Conspiração escrita por Lura


Capítulo 9
Surpresa ao Surpreender


Notas iniciais do capítulo

LEIAM AS NOTAS!!!

Olá pessoas! Tudo bem com vocês? Grandes expectativas para o feriado?

Tentando manter o ritmo de um post por semana, cá estou eu, com mais um capítulo GI-GAN-TE!

A partir daqui as coisas começam a complicar (sinto que serei rechaçada). O capítulo traz algumas dicas e mistérios, será que vocês conseguirão captar?

Quem me acompanha desde Vínculo Mágico sabe que eu tenho que inventar muitas coisas para suprir a história. Pensando nisso, preparei um mapa para que vocês possam se localizar. Recomendo que vocês encontrem as cidades citadas, para compreenderem onde os personagens estão e como tudo se desenrola.

Alerto que a imagem base do mapa é original, mas, logicamente, possui dados acrescentados (inventados) por mim, de acordo com o universo das fics Vínculo Mágico e Conspiração. As ferrovias em azul originalmente não existem, assim como as cidades em vermelho também foram inventadas.

Outra coisa: Prestem atenção nas datas. Não é sempre que eu as adiciono, mas elas são importantes. No futuro vocês entenderão o porquê.

Por fim, eu costumo deixar informações muito importantes nas notas, que não cabem no capítulo em si. Por isso recomendo que vocês as leiam sempre, pois eu posso explicar algumas coisas que ocorreram no capítulo (como eu farei hoje).

É isso. Espero que vocês curtam.



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Capítulo VIII - Surpresa ao Surpreender

 

Oeste de Fiore - 21 de dezembro de x791

 

A maga estelar estava realmente exultante, por finalmente poder voltar para casa. Embora a conversa com Org, mais cedo naquele dia, tivesse desestabilizado seu espírito, ela tratou de varrer toda a preocupação para debaixo do tapete, concentrando todos os seus pensamentos em sua satisfação em voltar para Magnólia.

Mas não era apenas as palavras do membro do Conselho Mágico que a perturbavam. A expressão que Alexandria fez, ao ver a carruagem que levava a loira para longe da propriedade de seu avô não saia de sua memória.

Era bem verdade que a primeira semana como treinadora da ruivinha foi um verdadeiro inferno. Entretanto, após o episódio da piscina, a criança tornara-se bem mais acessível. Concentrou-se com tudo o que tinha nos treinos de Lucy, até finalmente poder invocar os próprios espíritos.

Além disso, Lucy pôde confirmar sua teoria de que a menina sentia-se completamente sozinha. Em alguns momentos, as duas chegaram realmente a se divertir. E finalmente, logo após rejeitar a proposta de emprego que Org oferecera, quando a maga da Fairy Tail estava prestes a partir, Alexandria, engolindo todo seu orgulho, pediu para que ela ficasse.

A loira não conseguiu evitar algumas lágrimas teimosas, enquanto explicava para a ruivinha porque precisava ir embora. E mesmo que contrariada, a menina não insistiu mais. Desejou a jovem uma boa viagem, e afastou-se, para ver a carruagem partir.

Assim, Lucy observou a expressão desolada da menina, enquando sua diminuta figura ficava cada vez mais distante. Realmente, lhe partia o coração não poder fazer nada mais para ajudar. Seu peito se apertava ainda mais, quando lembrava-se que a menina era adotada.

Alexandria lhe contara casualmente, esse fato, durante um dos treinos. Mesmo que parecesse bem resolvida com a informação, a maga estelar começou a supor se ela não sentia certa rejeição dos pais, por causa disso. Ademais, a teoria de que a menina podia sim, na realidade, ter algum grau de parentesco com Ged, não saia de sua cabeça. Afinal, eles eram parecidos demais. Mesmo assim, não teve coragem de perguntar a ninguém sobre o assunto.

Agora, tanto Lucy, quanto Laxus estavam no trem, a caminho de Magnólia, sentados um de frente para o outro, tal como na viagem de ida. Contudo, havia uma diferença relevante entre as duas viagens: Não era apenas o mago com poderes elétricos que sofria com os terríveis enjoos. Lucy também sentia-se tão mal, que surpreendia-se como ainda conseguia pensar em tanta coisa.

Sua cabeça girava e a impressão que a maga tinha é que seu organismo parecia prestes a expelir o estômago pela boca, de tanto que ele revirava. Nunca, em sua vida, a maga estelar se sentiu mal, dessa forma, por causa de um simples veículo, e olha que ela já viajara bastante.

