Stay Alive Loki escrita por HomeFiction


Capítulo 7
Antes de Partir


Notas iniciais do capítulo

Oi gente!
Estou postando de novo porque essa semana não vai dar tempo... essa semana vai ser tensa!!!


Nesse capítulo o Loki vai tomar uma importante decisão!


Boa leitura! Relevem os erros! e Beijosssss



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/621353/chapter/7

Loki bateu a porta do apartamento com força. Estava trêmulo repassando mentalmente a conversa desagradável que teve com aquele velho egoísta. O rapaz sentia-se a mais farroupilha das criaturas. Ao menos se explicava o motivo de ter sido não só ignorado pelo pai adotivo, mas principalmente desprezado por ele, porque já o fora por seus pais biológicos, sua mãe a mulher chamada Farubauti o havia vendido, descartado como lixo.

Ele largou-se no sofá, os ombros caídos numa postura derrotista, estava numa tênue linha entre se entregar de vez e aceitar o fato que o mundo pouco perderia quando ele fosse consumido pelo câncer, ou lutar, mesmo que sozinho contra a doença e escrever sua própria história provando para o mundo seu valor, principalmente para Odin. E foi o segundo sentimento que venceu e com uma força tão avassaladora que suprimiu quaisquer resquícios de tristeza, medo ou insegurança. Viveria, ou, sobreviveria àquela doença para mostrar-se de cabeça erguida perante aqueles que lhe magoaram tanto. Loki estava decidido a fazer Odin se curvar perante sua superioridade.

Ele ainda não sabia, mas aquele sentimento transformar-se-ia em desejo de vencer e seria uma âncora preciosa nos dias vindouros, quando tudo que restaria seria medo, dor e solidão.

Mas agora o que ele precisava era agir de forma racional e esquecer aquele velho idiota e focar em tudo que havia conseguido arrancar dele, porque sim, Odin havia lhe dado algumas informações importantes sobre sua verdadeira origem. Ele agora sabia que Laufey Nál era o nome do seu suposto pai e esse nome não lhe saía da cabeça. Precisava achar tudo que pudesse sobre esse homem.

A parte prática de sua mente tomou o controle, havia um trabalho a fazer: descobrir se Laufey estava vivo e onde ele estava. Loki se aconchegou na cama protegido pelo edredom com o laptop no colo buscando na internet quaisquer pistas que pudessem levar ao paradeiro do homem. Mas ele possuía apenas fragmentos de informações. Sabia que o homem havia estudado em Harvard com Odin, que era um gênio matemático, foi Diretor Financeiro de Asgard e que foi preso por fraude no mercado financeiro.

A princípio era como procurar uma agulha no palheiro. Os dedos elegantes de Loki trabalhavam rápidos enchendo o quarto com os sons das teclas do computador. Já havia feito muitas tentativas frustradas pelo Google. Buscando combinações e sequencias ilógicas sem qualquer resultado satisfatório. Loki precisava pensar onde Laufey poderia ter deixado uma pista, mas era uma tarefa nada fácil, principalmente porque esse homem lhe era um completo desconhecido.

A busca continuou noite adentro. Era difícil obter respostas do Google quando não se fazia a pergunta certa e Loki não sabia exatamente o que/quem estava procurando. Até que, meio por sorte, se deparou com algo que lhe chamou a atenção.

Buscando informações aleatórias sobre Harvard, matemática e genialidade achou um fórum de respostas chamado math.harvard. No fórum havia uma lista sobre expertise matemática no mundo financeiro. Um usuário lhe chamou a atenção, com uma resposta afiada, o que dava a entender que era alguém experiente de Wall Street. Em outra lista sobre teorias e teoremas matemáticos o mesmo usuário, “Sr. L.N.”, explanava de forma muito segura sobre o teorema de Fermat-Wiles, (teorema pelo qual Loki era fascinado). Um radar ligou em sua cabeça. Aquele poderia sim ser o homem que procurava.

Em outra aba jogou no Google o e-mail do usuário “Sr. L.N.”, e para sua surpresa descobriu que essa pessoa havia feito uma reclamação em um site de compras pela internet há três meses sobre a demora na entrega de um livro de investimentos financeiros no bairro de Valby, em Copenhague, capital da Dinamarca.

Aba 2: Wikipédia: “Valby é um dos dez distritos em que se divide a cidade de Copenhague, capital da Dinamarca. Com uma área de 9,23 km² e 46.161 habitantes”.

Aba 3: O e-mail assinava uma coluna de investimentos financeiros para um jornal regional de Copenhague, a poucos quilômetros de Valby.

