Defeitos de Fábrica escrita por Lorena Luíza


Capítulo 10
X. Fim ou começo de história?


Notas iniciais do capítulo

Oi, desculpa a demora! Esse capítulo não ficou muito bom, mas espero que vocês me perdoem. Eu me esforcei para deixar o menos ruim possível e não estou fazendo charme, é que eu realmente nunca escrevi nada como o que há nesse cap e apanhei muito.



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⌘ ⌘

— Puxa vida, Alex! Eu estou há uma semana tentando conseguir um conselho seu, dá para colaborar? Você só me ignora, deixa de ser chato!

Ao escutar o que eu disse, Alexander ergueu os olhos do celular, sentado do outro lado da mesa no refeitório com uma carranca séria e intimidadora. Já fazia algum tempo que ele andava quieto diante de mim, sem dar muita atenção para o que eu dizia e aparentando até mesmo estar irritado com a minha presença. Apesar de saber que o motivo disso devia ser o fato de eu ainda estar querendo me declarar para o Sam, eu não via porquê para tanta chatice, já que isso não era nada grande demais para poder incomodá-lo a esse ponto.

As coisas andavam tão estranhas nos últimos dias entre nós dois que eu já não aguentava mais ficar quieta diante dos atos dele, que estavam mais indecifráveis e birrentos que o comum ultimamente. Como se não bastasse a distância repentina que começara a separar Alex e eu, Sam e Kevin só haviam voltado da suspensão naquele dia e nem olhavam na minha cara, o que fazia com que eu não tivesse mais ninguém que pudesse falar comigo — ainda que essas duas últimas pessoas não andassem fazendo muito bem o que eu chamava de "conversar amigavelmente".

Depois de Alex e eu nos tornarmos bons amigos de verdade, eu não achei que as coisas voltariam a ser assim, com ele de cara virada para mim o tempo todo e até mesmo parecendo me evitar. Eu não queria mudar o que eu pensava sobre Alex ser uma boa pessoa e ligar para mim, mas o fato de ele não querer me ajudar estava me deixando chateada do fundo do coração.

Eu realmente queria que o meu único amigo além do Sam pudesse me dar conselhos antes de eu dar a louca e me declarar ao cara que eu gostava, mas Alex não parecia se importar nem um pouquinho com isso e me ignorava o máximo que podia, e isso quando não começava a arrumar briga. Ele não parecia dar a mínima caso eu fizesse tudo errado, e isso me incomodava demais, porque eu queria mesmo a ajuda dele.

Estaria tudo bem caso Angelina estivesse disponível para ouvir a minha choradeira e me aconselhar, mas além de odiar a minha ideia de me declarar, ela também não tinha o menor tempo para dedicar a mim. Isso fez com que eu me perguntasse se, no fim das contas, eu tinha uns pensamentos tão babacas para ninguém querer me ajudar a organizá-los. Eu só queria falar para o Sam o que eu sentia, poxa, isso não era tão errado assim! O que custaria para aqueles dois me ajudarem a encontrar as palavras certas?

Ainda que a Rebecca houvesse me incentivado muito por mensagens de texto, eu realmente esperava que o Alex pudesse dizer algo também, já que a gente se falava pessoalmente e era próximo o suficiente para eu me importar de verdade com o que ele diria. A Becca, por sua vez, era só incentivos, e eu não precisava nem mesmo pedir para ela vir com um "se eu fosse ele, eu te pegava".

Foi por meio de um desses incentivos meio confusos dela que eu descobri que aquela minha amiga havia me achado tão "bonito" no parque a ponto de ter me escolhido como o cara que usaria para trair o quase-namorado, o que não me deixou muito confortável, muito menos mais confiante — mesmo que, na visão dela, isso tenha sido um elogio. Já que esse Sam gosta de garotos, você deve ficar contente por se parecer com um, ela disse. Você é maluca, eu falei. Me deixa viver, ela respondeu.

— O que você quer que eu diga afinal? — a voz do Alex saiu cavernosa quando ele respondeu depois, quase como se não falasse comigo há dias. E realmente não falava, eu acho. — Hein?

Eu fiquei em silêncio por ora, pensando no que falar, e ele puxou de uma vez e de um jeito rude os fones dos ouvidos que usava. Andava sempre sendo assim; por mais que nós ficássemos juntos no intervalo ou saíssemos da escola na companhia um do outro, ele estava sempre quieto, escutando música e agindo como se eu nem estivesse ao seu lado. Assim que eu abri a boca para expor o que queria, Alex interrompeu, forçando uma vozinha amigável e usando um tom de voz e gestos que com certeza se pareciam com os modos do Sam.

— "Oh, sim, amiga, já sei. Vá lá, tudo dará certo!" — Ele ergueu as mãos, batendo palminhas enquanto me olhava com um sorriso forçado. — "Tenho certeza de que você é gostosa o suficiente para fazer seu amigo aracnofóbico que não dá uma foda para você gostar de mulher, então se joga! Ficarei aqui te esperando, e não quero te ver voltar sem ter quebrado a cara direito, hein?"