A situação da loira era tão crítica que até Laxus, no auge da sua fobia de transporte, começou a se preocupar. Ele realmente estava com a sensação de que a parceira de Natsu começava a adquirir uma coloração esverdeada. E para ajudar ainda mais, o inverno chegara com força total, fazendo com que a maga tremesse de frio, mesmo estando bem agasalhada.

E assim, em ritmo totalmente lento e desgastante, a viagem seguia, provocando em ambos os loiros o desejo mais profundo de que ela apenas terminasse de vez.

Os magos não sabiam quanto tempo havia passado, quando o veículo começou a desacelerar, e finalmente parou. Um pouco aliviada, Lucy olhou pela janela, e com um gemido desanimado - quase desesperado -, constatou que ainda estavam na estação de Gallowstown¹.

— Céus, ainda estamos tão longe. - Falou com dificuldade. Gallownstown era apenas a segunda cidade após Matza Valley², onde embarcaram. - Queria tanto poder descer! - Exclamou. Afinal, o embarque nas cidades menores era extremamente rápido, pela diminuta quantidade de passageiros.

Entretanto, cortando seus pensamentos, uma voz mecânica começou a ecoar pelo auto falante, transmitindo um alerta a todos os passageiros.

— Avisamos a todos os passageiros que os Cavaleiros Rúnicos farão uma revista de segurança no veículo. Solicitamos que os senhores permaneçam sentados, com os documentos pessoais em mãos. Obrigada pela atenção.

— O que é isso agora? - Laxus, recompondo-se, perguntou, estranhando a situação, enquanto o aviso se repetia.

— Não sei. - Preocupada, a loira respondeu, olhando atentamente para fora, buscando no exterior do veículo qualquer movimentação anormal.

Apreensivos, os dois magos da Fairy Tail procuraram em meio aos seus pertences seus documentos pessoais e prepararam-se para a chegada dos Cavaleiros Rúnicos àquele vagão. Embora estivesse aliviada com a parada - mesmo que um leve enjoo ainda a incomodasse - Lucy também estava desanimada. Aquela pausa apenas atrasaria ainda mais o seu reencontro com Natsu.

Minutos depois, dois homens, trajando longas capas que o identificavam como parte da polícia do Conselho Mágico, adentraram o vagão. Naquele compartimento, além dos magos da Fairy Tail, havia apenas um casal de velhinhos, que foram rapidamente abordados pelos Cavaleiros. Logo, os dois direcionaram-se para os dois loiros, que os encararam curiosos.

— Documentos por favor. - Um deles, moreno com a barba por fazer, pediu para Lucy.

— Aqui. - A loira entregou, percebendo que o outro Cavaleiro, que era um pouco menor que o primeiro e possuía cabelos castanhos e enrolados, já analisava os documentos de Laxus.

— Lucy Heartfilia! - Surpreendeu-se o moreno, fazendo a maga estelar saltar no próprio lugar. - Bem que eu achei o sei rosto familiar. - Comentou.

— Perdão. - Lucy respondeu, constrangida. - Não estou me recordando do senhor.

— Não, não é isso. - O funcionário do conselho tentou consertar a situação. - Você já era bastante famosa por ser membro da Fairy Tail, e agora, após ser declarada morta e ressurgir do nada, virou o alvo principal dos jornais e revistas de fofoca. - Contou.

— Ah, sim. - Lucy corou, constrangida. Realmente, reações como aquela vinham sendo bastante comuns desde seu retorno a ativa. Contudo, duas semanas de isolamento fizeram com que ela se esquecesse um pouco.

— E aquele é Laxus Dreyar, certo? - Perguntou para a maga, que apenas assentiu em concordância, mesmo que o dragon slayer tivesse a menos de dois metros. - Então, o que dois magos famosos da Fairy Tail fazem aqui, tão distante de casa? - Questionou, dessa vez direcionando-se a ambos os magos, já que o colega de trabalho já tinha conferido os documentos do rapaz.

— Estamos voltando de uma missão. - Heartfilia respondeu.

— Uma missão? Assim tão longe? - Insistiu o Cavaleiro.

— Existe algum problema em pegar missões longe de nossa cidade de origem? - A maga perguntou confusa, sem perceber que poderia soar impertinente.

— Claro que não. - Objetivo, o moreno respondeu. - Então, que tipo de missão vocês fizeram? - Continuou o questionário.

Lucy, congelou, aflita. Tinha sido orientada por Org a não dizer, em hipótese alguma, que tinha sido contratada por ele. E mesmo que dissesse, passaria por mentirosa, pois sua propriedade era altamente secreta e protegida.

Porém, se mentisse, o que pensariam os cavaleiros? Ela não tinha nenhuma desculpa em mente, e qualquer história que inventasse poderia ser facilmente desmentida. E mesmo que não tivesse nada a temer, toda a peculiaridade da situação, fazia com que ela suasse frio. Porque, se os Cavaleiros Rúnicos pararam um trem para investigar os passageiros, certamente algo muito grave estava acontecendo.

