Conspiração escrita por Lura


Capítulo 4
Missão no Fim do Mundo


Notas iniciais do capítulo

E aí galera!

Passando para deixar mais um capítulo para vocês!

Então, como avisei anteriormente, a próxima atualização provavelmente deve demorar. Não tenho nem previsão.

Quero agradecer aos queridos leitores que comentaram no capítulo passado. São eles: Giu Bloodie s2, Ana Caroline, GabbySaku, Senhorita Yama, Perséfone, Happy Reader e Ítalo Az. Agradeço também a Mandy Amamiya, que comentou o Capítulo I.

Ah, agradeço também ao pessoal que favoritou e que está acompanhando.

Espero que curtam.

Atualização: Adicionei um Mapa de Fiore para vocês se situarem. A imagem base do mapa é original, mas possui dados acrescentados (inventados) por mim, de acordo com o universo das fics Vínculo Mágico e Conspiração. As ferrovias em azul originalmente não existem, assim como as cidades em vermelho também foram inventadas.



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Capítulo III - Missão no Fim do Mundo

 

Lucy encarou a nova paisagem que a janela exibia, provavelmente pela quinquagésima vez. A cada nova curva que o trem fazia, a maga se atinha a mudança do ambiente externo, medida desesperada para afastar o tédio massante da viagem. Irritada, desviou o olhar para o loiro sentado a sua frente, que mantinha os olhos fechados e a cabeça inclinada para trás, na tentativa de amenizar o enjoo que o acometia.

Também pela quinquagésima vez, a jovem se perguntou a razão de ter embarcado num trem, em direção a sabe-se lá onde, para cumprir uma missão que ela não fazia ideia do que poderia ser, na companhia de Laxus ainda por cima. Definitivamente, aquele estava sendo um dia estranho. Mesmo para os padrões da Fairy Tail.

Quando foi convocada pelo mestre naquela manhã, a loira não pôde evitar de sentir um frio na espinha. Imaginava que, para Makarov querer uma conversa particular, algo sério estaria acontecendo. E após os eventos com a Nihil Occultum, que terminaram com muitos esclarecimentos pendentes, Lucy temia que o pesadelo recomeçasse.

Apreensiva, subiu as escadas, direcionando-se até a sala do pequeno homem, onde já era aguardada.

— Sente-se. - Makarov falou de forma gentil, indicando a cadeira a sua frente. Lucy apenas obedeceu. - Eu te chamei aqui pois recebi um pedido solicitando você para uma missão. - Revelou, de pronto.

— Então era isso. - A maga estelar falou, suspirando aliviada.

— Oh! Me perdoe se assustei você. - Desculpou-se o mestre. - Tive que chamá-la aqui em cima pois o pedido é extremamente sigiloso. - Contou. - O cliente é uma pessoa importante e faz questão de ser mantido em total anonimato, até mesmo para a contratada.

— Isso significa que vou ter que cumprir uma missão para um desconhecido? - A loira perguntou, surpresa.

— Não exatamente. - Começou Makarov. - Por razões de segurança, o cliente pediu para que sua identidade fosse ocultada até que vocês dois pudessem conversar pessoalmente. - Explicou.

— Ele forneceu alguma informação sobre a missão? - A garota indagou.

— Nenhuma. - O pequeno homem respondeu. Lucy remexeu-se, curiosa. Não conseguia imaginar que pessoa importante requisitaria justamente os serviços de uma maga estelar. - A única informação adicional é de que você deverá ir sozinha. - Contou, preocupando a loira. - Na verdade, eu me opus a este ponto, dizendo que não permitiria que você fosse sozinha e ele acabou concordando que você levasse um acompanhante. Entretanto, foi enfático ao dizer que não poderia ser, em hipótese alguma, o dragon slayer do fogo ou algum dos magos que integrassem o seu time.

— Mestre - A loira começou, apreensiva. -, tem certeza que a missão é segura? - Questionou. - Todas essas exigências deixam a situação um tanto estranha. Fazem com que pareça mais uma armadilha que um trabalho.

— A única coisa que posso dizer é que conheço o empregador. - Garantiu Makarov. - E que, para ele ter solicitado os serviços de um mago de guilda, algo realmente sério deve estar acontecendo. - Completou.

— E o mestre acha que eu devo ir? - Perguntou.

— Não acho que você correrá riscos aceitando o pedido. - O pequeno homem opinou. - Aliás, creio que pode ser interessante para você e, quem sabe no futuro, proveitoso para a Guilda. Mas no fim das contas, a decisão é sua. Eu entendo como deve ser angustiante aceitar um trabalho completamente no escuro. - Finalizou.