— Dá para parar de debochar? — eu resmunguei de volta, cruzando os braços e encarando-o brava, quase não acreditando na infantilidade dele. — Isso não tem a menor graça, Alexander. Eu tô falando sério com você.

Com o cotovelo na mesa e a mão agarrada nos cabelos da nuca, ele revirou os olhos e soltou um grunhido. Ultimamente, era só isso o que eu escutava em resposta: resmungos, rosnados e grunhidos. Alexander parecia mais um monstro perto de mim do que uma pessoa de verdade. Tentando ser paciente, coloquei o lado mais comprido do meu cabelo atrás da orelha e respirei fundo.

— Eu tô cansada de você, Alex, puxa vida — falei frustrada mais uma vez, suspirando em seguida. — Poxa, me dá uma luz, vai. Eu não faço a menor ideia do que dizer para o Sam, mas só escutar um "se esforce" de sua parte já me deixaria contente, entendeu? Eu esperava que você pudesse me ajudar de verdade, mas só algo assim já é o suficiente. Tá bom? O que você acha?

Ele bufou secamente.

— Acho você idiota e mimada — as palavras saíram tão naturalmente da boca dele que chegou a me dar raiva. — Sinto muito, mas eu não vou ficar incentivando suas vontades estúpidas. Achei que você já tinha entendido.

— O quê? Não são vontades estúpidas — retruquei de prontidão. — São os meus objetivos!

— Não chame uma bobeira dessas de objetivo, Liana, e não espere que eu vá concordar com isso. — O modo como a encarada do Alex não hesitava me irritava imensamente. — Encontre outro alguém que não se importe, eu não faço o tipo de pessoa que diz bosta só para agradar os ouvidos dos outros.

Fiquei ofendida no primeiro momento, mas depois não pude evitar rir e erguer as sobrancelhas diante do que ele havia dito. Como assim, incentivar vontades estúpidas? Desde quando tentar se esforçar para conseguir o que se quer é burrice? Além disso, "alguém que não se importe"? Ele é que não estava se importando, que hipócrita dizer algo assim! Naquele momento, eu realmente comecei a duvidar da índole daquele garoto.

— Você fala como se estivesse se importando, mas dá para ver que não está — retruquei emburrada. — Você só faz reclamar ou então dizer que eu faço tudo errado. Você é meu amigo, devia me apoiar nas minhas decisões e me ajudar com elas, sabia?

As sobrancelhas do Alex curvaram-se enquanto ele olhava em minha direção, mostrando que eu talvez o houvesse irritado com aquilo. Não me intimidei com seu semblante, já que eu estava certa e ele errado. Nós não vivemos vendo por aí que amigos devem apoiar uns aos outros em todas as decisões, situações, o que for? Pois então!

— Eu não me importo? — ele perguntou sarcástico, mas ainda assim com uma pitada de irritação, olhando firme para mim. — Você acha mesmo?

Estreitei os olhos, devolvendo a encarada dele sem hesitar.

— Eu tenho certeza.

Alex ergueu uma sobrancelha, soltando uma risada curta, irônica e irritante logo depois. Pedi aos céus para que me segurassem, ou então eu acabaria metendo a mão naquele rosto cínico dele.

— Polliana, você não sabe como é quando eu não me importo. — Ele voltou a usar a expressão séria de segundos antes. — Se eu não estivesse nem aí, eu não diria na sua cara que você é trouxa, muito menos deixaria claro que não acho inteligente o que você pretende fazer ou que não quero te ver tomando no cu. Você não vê isso, você só vê o que quer ver. Tá na cara que eu tô ligando e que desde o começo tô tentando mudar sua cabeça, te fazer abrir os olhos, mas você além de não colaborar ainda acha que eu tô falando o que falo só para te irritar ou porque não tô nem aí. Você é burra, lenta e infantil. Não me admira que o Sam só pise na sua cara, e não vai me admirar se ele te mandar para a puta que pariu depois que você for fazer draminha na frente dele.

Fiquei totalmente indignada com o que havia acabado de sair da boca dele, sentindo meu sangue borbulhar nas veias. O que era aquilo agora? O que ele queria mais, jogar na minha cara aquela montanha de bobagens ou querer dar uma de que se importava só porque não queria me ver me esforçando para conseguir o que queria?

Se aquele modo de falar comigo era porque ele se importava, como seria se não se importasse, afinal? Porque, que eu saiba, os amigos não servem para isso, e o jeito de ele estar agindo talvez provasse que o Alex não fosse tão meu amigo assim.

— E-ei, o que há com você, hein? — as palavras saíram de mim entre gaguejos patéticos e nervosos. — Isso seria inveja? Talvez você nunca tenha tido determinação o suficiente para conseguir fazer alguma coisa, e então está querendo diminuir a minha?

A sobrancelha direita dele se elevou mais ainda diante daquilo.

