Defeitos de Fábrica escrita por Lorena Luíza


Capítulo 8
VIII. Falso


Notas iniciais do capítulo

Oi! Obrigada por todos os comentários nos capítulos anteriores! :D



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/621071/chapter/8

Depois do que aconteceu naquele sábado, eu sabia que já estava mais do que na hora de eu passar a odiar aquele Sam. Ele era tão egoísta, tão frio, tão mentiroso e tão falso! Eu queria estrangulá-lo, jogar na cara dele que ele não ligava nem um pouco para o que eu sentia e queria, que nós não devíamos nem sequer ser amigos mais... Como uma pessoa podia ser insensível ao ponto de fazer uma coisa daquelas comigo, logo ele que eu pensava ser gentil de verdade? Realmente existia alguém capaz de ser tão cruel, tão maldoso e tão frio com alguém com quem tinha amizade? Será que não havia nem um pingo de compaixão no coração daquele idiota?

Por que diabos ele não me deixou fazer um bolo de morango ao invés daquele horroroso e extraterrestre bolo verde de gelatina?

— Verde é muito mais bonito — defendeu-se Sam quando eu exibi meu argumento de que eu escolheria o sabor, do modo que havíamos combinado por mensagens. — Sinto muito.

Estávamos na cozinha da casa da tia dele, na frente de uma mesa repleta de ingredientes (separados por ela, já que eu não fazia a menor ideia de que levava algo tão ruim como ovo para se fazer um bolo delicioso). Mal sabíamos pelo que começar.

— E minha filha — prosseguiu Sam —, você disse depois que o aniversário é meu, então eu escolho, shh!

— Eu estava sendo gentil! — retruquei, estando com mais vontade de rir do que de brigar. — E mesmo que verde seja mais bonito que rosa, bolo de morango é muito mais gostoso!

Sam me olhou de canto com uma cara feia, levando as mãos à cabeça e fazendo um coque meio fuleiro no cabelo com uma das milhares de pulseiras que usava no braço. Engraçado que, mesmo sendo muito bonito e tendo cabelos longos (para um garoto), a aparência do Sam não era nem um pouco feminina, ao contrário da do Alex. Dava para ver que em certos pontos a cor do rosto dele era diferente, devido à barba e o bigode que cresciam por ali. Já a cara inteiramente branquela do Alex... Bom, ela passava muito, mas muito longe de qualquer tipo de pelo facial, mesmo que já tivesse uns dezesseis ou dezessete anos de idade.

Depois de arrumar-se, o Sam foi lavar as mãos e depois parou determinado na frente da mesa, estalando os dedos e o pescoço como se fosse fazer algum tipo de exercício físico. Fiquei olhando e rindo sem ter nada para dizer.

— Seje menas, Samuel, é só uma bosta de um bolo — a prima mais velha dele, Marjorie, disse, entrando na cozinha com uma carranca e indo abrir a geladeira. Percebendo-me, forçou um sorrisinho. — E olá, Polliana. Como vai a sua irmã?

Marjorie, além de ter a mesma idade de Angelina, lembrava-me muito dela — não somente por as duas compartilharem o mesmo mau humor e serem amigas, mas também por estarem sempre usando o mesmo tipo de roupa e vocabulário. Marjorie era, diferentemente de Angelina, da minha altura e tinha os cabelos castanho claros cortados num chanel de bico. Estava de regata e saia naquele dia.

— Quantas vezes eu tenho que dizer que meu nome não é Samuel? — Sam resmungou, fazendo com que eu me lembrasse do meu ódio eterno pelo Polliana. Apontou para a prima com uma faca que usava para cortar uma embalagem, fazendo uma cara ameaçadoramente ridícula para ela. — Repita isso.

— Tá tudo bem com ela — dando uma risadinha para o Sam, sorri para Marjorie respondendo-a e ela sorriu também, só que de seu jeitinho forçado e irônico como o da Angelina. — Eu vou dizer a ela que nós nos vimos.

A prima do Sam murmurou um "ok", fazendo um joinha com a mão e saindo da cozinha com uma Coca pequena na mão. Antes de sair, disse para eu tomar cuidado com o Samuel e não deixá-lo mexer com fogo, porque da última vez chamuscara a cozinha inteira.

— Cala a boca! — ele berrou, e eu pude escutar Marjorie gargalhando lá da escada que dava para o segundo andar. — Baranga!

— Deixa ela, estava brincando. — Dei risada, tomando a embalagem de farinha da mão dele e abrindo-a sozinha depois de pegar um medidor. — Vamos começar?

Sam me olhou um pouco desconfiado, mas logo sorriu e meneou com a cabeça; o cabelo preso desmanchou-se quase por completo. Os fios do Sam eram mais lisos que os do Alex, que, mesmo com descendência asiática, às vezes ficava com umas ondas irregulares em certas partes das madeixas — mas talvez as ondas não fossem simplesmente parte do jeito do cabelo dele, e sim algo causado pelo fato de Alex realmente não parecer ser um grande fã de pentear os fios antes de ir à escola.