De fato, era. Lucy não via a hora de poder descer do trem e finalmente desvendar a misteriosa missão. Além disso, tentaria contatar Natsu assim que chegasse. Afinal, o Dragon Slayer não gostou nem pouco da decisão que a maga tomara de se aventurar naquele trabalho. Tanto que, por mais estranho que parecesse, eles tinham se desentendido antes da partida.

— Nossa primeira discussão… - A loira murmurou, chateada. Embora tenha se estressado inúmeras vezes com o rosado, na maioria das vezes pelas visitas inoportunas, aquela tinha sido a primeira briga deles como casal. E isso estava perturbando-a.

— Disse… Ugh… Alg-guma coisa? - Laxus pronunciou com dificuldade, tentando manter a compostura mesmo com o mal estar. Lucy o observou tentando manter a pose, de forma totalmente oposta a que Natsu fazia. Se fosse o rosado, certamente já estaria vomitando as tripas.

— Não. - A maga respondeu. - Apenas pensei alto. - Justificou.

Até mesmo a escolha do dragon slayer do raio como o seu acompanhante tinha sido um problema.

Fora Makarov mesmo que indicou o jovem para acompanhar Lucy. Segundo o mestre, ele era mais do que competente para protegê-la caso qualquer coisa desse errado e confiável o bastante para manter o sigilo do que quer que fosse. Heartfilia apenas acatou a sugestão do mestre, para indignação de Salamander, que não aceitou com facilidade não participar da missão.

Lucy imergiu de tal forma na chateação pelos acontecimentos do dia, que nem percebera que, gradualmente, o veículo foi perdendo a velocidade. Quando deu por si, o trem já estava encostando na estação onde deveriam descer.

— Finalmente! - Exclamou, sentindo cada osso do seu corpo reclamar quando levantou-se do assento. Ambos os loiros estavam em estado quase eufórico pelo término da viagem enfadonha.

Aos tropeços, a dupla inusitada transpôs o corredor do vagão para finalmente alcançarem a humilde e pacata plataforma.

Lucy observou bem a sua volta. Eles eram os únicos passageiros a descerem ali, e nenhuma pessoa embarcou. Além disso, a estação não tinha mais do que dez, talvez onze gatos pingados.

Matza Valley¹ é mesmo pequena... - Observou a garota, sobre a vila em que chegaram. - E agora, para onde vamos? - Perguntou ao dragon slayer do raio, na esperança de que ao menos isso ele soubesse.

— O velhote disse que alguém estaria nos esperando na estação. - Respondeu, olhando cada um dos presentes.

— Ótimo. - Disse Lucy, em tom de deboche. - Não vai ser difícil saber quem é. Basta perguntar a todos eles - enfatizou, ironicamente -, um por um se estão aguardando dois magos contratados. - Troçou.

— Você é irritante. - Laxus limitou-se a resmungar, fazendo uma veia saltar na testa da maga.

Talvez pelo cansaço, ou talvez por estarem se encarando furiosamente, nenhum dos dois membros da Fairy Tail percebeu que um homem se aproximava discretamente deles.

— Você deve ser a moça que o senhor aguarda. - Constatou em voz alta, antes mesmo que notassem que estava ali, assustando-os. - E você deve ser o acompanhante. - Concluiu, encarando Laxus com dificuldade, já que era pelo menos trinta centímetros menor. - Podemos ir? - Perguntou.

— Espera! - Lucy pediu, espantada pela velocidade da sequência de acontecimentos. - Como tem certeza que somos quem espera? - Indagou, desconfiada. - Ou melhor, como teremos certeza que estamos indo com a pessoa certa? - Completou, irada com a falta de informações da situação em que se envolvera.

— Vocês são os únicos estranhos aqui. - Respondeu o homem. Só então, a loira começou a reparar em sua aparência. Ele tinha cabelos castanhos um tanto grisalhos, e o corpo magro e levemente encurvado sustentava um elegante uniforme de cocheiro. A expressão oscilava entre fechada e gentil, mas no geral, aparentava ser boa pessoa.

— Nós somos estranhos? - Laxus perguntou a Lucy, levemente ofendido e desconfiado. A maga estava pronta para explicar que quando o senhor os chamou de estranhos, queria dizer que eles não pertenciam àquele lugar, quando novamente foi interrompida pelo recém chegado.

