Stay Alive Loki escrita por HomeFiction


Capítulo 5
O fundo do poço


Notas iniciais do capítulo

Olá! Esse capítulo é bem angust. Loki vai descobrir a doença :(
Perdoem possíveis erros e muito obrigada por todos os comentários!
beijos!



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Não nevava, mas o clima estava tão frio quanto o coração do próprio Loki. Sentado num dos bancos gelados do Central Park, ele fazia um repasse mental dos últimos cinco anos na Borson. Tudo o que fez foi por buscar a provação do pai. “Tudo em vão.” – pensou triste.

O vento frio o fez tremer, havia saído sem agasalho. Na verdade nem lembrava como chegara ali, apenas precisava de ar e saiu caminhando a ermo. Finalmente as lágrimas caíram, uma atrás da outra desabafando a desilusão e sofrimento de ser mais uma vez preterido, mais uma vez excluído. A palavra descartável e perdedor martelavam em sua cabeça insistentemente.

Miserável era uma alusão ao que ele estava sentindo. Se pudesse ele teria desaparecido. Seu mal estar aumentou e Loki se ergueu inclinando-se para a lata de lixo ao lado do banco vomitando o pouco que tinha ingerido no café da manhã. Era uma imagem patética vê-lo golfando com o rosto enfiado numa lata de lixo. Quando finalmente seu estomago se acalmou Loki recostou-se ao banco frio, o rosto muito pálido e doente. Ele fechou os olhos sentindo as lágrimas umedecerem os cílios e ele apertou os lábios finos numa expressão de sofrimento. Ok, ele havia ido ao fundo do poço dessa vez, Odin e Thor, juntos, puxaram seu tapete e ele levara uma baita queda. Havia literalmente “quebrado a cara”, ou “se ferrado”, como diria Kátia, a estagiária.

Ele se encolheu sentindo muito frio. Seria insano ficar exposto aquele clima por mais tempo. E de qualquer forma Loki achava que havia um limite para todas as pessoas, e ele estava farto, ele havia atingido seu limite.

Em tempos retornou ao escritório. Nos corredores a conversa era Thor e sua nomeação. Algumas pessoas lhe olhavam curiosas, mas nada disseram. Por sorte não cruzou com ninguém que esteve na reunião, não suportaria um olhar de pena nesse momento. Andrezza o encarou, mas algo no estado abalado dele a fez engolir quaisquer palavras.

Após se arrastar para sua pequena sala ele sentou-se em sua cadeira, havia uma plaquinha de acrílico transparente que dizia “Loki Odinson Gerente Jr.”, disposta sobre a mesa. Era sua pequena e recente conquista. Mas que vitória ínfima era ela perto da grande conquista de Thor. Ele sim era grande, seria o novo presidente da Borson. E como essa ideia machucava Loki, era como uma faca se revirando dentro do peito. Queria chorar de novo, mas descobriu que por hoje as lágrimas tinham secado. E Loki ficou ali sentado. Com os olhos lacrimosos e inchados, seu cabelo despenteado, o gosto de fel na boca... E toda a sua doença física e dor moral.

De repente ele se sentiu cansado demais, de tudo. No fundo Loki nunca foi uma opção real. Não havia uma disputa, e nunca houve, porque o troféu já tinha dono: Thor. Sentiu-se o bobo da história, usável e descartável como qualquer ativo da empresa. Odin sempre daria a Thor todas as honras e Loki seria só um consolo. Só o ajudante, o segundo filho, a sombra de Thor.

Nesse momento de sua autodepreciação seu celular tocou, era do consultório médico chamando para uma consulta amanhã. O resultado do exame de sangue havia chegado e Dr. Johnson queria vê-lo. Isso não era bom, era? O médico queria vê-lo para falar de um exame de sangue? A não ser que tivesse havido alguma complicação no exame, isso não era algo normal.

Ia começar a se preocupar quando Thor entrou pela porta sem bater e se jogou na mesma cadeira que ocupara na sexta-feira quando eles trabalharam juntos no relatório (Loki trabalhou). Quando Thor ainda não era presidente.

—Não vai me dar os parabéns, irmão? – disse o loiro com ironia ignorando que o mais novo parecia estar desmontando. –Agora eu vou dar as cartas aqui. – seu tom veio carregado de uma satisfação quase cruel. Sua nomeação daria fim às vozes que apontavam Loki como o profissional perfeito e ele apenas como o filho preferido do patrão.

