Chato escrita por Bia


Capítulo 10
Extremamente Chato


Notas iniciais do capítulo

Oláá, queridos! Tudo bem?! Primeiro de tudo, agradeço de coração a quem comentou capítulo passado. Bom, este aqui, como sabem, é o último capítulo desta fanfic. Adorei escrevê-la, muito, muito mesmo. Os personagens são meio ariscos, mas acho que vocês irão gostar deles, haha!
Boa leitura!



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Capítulo 10: Extremamente chato

– Nunca pensei que concluir um texto pejorativo fosse tão bom… - Resmunguei comigo mesma, entendendo agora a sensação desses críticos.

E lá estava eu, monopolizando uma das mesas da biblioteca com o meu notebook púrpura, decidindo fazer alguma coisa útil naquelas três aulas vagas - nada melhor que escrever sobre pessoas chatas, não é mesmo? Eu estava bastante sozinha naquele lugar, com apenas uns alunos se utilizando dos computadores ao fundo e as moças da recepção.

Suspirei, esticando os braços para cima numa espreguiçada longa e prazerosa, bocejando em seguida. Faltavam ainda vinte e cinco minutos para o início da próxima aula, por isso eu tinha bastante tempo para fazer outra coisa.

– O que você está escrevendo? - A voz me assustou, me fazendo dar um pulo na cadeira. Fechei o notebook na velocidade da luz com um tapa brusco, gelada, tentando não transparecer meu nervosismo.

Virei minha cabeça levemente para encarar Jonathan, minha cruz eterna, que me observava com sua sobrancelha prepotente erguida, me olhando como se eu estivesse agindo muito suspeitamente.

– Nada - o respondi, pigarreando. - E você? O que faz aqui?

– Vim te ver - respondeu, muito sincero como sempre, arrastando uma cadeira e sentando-se ao meu lado. Continuou me encarando, os olhos castanhos claros me avaliando com atenção, como se pudessem ler meus pensamentos. - Seu nada geralmente significa muito. Juro que li um “importuno” ali, será que é de mim que está escrevendo?

Sorri, cruzando os braços e me encostando no encosto da cadeira.

– Bom, se a carapuça serviu… - Dei de ombros com indiferença. Dava raiva o fato dele estar certo.

Jonathan sorriu com malícia, erguendo um canto da boca, sua aura prepotente me envolvendo dali.

– Se é de mim que escreve, deveria ter um "meu amor", "lindo, tesão, bonito e gos-" - tapei sua boca, interrompendo-o, evitando mais vergonha alheia. Também não pude deixar de me recriminar, pois previ uma gargalhada da minha parte.

– Trouxa - murmurei, vendo suas sobrancelhas se erguerem num gesto quase ofensivo. Jonathan pegou meu pulso, pressionando a palma da minha mão contra sua boca, lambendo meus dedos. Me afastei com um grunhido e uma careta, limpando minha mão na calça. - Larga de ser nojento!

O garoto riu, nada constrangido, as sobrancelhas ainda erguidas de forma extremamente presunçosa.

– Já te lambi em diversos lugares e não me lembro de você ter me chamado de nojento.

Me engasguei com a saliva, literalmente sem palavras, pois bem nesta hora um aluno que estava nos computadores passou por nós, olhando esquisito para Jonathan.

– Meu Deus, tem como você ser mais inconveniente? Ah nah, calado! - Recriminei-o instantaneamente após minha primeira frase, já que ele abriu levemente a boca. - Estou brincando, apenas brincando.

Ele deu uma risadinha desaforada, como se estivesse surpreso por eu prever seus atos extremamente previsíveis. Algumas coisas são tão típicas de chatonildos, que você sabe o que esperar.

– Qual o problema, Carola? Eu só iria brincar também.

Trinquei os dentes, provavelmente montando uma carranca, pegando minha mochila e abrindo-a, pronta para guardar o notebook.