Logo, Sam e eu começamos com o tal do bolo que ficava com a massa verde, cor essa que por sinal era a favorita dele e que era obtida metendo gelatina de limão na massa. Meu Deus, nós éramos muito sem noção na cozinha, de verdade. Tivemos que chamar a Graça, tia dele, umas quinhentas vezes para ajudar, mesmo que tivéssemos um notebook com a receita ao nosso dispor. Eu já achava que Sam e eu definitivamente não havíamos nascido para cozinhar, mas isso apenas foi confirmado quando tiramos do forno minutos depois aquela massa irregular, cheia de bolhas e toda carbonizada por fora que mais parecia ter saído de um episódio do Ben 10.

Deu para ver na cara do Sam o quão magoado e decepcionado ele havia ficado com o bolo falho, assim como eu. Apesar de nós termos rido e nos divertido um pouco enquanto o fazíamos, meu Deus, aquilo havia ficado a coisa mais feia que eu já vira na vida. Acho que nem o meu pai, que comia meu arroz queimado e dizia sempre que estava uma delícia, poderia engolir uma mísera lasquinha daquilo.

— Eu tô bem triste — Sam choramingou enquanto esperávamos o bolo esfriar para tentar novamente comer um pedaço, jogando-se no sofá ao meu lado, colocando as pernas longas sobre o braço dele e deitando a cabeça no meu colo. — Queria morrer.

Meio surpresa pelo o que ele havia feito, encolhi um pouco os ombros, provavelmente ficando vermelha e sentindo minhas borboletas se alvoroçarem no estômago. Com medo de fazer algum movimento brusco e constrangedor, passei meus dedos trêmulos pela testa dele, afastando os cabelos castanhos de sua testa e fazendo-lhe uma carícia enquanto Sam olhava o teto sem dizer ou transparecer sentimento algum além de preocupação. Uma preocupação que não parecia nem um pouco ser por causa do bolo, já que ele já estava estranho desde que eu chegara à sua casa, mesmo que eu lhe tenha arrancado uma ou outra risadinha em certos momentos.

— Oh, pare com isso... Não fique triste por causa de um bolinho de nada — tentei consolar, mesmo sabendo que só um bolo não teria levado embora a expressão sempre contente do rosto do Sam daquele modo, e meus dedos deslizaram até perto de uma das sobrancelhas não muito grossas dele. — Vamos fazer outro qualquer dia, tá bom? Pode ser... na minha casa. Que tal?

Sam mexeu-se um pouco, dobrando uma das pernas e coçando a nuca sem dizer nada. Eu estava estática, mas tentava agir do modo mais natural possível. Acho que a timidez que eu tinha perto de outras pessoas não se comparava nem um pouco com a que tomava conta de mim perto do Sam, sério, já que eu quase engasgava com as palavras na garganta só de ficar próxima a ele.

— Não sei — Sam disse enfim, puxando uma mecha dos cabelos para trás da orelha e suspirando. — Tá tudo tão bosta. Deixa para outra vez.

— Você não está falando só do bolo, não é? — perguntei só por perguntar, já sabendo da resposta e acariciando a fronte dele. — Pode me contar... Eu sou sua amiga.

Sam olhou para mim e sorriu doce, olheiras aparentemente recentes sob seus olhos castanhos e gentis. Eu amava os olhos do Sam. Amava a pele dele, os cabelos, o rosto... Ele era lindo. Muito, mas muito lindo.

E era isso que machucava. Se não fosse gay, nem que a vaca tussa Sam iria querer ter algo comigo.

Eu nunca fui o tipo de garota que alguém pudesse considerar atraente, muito menos simplesmente bonitinha. Além de, vocês sabem, eu usar roupas de garotos, meu rosto nunca foi lá grande coisa e eu já deixei claro que dá para passar um caminhão entre os espaços das minhas pernas finas e compridas. Eu parecia mais um flamingo, daqueles bem magrelos que a gente bota no jardim, sabe?

— Não sei — repetiu ele, e então cobriu os olhos com as costas de uma das mãos, suspirando em seguida. — Eu estou me preocupando com algo com o que não devia me preocupar... Sei lá, Lia, sei lá que que tá acontecendo com a minha vida. Não sei de mais nada.

Dei um sorriso, tentando confortá-lo enquanto tirava a mão dele de cima de seu rosto e a segurava. Droga, eu acho que nunca havia tomado uma atitude assim e feito algo tão sei lá, tão próximo. Ele provavelmente não tinha a menor ideia das minhas intenções depravadas, como Alex diria, e eu estava ali, com o coração pulando e as borboletas dançando frevo no meu estômago só de estar com a mão grande e quente dele encostada na minha. E foi inevitável não compará-la à do Alex, já que a mão pequena e fria dele havia sido a última que eu segurara.