Aba 4: No processo movido contra Asgard no passado descobriu um importante detalhe: Laufey Nál era nascido na Dinamarca, mais exatamente em Copenhague.

Aba 5: Achou uma reportagem de uma aluna do colegial de uma escola no bairro de Nørrebro, que ganhou as olimpíadas de matemática da Dinamarca, ela agradecia ao orientador Laufey pela conquista, Nørrebro que fica a 6 quilômetros de Valby.

As informações iam se aglutinando até se encaixarem como peças de um quebra-cabeças e Loki foi tomado por uma onda de ansiedade. As implicações lógicas em todas aquelas buscas levavam ao paradeiro de seu pai. Finalmente as coisas começavam a caminhar a seu favor. E Laufey não havia sumido no mundo após sair da prisão, tão pouco parecia estar se escondendo, o que parecia era que ele tinha voltado para casa e reconstruído sua vida longe de Wall Street e longe de tudo que lembrasse Odin e sua empresa.

A ideia estava formada na mente de Loki: ia atrás de Laufey. À primeira vista ela era frágil e sem muito fundamento. Havia implicações que pesavam bastante contra ela. Até o momento Loki não tinha certeza se aquele homem era mesmo seu pai. No relato de Odin sua mãe era uma prostituta. E quem poderia garantir que ela não mentiu ou se enganou quanto a paternidade do seu filho? A semelhança física e os mesmos gostos e aptidões indicavam uma chance, mas chances não eram certezas. E seria muito drástica a ideia de abrir mão de tudo em Nova Iorque e ir para um país estranho sem ao menos um endereço, apenas tinha evidências soltas que havia um homem envolvido com matemática e negócios financeiros no bairro de Valby na Dinamarca e que Laufey era dinamarquês. Eram chances, não certezas.

O relógio marcava “03:22 AM”, mas Loki estava ansioso demais para dormir. Ponderava sobre ir ou não atrás do suposto pai. Seria uma aventura e tanto, tinha que reconhecer, e poderia ser a primeira e última aventura de sua vida antes de sua morte (melhor não pensar nisso agora).

De qualquer maneira o que tinha ainda para ele em Nova Iorque? Tudo que acreditara até agora era uma farsa e ele tinha pouco tempo de vida. Tirando a empresa, a família e a saúde lhe restavam quase nada. E a Dinamarca lhe soava um lugar agradável para recomeçar. Considerado pela ONU o segundo país mais feliz para ser viver, e Loki achava que precisava de duas coisas nesse momento: uma delas era felicidade e a outra era sorte. Ele viu que em Copenhague, capital da Dinamarca, havia um centro de referência especializado no tratamento do câncer onde poderia ter acesso a um excelente tratamento.

Então depois de muito pensar a ideia se transformou na decisão: ir para Dinamarca. E a decisão gerou um plano: mudar para Dinamarca em poucos dias.

Ele ficou o resto da madrugada na internet. Buscou hotéis em Copenhague, havia uma infinidade de opções e preços, mas sua ida teria que ser definitiva, por isso descartou os hotéis. Seria uma mudança para a Dinamarca e não uma viagem de turismo. Passou o foco para aluguéis de casas e apartamentos em Copenhague, mais precisamente em Valby, que era onde supostamente vivia Laufey. Por fim ficou com três opções de apartamento, salvos numa planilha.

Loki tinha uma reserva financeira confortável, alguns investimentos e aplicações. Era dinheiro suficiente para custear um bom padrão de vida na Dinamarca, ou em qualquer lugar do mundo. Pensar que talvez não lhe restasse tempo para gastar tudo o que juntara ao longo dos poucos anos de vida lhe deixava depressivo, mas ainda não era hora de encarar todas as implicações de ter um câncer tão agressivo. Sobre a doença e tudo que viria com ela era melhor deixar para pensar mais tarde. Deixaria para atravessar essa ponte quando chegasse a ela, se chegasse.

(****)

Logo amanheceu a quarta-feira, um novo dia chuvoso. Um Loki cansado suspirou sentindo os músculos rijos e doloridos. Seus olhos formigavam irritados da noite em frente à tela. Ele pôs o computador de lado para se alongar demoradamente sentindo o pescoço estralar aliviando os nós de tensão.