— Você me surpreende cada vez mais com o quão burra que pode mostrar ser. Inveja? Caralho, inveja de você, ainda por cima? Você só faz bosta, garota. Pode até ser que você esteja determinada e tudo mais, mas podia gastar sua determinação com algo que valesse a pena.

— E por que o Sam não valeria a pena, hein? Ele tem seus defeitos, mas ainda assim é uma pessoa melhor que você, que tá aqui brigando comigo. Você mudou pra caramba, tá bom?

Alex ficou me olhando por alguns segundos sem expressão, parecendo desacreditar no que eu havia dito. Mas aquilo era a verdade, se é o que ele queria saber! Nunca que o Sam tinha falado tantas coisas ruins para mim, por mais que nós já tivéssemos brigado algumas vezes recentemente. E ele sempre me incentivava a correr atrás do que eu queria, também, o que só era mais um motivo para eu gostar dele!

Agora o Alex, por mais que estivesse junto comigo até então, nunca fizera nada além de ser um grosso. Podia até ser gentil uma hora ou outra ou fazer algo certo, mas agora eu não conseguia nem mesmo dar valor para essas coisas, já que ele estava sendo tão rude e indiferente diante do que eu dizia!

— Ah, eu mudei, agora? Quer saber, vai lá com ele. — Alexander pegou o celular em cima da mesa, levantando-se visivelmente irritado. — Você não disse que eu não me importo? Então agora não me importo mais mesmo. Faça o que você quiser.

— Sim, f-faço! — Levantei-me também, com as pernas e as mãos trêmulas de raiva e o coração disparado. — Eu não dependo da sua opinião, seu falso! Q-quer só ver?

Ele me seguiu com o olhar enquanto eu ficava de pé e saía da mesa, mas não se moveu. Eu estava irritada agora. Se me deixar assim era o que Alex vinha querendo, pois então ele havia conseguido. Ele vinha julgando que eu era fraca, idiota e não sabia fazer nada que prestasse sozinha, não era? Pois então ele veria. Eu não dependia dele. Podia ter vindo pensando assim até então, mas agora só de raiva faria totalmente o contrário.

Quero. — Os olhos dele faiscaram enquanto ele forçava um sorriso. — Eu nunca perderia uma oportunidade tão rara como essa. Pode ter certeza de que estarei lá só para dizer "eu avisei" e rir da sua cara.

Ouvir aquilo foi o que faltava para que eu irrompesse. Eu não pensei ou senti nada além de raiva naquela hora, e ao perceber a palma da minha mão já se chocara contra o rosto dele. O som do tapa fez com que dezenas de cabeças se virassem para olhar em nossa direção, e eu não havia nem mesmo me lembrado de que estávamos no refeitório até então. Eu só sentia a minha mão arder e os olhares sobre nós dois, vendo o rosto do Alex virar-se de lado com o impacto enquanto ele não demonstrava reação alguma.

Como ele podia me dizer essas coisas, ainda mais quando passara meses dizendo que Sam é que era o falso da história? Eu não esperava aquilo do Alex, escutar algo assim me machucara demais. Bater ou brigar com alguém não eram coisas do meu feitio, mas depois de tudo... Eu não era a única que havia mudado.

Ele não me olhou depois do tapa. O rosto estava vermelho, mas não era de pura timidez como ficava às vezes, e a marca dos meus dedos que ficara ali confirmava isso.

— Faça... o que quiser.

⌘ ⌘

Você me tem preso em cantos
Acha que não tenho para onde ir
Mas vou mostrar a você, a primeira coisa que faço
Você me entende, oh, tão errado

Você me tem preso em cantos
Acha que não tenho para onde ir
Mas vou mostrar a você, a primeira coisa que faço
Você me entende errado pra caralho!

A história sem fim de
Como você me incentiva, só para me trazer dor
Aonde estamos indo? Parece estar próximo
Estive aguentando! As coisas nunca irão mudar?

Digamos que você mudou bastante por algumas razões
Parece que não conseguimos esquecer
Se você queria uma história
Aqui está!

Você me amaria
Para ficar aqui?
Eu odeio você
Você pode admitir que está errado?
Não, nunca!

Perseguindo-me em círculos
Quando isso finalmente acabará?
Por um medo que parece até imaginado
Passei a ser perseguido
Repeti um ciclo sem saída
Girando
Foi como você disse?

Novamente, repetidas vezes
É como se estivéssemos procurando e buscando pelo pecado
Ou algo que irá levar esta
Dor para fora do meu cérebro
Então você está falando e gritando e os lábios estão se movendo, mas
Eu sou livre!
E você? De modo algum!
(Ending Story, ONE OK ROCK)

⌘ ⌘

Não fui capaz de suportar mais um mísero segundo ali depois de escutá-lo repetir aquilo. Eu não sabia ao certo o que sentia. Ao mesmo tempo em que pensava que o Alex merecia ter escutado o que eu dissera a ele, um tapa havia sido demais, não havia? Tudo bem, ele não se importara comigo e muito menos com o que eu sentiria escutando que era completamente estúpida e que não conseguiria nada com o Sam, mas ainda assim...