Sam deu um longo, demorado suspiro antes de decidir falar algo:

— Eu acho que o Kevin tá desconfiando que eu sou gay.

Ergui surpresa as sobrancelhas, logo torcendo-as e fazendo uma expressão confusa. Naquele momento, eu realmente pedi para os céus para que ele dissesse que havia mudado de ideia sobre o que gostava, mesmo sabendo que aquilo jamais aconteceria e que eu estava apenas com um monte de cocô de pombo na cabeça.

— Mas Sam — eu disse com as sobrancelhas ainda lá em cima —, você é gay.

— Eu sei, né. — Ele olhou emburrado para mim, como se eu tivesse falado porcaria. — Só que o Kevin não. Por que você acha que ele anda comigo, hein? Que é porque, certo dia, ele simplesmente acordou, largou a homofobia em casa e foi para a escola para virarmos amiguinhos e saltitarmos?

Eu pude perceber que ele estava com um tom um pouco irritado enquanto falava, logo me arrependendo de ter falado aquilo. Legal, agora eu havia deixado Sam irritado. Eu não podia mesmo ficar fazendo só um cafuné na cabeça dele sem estragar tudo, não é? Parabéns, Liana.

— Não precisa ficar bravo — eu disse. — Eu só entendi mal o que você havia dito. E nossa, eu achei que o Kevin soubesse! Tipo, desde que vocês começaram a se falar, eu realmente estava pensando que ele havia aberto uma exceção para você e aceitado ser seu amigo mesmo sabendo do que você é e tudo mais. Caramba!

— Quem dera. — Sam revirou os olhos, logo prosseguindo: — Não é fácil assim. Eu já sabia muito bem de que jeito ele era, por isso não falei nada. O Kevin não faz a menor ideia de que eu estava querendo ficar com o André, ele só acha que eu quero ajudá-lo e ponto final. E talvez eu realmente quisesse isso, só que agora eu tô ficando puto. Ele fica falando bosta o tempo todo, tirando com a minha cara e dizendo porcaria, já eu tenho que ficar quieto ou então dar uma risadinha. Dá vontade de pegar ele pelo braço e tacar na parede, Liana. Eu não aguento mais. Eu vou descer a mão na cara desse moleque, sinceramente.

Fiquei parada, sem ter o que dizer. Então eu havia, outra vez, entendido tudo errado?

Bom, para começo de conversa, eu sempre achei que o Kevin fosse meio ignorante. Além disso, tanto eu quanto qualquer pessoa sabíamos que ele também era homofóbico, mas agora quer dizer que, sem contar isso, ele também ficava tirando com a cara das pessoas além de já quebrar a cara delas sem motivo nenhum?

— Espera aí — eu disse. — Deixa eu ver se entendi: primeiro, você disse que não havia contado para o Kevin sobre você ser gay, já que ele não te deixaria se aproximar. Tá, até aí eu entendi. Só que agora, depois de já estar quase conseguindo o que você queria, está querendo desistir porque o Kevin tá te tirando do sério com as piadinhas?

— É, e eu tô quase — Sam respondeu. — Vou deixar esse André para lá. Mesmo que eu e ele não tenhamos muita probabilidade de acabarmos tendo um relacionamento mais sério, a gente fica escondido o tempo todo, mesmo, então tô pensando em deixar a trouxa da Susana e o babaca do Kevin para lá. Vou dar uns três dias para eu continuar tentando juntar os dois, e se ele falar alguma merda ou qualquer coisa que me irrite, vou xingar mesmo e deixar para lá. Não quero nem saber.

Farto, ele bufou, olhando para o teto com uma cara feia e as sobrancelhas bem curvadas. Era muito, mas muito raro Sam ficar bravo de verdade, e eu podia ver claramente que estava diante de uma dessas situações raríssimas. Receosa, soltei a mão dele, encolhendo um pouco mais os ombros.

— Você não acha... um pouco de crueldade o que vai fazer? — eu ousei perguntar.

— Crueldade? Crueldade, Liana? — ele perguntou de volta, soltando uma risada de escárnio em seguida e ficando ainda mais bravo; levantou-se, tirando a cabeça do meu colo e ficando apenas sentado do meu lado enquanto me encarava com uma cara feia, como se não acreditasse. — Você tá do lado do Kevin? Ele é um idiota! Fica falando merda de todo mundo, de gente tão humana quanto ele, e achando que está certo!

— Não, não, Sam! Não é disso que estou falando! — corrigi, encolhendo-me ainda mais no canto do sofá e começando a gesticular. — Estou falando da Susana e do André! Você não acha um pouquinho de maldade estar... é... arruinando o relacionamento deles? Digo, não é legal ser traída pelo namorado e pelo amigo, a Susana vai ficar muito magoada se um dia acabar descobrindo...

Ele bufou, relaxando o corpo e passando o braço pelo meu ombro. Suspirou um "ufa" antes de soltar o veneno outra vez:

— Você fala como se a Susana fosse santa.