— Estamos a serviço da Guilda. - Laxus respondeu, atraindo a atenção dos dois homens e da maga estelar, que ergueu as sobrancelhas, surpresa.

— A serviço da guilda? - O moreno repetiu, curioso.

— Sim. - Laxus Confirmou. - O nosso mestre nos deu uma lista de plantas e especiarias mágicas, que só podem ser conseguidas nas montanhas que ficam além de Matza Valley. - Explicou.

— E vocês conseguiram essas especiarias? - Insistiu o funcionário do conselho.

— E você acha que dois magos do nosso nível voltariam para casa de mãos vazias? - O louro retrucou, mal-humorado, fazendo com que uma gota aparecesse na cabeça de Heartfilia.

— Entendo. - Concordou o moreno. - Mas ainda acho curioso que dois magos do nível de vocês sejam designados para esse tipo de missão. - Observou, astuto.

— Bem, eu não sei se o senhor conhece a região, mas garanto que dois magos de nível baixo não sobreviveriam naquelas montanhas por muito tempo. - Laxus respondeu, calmamente.

— Certo. - O cavaleiro assentiu. - Tudo ok com vocês. - Declarou, a contragosto. - Entretanto, precisaremos conferir as suas bagagens. - Alertou. - Não se preocupem, estamos realizando esse procedimento de segurança com todos os passageiros. - Explicou. - Portanto, esperem sentados o aviso pedindo para que desçam. - Concluiu, dando as costas.

. - O dragon slayer dos raios limitou-se a responder, mas os dois funcionários já seguiam para o próximo vagão.

— Laxus, isso foi.. - A loira começou surpresa, mas interrompeu-se quando Dreyar fez um gesto para que ela permanecesse calada.

Entendendo a situação, Lucy meneou a cabeça. Se alguém escutasse eles conversando sobre a mentira deslavada que o dragon slayer inventara, certamente seriam alvo de desconfiança.

Heartfilia ainda estava impressionada com o raciocínio rápido do colega de guilda. Certamente, se não fosse por ele, não saberia o que fazer. E o que mais a impressionava era que, a história inventada por Laxus, poderia ser facilmente confirmada, pois, de fato, nas horas vagas dos últimos dias, os dois saíram em busca de especiarias raras que podiam ser encontradas na floresta que ladeava a Propriedade de Org, especiarias essas que estavam armazenadas em suas bagagens e lhes renderiam um bom dinheiro extra.

Tal como dito pelo Cavaleiro Rúnico, cerca de dez minutos depois, o auto falante foi novamente ativado, dessa vez avisando que os passageiros deveriam descer e se encaminhar a alfândega, onde teriam suas bagagens conferidas.  Também foram avisados de que o trem passaria por uma revisão de segurança, que levaria tempo indeterminado.

Desanimados, os dois magos da Fairy Tail pegaram suas coisas e cumpriram as ordens dadas, chateados por saberem o quanto a viagem atrasaria.

Os dois loiros tiveram a sorte de serem um dos primeiros chamados, e com isso, cerca de meia hora depois, estavam livres. Sem muito o que fazer até que o veículo fosse liberado, direcionaram-se a lanchonete da estação.

Os magos sentaram-se um de frente para o outro em uma mesa próxima ao balcão, e aguardaram atendimento. Pouco mais de dois minutos depois, uma garçonete gorducha caminhou até eles.

— Vão querer o quê? - Indagou, direta e sem nenhuma educação.

— Um sanduíche de queijo e um refrigerante. - Laxus respondeu.

— E você? - A funcionária desviou sua atenção para a loira.

— Nada não. - Lucy respondeu.

— Você deveria comer. Está meio amarela. - O dragon slayer dos raios alertou.

— Estou bem. - Mentiu Heartfilia. A verdade era que, bastou entrar naquele ambiente e sentir o cheiro de comida impregnado ali que seu estômago piorara novamente. - Vocês tem alguma lacrima de comunicação aqui? - Perguntou, para a funcionária que ainda tomava nota do pedido. Afinal, não tivera acesso a qualquer meio de comunicação durante sua missão.

— Temos sim, lá no balcão. - Respondeu. - Dois jewels cada transmissão. - Informou, rabugenta.

— Obrigada. - A maga estelar agradeceu, levantantou-se e caminhou até o balcão. Chegando lá, percebeu que a única lacrima existente estava em uso. Sem querer ser mal educada, afastou-se um pouco e debruçou-se sobre a bancada, para esperar. Vendo um funcionário por perto, viu a oportunidade de sanar sua curiosidade.