Thor era um rapaz carismático e bem intencionado, um bom amigo para todas as horas, mas também era mimado, arrogante, imaturo que adorava ser o centro das atenções, e ascender à presidência de uma empresa como a Borson significava subir muito alto. E lá do topo a ótica era completamente diferente. A sensação de poder podia ser uma faca de dois gumes e talvez Thor no auge de sua tola juventude ainda não estivesse preparado para experimentá-la em toda a sua glória. E ali estava ele olhando Loki de cima, tão diferente de quando veio pedir por ajuda da sexta-feira passada.

Loki sorriu de lado pensando que se quisessem conhecer um homem, que lhe dessem poder e suas mais ocultas facetas seriam reveladas. Exemplo disso era seu tão nobre irmão, que estava ali para lhe esfregar na cara sua vitória. Bem, Loki teria feito pior, se fosse o caso de ele estar no lugar de Thor, infelizmente não era.

—Parabéns. – Loki resmungou esperançoso que Thor fosse embora. O irmão ou o pai eram as duas últimas pessoas que queria encarar nesse momento.

—Obrigado. – disse o loiro. –Agora que vou ser presidente, – encarou o mais novo querendo ver a reação dele perante sua glória, mas Loki não pareceu se alterar, então ele continuou. –vou precisar muito de você aqui no financeiro, pois sendo presidente não vou ter tempo para essas coisas chatas. – apontou para as planilhas dispostas sobre a mesa de Loki. –O pai ainda vai ficar uns meses me passando tudo, mas logo que eu sentar naquela cadeira vou mudar as coisas por aqui. Vou delegar muita coisa, acabar com alguns cargos inúteis e principalmente, acabar com essa chatice de reunião de metas. Estou pensando em terceirizar o setor de contabilidade também, dispensar alguns “dinossauros” e enxugar um pouco a folha de pagamento da empresa.

Entre as divagações de Thor Loki suspirou cansado massageando os olhos com os dedos, já não assimilava o que o outro dizia. –Então sua brilhante ideia é reduzir custos no setor financeiro e contábil de uma empresa líder no mercado de valores? – Loki admirou-se. –Você realmente me surpreende... – ele resmungou achando que aquilo era a maior piada dos últimos tempos. –Odin sabe que você vai colocar amadores para fazer o trabalho?

Thor definitivamente não tinha pensado direito. Na verdade ele não fazia ideia do que precisava para gerir uma empresa como a Borson. Seu sorriso arrogante foi morrendo. –De repente não é uma boa ideia. – disse sem jeito.

—Thor, é uma péssima ideia. – Loki suspirou ajeitando os cabelos bagunçados. –Eu tenho umas coisas para terminar para Stark e...

—Loki! Largue os números um pouco. – Thor o cortou abruptamente. –Eu vou comemorar com meus amigos. Achei que você pudesse vir junto. Eu sei que minha nomeação não era o que você esperava para a Borson, mas o pai decidiu assim, não há nada que você possa fazer contra isso. – disse Thor.

—Eu só acho que você não é a melhor opção. A Borson precisa de alguém mais experiente...

—Alguém Como você? – Thor respondeu. –O pai não pensa assim, ele sequer te cogitou. – completou cruel. Outra coisa sobre a personalidade do loiro era que ele odiava ser afrontado ou ter sua posição de destaque ameaçada e Loki, ali dentro, sempre fora uma ameaça constante.

—Ok, Thor. Você venceu. O que quer de mim afinal? – perguntou Loki com amargura.

—Que pare de ser infantil e aja como sempre agiu. – disse Thor. – Loki, eu vou precisar de sua ajuda como meu suporte...

—Como sua sombra, você quer dizer? – o cortou Loki magoado.

—Paz, Loki. – Thor ergueu as mãos. –Só vim te chamar para sair hoje à noite. – disse ele.

—Não, Thor. Você veio aqui para esfregar na minha cara que você é o presidente, e eu não. – disse Loki. –E essa pode ser sua vitória, mas é uma derrota para a Borson e eu não vou comemorar o começo do fim da empresa com você! Mas vá lá e divirta-se com seus amigos. É o que você sabe fazer de melhor. – Loki falou. Tudo que menos queria era assistir a coroação de Thor de camarote. Ele sentia-se miserável, desejoso e invejoso de que aquela felicidade fosse sua, mas havia coisas que não mudavam. Uma delas era a predileção de Odin por Thor.