— Ela é uma garota como qualquer outra, não é? — eu perguntei. — Sei lá... Eu só me imaginei no lugar dela.

— Não se imagine — ele disse —, ela é puta. É minha amiga, mas é puta. Não dá para fingir que não.

Torci os lábios em resposta, ainda desconfortável e confortável ao mesmo tempo com o modo como estávamos sentados. Perguntei-me se, um dia, talvez viraríamos um casal e eu poderia deixar de acabar ficando toda boba com qualquer coisa que ele fizesse. Por ora, apenas fiquei explodindo por dentro, sem querer me mover um centímetro que pudesse fazê-lo tirar o braço de cima dos meus ombros e parar de me abraçar.

Fiz um "ah" só para não ignorá-lo, já que minha atenção no momento estava mais no perfume e pele do Sam do que no que ele havia acabado de dizer. Fiquei parada enquanto ele procurava o controle num dos cantos do sofá, ligava a TV e ficava passando os canais sem parar em nenhum deles.

— É... Por que você acha que o Kevin está desconfiando que você é gay? — perguntei em certo momento, por já estar pensando naquilo um pouco antes. — Não quero que você se ofenda ou algo assim, mas é que tipo... As pessoas tendem a pensar que os gays são os caras super afeminados, espalhafatosos e sei lá, você sabe. Só que você não é assim, né?

Por mais que Sam fosse extrovertido e gostasse de atenção, ele não era exageradamente "cheguei" nem nada do tipo. Podia ser amigável demais, mas não chegava à se parecer com o estereótipo de gay. Não muito.

— Não me ofendo nem um pouco — ele deixou claro. — Eu entendi o que quis dizer. Só que, tipo, você se lembra do dia em que nós quatro fomos ao cinema, né? Tipo, Kevin, a Susana e o André. — Eu fiz que sim com a cabeça e ele continuou: — Então, havíamos ido comer alguma coisa quando o André cutucou minha perna sob a mesa e foi para o banheiro. Eu não sou idiota, fui também, já que além de me favorecer por estar indo dar umas bitocas, favoreceria também o Kevin e a Susana, porque os dois ficariam sozinhos... E aí você já sabe. Só que, sem querer, a gente demorou demais lá e quando voltamos a Susana e o Kevin estavam com uma cara desconfiada.

Soltei uma exclamação, mas logo me repreendi por ter achado aquilo perigoso. De forma alguma seria, já que havia sido apenas uns minutos de demora no banheiro, não é? Vai ver o lanche que haviam comido não lhes caíra bem.

— Mas isso não é o suficiente para eles acharem que vocês estavam fazendo algum tipo de bobagem dentro do banheiro, muito menos para o Kevin já achar que você gosta do André — opinei.

— Para a Susana, é. Ela acha que o André "superou" os tempos em que gostava de caras, só que não, não superou, até porque não se supera uma porra dessas. — Sam fez aspas irônicas com os dedos ao mencionar o "superou", revirando os olhos. — Já o Kevin... Bom, ele me acha estranho. Eu acabei defendendo muita gente e muita coisa em diversas situações em que ele ficou de frescurinha, falando merda, então ele diz que eu defendo "a minha classe". Além disso, o André tá me agarrando pelos cantos o tempo todo, e eu não duvido que uma hora ou outra o Kevin vai acabar vendo. Mas já não é como se eu realmente estivesse me importando, já que odeio ficar escondendo o que eu sou e não vou fazer algo que não gosto só para agradá-lo. Então, se ele acabar vendo e reclamar, foda-se; vou meter a mão na cara dele.

Eu fiquei quieta, desconfortável e preocupada com a situação dele. Eu não tinha certeza sobre o fato de Sam ser alguém realmente capaz de acabar entrando em briga para se defender, já que ele costumava apenas ignorar quando escutava porcaria... Só que, dessa vez, eu podia ver no oscilar dos olhos dele que estava mesmo irritado com o Kevin.

Infelizmente, a única coisa que eu podia fazer diante daquilo era tentar aconselhá-lo, mas nem nisso eu tinha certeza do que devia dizer. Eu não acharia em hipótese alguma certo o modo como Kevin agia, mas também não queria que o Sam tentasse dar uma lição nele ou coisa assim, já que eu não queria ninguém saindo prejudicado da história.

Pena que eu não tinha poder nenhum. Sendo assim, apenas torci em silêncio para que tudo desse certo.

Depois de algum tempo, eu quis animar um pouco o Sam, lembrando-me do livro que havia comprado para ele e entregando-o. Fiquei tão contente e radiante quanto ele ao ver que havia escolhido algo que lhe agradara, agradecendo mentalmente ao Alex por ter dado uma sugestão tão boa.

