem, mãe, eu e o Draco temos estado a jogar por ti até chegares, mas não gastámos o teu dinheiro!

— Hum, ainda bem que não! Draco sabes jogar? – Questionei confusa.

— Sim, eu já li o manual de instruções enquanto o Hugo montava o jogo.

— Ótimo! Então vamos jogar! – Exclamei. – Vocês vão ter muito que me pagar.

O Draco riu, e deu-me aquele olhar desafiador.

— Isso é um desafio, Granger?

— Não, é um facto mesmo.

— Vamos ver isso.

Ficámos a jogar até o Hugo começar a ficar com sono e dizer que ia dormir, deixando-nos sozinhos a jogar.