— Certamente, se comparados as pessoas desse vilarejo. - Respondeu, sem rodeios, mostrando a loira que eles eram estranhos no sentido de esquisitos mesmo.

— Ok… - A jovem comentou, sem graça. - Mas ainda não sabemos quem é o senhor, ou se devemos realmente acompanhá-lo.

— Ah, sim. - Atrapalhou-se o homem. - Me chamo Eurico Milleo, estou a disposição dos senhores. - Emendou, fazendo uma mesura.

— Milleo, é? - Laxus repetiu. - Pode nos dizer para quem você trabalha? - Perguntou, ríspido. Ele definitivamente não tinha gostado de ser chamado de acompanhante, e muito menos de estranho.

— Infelizmente, não estou autorizado a fornecer informação alguma. - Respondeu, da forma mais educada que conseguiu.

— É ele mesmo. - Os magos concluíram em uníssono, ante o mistério mantido pelo homem.

— Então, Milleo-san - Lucy continuou, sozinha. - Pode, por favor, nos guiar ao nosso destino? - Pediu.

— Claro. - Respondeu, simpático. - Por favor, me acompanhem.

Os magos da Fairy Tail apanharam as bagagens e seguiram o cocheiro até o exterior da humilde estação, onde uma única carruagem estava estacionada.

O homem, educadamente abriu a porta, indicando o interior do veículo.

— Acomodem-se, por favor. - Pediu, apanhando as malas de ambos e direcionando-se ao bagageiro.

Lucy, mesmo incomodada, pois nem ao menos se esticara direito após a longa viagem, obedeceu de pronto. Porém, Laxus permanecia congelado, olhando desanimado para a carruagem.

— Algum problema? - Milleo perguntou.

— Eu não posso ir seguindo a carruagem? - Perguntou esperançoso.

— Há algum problema com a carruagem? - O cocheiro perguntou, estranhando o comportamento do rapaz.

— Problema nenhum. - Lucy tratou de remediar a situação. - Digamos que meu colega tem fobia de transportes. - Respondeu, com uma gota na cabeça.

— Bem, receio que ele não conseguirá chegar a menos que suba na carruagem. - Milleo explicou.

— Mas a vila é tão pequena… - Tentou o dragon slayer.

— Oh, sim. - Concordou o cocheiro. - Mas meu senhor não mora aqui. Matza-Valley é apenas o fim dos trilhos. - Explicou. - Ainda temos longos quilômetros pela frente. - Arrematou, para desespero, agora, de ambos os magos. Dreyar nem mesmo precisava esperar os movimentos do veículo para sentir o famigerado mal-estar e Lucy ainda sentia o traseiro dolorido depois de um dia inteiro sentada.

— Então - Falou o loiro, contrariado. - vamos de uma vez. - Decidiu entrando e fechando a porta do veículo.

De imediato, o cocheiro tocou os cavalos, que puxaram a carruagem pelas vielas do vilarejo. A maga estelar observou o entardecer alaranjado envolver o pequeno povoado, que gradualmente se tornava ainda menor conforme se afastavam. Matza-Valley, além de distante, era minúscula. Esse pensamento apenas fez com que a curiosidade sobre o empregador, aumentasse ainda mais. Que tipo de pessoa moraria nos confins de Fiore?

Mesmos com tantos questionamentos, e com os gemidos do dragon slayer do raio ecoando no minúsculo - porém luxuoso - espaço, não foram esses os pensamentos que preencheram a mente de Lucy antes que ela adormecesse, mas sim o que estaria fazendo, naquele instante, seu companheiro de cabelos róseos e se ele estaria se divertindo junto com seus amigos, em sua missão no litoral.

Mais do que isso, ela ansiava saber se ele ainda estaria chateado com ela.

 

• •  

 

— Me tirem… Ugh! Da-qui… - Natsu engrolava com dificuldade, sentindo o estômago revirar a cada movimento que o barco fazia.

— Nem vem foguinho. - Gray, aproveitando-se da condição deplorável do colega de equipe, provocou. - Sequer chegamos no lugar indicado no panfleto. - Avisou. - E não se esqueça que só conseguiremos pescar essa espécie de peixe durante a madrugada, portanto, passaremos uma agradável noite em alto mar. - Completou, claramente se divertindo com o sofrimento alheio.

— Isso é o inferno! - Choramingou o dragon slayer.

Nem de longe aquele poderia ser considerado o pior dia da vida do mago do fogo, mas certamente, se classificaria como o mais desagradável do último mês e meio.