Pouco a pouco e mesmo sem ele querer, cada vez eu acabava me aproximando e descobrindo mais sobre o Alex. Nós já saíamos da escola juntos todos os dias, e o tanto que conversávamos era quase inacreditável se comparado às poucas palavras que trocávamos antes de nos conhecermos melhor e nos considerarmos amigos. Talvez melhores amigos, eu acho, já que eu não via Alex falar com pessoa alguma além de mim — pelo menos não pessoalmente.

Apesar de o Alex ainda não ter se aberto inteiramente comigo, já havia me contado de modo indireto várias coisas sobre si mesmo. Um exemplo bem tosco seria seu ódio por canetas colocadas no estojo com as pontas apontando para lados diferentes, eu diria, assim como seu medo irracional por ventiladores de teto — que o obrigava à sentar-se sempre nos cantos da classe, onde o monstro ceifador de cabeças não alcançava. Bem biruta aquele garoto.

Depois de termos nos divertido bastante no passeio no shopping, eu tinha quase certeza de que ele usaria sua estratégia de faz-birra-mas-depois-aceita com tudo, só que eu estava redondamente errada. Após isso, eu chamei-o umas quinhentas vezes para sairmos, mas Alex não aceitava. Não importava o quanto eu insistisse, era não, não e não.

Mas até que não importava, eu acho. Na maioria das vezes em que saíamos juntos da escola, nem íamos direto para casa, ficando falando bobagem na frente do prédio dele ou sendo vagabundos em qualquer canto. Aquilo não era considerado "sair", mas era divertido, então não importava. Ficávamos conversando até cansar, dando risada e contando qualquer coisa um para o outro até dizer "chega".

Foi numa dessas que eu descobri que ele tinha sim um pai, mas que morava no Japão desde que ele, Alex, nascera. Eu achei incrível aquilo, afinal os parentes mais distantes que eu tinha moravam na capital — e só para constar, nem se consideravam meus parentes. Alex não achava aquilo nada legal e mudou de assunto rapidinho quando eu quis saber mais, mas respeitei isso, afinal eu já havia sido bastante intrometida de ter perguntado se o pai e a mãe dele eram divorciados.

Também foi numa dessas vagabundeadas que nossa relação se elevou à um nível mais alto, não sendo apenas de namorado — eu, claro — e namorada — ele, com certeza. Alex, sustentando seu vício por açúcar que em breve poderia acabar desencadeando uma diabetes, comprara um "saquinho da sorte" que vinha com um monte aleatório de porcarias causadoras de cáries em seu interior.

Depois de ver o que de comestível havia vindo dentro dele, o Alex viu que, bem lá no fundo, havia vindo também quatro acessórios para criancinhas. Eram dois anéis e duas pulseiras, daqueles que só passam nos dedos e bracinhos de meninas pequenas, mas que deslizaram facilmente no dedo anelar e pulso dele.

— Fabuloso — Alex disse com um sorriso, olhando a própria mão com o anel roxinho e pulseira laranja de menina e depois puxando a minha. — Sua vez agora. Aceita?

Dando risada, deixei-o tentar passar os objetos no meu dedo e pulso e fiquei surpresa ao ver que serviam. Éramos dois palitos, mesmo, eu e ele. Fiquei olhando o aro verde com uma pedrinha no meu anelar e a pulseira azul de plástico enquanto balançava negativamente a cabeça, rindo da nossa idiotice e logo olhando para ele, que também riu em resposta.

— Tá vendo? Ficou bom — elogiou Alex, pegando a minha mão e entrelaçando amigavelmente seus dedos nos meus enquanto erguia uma sobrancelha num misto de ironia e divertimento. — Você é meu noivo agora.

— Assim do nada? — Eu ri. — Não vai nem me pagar um jantar ou fazer uma festa de noivado? E um presente, não vai me dar?

Ele mordeu o lábio, rindo outra vez e balançando nossas mãos. O plástico dos aneizinhos era duro e vagabundo, mas acho que nenhum de nós estava dando a mínima para aquilo no momento.

— Sinto muito, mas o presente sou eu — brincou. — E fique contente com isso, tem muita gente me disputando.

— Ah, tá. Belo presente! — Usei a mão que ele não segurava para descabelá-lo, fazendo-o rir mais uma vez. — E quando é que a gente se casa?

— Ué — ele disse. — Isso você decide.

— Por quê? — Franzi as sobrancelhas, fazendo-me de brava. — Só porque sou o noivo?

Ele deu de ombros, dando uma risadinha em seguida. Devia ser uma ou duas da tarde. Estávamos sentados no chão, com as costas encostadas à um muro próximo ao prédio dele e vendo os carros passarem. Tinha gente que até torcia a cabeça em trezentos e sessenta graus para olhar para nós dois. Bizarro.

— Tá bom, então eu decido — Alex murmurou enfim, dando um sorrisinho e me olhando de canto. — Nas férias de julho. Estão próximas, não estão? Então. E nada de convidar o Sam para o nosso casamento, tá? Vamos só eu, você e os meus gatos.