Eu devia mesmo ter feito aquilo?

Milhões de perguntas se formavam na minha cabeça enquanto eu saía sem rumo do refeitório, ainda com a mão ardendo de tamanha a força que eu depositara no tapa e o coração batendo como louco. Eu estava tão irritada, mas ainda assim tão magoada que não podia entender nem metade do que sentia. Tudo o que eu e ele havíamos dito tinha sido precipitado, sim, mas nem eu e nem ele teríamos falado tantas coisas ruins caso elas não fossem realmente o que pensávamos.

Eu agora passava pelos corredores sem nem olhar para os lados, apenas esbarrando em estudantes enquanto ia, sabe-se lá porque, para a minha sala. Por mais arrependida ou irritada que estivesse, eu estava cansada. Cansada de depender da aprovação dos outros para fazer o que eu realmente queria fazer, e cansada de ter sido tão besta a ponto de ficar esperando conselhos da parte de alguém como Alex para poder realizar o que queria. Eu não era mais criança. É clichê, mas eu devia seguir o meu coração de qualquer forma, não devia?

Só que noventa por cento do meu coração estúpido naquele momento me mandava voltar atrás e pedir desculpas ao Alex.

Não que eu tenha feito isso.

Não fazia muito tempo que o intervalo havia começado, e eu entrei na minha sala com o objetivo mais idiota do mundo. Sentei-me na minha cadeira, puxando um caderno da mochila e tirando do interior dele um envelope rosa que havia feito no dia anterior. Clichê, porém infalível, dizia o site para adolescentes de onde viera a ideia — estúpida, ultrapassada ideia, mas ainda assim mais viável para mim do que me aproximar e dizer "oi, eu gosto de você, vamos casar?". O site ainda adicionava: a carta de amor é o modo mais romântico e delicado que uma garota poderia usar para se declarar, e não há garoto que resista.

Sam era um garoto, né? Pois então.

Veríamos se era verdade mesmo.

Não se parecia com algo que eu faria, mas já era hora, não é? Quase um ano e meio guardando ressentimentos e mantendo palavras na garganta. Eu não queria que fosse daquele jeito para sempre, que nada nunca mudasse, apenas se tornasse pior. As pessoas não nascem para guardar as coisas somente para elas, elas nascem para dividir sentimentos bons com os outros, você não concorda? E por mais que eu tivesse quase certeza de que nada daria certo, Sam não seria cruel comigo, e eu queria realmente que ele soubesse de tudo o que eu vinha segurando até agora. Eu queria me livrar do peso do peito, tentar ter uma chance por mais mínima que fosse e provar para o Alex que eu era capaz disso.

Sei lá, eu já tinha dezessete anos, não podia ficar esperando as coisas caírem do céu do nada como vinha fazendo havia tanto tempo. Também não devia ficar dando tanta importância para o que a minha irmã ou o Alex diziam, pois talvez eles nem mesmo já tivessem passado pelo que eu passara e não soubessem afinal o jeito como eu me sentia, então não dava para se colocarem no meu lugar. Como eu já disse, estava cansada, cansada e com raiva e mágoa também. Queria fazer aquilo de uma vez por todas.

Eu já tinha escrito tudo da carta muito tempo atrás, e a reescrevera tantas vezes que já decorara as palavras desde o começo até o fim. Era o tipo de carta besta, talvez não tão clichê e romântica, e tinha muitas frases estranhas de declaração escritas ali. O problema não era nem as frases, mas o modo como eu as formulava. Eu nunca havia sido boa com palavras e tinha uma dificuldade imensa em traduzir as coisas que sentia de um jeito normal, então a carta era repleta de "tipo", "mais ou menos como se" ou "meio que". Isso seria até aceitável caso eu não usasse essas coisas em frases como "então, eu meio que gosto de você, mas não é gostar de gostar de amigo, é gostar de mais ou menos querer casar" ou "eu não te trocaria nem por uma montanha de coxinhas, e olha que eu tô falando daquelas com catupiri". Não importava o quanto eu reescrevesse, sempre acabava saindo algo assim e eu já desistira havia muito tempo de conseguir fazer algo diferente e mais bonito.

Fiquei tentando me incentivar pelas mensagens de texto da Rebecca no meu celular antes de realmente abrir a mochila do Sam e colocar a carta ali em seu interior. Eu tirei-a de lá umas cinco vezes, mas aí lia o "você não tem nada a perder" da Becca e colocava dentro outra vez. Minhas mãos tremiam tanto, meu Deus, e se não desse certo? E se alguém além do Sam acabasse lendo? Cara, eu passaria vergonha pelo resto da minha vida!