Natsu não só estava pagando seus pecados ao ser arrastado para uma missão no meio do oceano, como também tinha brigado com Lucy pela primeira vez. Bem, não exatamente pela primeira vez, mas daquela forma, como companheiros, sim.

Naquela manhã, assim que a maga celestial retornou da sala do mestre, comunicou aos amigos que não iria realizar a missão de pesca com eles, pois tinha recebido um pedido especial.

De pronto - e até mesmo aliviado, por não ter que entrar em um barco - Natsu se ofereceu para ir com ela, mas a garota recusou, alegando que o empregador tinha exigido que ela não fosse acompanhada de nenhum de seus companheiros de time.

Agravando a situação, o mestre indicou o idiota do Laxus para ser o parceiro dela.

Sério, o que raios estava acontecendo? O dragon slayer não conseguia compreender como Lucy tinha concordado com um disparate daqueles.

E o pior de tudo é que, quando Natsu se opôs, dizendo o quanto era perigoso enviar Lucy naquela missão, Laxus fez uma expressão de deboche e disparou, para toda guilda ouvir:

“- Não se preocupe. Não deixarei que nada de ruim aconteça a sua parceira.”

Naquele instante, o mago do fogo sentiu todo o sangue sumir de seu rosto. Laxus, aparentemente, não havia dito nada de mais, tanto que nenhum membro da guilda estranhou suas palavras. Mas Salamander tinha entendido exatamente do que ele estava falando.

Para ter certeza da situação, Natsu desviou o olhar para o dragon slayer de metal, que estava sentado no balcão, bebendo qualquer coisa. Confirmando seus temores, Gajeel sorriu cinicamente e lhe lançou aquele olhar malicioso que dizia claramente “Eu sei muito bem o que vocês fizeram na noite passada!”.

Só então, a mente de Salamander sacou o obvio. Os dois, tal como ele, eram dragon slayers. É claro que sentiriam qualquer alteração no cheiro da maga celestial, ainda mais uma que sinalizava em letras garrafais o aviso “MANTENHAM SUAS PATAS ASQUEROSAS BEM LONGE DA MINHA PARCEIRA, SE NÃO QUISEREM PROVAR UMA MORTE LENTA E DOLOROSA”.

Ocorre que, se Lucy apenas desconfiasse que alguém sabia a que ponto tinham chegado como homem e mulher, ele é que seria exterminado lenta e dolorosamente.

Ignorando o pavor que esse pensamento lhe trouxe, Natsu seguiu a loira até seu apartamento, determinado a impedi-la de ir na tal missão.

E foi aí que seu dia acabou de vez.

Lucy, independente e acostumada a tomar as próprias decisões, não gostou nada quando Natsu tentou convencê-la a não ir. E então, uma discussão ferrenha se seguiu. As farpas que eles trocaram em formas de palavras ainda rondavam sua mente, ora o irritando, ora deixando um sentimento de culpa.

— Eu não sou criança Natsu! - Exclamou ela, no calor da discussão, colocando as mãos na cintura. - Não pense que o nosso relacionamento lhe dá o direito de controlar a minha vida! - Completou, retirando um vestido do armário e o colocando na mala cor de rosa, que encontrava-se aberta sobre a cama.

— Mas eu não quero controlar a sua vida! - Respondeu irritado. - Quero protegê-la! - Finalizou, jogando a mala no chão e espalhando todas as roupas que a loira já tinha guardado. E naquele instante, quando uma veia saltou na testa da maga celestial, ele descobriu que tinha cometido um erro. Um grande erro.

— Por favor, vá embora Natsu! - Lucy pediu, contendo-se ao máximo para não berrar. - Eu estou muito irritada. Não quero dizer nada que me cause arrependimentos depois. - Explicou.

— Lucy… - Ele tentou se aproximar, mas antes que pudesse tocá-la, ela gritou:

— VÁ!!! - Se esquivou, furiosa.

Ressentido, o mago do fogo lhe lançou um último olhar magoado, antes de saltar pela janela.

— USE A DROGA DA PORTA!!! - Extravasou a jovem, fechando a janela com brutalidade.

Depois desse episódio, os dois não se falaram mais. Lucy seguiu para sabe-se lá onde com Laxus, e Natsu foi se preparar para a missão escolhida por Meldy.

E agora, ali estava ele: Jogado no convés, feito um saco de farinha, pronto para vomitar os órgãos a qualquer momento, já que tudo que tinha comido durante o dia já tinha sido jogado para fora.