Quando Loki foi deixado sozinho as palavras de Thor ficaram reverberando na sua mente desgastada. – “... não há nada que você possa fazer contra isso.” ou “... ele sequer te cogitou.”

—Então é isso que Odin quer para mim? Ficar na Borson fazendo o trabalho sujo enquanto esse arrogante e egocêntrico com ego maior que a lua ganha os louros? – pensou Loki com raiva. E finalmente ele tomou uma decisão, era o mais sensato a fazer. Qualquer um com um pouco de experiência nos negócios saberia de olhos fechados que sob a gestão de Thor as coisas iam caminhar ladeira abaixo em pouco tempo, pena que Odin era o único a não entender isso.

De qualquer forma Loki sentia-se realmente cansado. Aquele golpe foi o golpe final em seu orgulho. Ele tinha sido humilhado por muito tempo, sendo obrigado a estar abaixo de Thor, um profissional medíocre e inábil. E a empresa ia afundar, mas Loki não estaria ali para ver. Ele era um profissional muito bem cotado no mercado, bastava colocar o currículo na praça e logo estariam lhe chovendo oportunidades aos montes.

Respirando fundo ele começou a digitar em seu laptop, faltava pouco para terminar o plano de ação da Stark, queria deixar como legado para a Borson o maior fruto do seu trabalho, a conta mais importante da empresa.

Quando finalmente terminou ele sorriu para si mesmo, aquele era o melhor que tinha feito em anos de atuação. Sentiu-se orgulhoso e satisfeito, mesmo que ninguém ali dentro (ninguém poderia ser entendido como Odin) pudesse apreciar seu trabalho Loki sabia que poucos investidores financeiros no mundo fariam melhor.

(****)

 

A manhã de terça-feira logo chegou. No rádio a meteorologia anunciava um dia sem neve. Loki ao vestir-se para ir ao médico imaginou o que afinal seria aquela doença, ele já entendia que não podia ser uma gripe normal, se fosse já teria se curado. Ele culpou-se por acreditar que tanta dedicação ao trabalho o fez deixar sua saúde e bem estar de lado, mas como o trabalho para Stark já estava finalizado, pensou com um sorriso de satisfação que seria uma pequena vingança particular tirar o resto da semana de licença.

Uma semana seria tempo suficiente para descansar, curar a doença, que poderia ser uma gripe, que mal curada evoluiu para uma infecção pulmonar, e ainda buscar alguns contatos e novas oportunidades. Uma semana longe da Borson lhe faria muito bem.

Na próxima segunda seria a apresentação do projeto financeiro às Indústrias Stark e ele queria fazer essa honra, a conta era mérito seu e Tony só aceitaria Loki naquela frente. Seria como seu último esforço pela empresa que tanto amava.

O consultório ficava a uns quinze minutos de caminhada de sua casa. Loki havia vindo ali desde jovem, toda sua família costumava se consultar com Dr. Johnson. Era o primeiro horário do dia e o consultório estava vazio, ele havia chegado com antecedência, mas a secretária lhe pediu que entrasse, pois o médico ia o atender.

Dr. Lincow Johnson era um senhor de meia idade, muito eficiente na profissão e de uma expressão sempre descontraída. Estranhamente quando Loki entrou na sala reparou que alguma coisa estava errada. A postura do médico era rija e ele estava preocupado.

Loki observou o envelope de seu exame sobre a mesa, bem como uma pasta com alguns folhetos, logo pensou que algo estava gravemente errado e se preparou para o pior rezando pelo melhor.

—Doutor? – disse cumprimentou o médico.

—Loki, que bom que pode vir. – o médico devolveu o cumprimento apontando que o jovem tomasse seu lugar em uma das cadeiras à frente de sua mesa. –O motivo de tê-lo chamado com urgência é que recebi o resultado de seu hemograma. – ele fez uma pausa tensa e Loki engoliu o nó na garganta. –Os resultados associados aos seus sintomas confirmaram minhas suspeitas. – disse ele enquanto Loki o esquadrinhava com os olhos. Seu cérebro analítico ia registrando e processando palavras e expressões e tecendo antecipadamente uma estratégia. Logicamente não era uma simples gripe. Ao menos agora ia tirar umas férias. –Loki, não há outra forma de dizer isso. – a voz de Dr. Johnson soou forte e após respirar fundo ele concluiu. –Você tem Leucemia.