– Você sabe que eu odeio que me chamem assim. - Falei, pegando o aparelho. Mas, Jonathan, O Infeliz, foi mais rápido que eu, pegando-o junto comigo. - Solta, Johnny! Que saco, solta essa merda! Você sabe o que é privacidade?! - Grunhi, fazendo força para resgatar meu pobre e indefeso notebook, mas aquele desgraçado era mil vezes mais forte que eu.

Ele simplesmente arrancou da minha mão o aparelho, levantando-se num salto, indo direto para outra mesa. Largou-se ali enquanto eu levantava também, mas já era tarde demais. Jonathan abriu o pobrezinho, digitando minha senha (que, não importava quantas vezes eu a redefinia, ele sempre adivinhava) e abrindo o Docs com facilidade incrível.

– Meu Deus, como você é chato! - Tentei fechar o notebook quando cheguei à mesa, mas Jonathan agarrou meus pulsos com uma única mão, parecendo sério por um instante.

– O.k., vamos ler… “Maçante”. Ei, espera, eu não sou maçante! - Ele rolou o documento, parando no capítulo dois. - Ah, certo, eu sou sim irritante, admito. “Na realidade, você é tão irritante, que deveriam demitir aquela velha da Top Therm (sabe, daquela do Ômega-3?) e contratarem você.” QUÊ? - Ele fez o maior escândalo ao ler aquilo em voz alta. Soltei um xingamento ao sentir o olhar cortante da moça da recepção. - Ah, não, Carolis, agora eu tô ofendido! Mais irritante que a Aracy? Garota, você pegou pesado.

– Ai, meu Deus, cala a boca! Olha o escândalo que você está fazendo! - Resmunguei, forçando os pulsos. - Agora, sério, me solta e me devolva essa merda. Você já leu o suficiente para eu poder processá-lo por invasão de privacidade.

– “Primeiro você marcou minha carteira, depois minha cabeça, para logo em seguida marcar com caneta permanente meu coração” - leu ele, sem ao menos prestar atenção no que eu estava dizendo. Fiquei estática, sentindo-me gélida e, por um segundo, crucificada em vergonha eterna. Queria poder cavar um buraco no concreto e ficar lá para sempre. - Espera aí, Carolis, isso é uma confissão? Então você sai por aí escrevendo confissões de amor para mim e eu nem fico sabendo? Sabia que era para eu ser a primeira pessoa a ter noção disso?

– Hã… Isso não é uma confissão de amor. - Ergui uma sobrancelha, tentando não aparentar que suava frio. - Definitivamente, não é. Releia quantas vezes quiser, nunca escrevi que gosto de você aí.

– Para um bom entendedor, meia palavra basta - cantarolou, sorrindo, desta vez sincero. Jonathan largou meus pulsos, fechando o notebook devagar, erguendo a cabeça e me encarando como se tentasse ler meus pensamentos. - Agora que eu parei para pensar, não me lembro de ter ouvido você dizer que gosta de mim.

– É porque eu não disse.

– Então diga agora.

Cruzei os braços, olhando-o com a mesma intensidade. Aqueles olhos ariscos aprontavam alguma coisa.

– Vamos lá, Carolina, diga que gosta de mim. Eu sei que está bem óbvio para ambos os lados e nem era tão necessário você me dizer, mas… - Ele deu muita ênfase ao “tão”. - Quero ouvir você dizendo mesmo assim.

– Olha só, parece que eu me esqueci de um adjetivo. “Con-ven-ci-do”. - Disse devagar, me inclinando e pegando o notebook com certa força, ignorando-o completamente e voltando a me sentar no meu lugar inicial. Guardei o eletrônico na mochila com rapidez, fechando meu estojo. Johnny brotou do meu lado, insistente, apoiando os antebraços na mesa, se inclinado na minha direção. - Não é um sinônimo de “chato”, mas com certeza é um sinônimo de “Jonathan”. - Joguei o estojo dentro da mala, fechando-a com um solavanco logo em seguida. - Temos uma aula de matemática para ir, vamos.