— Estamos nos aproximando do local indicado. - Meldy avisou, saltitando de empolgação.

— Gray, me ajude a preparar a rede. - Erza ordenou.

O moreno de pronto obedeceu, e ambos colocaram-se a desenrolar o grande emaranhado de linhas.

— Happy e eu tentaremos com as varas de pesca. - A garota dos cabelos rosas comunicou.

— E a Juvia? - Titânia perguntou, curiosa.

— Juvia vai mergulhar! - A maga da chuva respondeu, animada.

— Como assim mergulhar? - Gray se surpreendeu, largando a rede. - Você enlouqueceu? - Perguntou irritado. - Entrar em alto mar de madrugada? É perigoso demais! - Completou.

Juvia desconcertou-se por um instante. De todas as pessoas, a única de quem não esperava tal reação era do mago do gelo. Mesmo levemente corada, não pôde evitar de gritar, animada, com corações nos olhos:

— KYAAAAA! GRAY-SAMA ESTÁ PREOCUPADO COM A JUVIA!!! - Ao ouvir isso, o moreno imediatamente, ficou vermelho.

— Mas é claro que estou! - Retrucou. - Assim como ficaria com qualquer um que me dissesse que vai pular na água no meio da noite! - Justificou.

Tal declaração seria um balde de água fria - ou, no caso do mago nudista, de gelo - para aquietar os ânimos de qualquer pessoa normal. Mas a azulada estava muito longe de ser uma pessoa normal. Para ela, Gray apenas tinha confirmado que realmente estava preocupado com ela, deixando-a nas nuvens.

— Uh! O amor está no ar! - Meldy zombou, olhando de um para o outro, enquanto balançava as sobrancelhas de forma cômica. - Bem que eu senti um cheiro doce substituir essa atmosfera salina. - Falou.

— Seu nariz está com problema! - O discipulo de Ur declarou.

— Tá, mas não precisa tirar as roupas. - Erza advertiu, fazendo com que o mago do gelo gritasse assustado e começasse a correr pela embarcação, catando suas vestimentas que, incrivelmente, estavam espalhadas por toda parte. - E Juvia, tem certeza que quer mergulhar? Eu não discordo totalmente do Gray. Acho bem arriscado. - Ponderou.

— Não se preocupe. Juvia já realizou diversas missões debaixo da água, e na maioria das vezes estava sozinha. - Respondeu animada, mesmo que estivesse contando algo extremamente deprimente. Erza e Meldy lhe lançaram olhares piedosos. - E eu tenho certeza que assim terminaremos a missão mais depressa, pois poderei encontrar os peixes e pegá-los.

— Bem, se você prefere assim… - A ruiva concordou.

— Me de-deixa… UGH!!! Ir tam-bém… - Natsu, que até então jazia esquecido em um canto, pediu, ou melhor, implorou, atirando-se aos pés da azulada, que arregalou os olhos, surpresa.

— Natsu-san quer mergulhar também? - Juvia Perguntou, admirada.

— Aham… - Ele concordou, num fiapo de voz.

— Idiota! - Titânia xingou. - A Juvia respira debaixo da água. Você não. - Lembrou.

— Eu não… AGUENTO MAIS! - Exclamou o mago do fogo, correndo para colocar a cabeça para fora e vomitando novamente.

— Na verdade, se ele quiser ir, eu posso dar uma bolha de ar para ele. - Juvia contou.

— Ah sim! - Recordou-se Erza. - Bem, ele não está sendo útil aqui mesmo… - Comentou.

— Nesse caso, eu vou também. - Decidiu Gray.

— Não vai não! - Atalhou a maga de armadura. - Eu preciso de alguém para me ajudar com a rede.

Irritado, Gray estalou a língua e tornou a desenrolar a rede de pesca. Juvia sorriu, levemente decepcionada. Obviamente, ela preferiria mil vezes a companhia do mago do gelo. Mas eles estavam em missão, afinal. Se Natsu não pudesse ajudar no barco, então ela o levaria para a água.

— Bem, precisaremos esperar mais um pouco para começar. - Falou, apoiando-se na proteção. - Afinal, a noite só está começando.

  

• •  

 

A carruagem gradualmente desacelerou, até que finalmente parou. Mesmo assim, demorou alguns segundos para que seus passageiros se dessem conta do que estava acontecendo.

Lucy, que até então estava dormindo profundamente, com a cabeça apoiada na janela, abriu os olhos devagar. E a visão que teve a fez dar um salto incrível para quem tinha acabado de despertar, fazendo com que o veículo chacoalhasse.