— Hei. - Chamou, atraindo a atenção de um adolescente, fazendo com que ela questionasse mentalmente a idade dele. - Você sabe por que fomos abordados pelos Cavaleiros Rúnicos?

— Você estava no trem? - O menino perguntou, sem respondê-la.

— Sim. - Lucy confirmou.

— Bem, essa noite um homem foi assassinado. - O menino contou, finalmente, a história que já tinha ouvido várias vezes naquele dia. - Parece que ele era um mago, mas trabalhava forjando armas mágicas. - Explicou. - Ele foi encontrado em sua oficina por um cliente essa manhã, morto em cima dos próprios instrumentos de trabalho. Foi apunhalado no coração.

— Caramba! - Lucy exclamou, horrorizada.

— E sabe o que é mais estranho? - O garoto continuou, tentando adicionar emoção ao relato. - É que apesar das muitas armas brancas e mágicas existentes no local, ninguém descobriu até agora qual foi o instrumento usado na execução do crime. - Concluiu.

Percebendo que a lacrima havia sido desocupada, Lucy agradeceu ao menino e afastou-se. Isso explicava a presença dos Cavaleiros Rúnicos no trem. Se homem assassinado era um mago, e tinha sido morto de forma tão estranha, era possível que seu algoz também praticasse magia. Eles estavam em busca do assassino, mas não tinha muita lógica revistar um trem que estava chegando, mas sim, os que iriam sair. A não ser que desconfiassem que o criminoso pudesse se misturar com as pessoas que estavam chegando, a fim de ganhar um álibi.

Afastando esses pensamentos, a loira depositou os dois jewels na fissura existente ante a lacrima para tal fim. Logo, tentou estabelecer contato com a lacrima da Fairy Tail, sendo atendida por Kinana segundos depois.

— Lucy!— A garçonete exclamou, animada.— Finalmente! Estávamos com saudades! - Reclamou.

— Também estou com saudades, Kinana. - Heartfilia contou, sincera.

— Tanta coisa aconteceu enquanto você estava fora!— A jovem de cabelos curtos falou. - Sabia que o bebê da Ever nasceu? — Perguntou, retoricamente.

— Sério? - Empolgada, Lucy respondeu. - É menino ou menina? - Questionou, ansiosa.

— Menino!— A garçonete respondeu. - O nome dele é Egeo.— Contou. - Nasceu aqui mesmo, na guilda. Ele é tão lindo!— Exclamou, com corações nos olhos.

— Poxa, não acredito que perdi isso. - Realmente chateada, a loira desabafou, fazendo a garota de cabelos roxos ficar um pouco sem graça.

— Você quer falar com alguém em específico? - Indagou Kinana.

A maga estelar retesou um pouco. Tinha saído de Fiore brigada com o mago do fogo. Sabia que ele não era de guardar rancor, mas ela também era bem orgulhosa. Entretanto, sentia tanta saudade…

— Natsu está por aí? - Perguntou, por fim.

— Oh, sinto muito.— A moça respondeu. - Seu time partiu para Osimiri³ em missão há uns quatro dias, e Natsu foi junto.— Contou.

Osimiri? - A loira repetiu. - Fica no caminho. - Falou, mais para si mesma.

— Então, eles voltariam hoje a noite. Mas parece que aconteceu alguma confusão, não sei explicar direito. Sei apenas que essa linha ferroviária foi interditada, e só estão saindo passageiros que já tinham comprado suas passagens. Mesmo assim, a polícia está criando um monte de problemas, parece que algo realmente grave aconteceu.— Narrou. - Por isso acho que eles embarcam só amanhã.— Concluiu.

Lucy surpreendeu-se. Será que tudo isso decorria do assassinato do tal ferreiro? Ele era alguém tão importante assim? Afinal, a maga não lembrava de outra ocasião em que as linhas ferroviárias tenham sido interditadas por causa da morte de alguém.

— Certo. - Lucy assentiu. - Talvez eu pare por lá. - Ponderou.

— Quer que eu avise o Natsu? Você também pode tentar entrar em contato com a hospedaria em que eles estão.— Sugeriu.

— Não, apenas me dê o endereço, por favor. - Heartfilia respondeu. - Quero fazer uma surpresa. - Mentiu. A verdade é que ela temia deixar o mago apreensivo, ou irritado com a sua chegada. - E por favor, avise o mestre que estamos retornando.

— Ok. — Kinana respondeu.

Após pegar o endereço com a garçonete, Lucy despediu-se e encerrou a transmissão. Em seguida, retornou para a mesa onde Laxus estava, e reparou que o grandalhão ainda tinha meio sanduíche para comer.

