Na manhã seguinte levantámo-nos cedo para que tivéssemos tempo de tomar um pequeno almoço juntos, como uma família.

A Rose já tinha a sua mala à porta pronta para ir e eu estava a acabar de vestir o casaco para sairmos.

Já na entrada da estação encontramos o Draco e o Scorpius, cujos sorrisos apareceram quase ao mesmo tempo ao verem o nosso carro, tal pai tal filho.

— Pronta para voltar, Rose? – Perguntou o Sorpius assim que nos cumprimentamos a todos.

— Mais do que pronta!

— Ótimo! Então vamos lá!

Já na plataforma a Rose e o Scorpius despediam-se de nós assim como todas as outras crianças naquele espaço.

— Rose, Scorp, nenhum de vocês tem um espaço a mais nas malas? – Perguntou o Hugo após ter abraçado a irmã mais uma vez.

— Não… Porquê?

— Porque assim eu ia convosco para Hogwarts…

— Então queres deixar-me ficar aqui sozinha mais cedo?! – Questionei com tristeza fingida, fazendo o meu pequeno ficar preocupado e abraçar-me com força.

— Mas não ias ficar sozinha, o Draco ficava contigo, não ficavas, Draco? – Inquiriu o Hugo. O resultado foi tanto a Rose como o Scorpius olharem para o Draco com... expectativa?

Logo nesse momento apareceram a Ginny e a Sra. Weasly com apenas a Lily, os meninos já devem ter entrado no comboio.

— Então, meninos? Ainda aqui? – Perguntou a Ginny após todos se terem cumprimentado.

— É verdade, Scorp, vamos para ficarmos com os outros. Tchau mãe, ainda hoje escrevo-te, porta-te bem, Hugo!

Correram os dois para o comboio e o Hugo agarrou a minha mão. Juntos vimos o comboio seguir o seu caminho para aquele mundo fantástico que era Hogwarts.

— Agora, a mãe tem de ir trabalhar, por isso, vais com a avó e com a Lily, okay, príncipe?

— Sim, mãe, tchau, Draco, tchau tia Gin.

O Hugo já se distanciava de nós quando o Draco o chamou.

— Campeão, respondendo à tua pergunta, sim, eu ficava. – Disse com um sorriso de lado, surpreendendo até a mim. O sorriso no rosto do Hugo é incalculável, ele correu para abraçar o Draco, que o pegou ao colo.

Quando eles se largaram e deixámos de os ver no meio da multidão a Ginny virou-se para nós.

— Vão entregar os papéis para o divórcio e o pedido de custódia completa? – Questionou, seguindo-nos até ao carro.

— Vamos sim, queres vir connosco? – Sugeriu o Draco. Ele não conseguia esconder o seu nervosismo e isso era compreensível, afinal, até hoje, não há registos de um divórcio na família Malfoy, ele será o primeiro a quebrar a tradição.

— Até gostava só para passar no escritório do meu irmão e dizer-lhe as poucas e boas que ele merece ouvir, mas… isso vai ser um choque para ele descobrir que tu descobriste tudo, e além do mais tenho de ir a uma entrevista que vou fazer à Katie Bell.

— Então manda-lhe os meus cumprimentos por mim, Gin. – Pedi, enquanto me despedia dela com um abraço e um beijo na bochecha.

— Claro que mando, e vocês os dois mantenham a calma, sabem que podem sempre vir ter comigo e com o Harry se precisarem de alguma coisa.

— Obrigado, ruiva, mas não te preocupes nós ficamos bem. – Disse o Draco após terem-se despedido.

— Eu sei que ficam, é só uma lembrança de que vocês têm amigos que se preocupam convosco. Adeus e divirtam-se, vocês merecem.

Logo ela foi até a um beco onde, muito provavelmente, aparatou sabe-se lá para onde.

— Então, vens de carro comigo ou vais já indo para lá?

— Vou contigo, eu já tenho os documentos comigo.

Depressa fomos até minha casa para deixar o carro e pegar nas minhas coisas para irmos diretos para o ministério.

Que o Draco se tornou um amigo relativamente próximo dos “heróis da guerra”, como foi várias vezes apontado pela imprensa durante e após o nosso último ano em Hogwarts, todos sabiam, logo, nós sermos vistos juntos era meio que normal, embora ainda quisessem lançar certos olhares acusatórios por ambos sermos casados com outras pessoas, já que nós agíamos, segundo o profeta diário e a witch weekly, de forma imprópria para apenas amigos, no entanto a grande maioria pareceu abster-se dessas insinuações, durante os tempos, apenas os mais conservadores ainda apontam o nosso comportamento como “imprórpio”.

Fomos entregar os pedidos de divórcio e o requerimento para a custódia completa das crianças, e subimos para a Londres muggle para almoçarmos em paz.

— Como é que achas que o Weasley vai reagir? – Inquiriu o Draco após termos feito os nossos pedidos. O restaurante era simples e discreto com mesas quadradas e uma decoração clara e familiar.

— Bem, se eu o conheço bem, como acho que conheço, ele vai ficar mais vermelho que os próprios cabelos, o que costuma ser hilário. – Comentei tranquilamente, eu sentia o peso de ter de contar mais tarde ao Hugo que eu vou-me separar do pai dele, mas um alívio imenso por finalmente acabar com este sofrimento da traição, porque acima de tudo foi ao Ronald que eu me entreguei, foi a quem eu dediquei anos do meu amor e amizade para agora acabar desta maneira…

— A Rose disse-me que já sabia do divórcio, e o Hugo? Ele já sabe?

— Não, ainda não sabe, mas eu vou contar-lhe hoje à noite.

— Espero que corra bem, ele é um rapaz bastante atencioso pelo que eu percebi nestas semanas. – Comentou com um pequeno sorriso de lado ao qual eu correspondi.

— Sim, ele é, só que ele também é apegado ao pai e tenho medo da reação dele.

— Entendo-te perfeitamente, Mi…

— Por isso é que eu não o vou conseguir fazer sozinha… Preciso que estejas lá do meu lado para lhe contar.

— Tens a certeza? – Questionou. – Afinal, ele vai fazer perguntas… - Disse de forma cuidadosa. – Esse é um momento entre vocês, família…

— A questão, Draco, é que ele também se afeiçoou a ti e ao Scorp nestas semanas e eu sei que vais ajudar a aliviar a tensão. – Respondi com um sorriso mínimo. A questão é que era verdade, o Hugo tinha-se habituado à presença do Draco e do Scorpius, e eu também... - Por isso é que tu tens que estar lá em casa por volta das 20h para o jantar. E eu não aceito um não como resposta.

— Tudo bem, Mi, eu estou lá às 20h. – Respondeu com aquele sorriso encantador.