O silencio desagradável se instalou na sala. Loki piscou os olhos verdes ainda sem processar direito a última frase, mas logo veio a constatação: Leucemia. Ele tinha Câncer. Ele ia morrer?

De repente a angústia escureceu seu coração. Não é que tivesse medo da morte, era só que não estava preparado para ela. Ele nunca tinha conhecido a Europa, Machu Picchu, ou o Brasil, ele tinha uma estante de livros que ainda não tinha lido, ele nunca tinha tomado um porre, ou visto o nascer do Sol nas montanhas. Ele simplesmente não podia morrer, não ainda.

Deus! Ele era virgem. Ainda tinha que encontrar a pessoa certa e se apaixonar, casar, ter filhos, ok, já havia escrito alguns livros, mas queria plantar a árvore antes dos 40, saltar de paraquedas, mergulhar com tubarões, ou simplesmente ficar encolhido no sofá assistindo um filme numa tarde fria, etc. Ele queria viver e muito ainda.

Loki passou as mãos pelos cabelos negros, hoje sem o gel, abriu a boca somente para descobrir que estava sem palavras. Lágrimas se formaram no canto de seus olhos, mas não as deixou cair. Ia lidar com as lágrimas mais tarde, agora precisava ficar forte, mandar o pânico para um canto e tentar agir com inteligência.

Dr. Johnson lhe daria o tempo que fosse preciso, mas surpreendentemente, apesar do choque e do medo Loki o encarou com firmeza. A coragem e força refletida nos olhos verdes do rapaz fizeram o doutor prosseguir.

—A Leucemia Linfoide Aguda, a ALL, ataca a medula óssea provocando um funcionamento defeituoso, em consequência disso ocorre o crescimento e acúmulo dos linfoblastos que levam ao bloqueio ou redução na produção de glóbulos vermelhos, plaquetas e glóbulos brancos na medula óssea. – explicou o médico. –Eu sei que é assustador, mas vamos precisar correr contra o tempo aqui. Posso lhe indicar um bom oncologista aqui em Nova Iorque e te aconselho a já marcar os exames que vou receitar. – Informou ele enquanto fazia as anotações. –Loki, somente após o oncologista avaliar o resultado da punção lombar que eu prescrevi é que teremos certeza, mas eu não posso mentir para você. Seus resultados são extremamente agressivos. Há uma quantia muito devastadora de linfoblastos em seu sangue. Sua melhor opção é iniciar o tratamento com quimioterapia pesada urgentemente, tão urgente quanto será o uso de células tronco saudáveis. Precisaremos verificar sua família, provavelmente Thor, irmãos de pai e mãe têm boas chances de serem compatíveis para doação da medula óssea. – disse Johnson.

Loki tinha Leucemia e os resultados indicavam que era uma forma muito agressiva da doença. Sua vida estava virada de pernas para o ar e Thor era o único que poderia lhe ajudar. De certo o irmão não se negaria. Apesar de todos os problemas, ainda eram uma família, não eram?

O médico buscou no seu computador, e sua expressão passou para decepção. –Estranho. –Dr. Johnson resmungou coçando a cabeça. –Thor não tem qualquer traço genético em comum com você, nenhuma compatibilidade sanguínea. Vou checar seus pais. – informou acessando os arquivos de Odin e Frigga. Após um breve momento ele ergueu os olhos do computador encarando o rapaz de forma triste. –Loki, eles não são seus pais biológicos. Eles nunca mencionaram que você foi adotado?

Loki sentiu-se zonzo, o coração acelerou. Ficou completamente perdido engolfado por uma sensação gelada. Uma mágoa imensa cresceu em seu peito. Eles o enganaram esse tempo todo? Como puderam fazer isso? Toda sua história era uma farsa? Mais que nunca se sentiu completamente excluído e sozinho. –E quanto a Thor? – perguntou por impulso.

—Vocês são incompatíveis. Thor é uma combinação perfeita de Odin e Frigga. – disse o médico com pena.