Havia muito de seu plano para pôr em prática nessa quarta-feira. Após fazer sua higiene matinal, foi para o sofá com uma torrada e uma xícara de chocolate quente e seu inseparável laptop. Dali mesmo comprou a passagem, só de ida para Copenhague, tornando oficial o processo de mudança. Viajaria já na próxima sexta-feira, poderia parecer loucura, mas não era. Se tratava de sobrevivência. Na empresa aérea também conseguiu reservar o serviço de transporte para sua pequena mudança. Ele estimou umas quatro ou seis caixas médias, a Van da empresa viria na quinta-feira pela manhã buscar as caixas.

Quando recebeu o ticket de confirmação da passagem pelo e-mail, Loki respirou fundo. Agora era definitivo. Estava indo para a Dinamarca.

As maravilhas que a internet podia proporcionar nos dias atuais eram impressionantes. Loki tratou todos os detalhes do aluguel via Skype com a consultora de uma conhecida imobiliária que servia também a Copenhague, fechando com um apartamento no bairro de Valby. Era pequeno, mas aconchegante, com a vantagem de ser mobiliado e muito próximo dos meios de transportes. Transferiu o valor necessário para cobrir o depósito antecipado e as taxas estipuladas pela imobiliária.

Mais tarde foi a vez de ligar para a imobiliária de Nova Iorque e tratar da entrega de seu apartamento em West Village. O processo todo ocorreu sem problemas, teria apenas que pagar uma taxa por sair sem aviso prévio, e deixaria as chaves na portaria na sexta-feira.

Em seguida resolveu a mudança. Loki morava sozinho em um confortável flat em West Village. Móveis e eletrodomésticos pertenciam ao proprietário. Então sua mudança consistia em roupas, pertences pessoais e livros, seus preciosos livros. Na sala havia uma estante repleta deles, sua pequena biblioteca particular, logicamente não levaria todos.

O resto do dia foi reservado para encaixotar livros, utensílios, pertences, roupas, sapatos, etc. Quando finalmente terminou as estantes e armários estavam vazios, e caixas e malas descansavam pelos cantos da casa. Decidiu que doaria os livros que não poderia levar, (possuía muitos livros).

Já era noite adiantada quando Loki exausto, mas com tudo organizado se meteu sob as cobertas. Deitado na cama encarou o teto por breves momentos pensando se estava tomando a decisão mais acertada. Ele estava tentando seu melhor para ser racional e tomar as decisões com frieza, mas no fundo, bem no fundo, estava muito confuso e amedrontado. Loki havia descoberto muitas coisas importantes em um curto espaço de tempo e não tinha qualquer suporte, familiares ou amigos para lhe ajudar a assimilar. Então a melhor opção que tinha ele era fugir? Não teria sido melhor encarar sua antiga família e lhes contar sobre a leucemia? Quem sabe Odin não morria de culpa, o velho bastardo? E esse pensamento fez Loki rir, quase gargalhar, mas não havia graça realmente e ele voltou a ficar sério. –Odin nunca se importou comigo, não vai ser agora. – disse para si mesmo.

Então definitivamente contar não era uma opção. Loki era orgulhoso, não queria que Odin lhe olhasse com pena, tão pouco Thor e principalmente Frigga. Ele não queria fazer esse papel de pobrezinho perante eles. Não suportaria que sentissem pena do pobre e preterido filho do ladrão e da puta drogada que estava morrendo canceroso.

Ele afundou a cabeça no travesseiro respirando pesadamente. Sentia-se muito cansado por causa da doença. Lembrou da leucemia, ela o estava comendo por dentro e rapidamente, Loki sabia. Sua melhor chance era achar sua família biológica, rezar para os encontrar, rezar para que desse tempo.

Ali deitado sozinho, pela primeira vez depois que soube da doença, Loki admitiu para si mesmo que a possibilidade da morte era real e próxima e isso era assustador, porém, estava muito cansado para se ater as consequências do câncer e caiu num sono profundo sem sonhos.

(****)

A Quinta-feira amanheceu fria e cinzenta. A van da transportadora veio buscar a mudança. E Loki aproveitou para levar as caixas restantes para uma instituição próxima ao seu apartamento ali mesmo em West Village.

Era cedo ainda quando retornou ao apartamento. Aproveitando a facilidade da internet de tradução de sites, ele conseguiu agendar uma consulta para segunda-feira pela manhã no Hospital Herlev, perto de Copenhague, importante centro de tratamento e diagnóstico do câncer na Dinamarca. Um problema seria a barreira da língua, Loki não falava Dinamarquês, mas contava que pudesse se fazer entender por meio do inglês, tido como língua universal, enquanto não aprendia o básico.