– Não. - Ele fez o desprazer de me fazer sentar, agarrando meus antebraços. - Não antes de você me dizer, Carola. Vamos! - Ele me chacoalhou suavemente, parecendo, se eu não estava ficando louca, levemente preocupado. - Diga o óbvio!

– Se está tão óbvio assim pra você, por que eu tenho que ficar dizendo? - Perguntei com uma careta, não querendo continuar aquela conversa. - Só continue se banhando com toda essa sua certeza e me deixe em paz.

– Por que você tem que me dizer o óbvio? Oras bolas, Carola, é muito simples. Algumas coisas são tão óbvias que necessitam ser ditas muitas vezes. Por exemplo, é óbvio que eu sou chato, então você fica repetindo isso. Na realidade, eu sou tão chato, e você fica repetindo isso tantas vezes, que até enjoou da palavra e caçou sinônimos. Outro exemplo, é óbvio que você ama pizza, ama tanto, que está usando neste exato instante uma camiseta escrito “I love pizza”, com um símbolo do infinito estampado com pizza de calabresa. Mais um exemplo? É óbvio que você adora Rita Lee, por isso o número um de sua playlist é “Ovelha Negra”, assim como o segundo é “Desculpe o Auê”. É óbvio que seu livro preferido é Ensaio Sobre a Cegueira, por isso mesmo você escreveu em todas as contracapas de seus cadernos “É desta massa que somos feitos? Metade de indiferença, metade de ruindade”. E, Carolina, está bem óbvio que eu te amo, por isso mesmo eu sei tudo isso sobre você. E agora? Você vai me dizer o seu óbvio?

Aquele cara era terrível. Não vou dizer que ele me deixava sem palavras, porque não era verdade. Eu ainda tinha muitas coisas a dizer para esse ser, mas deixei melhor guardar para mim. Jonathan tinha aquele ar de quem sabia demais das coisas, aquele ar irritante, extremamente prepotente. E, novamente, ele levava uma conversa com aquela facilidade assustadora, navegando-a, como se soubesse exatamente aonde uma determinada pessoa iria chegar.

– O meu óbvio? - Comecei, encarando-o profundamente. - O meu óbvio é que… - Suspirei, mordendo as bochechas por dentro. - Você é extremamente chato. Na realidade, Jonathan, você é tão chato, que me contaminou, porque, você sabe, sua chatice já não é mais um traço de sua personalidade. Sua chatice virou uma doença extremamente contagiosa. E foi exatamente isso o que aconteceu. Você me contaminou da cabeça aos pés, me inundou de… Você. Sua chatice agora também me pertence. Eu me tornei tão chata quanto você, porque só semelhantes te aguentam por mais de meia hora, sejamos sinceros. E é exatamente por isso que eu definitivamente não gosto de você. Você me estragou. Me deixou doente de chatice crônica, completamente à sua mercê. Satisfeito com o meu óbvio? - Indaguei, semicerrando as sobrancelhas.

Jonathan sorriu. Não era um sorriso prepotente, cínico, falso ou irritante. Era um sorriso completamente verdadeiro, onde até mesmo suas covinhas apareceram. Ele não conseguiu parar de sorrir. Os dentes já estavam à mostra quando ele decidiu me largar.

Aproveitei a oportunidade e me levantei, dando passos duros e rápidos até a saída. A recepcionista me olhou feio, como se pudesse me queimar com seu olhar raio laser.

– Hey, Carola, eu sei que isso foi apenas uma forma indireta de você dizer que me ama também, tá?! - Jonathan gritou quando eu já estava passando pela soleira da porta.

Deu tempo apenas para mandar a ele um olhar mais fatal que o da recepcionista.

Viu? É exatamente o que ele é: um maldito extremamente chato, que com certeza iria me importunar até o fim dos meus dias.


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Notas finais do capítulo

Eu adoro a Carolis e o Jonathan, hahaha! Eles são muito divertidos juntos! xD Espero mesmo que vocês tenham gostado desta história tanto quanto eu, vocês foram lindos ao comentarem tanto!
Nos vemos em outras histórias, hihi! :3
Beijoos! o/



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