Isso explicava muita coisa. O vazio que sentia e a forma como se via diferente de toda a família. Por isso Odin nunca o olhou do mesmo jeito que olhava para Thor, Thor era seu filho, ele não. A rejeição que marcou toda sua vida tinha um motivo. Tinha um nome: adoção. Ele achou que não suportaria, estava se afogando num combinado de tristeza e dor e agonia. Sua cabeça entrava em parafuso. Mil coisas passando por ela, lembranças, mágoas, rancores, tudo era explicado agora, tudo se encaixava no fato de ser adotado.

—Loki. – o médico o chamou. –Escute. Sem as células tronco o tratamento com quimioterapia servirá apenas para lhe dar uma sobrevida... – foi sincero. Era o mínimo que podia fazer por Loki: dizer a verdade. O hemograma estava ali na sua frente gritante e medonho.

—Sobrevida? – Loki engoliu em seco. Tinha que ficar calmo e pensar. Ele tomou longas tragadas de ar respirando pausadamente. Precisava se acalmar. Lidaria com todo o resto depois, uma coisa de cada vez. Seu cérebro entrou em ação sobrepondo razão a emoção, isolando os sentimentos em um canto, para que fossem tratados depois ou trancados no quarto escuro das feridas. Precisava ter sangue frio, mesmo que as coisas estivessem desmoronando sobre sua cabeça, tinha que ter frieza para chegar a uma conclusão lógica. A matemática tinha uma solução para tudo, ele só precisava lidar com aquela situação como se estivesse resolvendo um complexo teorema. –Quanto tempo eu tenho?

—Entenda que esse diagnóstico será mais preciso após análise da biopsia, mas de antemão, pelo que pude ver do seu caso, se não conseguir achar um doador de medula óssea compatível, suas chances de sobrevivência são nulas, mesmo com a quimioterapia estimo algo entre 6 a 18 meses.

Loki sentiu o coração dar um salto. –Entre 6 a 18 meses? – repetiu chocado.

Doutor Johnson suspirou pesadamente retirando os óculos de grau. –Eu sei que é difícil receber um diagnóstico desses, mas tem sempre o banco de medula. E acredite, pode parecer, mas não precisa ser o fim. Basta ter isso em mente e nunca desistir. – disse o médico.

(****)

 

Em menos de 12 horas sua vida havia declinado completamente. Ele tinha perdido tudo: Trabalho, saúde e a família que acreditava ser sua.

“Calma! Mantenha a calma!” – pensava consigo mesmo enquanto caminhava de volta para casa, no entanto, era difícil pensar com clareza após aquele diagnóstico. Era incrível pensar que dentro de seis meses tudo poderia acabar, tão pouco tempo para alguém que ainda tinha tantos planos e sonhos.

Abrindo a porta de seu apartamento jogou a pasta com os folhetos da leucemia sobre a mesa de centro e desabou no sofá fechando os olhos. “De 6 a 18 meses” – aquelas palavras lhe martelavam a cabeça.

Era como se ainda não conseguisse acreditar que tal tragédia havia se apossado de sua vida tão de repente. Sempre que se lembrava das palavras do médico era como se uma pedra de gelo afundasse em seu estômago. De repente sentiu-se doente, um gosto amargo na boca e a sensação de torpor vieram com força total. Loki só teve tempo de correr para o banheiro onde vomitou penosamente o pouco alimento que tinha ingerido mais cedo.

Quando finalmente não havia mais nada em seu estômago para ser expelido, ele se deixou escorregar pela parede fria. Estava pálido e suado, seu corpo todo tremia.

O peso dos últimos acontecimentos foi aos poucos o vencendo, seus longos cílios tremeram e uma explosão de lágrimas lavou seu rosto. Foi como se as feridas guardadas durante todos esses anos tivessem sido reabertas, toda a rejeição e humilhação, as derrotas, e perdas, as frustrações, a traição, e agora o medo da morte, etc. Foi como se tudo que esteve segurando viesse à tona de uma única vez numa combustão de emoção. Seu corpo começou a tremer violentamente a cada soluço, ele acabou num choro doloroso.

Sozinho, sentado no chão frio do banheiro Loki se deixou chorar por tudo. Esse era o momento dele desmontar o personagem e deixar sair toda a dor e angústia que carregava e choraria ali até o esgotamento. Até secarem todas as lágrimas.


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Notas finais do capítulo

Beijos!