— Nossos gatos — corrigi —, casamento envolve divisão de bens. Mi gato, su gato. Tipo mi casa, su casa. Certo?

Alex sorriu, dando aquela risada infantil e doce que ninguém além dele sabia dar. Eu já devo ter dito, mas a voz dele era realmente bem jovem e suave, com um toque bem leve de rouquidão. Ele mesmo não parecia ter mais de quinze anos, e a voz apenas colaborava para que parecesse ser mais novo. Pena que, psicologicamente, Alex sabia muito bem como parecer um vovô rabugento às vezes.

— Certo, Polliana, certo. — Ele mordeu de leve os lábios de novo, rindo e olhando para baixo. — Mi gato, su gato. Entendi perfeitamente.

Eu fiz o mesmo que ele, em seguida desencostando nossas mãos e passando meu braço por cima de seus ombros. Eu gostava de abraçá-lo, principalmente porque ele era a única pessoa — lê-se garoto — com a qual eu podia fazer isso. Além disso, também era quase como um escape, já que eu meio que soltava minha vontade de apertar alguém nele quando não conseguia fazer isso com o Sam por ficar com vergonha.

Pensando nisso, lembrei-me do aniversário do meu amigo, que havia sido uns cinco dias atrás, e do sucesso que havia sido o livro que Alex me ajudara a escolher.

— Oh, verdade! — exclamei contente, agora usando o outro braço para abraçar o dorso não muito largo do Alex também. — O Sam adorou o livro que você escolheu! Obrigada, Alex, ele ficou muito feliz!

O Alex deu de ombros, e eu lhe dei um beijo que deveria ter sido na bochecha, mas saiu no olho porque ele se encolheu bem na hora.

— Babaca! Você quer me deixar cego? — resmungou ele, virando a cara para mim e esfregando os olhos; os dois círculos vermelhos estavam, com toda certeza, muito bem dispostos em suas bochechas. — Como quer que eu te veja de terno e gravata no dia do nosso casamento desse jeito? Noivo estúpido...

Achei que ele estava bravo, mas comecei a dar risada como se tivesse problemas mentais logo depois de ouvir tudo. Ah, como era bom ter uma noiva irritadinha e tímida que não tinha a menor vergonha de ser idiota na minha frente.

Os dias seguintes passaram normalmente, com os alunos da escola cada vez parecendo mais ansiosos pelas férias de julho, mesmo que ainda faltasse bem mais de um mês para elas chegarem. Eu não estava muito excitada com isso, já que ficaria sem escola, e consequentemente sem ver Sam nem Alex. Os dois provavelmente teriam muitas coisas divertidas para fazerem agora que não teriam mais escola todo dia, mas eu mofaria em casa como sempre mofara.

Não havia sido mentira quando Sam disse que não aguentava mais as baboseiras de Kevin. Eu via, de longe, os dois sentados perto um do outro e o Sam com a cara contente mais forçada do mundo. Dava para ver que ele não suportava a presença do Kevin, mas se esforçava o máximo que podia para não matá-lo ali no meio de todo mundo, mesmo.

Eu não esperava que ele fosse realmente fazer algo, e foi justamente por isso que eu fiquei tão assustada e desesperada quando aquilo aconteceu. Eu estava no refeitório com o Alex durante o intervalo quando um cara passou voando no corredor, berrando algo como "treta no corredor do primeiro ano!" e todos o seguiram para ver também.

Eu em hipótese alguma gostaria de ficar vendo os outros brigarem, mas naquele momento isso foi uma exceção. Eu já havia visto e sabia muito bem o quão irritado o Sam andava, bem o suficiente para desconfiar que talvez ele houvesse arrumado problemas por aí. Eu saí da sala no mesmo momento, arrastando o Alex contra a vontade dele e seguindo o mutirão que corria apressado para o corredor das salas do primeiro ano.

Eu estava realmente rezando para que nada que envolvesse Sam houvesse acontecido, mas rezar não adiantara nada. Ele estava com a expressão mais irritada que eu já o vira usar em minha vida inteira, rodeado por uma multidão e encurralando Kevin numa parede. As sobrancelhas franzidas, a respiração irregular e os dentes trincados... O Sam estava furioso, furioso mesmo. E eu não sabia o porquê, mas imaginava que Kevin havia visto ele com o André e falado porcaria.

Kevin estava com as costas coladas à parede de uma sala, parecendo tão enfurecido quanto o Sam e com a mão do mais velho sobre seu ombro, impedindo-o de sair dali. Não que o Kevin aparentasse querer, já que ele não fugia de conflitos em situação alguma. Droga, eu precisava fazer alguma coisa antes que aquilo ficasse sério. Eu sabia muito bem o modo idiota daqueles dois pensarem.

— Sam! — gritei, tentando abrir caminho para ir até lá e falar com ele. — Samuel!