Eu estava mesmo pensando no pior, mas novamente comecei a tentar me animar e a torcer para o melhor e coloquei a carta na bolsa dele, fechando-a em seguida e saindo da sala com as pernas bambas. Era tanta coisa para um dia só, eu não sabia ao certo o que devia pensar ou o que fazer. Devia entrar outra vez na sala, tirar o envelope das coisas dele e simplesmente esquecer aquela história ou devia ir logo pedir desculpas para o Alex por ter feito bobagem?

Não fiz nenhum dos dois, no final das contas, tanto por não ter coragem de ir falar com Alex quanto por não querer regredir o passo que havia acabado de dar. Eu vi o Sam e ele entrando na sala depois do fim do intervalo, e nenhum dos dois olhou na minha cara em momento algum. O arrependimento bateu quando eu vi o Sam sentar-se logo na minha frente. Agora não teria como eu tirar a carta das coisas dele nem se quisesse, já que eu ainda me sentava atrás dele e alguém provavelmente berraria alguma coisa caso eu metesse a mão na mochila do garoto.

Acho que as últimas aulas foram as mais apreensivas da minha vida. Além de estar com um medo tenebroso de Alex querer me dar umas porradas na saída e ter ficado realmente bravo comigo, eu estava simplesmente morrendo de preocupação quanto ao modo como Sam reagiria diante do que leria naquela carta caso eu não a pegasse de volta. Eu estava mesmo muito, mas muito preocupada e desesperada, e não havia nem mesmo jeito de disfarçar caso ele viesse discutir comigo o que lera.

Quase no fim da aula, comecei a achar que eu havia feito as maiores burradas da minha vida naquele dia. Eu não me arrependia de ter brigado com o Alex, mas meu Deus, bater nele e ter feito a caca de inventar de dar a carta para o Sam só para contrariá-lo tinha sido muita estupidez! Eu queria morrer naquela hora e ressuscitar só para morrer de novo. Cara, só de pensar no Sam lendo o que eu escrevera eu já sentia minha cara ficando tostada e o coração disparando. Droga, droga, droga, eu tinha mesmo que ter brigado com o Alex e dado uma de "você não manda em mim, vou fazer só pra te irritar"? Meu Deus, a bipolaridade dele havia me contagiado também!

Eu fui a primeira pessoa a sair quando o sinal do fim da aula tocou. Além de não estar com a menor vontade de escutar o Alex, eu não queria nem mesmo ver o rosto do Sam ao se deparar com a carta na bolsa, então saí sem nem mesmo conseguir olhar para trás.

Só pensar na cena de Sam se deparando com a minha carta já fazia com que eu entrasse em mais desespero ainda, então eu fiquei rezando para todos os santos dos quais eu lembrava o nome e pensando em milhares de situações impossíveis para ele evitar abrir a mochila para guardar as coisas enquanto ia embora correndo. Quase fui atropelada ao atravessar a rua na frente da escola, e por pouco não pisei no rabo de um cachorro que estava na calçada, imaginando a cara do Alex enquanto ele dizia um "eu avisei" caso desse tudo errado.

Parei no meio da calçada ao me lembrar do Alex, escutando a voz dele dizendo que não se importava mais ressoar na minha cabeça logo antes do som do tapa. Droga. Eu conhecia aquele garoto o suficiente para saber que ele não era de contrariar o que dissera a si mesmo, e de alguma forma isso me incomodou muito, mas muito mesmo.

No fundo, eu até queria que ele viesse reclamar pelo que eu havia feito, por mais que a gente houvesse brigado e as coisas que eu escutara houvessem me magoado. Eu estava certa no meio disso tudo e tinha dito muitas verdades para ele, mas ainda assim eu queria que ele se importasse comigo, porque ele não era uma pessoa tão ruim assim... Só que agora eu já tinha feito o maldito ato de dar-lhe um tapa, e ele não voltaria atrás no que havia dito, muito menos me perdoaria . A prova disso era o fato de ele não ter nem olhado na minha cara depois daquilo, não é?

E se o Sam se irritasse por conta da minha carta, se afastasse ainda mais de mim e eu ficasse sem ninguém? Meu Deus, como eu havia sido idiota de ter brigado com o Alex, ainda que ele não estivesse demonstrando ligar pra mim! E agora, o que eu faria? Pedir desculpas não adiantaria, e eu também não estava a fim de fazer isso, já que o que ele dissera me magoara no final das contas!

Ah, droga, e se desse tudo errado? Além de ter perdido o Sam, eu iria perder o Alex também? Como eu iria sair daquela agora? Eu não achava que o que eu havia feito tivesse sido totalmente errado, mas a parte do tapa no Alex e a carta precipitadamente entregue estavam me deixando louca. Escondi o rosto nas mãos, parada não muito longe do prédio do Alex e com o coração doendo. Que ótimo, agora sim a minha vida estava acabada.

Respirei fundo, já pensando em chegar em casa e ir no computador para pesquisar formas não muito dolorosas de cometer suicídio. Meu Deus, Alex estava certo. Eu só fazia burrada. O que é que eu tinha na cabeça, afinal, para meter a mão na cara do moleque? Não havia sido ele quem me ensinara a ignorar quando escutava coisas que não me agradavam?