— O bebê da Ever nasceu. - A loira contou.

— Legal! - Apesar da reação simplória, o dragon slayer dos raios parecia realmente contente pela companheira de time.

— É um menino. - Continuou a maga estelar.

— Eu já sabia. Mira me contou. - Revelou Dreyar.

— Que injustiça! - Exclamou Heartfilia. Não era justo que apenas por ser o namorado da albina, Laxus recebesse informações privilegiadas. Todos os membros da guilda tinham passado os últimos meses insistindo com a garçonete para que ela encerrasse o castigo de manter o sexo do bebê em oculto, mas ela resistira até o final.

— Que seja. - O mago deu de ombros, voltando sua atenção para o sanduíche.

Mesmo com todos os esforços do loiro voltados para a comida, Lucy resolveu contar o que descobrira em sua breve conversa com o balconista. Também narrou sua suposição de que o crime cometido ali, em Gallowstown tinha sido grave o suficiente para influenciar até mesmo em Osimiri, onde seu time estava hospedado, fazendo o colega de time franzir o cenho, desconfiado. Contudo, o mago nada disse, e um breve silêncio seguiu a conclusão do relato.

— Heim, Laxus. - Começou novamente Heartfilia, iniciando um novo assunto. - Estou pensando em parar em Osimiri. Sabe, eu queria… - Preparou-se para inventar uma mentira, mas foi interrompida pela voz do colega de guilda.

— Encontrar com o Natsu. - Deduziu.

— NANI??? - Lucy quase gritou, corando. - Não é nada disso! - Exclamou.

— Sei. - O mago respondeu, indiferente.

Lucy e Natsu poderiam esconder seu relacionamento da Guilda inteira, mas não dos demais dragon slayers. Era simplesmente impossível. Mas a loira não precisava saber disso. Mesmo que achasse infantil da parte dos magos esconder que estavam juntos, não revelaria para ninguém, nem mesmo para Mira. Afinal, Natsu também soube ser discreto quando a albina mais velha tounou-se parceira de Dreyar. Parecia um código de conduta não declarado, exclusivo dos dragon slayers.

— Por mim, tudo bem. - Laxus respondeu. - Vai ser o inferno mesmo passar o dia inteiro dentro desse trem. Ainda mais porque devido ao crime, é bem possível que demoremos o dobro de tempo previsto para chegar em Magnólia, se todos os passageiros que forem embarcar tiverem que ser revistados. - Ponderou. - Se pararmos para dormir e viajarmos amanhã, talvez as coisas estejam mais calmas. - Concluiu.

— Obrigada! - Lucy sorriu, satisfeita.

 

• •  

 

Cidade de Osimiri - 21 de dezembro de x791

A noite caia, e junto com ela vinha uma tempestade de neve, que maltratava a cidade de Osimiri. Já não bastava a ferrovia estar aberta apenas para quem já se encontrava em trânsito - sabe-se lá o porquê - agora também era possível que ficasse bloqueada por causa do gelo.

Natsu, sentado em uma das mesas do restaurante anexo a hospedaria em que estava, suspirou, revoltado. Arrependia-se profundamente de ter vindo naquela missão. Lucy provavelmente chegaria em Magnólia no início da madrugada, e ele estaria preso ali.

A missão que pegaram, foi realizada com sucesso. Os quatro magos da Fairy Tail deveriam apenas garantir a segurança de uma exposição de objetos mágicos, que durou quatro dias. Nenhum incidente ocorreu, e os magos foram bem pagos pelos seus serviços. Eles embarcariam para magnólia em vinte minutos, não fosse o aviso dos Cavaleiros Rúnicos de que boa parte das passagens seriam remarcadas, e apenas os viajantes que já estavam em trânsito tinham permissão para prosseguir. Como já estavam com as passagens compradas, tinham conseguido reagendá-las para a tarde do dia seguinte, isto é, se a neve permitisse.

Agora ele estava ali, entediado, distraindo-se enquanto tomava uma caneca de chá. Ao contrário de seus amigos, resolvera não beber. Não queria estar de ressaca quando reencontrasse a maga estelar no dia seguinte.

Erza e Gray tinham bebido tanto que estavam cantando, abraçados no balcão. Lisanna, que estava ao lado deles, ria compulsivamente da cena, mas, pelo que o dragon slayer reparara, tinha bebido apenas um copo. A albina não apreciava tanto assim o consumo de bebidas alcoólicas.

Apesar de ter ficado constrangido, no começo, com a presença da amiga na missão, Natsu se esforçara para agir normalmente com ela. Tinha esperança de que eles pudessem manter um relacionamento agradável, embora a caçula da família Strauss o evitasse educadamente. Situação completamente compreensível.