Eu ainda tentava atravessar o mar de pessoas quando Alex puxou-me pelo braço, mandando que eu não me metesse e deixasse-o resolver seus próprios problemas. Eu fiquei furiosa naquela hora, desvencilhando-me da mão dele e continuando a tentar me aproximar do Sam para impedi-lo de fazer besteira.

— Você estava me usando para se livrar da Susana, e ainda por cima para pegar o namorado dela... Não tem vergonha de si mesmo? — ouvi Kevin dizer secamente, quase num rosnado, encarando Sam sem o menor sinal de que estava intimidado com o tamanho ou idade do outro. — Você não pensa no que os outros acham de você? Pense no que a sua família acha disso, seu escroto! Você não é normal, além de um egoísta do caralho!

O braço do Sam sobre o ombro dele tremia de ódio, sua expressão mostrando uma irritação que eu não conhecia até então. Uma gota de suor escorreu pelo pomo de adão dele enquanto eu queria me teletransportar até lá.

— Quem seria você para dizer algo sobre mim? — Sam respondeu num tom extremamente intimidador, erguendo o pescoço para olhar Kevin com superioridade e nojo. — Não passa de um pirralho ingrato que não sabe nem mesmo como se aproximar de uma mulher, que fica dependendo da ajuda dos outros e não sabe nem mesmo como agradecer por isso. Você sabia, Kevin... — Eu soltei um arfar desesperado quando a mão do Sam foi até o pescoço do Kevin, apertando-o e jogando ainda mais o garoto contra a parede. Dava para ver de longe as veias saltadas das mãos dele, os dedos torcendo-se gradativamente em contato com o pescoço do menor. — Você sabia que não merece nem metade do que fiz por você, não sabia?

Provavelmente começando a sentir falta de ar, Kevin tentou desvencilhar-se da mão dele, transparecendo um ódio descomunal no rosto. A expressão dele e de Sam mais parecia com a de um monstro enfurecido, pronto para destruir tudo o que visse pela frente. Não importava o quão mandão ou bom de briga Kevin fosse; Sam era uns dois anos mais velho, mais alto e mais forte do que ele. Aquilo visivelmente lhe dava uma raiva imensurável, à julgar pelo semblante de puro ódio que o garoto tinha na face. Suas narinas se dilataram e ele, agindo monstruosamente, mostrou os dentes e puxou ar, soltando algo que não devia ter dito nunca:

— Aber...ração.

Aquilo foi o suficiente para tirar ainda mais Sam do sério e me deixar totalmente sem palavras. Ele ficou parado, eu vendo sua expressão e dedos fraquejarem num instante e Kevin se aproveitar disso para tirar a mão dele do pescoço, golpeá-lo com força na lateral do rosto e continuar berrando horrores.

Os óculos do Sam foram ao chão, uma das lentes deles se trincando no mesmo momento e alguém da plateia chutando-os para longe enquanto o dono deles não parecia ter tempo para preocupar-se com isso.

— Escória! Bicha detestável! — vociferou Kevin. —Coloque-se em seu lugar, seu imundo! O que você quer, ir para o inferno? O mundo inteiro tem nojo de gente como você! Não percebeu isso ainda?

Antes que Kevin pudesse sequer pensar em reagir oura vez, Sam avançou sobre o garoto, investindo diversas vezes com as mãos contra o rosto dele enquanto o outro continuava a berrar insultos e ofensas que deixaram todos de boca aberta, logo podendo devolver os golpes com um desempenho bastante impressionante para alguém que apanhava tanto. Os narizes deles já sangravam muito quando os dois atracaram-se num canto. Ninguém dali parecia fazer questão de sequer tentar separá-los, mas eles também não pareciam querer de modo algum que isso acontecesse.

Dava para ver que eles não pareciam nem mesmo saber o que exatamente estavam fazendo. Golpeavam-se em qualquer lugar no qual pudessem golpear, orgulhosos demais para ao menos tentarem se defender ou fazer algo mais lógico. Estavam machucados, sangrando e provavelmente sem mal sentirem o próprio rosto ou as partes atingidas, mas não pararam. Não pararam em momento algum.

Eu admito que estava em total choque naquela hora. Eu jamais havia visto Sam tão irritado na minha vida inteira, muito menos tão ferido e com uma expressão tão... tão feroz e irritada. Ele estava, mais do que irritado, magoado com o que ouvira. Eu, em seu lugar, estaria chorando naquela mesma hora. Eu sabia muito bem que não era a primeira vez que ele ouvia coisas do tipo, mas escutá-las de alguém como Kevin, cuja pessoa ele havia vindo tentar ajudar havia tempos, devia ser algo ainda pior.

Por provavelmente estar pensando assim, Sam estava fora de si, incentivado pelos berros da torcida e sem parecer se cansar em momento algum, assim como Kevin. Só que eles eram humanos, humanos como quaisquer outros, e logo pararam ofegantes. Encararam um ao outro com um ódio descomunal, uma raiva que eu jamais havia visto.