— Queria morrer — choraminguei pateticamente na rua, como se Deus fosse me escutar, dizer "vem, minha filha" e me puxar para cima pelos braços.

Àquela hora, Sam já devia ter achado a carta e estar me achando a criatura mais bizarra da face da Terra. Fiquei pensando nisso lá, parada na calçada e olhando para cima, com pensamentos contraditórios e confusos passeando livremente pela cabeça. Eu não me entendia, no fim das contas. Só sabia que estava arrependida de um monte de coisa, e que não conseguiria fazer nada para resolver as burradas que havia acabado de cometer.

E foi aí que eu levei uma cotovelada.

Uma cotovelada familiar demais.

— Sua puta — Alex resmungou —, vá morrer longe da minha rua então.

⌘ ⌘

⌘ ⌘

— Você veio brigar comigo? — minha voz saiu desafinada enquanto eu olhava para ele, sentindo meu rosto se desfigurar numa cara de choro. — Olha, eu não tô a fim de discutir outra vez, eu só...

Ele não disse nada em resposta. Não mudou a expressão séria e entediada, não tirou as mãos dos bolsos da blusa e não demonstrou reação alguma. Não parecia triste, mas não parecia feliz por eu aparentar estar tão péssima.

Vê-lo ali era a última coisa que me faria bem naquela hora. Depois de ter escutado o que escutara e levado o tapa que levara, ele não apareceria ali simplesmente para dizer que deixara tudo passar. Por mais que aquilo fosse o que eu queria escutar no fim das contas, eu não...

— E-eu já vou embora. — Desviei o olhar, franzindo as sobrancelhas e sentindo os olhos arderem. — Me desculpa ter te batido. Já sei que você está bravo.

Alexander deu de ombros, não mudando o semblante e indo se sentar no chão sem dizer coisa alguma. Eu não sei como explicar o que estava sentindo. Nem mesmo eu sabia o que era. Parecia só uma massa de arrependimento, mas ainda assim de raiva e uma frustração infantil imensuráveis. Ele estava bravo, não estava? Então por que não havia berrado comigo, ou então simplesmente ido embora?

Toda aquela confusão na minha cabeça e peito faziam com que eu tivesse vontade de soltar as lágrimas que segurava, mas foi impossível evitar isso quando Alex tirou aquilo do bolso.

Não passava de uma bola de papel grosso e cor-de-rosa, totalmente amassada e com algumas partes visivelmente rasgadas. Ela tinha pedaços de raspas de lápis apontado grudadas em si, mostrando que Alex talvez a houvesse pegado num cesto de lixo, e não havia um único ponto liso e uniforme naquele papel completamente amassado que era o envelope da carta que eu dera ao Sam.

As lágrimas escorreram quentes pelo meu rosto enquanto eu olhava para a mão estendida dele com aquilo em minha direção, e eu senti meu chão sumir. Eu não soube o que dizer, o que fazer ou simplesmente o que pensar. Minhas pernas trêmulas se moveram por instinto até ele, eu me sentando no chão ao seu lado, encostando as costas ao muro e pegando a bola de papel amassado na minha mão enquanto já soluçava sem a menor tentativa de evitar isso.

— E-ele jogou no lixo? — A minha voz saiu ainda mais desastrosa que da última vez, deixando sílabas quebradas e patéticas em meio aos meus soluços. — Eu... Nossa, puxa vida, eu não...

Fui interrompida por um soluço engasgado. Deixei as lágrimas caindo sobre o meu colo e o papel enquanto o desamassava com as mãos trêmulas, me deparando com o adesivo de pata de cachorrinho ainda selando a abertura do envelope. O Sam não havia nem mesmo o aberto. Ele jogara fora assim que lera meu nome.

Meu coração levou um golpe doloroso assim que eu percebi aquilo. Meus olhos transbordaram uma imensidão de lágrimas, e eu já não conseguia mais prestar atenção no Alex ao meu lado ou nas pessoas me olhando na rua.

Eu simplesmente não conseguia encontrar um motivo para o Sam ter feito aquilo. O que custaria ler a carta, e se não gostasse do que lera, devolvê-la para mim ou simplesmente pedir desculpas? Aquilo havia sido crueldade, de verdade mesmo. Eu nunca faria aquilo com pessoa alguma, mesmo que eu a odiasse ou estivesse brigada com ela. Sam havia sido muito, mas muito cruel comigo. Eu estava frustrada e saber que Sam se livrara de algo meu sem nem mesmo saber do que se tratava me corroía por dentro, mas esses dois fatos não me machucavam tanto quanto saber do pior.

O pior era saber que eu merecia aquilo.

Alex e Angelina haviam me falado para desistir, e o que eu fizera? Quisera dar uma de determinada e fizera burrada, e no final tudo o que aconteceu apenas provava que eu era uma inútil e que Sam pisaria em mim por causa disso. Mas isso agora já parecia algo que eu esperava, afinal nada nunca dava certo para o meu lado e eu sempre conseguia estragar tudo.