— Natsuuuuuu! - Happy, que até então estava sentado na mesa bebendo uma caneca de chocolate quente, próximo de Natsu, resmungou. - Estou congelando! - Reclamou, tremendo.

De fato, a sorte do dragon slayer era ser praticamente imune ao frio. A maioria das pessoas hospedadas ali tinham sido pegas desprevenidas pela tempestade, e viam no álcool um modo de ficarem aquecidos.

— Pensei que o chocolate fosse te aquecer. - Brincou o mago do fogo.

— Essa porcaria não serviu para nada! - Exclamou o felino, revoltado.

— Venha aqui. - Tomando o exceed nos braços, acomodou-o sobre suas pernas, e elevou gradualmente a temperatura do próprio corpo.

— Valeu Natsu! - O gato azul se esparramou, confortável. O dragon slayer apenas sorriu.

O momento ternura foi interrompido violentamente por um grito de Erza. A maga ruiva estava de pé sobre o balcão, e começou a fazer demonstrações de sua magia. Claro que todos no recinto - especialmente o público masculino - ficaram empolgados por terem uma mulher tão bela se trocando na sua frente. Natsu sabia que o certo era interromper, e encaminhar a amiga para seus aposentos, mas sabia também que era impossível lidar com uma Titânia ébria. Na melhor das hipóteses, teria apenas um de seus membros decepados. Então, resolveu fazer o mesmo que todo mundo: Observar.

Enquanto isso, Gray, Lisanna e um estranho que tinha se sentado ao lado da albina caçula, começaram a aplaudir, incentivando a ruiva. Natsu franziu o cenho. Não tinha visto aquele homem chegar. E agora, aparentemente, a take over estava no segundo copo. Estava mais animada também.

Ignorando um incômodo que não sabia de onde vinha, continuou prestando a atenção no show de Erza. Agora a maga estava em busca de oponentes para uma luta “amigável”. Claro que todos sabiam onde isso ia parar, mas nem por isso um idiota de magnitude considerável deixou de subir no balcão, preparando-se para atacá-la.

O estrondo que o coitado fez ao ser arremessado no outro lado do estabelecimento foi ensurdecedor. Todos os presente gritaram animados, mesmo com o rastro de destruição deixado no local. Voltando sua atenção para a ruiva, Natsu reparou que ela já cuidava de outro oponente. Gray tinha tomado o cuidado de afastar-se um pouco, e Lisanna… Lisanna não estava mais ali. Não estava em lugar nenhum do estabelecimento. Preocupado, Natsu levantou-se, colocou um Happy sonolento nos ombros e caminhou até o mago do gelo.

— Gray, você viu a Lisanna? - Perguntou.

— Ué - O mago do gelo surpreendeu-se -, ela estava aqui agora. - Respondeu. - Deve ter ido para o quarto. - Concluiu.

— Mas os quartos não ficam para lá? - Questionou, apontando a direção. - O rastro dela indica que foi para o outro lado.

— Você acha que pode ter acontecido alguma coisa? - Indagou Fullbuster, preocupado.

— Não sei. - Respondeu Salamander. - Acho melhor verificar. - Decidiu. - Avise a Erza, se conseguir.

— Desgraçado, por que eu tenho que ficar com a parte mais difícil??? - Ouviu o moreno gritar, enquanto afastava-se.

— Natsu, você está me preocupando. - Happy, finalmente desperto, choramingou.

— Eu estou preocupado. - O mago do fogo admitiu, saindo do estabelecimento pelas portas dos fundos.

O mago reparou que tinha saído em uma espécie de pátio. O lugar era coberto, mas não tinha paredes, o que o tornava ainda muito frio. Guiando-se pelo olfato, seguiu o rastro da amiga, até que chegou ao fim da área coberta. Vendo que o rastro seguia, preparou-se para enfrentar a neve, quando ouviu uma risada. Reconheceu imediatamente a voz de Lisanna e disparou a correr.

— Natsu! - Happy exclamou, alarmado. As risadas da Albina ficavam cada vez mais nítidas e, aos poucos, uma voz pedindo para que ela se calasse também se tornava audível.

Eles estavam se aproximando do que parecia um depósito, quando a audição apurada de Natsu permitiu que ele finalmente compreendesse a conversa.

— Eu já disse para ficar quietinha. - Uma voz masculina e impaciente ordenou.

— Mas Souma-san! — A albina exclamou. - Está tudo girando e piscando! — Avisou, entre risos. - É tão divertido! — Gritou.

— Eu sei que é divertido.— O tal Souma concordou. - Quer se divertir ainda mais?— Perguntou.

— QUERO!— Pelo tom de voz, a albina parecia animada como uma criança.