Eu achei, paralisada em meio à multidão, que logo eles acabariam se matando quando Sam agarrou a camiseta do Kevin, forçando-o outra vez contra a parede como no começo e sorriu. Sorriu da forma mais sádica que eu já vira na minha vida, soltando uma gargalhada insana de escárnio. Vi o rosto do Kevin ficar ainda mais vermelho de ódio, como o sangue que escorria de seu nariz.

— Verdade...? Ir para o inferno? — Sam indagou, repetindo a risada louca e afastando o cabelo do rosto ferido. Ergueu Kevin pela camiseta, apertando-o ainda mais contra a parede com força. — Você é quem vai, Kevin. Você vai, seu chihuahua filho da puta.

O garoto não o respondeu. Permaneceu ofegante, talvez com o corpo latejando de dor, enquanto Sam pendia a cabeça para o lado e começava a rir outra vez. Eu estava com medo. Os alunos não diziam nem entendiam mais nada, calados como se quisessem ver o quão insanas as coisas ficariam a partir dali.

Morrendo de raiva, Kevin fechou os punhos para atacar Sam outra vez, mas o outro fechou a cara outra vez. A expressão dele me deu medo. Muito, muito medo. Eu não conhecia aquela pessoa que estava ali agora, muito menos aquela pessoa que voltou a sorrir.

— Me perdoe, amor — foi o que, para minha surpresa, ele disse. — Eu não sabia que você ficaria tão bravo por eu ter saído com outro cara.

— O quê? — Kevin rosnou irritado, franzindo o cenho.

— Prometo que nunca mais isso irá se repetir... Eu te amo. Tenho certeza de que você me ama também. — Ele aproximou-se do rosto do Kevin, sorrindo de um jeito extremamente maldoso e provavelmente inventando aquilo para prejudicá-lo na frente da escola inteira. — Eu sei que você me perdoará pelo deslize, meu cãozinho. Vamos, lata para mim.

Sam soltou a camiseta do Kevin, agora colocando as mãos no rosto do garoto e encarando-o de muito, muito perto. Meu coração pulou diversas batidas. Não, não pode ser. Ele não faria aquilo. Ele não seria ruim à esse ponto.

— Tira a mão de mim! — Kevin gritou já se desesperando. — De que diabos você está falando? Você está mentindo! Isso é mentira!

Sam apertou as laterais do rosto dele e deslizou o dedo por sua bochecha ferida, abrindo um sorriso enorme diante do desespero do menor. Minhas mãos tremeram, os dedos de Alex apertaram meu pulso.

— Não tenha vergonha... Amar não é pecado, sabia, Kevin? Deixe seus princípios para lá. — Já quase dissipando o espaço que havia entre o rosto dos dois, Sam quase encostou seu nariz ao do Kevin, deixando-os próximos o suficiente para um sentir a respiração do outro. — Venha aqui. Vamos mostrar para a escola toda o quanto nós nos amamos.

Antes que Kevin pudesse sequer abrir a boca para protestar, Sam aproximou de uma vez o máximo que pôde o rosto dele ao do garoto, que recuou o máximo possível com uma expressão de puro desespero no rosto. Como estava encurralado na parede, ele não pôde fazer nada além de virar o rosto, mas Sam segurou-a e forçou-a à ficar de frente para ele. Enquanto o desespero ficava cada vez mais claro no rosto do Kevin, o sorriso do Sam se alargou ainda mais. Num beijo puramente forçado, forçou seus lábios contra os do Kevin, fazendo com que minhas pernas quase perdessem o equilíbrio.

Eu não acredito que ele fez isso.

Repetirei o mesmo erro
Eu sei, mas não posso impedir
Diga-me, o que devo fazer daqui para frente?
Oh!

Não há mais nada que eu possa exigir de você nessa relação
Só dessa vez, é tudo ou nada

Eu me desespero em minha cama
Só você é meu pet!
Você está pronto?
Então venha!
Quando você festejar conosco
Estará com tudo, vindo em cima de mim!

Mas não se engane com isso
Não há futuro pela frente
Então não chegue perto
Pois este é o fim da linha para você

Estamos só mantendo essa relação
Tudo o que eu quero é me libertar
Se eu só ficar nessa relação
Ainda assim continuarei sendo quem eu sou, oh, sim!
Esta noite é única!

Apesar de este não ter sido meu plano
Não posso ficar te agradando!
Você, no fundo do seu coração, sabe disso sem eu precisar dizer, né?

Quando vejo seu rosto
Eu não sinto nada
Eu não ligo para merda nenhuma do que diz para mim!
(Fake, MY FIRST STORY)


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Oi! Esse capítulo atrasou. Queria avisar que eu geralmente vou postar capítulos toda sexta-feira ou sábado, ou pelo menos tentar. Obrigada por todas as visualizações, comentários, votos, acompanhamentos e pelas recomendações! Eu tô muito contente.