Eu poderia ter apenas me reaproximado do Sam e tentando deixar para lá essa ideia estúpida de tentar fazê-lo gostar de mim! Mas não, eu tinha que provar minha estupidez e ir correr atrás do impossível, e ainda por cima brigar com o Alex e com a minha irmã. Tudo aquilo não seria uma droga se não fosse comigo, não teria dado errado se não fosse feito por mim.

Era nisso que eu era boa, não era? Em afastar as pessoas, em fazê-las me odiarem e fazerem o máximo para fugirem de mim. Eu já havia feito isso com a minha mãe, estava claro que com Sam não seria diferente. Eu só prestava para isso, para ser uma inútil que nunca conseguia manter alguém ao seu lado por tempo o suficiente sem fazer burrada. Agora pronto, tudo tinha acabado. Eu não resistira a vontade de estragar tudo, como sempre.

A história entre Sam e eu acabara antes mesmo de eu começá-la, no final das contas.

E eu não queria que isso acontecesse com a minha de Alex também.

Eu pedi muitas, mas muitas desculpas para o Alex naquela hora. Deixei claro que havia me magoado muito com o que ele me dissera, falei que ele estava certo em não ligar para mim e que ele não devia nem, para começo de conversa, ter vindo até mim para me mostrar o papel. Eu sentia um gosto amargo na boca, e escondia as lágrimas que escorriam pelo meu rosto enfiando a cara nos braços sobre os joelhos. Falei que não sabia mesmo ser contrariada, que só acreditava no que não era para acreditar e gostava que concordassem com tudo o que eu dizia. No fim das contas, eu só havia dito que ele estava certo, e que ficar longe de mim faria mais bem para ele do que Alex podia imaginar. Para resumir, eu... Eu só deixara ainda mais visível que eu era uma baita criançona.

Alex me olhava de lado, sem esboçar reação e de sobrancelhas franzidas, como se pudesse soltar um "para de drama/veadagem" a qualquer segundo, mas eu não me importava. Eu não conseguia parar de falar, e para dizer a verdade eu nem mesmo me lembro de tudo o que disse. Eu só sei que eu falei muito. Eu simplesmente soltei o que estava pensando, pedi desculpas, falei que era uma bela de uma trouxa, que havia sido muito chata com ele e pedi desculpas outra vez. Eu não teria parado de falar e de chorar caso Alex não tivesse me interrompido, abrindo a boca e soltando um resmungo enquanto desviava o olhar.

— Você não me entende ainda, não é?

Calei-me diante daquilo, respirando com a boca por estar com o nariz entupido demais para usá-lo. Do que diabos ele estava falando agora? Só se fosse não entender o motivo de ele ainda estar ali comigo, já que além de tê-lo estapeado eu ainda estava enchendo-o com minha choradeira insuportável naquele dia. Alexander tinha mesmo uma paciência de ferro para não ter me espancado ainda.

— N-não, mas eu entendo o porquê de você estar sempre bravo comigo, eu nunca fa—

— Não é disso que eu tô falando. — Ele me cortou com o olhar severo, fazendo com que eu me encolhesse como um bichinho repreendido pelo dono. — Não tem nada a ver com o que você falou, idiota, eu não estou errado de me importar contigo. Parar de me importar com você não seria algo tão simples, algo que seria só dizer "foda-se" e pronto, acabou. É diferente, e é diferente porque eu quero me importar com você e não vou parar. É disso que eu tô falando. É disso que eu não quero que você esqueça.

Ergui uma sobrancelha diante do que escutara, abrindo a boca para falar alguma coisa e logo fechando-a outra vez. Espera, o que era aquilo agora, aonde ele queria chegar?

— Sobre você ser uma idiota, você é, e eu não evito dizer isso. Você é burra, é infantil e tudo mais, mas acima de tudo é ingênua pra caralho. Eu não te culpo por isso, de qualquer forma, mas o quanto você se fode por causa disso me incomoda, me deixa puto. Eu não gosto de te ver tomando no cu, por isso falo, tento impedir, demonstro que tô ligando e que não quero te ver com essa cara que você tá agora. Mas e aí? — Ele parecia irritado com o que falava, e eu me encolhia mais a cada palavra, com medo de que do nada ele voasse em cima de mim para me encher de tapa. — Aí você não vê isso. Você fica com essa putaria de "ninguém me quer", "ninguém me ama", "todo mundo me larga", mas aí você não olha para o lado e não vê que quem tá aqui é o trouxa do Alexander, que além de ter levado umas bolachas na cara hoje também escutou um monte de merda da sua parte. E eu tô fazendo o que aqui? Eu tô escutando você me falar mais merda ainda, tô escutando seu chororô por causa de um babaca, tô me controlando para não devolver a bolacha que eu levei de você e tô falando que sim, me fará um puta dum bem não me importar contigo, mas eu me importo porque eu quero me importar. E eu não vou parar com isso tão cedo.