A quinta-feira passou como um borrão. O resto do dia foi vago para repassar o “checklist” da mudança, reler os folhetins sobre a Leucemia linfoide aguda (LLA) e pensar nos próximos passos, no entanto, ele já estava entendendo que quando se pode perder a vida em menos de seis meses não há muito que pensar ou planejar e sim agir. A vida era curta demais, preciosa demais e infelizmente, frágil demais.

(****)

E a sexta-feira finalmente chegou. Era o dia da partida. O dia que iria embora para sempre de Nova Iorque, o dia que mudaria toda sua história. O embarque seria às 17:20, num cansativo voo de 16 horas com escala em Moscou.

Loki acordou de manhã com os mesmos sintomas que já faziam parte de sua rotina, bem como as aspirinas e relaxantes musculares. Não estava com fome, mas se obrigou a tomar um leve café da manhã. O chocolate quente que tanto gostava e umas poucas torradas.

Naquele dia, com tudo acertado, Loki não teve pressa. Sentia-se excitado e expectante, assim optou por caminhar lentamente pelas ruas observando os detalhes como se os quisesse guardar para sempre na memória.

Ele tomou o metrô descendo no Central Park. Era sua despedida de um lugar que lhe fora tão importante. Lembrava-se de ter sentado ali por pelo menos 10 minutos nos seus piores dias na Borson, no início quando era corretor Jr e precisava bater metas para ganhar uma comissão no salário baixo ou quando já era assistente e seu pai rasgava seus relatórios gritando que refizesse aquela porcaria na frente de toda empresa. Sentou-se ali, quando Thor foi nomeado à Presidência. Definitivamente Sentiria saudades e novamente teve aquele sentimento apavorante de jamais tornar a ver aquele lugar.

Retomou o caminho pelo metrô, despedia-se dos lugares que durante os últimos anos fizeram parte de sua rotina, como o café na esquina ou o restaurante da outra quadra.

Finalmente estava em Wall Street, mas precisamente na Borson, dentro de sua sala. De todas as decisões tomadas ultimamente, deixar a empresa era a mais dolorosa. Aquilo foi e seria a grande paixão da sua vida, havia muito de Loki em cada conta assinada, como se a Borson fosse uma extensão sua. Ele sentou-se atrás de sua mesa. A plaquinha de acrílico com seu nome descansava sobre alguns documentos. Em sua cabeça passava um filme de tudo que vivera ali.

Faltava a última tarefa a ser cumprida, mas escrever sua carta de demissão não foi fácil. Seus olhos umedeceram algumas vezes enquanto ele encarava a folha em branco. Em cinco anos nunca se imaginou escrevendo aquela carta. Nunca se imaginou fora da Borson.

Odin e Thor estariam em reunião a portas fechadas a tarde toda, melhor assim. Loki não desejava levar consigo a imagem de um Thor presidente e tão pouco desejava olhar na cara de Odin. Assim, ele organizou algumas pastas, tomou carta e saiu da sala com uma última fungada.

Andrezza levou um choque quando viu Loki ali parado em frente a sua mesa segurando o envelope branco numa mão e algumas pastas embaixo do braço. Ela entendeu no exato momento. –Então é assim que termina? – perguntou baixinho.

Loki assentiu e lhe entregou o envelope direcionado a Thor, que era seu superior imediato, execrando Odin em pensamentos por essa última humilhação, ter que se reportar a Thor. –Obrigado por tudo. – disse ele.

—Sou eu quem deve agradecer. – ela respondeu. –Foi uma honra trabalhar ao seu lado. – a moça estava emocionada. Eram palavras verdadeiras, tanto Andrezza quanto Loki sabiam o que era trabalhar duro nos bastidores, por trás das cortinas quando ninguém estava olhando e sem nunca receber o devido reconhecimento. E a Borson devia muito do que era hoje a eles.

Loki caminhou para o hall dos elevadores. Lembrou-se da primeira vez que entrou ali levado por Odin segurando sua mão. Ele era só uma criança, e como todas as crianças no auge de sua inocência, acreditava que o pai era seu herói. Naquela época Loki se orgulhava de ser filho de um homem tão poderoso, dono de todo aquele império, e jurou seguir pelos mesmos passos do pai. Mas o Loki menino astuto que sonhou ser o presidente um dia, já não existia mais.

Ele deu sua última olhada na Borson antes de entrar no elevador e deixar para trás seu sonho.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Gente umas obs:
O Hospital Herlev, não é um centro especializado do cancêr, mas será considerado como sendo nessa fic.
Escolhi a Dinamarca porque sou apaixonada por esse pais incrível.