— Então tire a sua blusa.— Em tom malicioso, Souma orientou.

— Eu não quero!— A garota rebateu. - Está frio.— Justificou.

— Eu prometo que vai esquentar logo. — O duplo sentido era evidente na frase do estranho. — Vamos, tire, eu ajudo você. — Se ofereceu.

— Assim?— Lisanna perguntou, meio incerta.

— Isso! — Souma agora parecia empolgado. A essa altura, Natsu já corria desesperado.

— Happy! - Falou o dragon slayer, para o Exceed. - Vamos voar! Precisamos ir mais rápido. - Ordenou, em fúria.

— Aye! - O Exceed respondeu, segurando a mago pelas costas de suas vestes e alçando voo. Enquanto isso, Natsu ainda ouvia a conversa. Ele queria, do fundo de sua alma, não ouvir. Ou melhor, queria que ela nunca tivesse acontecido.

— Você é muito bonita, Lisanna!— Souma elogiou. — Agora tire a sua calça.

— A calça também?— A maga perguntou.— Isso não está sendo divertido.— Reclamou.

— Eu prometo que vai ser. — O outro garantiu.

— HAPPY! - Natsu gritou, sinalizando que o felino deveria se apressar.

— AYE! - O gato berrou, esforçando-se ao máximo.

— Que tal deitarmos ali?— Souma sugeriu, quando Natsu e Happy finalmente alcançaram o topo do balcão.

— HAPPY, ME SOLTE, AGORA! - Gritou, sendo imediatamente lançado pelo felino.

O barulho estrondoso de telhas se partindo ecoou por toda a propriedade, e um Natsu flamejante possou, fazendo um rombo no chão.

Finalmente, Salamander pôde ver o rosto do tal Souma. Era um homem de feições comuns e cabelos roxos, o mesmo estranho que estava bebendo com Lisanna, no balcão. Sentiu cada músculo de seu corpo enrijecer, quando o percebeu inclinado sobra a amiga, que estava seminua.

Apavorado, o estranho encarou o mago em chamas, que interrompera seu momento com Lisanna.

— SEU DESGRAÇADO, TIRE AS MÃOS DELA!!! - Gritou, agarrando-o pelo braço e lançando-o contra a parede do depósito, que rompera-se facilmente.

— Natsu! - Lisanna, completamente desnuda da cintura para cima, mas sem dar-se conta disso, gritou, assustada. - O que você fez com ele? Ele é meu amigo! - Reclamou.

— Happy, cuide da Lisanna. - Salamander orientou, deixando o depósito pelo mesmo buraco provocado pelo choque de Souma com a parede. O estranho, que tinha afundado na neve em meio aos entulhos, tentava se levantar, desorientado.

— MALDITO!!! - Natsu gritou, imobilizando o corpo do homem com as pernas e desferindo repetidos socos contra a sua face. 

— Natsu, para! - Lisanna veio atrás, embora Happy tentasse puxá-la de volta.

— SAI DAQUI LISANNA! - O mago do fogo berrou. - EU VOU MATAR ESSE DESGRAÇADO!!! - Exclamou, tornando a socá-lo com as mãos em chamas.

E de fato iria, se não tivesse sentido ambos os braços sendo bloqueados. Olhando para trás, deparou-se com Gray e Erza, cada um lhe segurando de um lado.

— Chega Natsu! - Fazendo grande esforço para conter o companheiro de time, o mago do gelo pediu, com dificuldade. - Desse jeito ele vai acabar morrendo mesmo.

— ESSA É A INTENÇÃO! - Rebateu, tentando se soltar.

— JÁ CHEGA NATSU! - Erza gritou, autoritária. - Ele já está desmaiado. - Falou, nervosa. - A polícia já está a caminho daqui, e se ele morrer quem vai ser preso é você! - Tentou acalmá-lo. Em resposta, o mago do fogo apenas soltou um palavrão.

— Natsu! - Lisanna parecia prestes a chorar. - Meu amigo, Natsu!!! - Exclamou.

O mago do fogo respirou fundo, tentando clarear a mente. Espantado, percebeu que realmente teria feito o pior se os amigos não tivessem chegado a tempo.

Percebendo o corpo de Dragneel relaxar, Erza e Gray o soltaram.

— Leve Lisanna para dentro, Natsu. - Erza ordenou. - Ela está fora de si, e logo o lugar vai estar cheio. - Avisou.

Sem responder, Natsu caminhou até a albina, que ainda era contida de qualquer jeito delo exceed.

— Natsu! - Ela chamou, os olhos chorosos. - Vendo que o torso dela estava completamente exposto e, consequentemente, ela começava a congelar sob a neve que caia, o mago do fogo retirou a própria camisa e passou para ela.