Fiquei olhando para ele sem saber o que pensar enquanto Alex continuava me olhando com os olhos, que já eram naturalmente apertados, semicerrados de irritação e impaciência. Droga, o que havia sido aquilo agora? Eu não sabia como reagir. Aquilo era coisa demais para a minha cabeça lenta que já trabalhara demais naquele dia processar, e eu simplesmente não conseguia fazer nada além de ficar olhando para a cara dele enquanto esperava uma explicação cair em cima da minha cabeça.

— ...Desculpa. — Ele desviou emburrado o olhar. — Falei demais.

Desviei o olhar, constrangida com ele. Abaixei a cabeça envergonhada, encarando os joelhos que eu abraçava.

— Não... — Franzi o cenho, com os olhos transbordando mais lágrimas. — Você, me desculpe.

Ele só podia ser maluco. Uma hora, havia dito que não dava mais a mínima para mim, e agora vinha falar aquele monte de coisa... coisa... constrangedora, esquisita, vergonhosa? E droga, eu estava mesmo com muita vergonha de tudo o que havia pensado até então depois de escutar aquilo. Então ele se importava, afinal. Se não se importava, então era muito bom em mentir, e muito bom em fingir que estava bravo.

O que martelava de verdade na minha cabeça burra era a vergonha de mim mesma, já que quem se importava mesmo estava ali o tempo todo e eu ficava atrás do Sam, que nem mesmo fizera o favor de ler a minha carta e descobrir tudo o que eu sentia por ele havia tanto tempo. Eu era mesmo muito burra. Tinha tanta coisa que eu queria saber e entender, mas ainda assim nada saía da minha boca. Tudo bem, Alex havia dito com as palavras e o jeito dele, mas se eu havia entendido direito, então ele queria dizer que...? Ah, não, não, Alex não era disso, ainda por cima comigo...!

Eu não sei se era normal, mas eram tantas coisas na minha cabeça que eu não conseguia nem mesmo organizá-las para pensar em uma de cada vez. Culpa de quem? Do Alex. Eu entendia ele menos do que me entendia, o que era muito, pode ter certeza.

Nós dois ficamos quietos depois do meu pedido idiota de desculpas, ambos abraçados nos próprios joelhos e olhando para a rua com cara de paisagem. Merda, eu não sei como poderia encará-lo depois daquilo. Eu estava com vergonha demais. Eu não sabia nem mesmo se devia encarar o que ele havia dito do jeito que encarara, e ele também não parecia estar disposto a me dar uma explicação melhor.

Olhei-o de canto, pensando no desastre que seria se ele estivesse olhando para a minha cara também. E estava. O choque que eu senti foi, sabe-se lá por que, quase como os que sentia quando Sam me olhava no começo de tudo, na época em que eu nem fazia ideia da existência do Alex e muito menos do quanto ela importaria para mim. Eu achei que não haveria como ficar mais constrangida depois daquilo, mas o que ele fez depois foi para acabar comigo, mesmo.

A primeira coisa que eu senti após Alex encostar no meu ombro e se aproximar foi o olhar dele sobre mim, oscilando entre a minha boca e os meus olhos enquanto a respiração quente dele se chocava com a minha. A segunda foi a mistura de sentir o cheiro e a mão dele no meu rosto e recuar diante daquilo, sem saber como reagir, e a terceira foi o toque gelado do piercing dele contra o meu lábio inferior.

Eu havia entendido certo, então.

Foi uma droga.

⌘ ⌘

Eu irei arriscar tudo se for para você
Um sussurro na noite
Está me dizendo que não é o meu tempo e que não devo desistir
Eu nunca havia me levantado antes desta hora
Mas a coisa que eu não posso deixar ir, eu a agarrei em minhas mãos e não irei soltar

Então, levante-se, levante-se (só tenho que continuar)
Eu quero acordar, acordar (apenas me diga como eu poderia)
Nunca desistir
O momento é tão lindo que me deixa até louco

Diga outra palavra, eu posso ouvir você
O silêncio entre nós
Dá a impressão de que nada está sendo refletido
Aproveito esta oportunidade e a faço minha
As coisas que não podem ser escondidas, finjo estar decorando-as

Agarro-a firmemente, assim não serei capaz de perdê-la
Se abrir minhas mãos, parece que irá escapar de meu alcance
Deixe de lado o tempo em que não possuía nada a perder... por você

Olhe o quão longe nós chegamos
A dor que eu não posso escapar
Nesse ritmo eu ainda não conseguirei terminar tudo, certo?
E mesmo que eu quase morra inúmeras vezes, mesmo que eu me deteriore, não há um final
Finalmente começou...
(The Beginning, ONE OK ROCK)


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Notas finais do capítulo

POR ESSA VOCÊS NÃO ESPERAVAM, HAHAHAHAHAH
Ou esperavam? ;_; enfim, não esqueça do review!