— Isso! Balança mais! Ainda não estou enjoado o bastante. - Laxus reclamou, no ápice de seu mau-humor.

Gomen. - A loira mal conseguiu dizer. Ainda estava um tanto atordoada com a paisagem que a janela exibia.

A maga estava acostumada com lugares grandes e luxuosos. Afinal, crescera em uma das maiores mansões de Fiore. Entretanto, a construção que erguia-se a sua frente, era tão monumental que fazia sua antiga moradia parecer uma casinha de bonecas. Talvez mansão fosse insuficiente para descrevê-la.

— Uow! - Laxus exclamou, assoviando em seguida. - Que tipo de cliente mora em um palácio desses? - Perguntou, espiando pela janelinha.

— Eu… - Lucy gaguejou. - Não tenho a menor idéia. - Completou.

Tirando-os de seu momento contemplativo, a porta do veículo foi aberta. Só então os dois magos se deram conta do tempo que passaram apenas admirando a enorme casa, de dentro do veículo.

— Vocês não vão descer? - Eurico Milleo perguntou, ainda segurando a maçaneta. - Certamente meu senhor aguarda vocês. - Avisou.

— Aguarda a Lucy, você quis dizer. - O dragon slayer do raio resmungou, totalmente se esquecendo das lições de cavalheirismo que recebera durante sua vida, descendo antes da garota.

— Obrigada, Milleo-san. - A maga estelar agradeceu, aceitando a mão que o cocheiro ofereceu para que ela descesse da carruagem logo em seguida.

Os magos perceberam que pararam em um enorme caminho ladrilhado, traçado em frente ao palacete, rodeado por belíssimos arbustos milimetricamente podados. A senda levava a dois lances de largas escadas, que antecediam a entrada principal do casarão.

— Sejam bem vindos! - Saudou uma senhora, que devia ter seus quarenta anos. Os cabelos louro-palha se misturavam a algumas escassas mechas grisalhas e estavam perfeitamente ajeitados em um coque. Além disso, usava um típico uniforme vitoriano de empregada, cor salmão, que ia até o meio de suas canelas. Toucas e aventais brancos completavam sua vestimenta. - Sou Abby. Tenho ordens para conduzir a moça até nosso senhor. - Avisou.

— Obrigada Abby-san. - Falou Lucy. - Estou contando com você. - Emendou. A senhora sorriu.

— Joanne e Yumi conduzirão seu acompanhante. - Completou, indicando duas moças paradas atrás de si, ambas de cabelos negros, vestidas com o mesmo uniforme vitoriano.

— Certo. - Laxus limitou-se a responder, carrancudo.

Logo, o pequeno grupo começou a seguir o caminho até a entrada da mansão, sendo que as três serviçais iam a frente, posicionadas em um perfeito triângulo.

Lucy tornou a encarar o palacete. A construção era em estilo antigo, com inúmeras janelas, quase todas com varanda, e diversas torrinhas. As paredes eram quase todas recobertas por pedras, gastas pelo tempo. A noite, já erguia-se impiedosa, dando ao lugar um aspecto levemente sombrio. Repentinamente, sentiu-se incomodada.

Nascida na aristocracia de Fiore, durante sua infância e parte de sua adolescência, a loira conhecera as pessoas mais favorecidas financeiramente e influentes do reino. As que não teve a oportunidade de encontrar pessoalmente, conhecia de nome. Certamente, já visitara diversas mansões e ouvira falar de muitas outras. Mas então, por que nunca tinha ouvido falar daquela, que ficava no oeste isolado do reino?

Aquela era, provavelmente, a maior construção com fins habitacionais, perdendo somente para o palácio real. E mesmo sendo visivelmente antiga, a maga estelar nunca sonhara com sua existência, assim como provavelmente todos as demais pessoas do reino.

Esse pensamento serviu apenas para deixar a jovem ainda mais apreensiva sobre quem estaria lhe contratando, ou ainda, sobre que tipo de serviço teria que prestar.

E essas dúvidas pesaram em seu interior, quando seu pé esquerdo tocou o primeiro degrau da longa escadaria dianteira.

 

• • 

 

¹ Matza Valley: Cidadezinha constante no mapa de Fiore. Nunca vi nada sobre ela no mangá ou no anime, por isso estou inventando.

 


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Notas finais do capítulo

E aí? O que acharam?

Só para avisar, não criem muita expectativa sobre essa missão da Lucy. =P

Vejo vocês nos comentários.

Até o próximo!



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