— Vista. - Ordenou. Meio atabalhoada, a albina obedeceu. Em seguida, Natsu começou a guiá-la de volta para a hospedaria, por um caminho que atraía menos atenção.

Vendo que a Strauss andava aos tropeços e em passos de tartaruga, Natsu resolveu carregá-la. Assim que foi suspensa, a garota começou a rir novamente, feito uma criança. E naquele momento, o mago pode sentir nitidamente o cheiro de entorpecente que ela emanava.

Controlando-se para não voltar e terminar o serviço com o infeliz molestador, apressou o passo, sendo acompanhado por Happy, que ia voando. Os três conseguiram entrar pela porta dos fundos, já que o aglomerado de pessoas curiosas estavam no restaurante e na entrada principal.

Furtivamente, o dragon slayer do fogo passou direto pela recepção em direção as escadas, subindo quatro lances em direção ao andar em que estavam instalados. Contudo, ao chegar em frente ao quarto que Lisanna estava dividindo com Erza, percebeu que estava trancado.

— Droga, esqueci de pegar a chave. - Praguejou. Ele realmente desejava derrubar a porta no chute, mas aí não teria como trancá-la depois, e o que mais a albina precisava naquela noite era segurança. - Happy, pegue a chave na recepção. - Pediu.

— Aye. - O gatinho assentiu, saindo pela janela do corredor, já que era mais rápido do que serpentear novamente pelas escadas.

O mago do fogo chegou a ficar alguns minutos parado no corredor, com a albina eufórica nos braços. Porém, percebendo que chamaria muita atenção, resolveu levá-la para o quarto que estava dividindo com Gray. Por sorte, a chave estava em seu bolso.

— Vamos passear Natsu! - A Strauss pediu, alegremente, agitando os braços e pernas.

— Nós não podemos passear agora, Lisanna. - Natsu respondeu, calmamente, colocando-a sobre uma das camas de solteiro.

— Mas eu não quero ficar aqui! - Reclamou, fazendo bico.

— Você precisa descansar agora. - Falou, pacientemente, puxando uma cadeira e sentando-se ao lado da cama.

— Você vai ficar aqui comigo? - Perguntou, em tom manhoso.

— Vou ficar até a Erza voltar. - Respondeu.

— Mas não quero ficar com a Erza! - A jovem cruzou os braços. - Quero ficar com você, Natsu! - Revelou.

— Erza vai saber cuidar melhor de você, Lisanna. - O mago do fogo explicou, como se falasse com uma criança. Embora ele mesmo duvidasse que, de porre, Titânia fosse capaz de cuidar de alguém.

— Você não entendeu Natsu! - A maga de cabelos platinados tentou corrigir. - Eu disse que quero ficar com você! - Repetiu, em nova entonação, logo em seguida puxando o mago do fogo pela nuca e colando seus lábios no dele.

Sem reação, Salamander desequilibrou-se, tombando sobre a albina, tendo reflexo apenas para forçar ambas as mãos contra o colchão, uma de cada lado da moça. Todavia, antes que pudesse restabelecer o próprio equilíbrio e empurrá-la para longe, ouviu uma voz chamar o seu nome, fazendo com que ele pulasse, sobressaltado.

— Natsu? - Lucy, que estava parada na porta do quarto, completamente atônita, murmurou, mal podendo acreditar no que seus olhos viam.

 

• •  

 

¹Gallowstown: Cidade (ou vila, ou distrito, sei lá) constante no mapa original, no oeste de Fiore.

²Matza Valley: Cidade (ou vila, ou distrito, sei lá) constante no mapa original, no oeste de Fiore, sendo a última alcançada pela linha ferroviária. Foi citada no capítulo 4.

³Osimiri: Cidade inventada pela autora. Fica na região centro-sul de Fiore.

 


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Notas finais do capítulo

Please, não me matem!

Gente, sério, eu precisava fazer isso. Sorry.

Sei que muitos estão ansiosos pelos momentos NaLu, mas garanto que eles ainda acontecerão. Tenho tantos momentos fofos planejados! Só mais um pouquinho de paciência.

Outra coisa: Sei que fiz toda uma cena da Lucy e da Alexandria na piscina no último capítulo. Acontece que eu me esqueci completamente que, no hemisfério norte, o inverno começa em dezembro. E, embora Earthland não seja a Terra, já tivemos demonstrações que em dezembro, Magnólia esfria. Por isso eu meio que dei uma corrigida no capítulo anterior (o clima de Fiore é louco, mas não nessa fic).

Espero que vocês tenham gostado do capítulo e prometo que o próximo vai sair no prazo.

Até mais!