Conspiração escrita por Lura


Capítulo 30
Voltando para Casa


Notas iniciais do capítulo

O mangá alcançou o seu suposto fim, mas a fanfic nãããããão! Ao menos não ainda. A vontade vem de vez em quando, mas vamos levando até onde der.

Essa é definitivamente a pior maneira de aparecer depois de quase OITO MESES de hiato. OITO MESES! Já dava para a Lucy ter parido.

Sem enrolações, gostaria de agradecer imensamente aos que ainda aguardam as postagens, mesmo após todo esse tempo.

Também, não poderia deixar de agradecer a uma leitora muito especial: Khaleesi!!!

Conforme havia dito nas notas do último capítulo, o próximo a ser publicado seria dedicado a ela, por ter feito a última recomendação. Entretanto, naquela época eu não previa que algo realmente curioso acontecesse nesse capítulo. Vamos lá:

Khaleesi, Você certamente me ajudou muito! Sua escrita é inspiradora e alvo da minha admiração. Seus comentários sempre foram muito motivadores. E, para completar, você me ajudou a resolver um dos maiores dilemas que eu sofri ao escrever um capítulo. Sério, se você não tivesse tão gentilmente se disponibilizado a me ajudar naquela época, talvez algumas coisas na fic tivessem tomado um rumo estranho… Por fim, você dedicou parte do seu tempo a recomendar esta história. E a única coisa que posso dizer é o quanto eu me senti feliz e grata. Porque ser reconhecida por uma escritora fantástica como você é maravilhoso!

Sei que estou em débito com você - como leitora e escritora - mas pretendo corrigir isso, é sério.

Então, como singela retribuição, eu dedico este capítulo a você, o que é bem irônico e curioso. A razão? Espero que você consiga identificar quando tiver a oportunidade de lê-lo.

É isso.

Não posso deixar de agradecer também aos queridos leitores que comentaram o último capítulo: Vicky Scarlet, Gutor, Peter Flach, Giu Bloodie S2, Trash, Ishizur, GabbySaku, TiahPuddin e Maalu. Agradeço imensamente todo apoio e a compreensão que vocês demonstraram.

E por último, só gostaria de registrar que FINALMENTE chegamos ao 30º capítulo! O que me deixa assustada, pois eu não sei quantos capítulos teremos no total.

Sem mais delongas, segue o capítulo.

Até as notas finais!



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Capítulo XXIX - Voltando para Casa

 

Magnolia - 10 de abril de x792

A maga celestial levou a mão até a maçaneta gelada, sentindo um  misto de alívio e ansiedade crescer em seu interior.

Estava em casa. Finalmente.

Afoita, abriu a porta de forma brusca, irrompendo para o interior de seu apartamento, com Natsu em seu encalço. Sem se incomodar, inalou o ar abafado e tomado pela poeira, resultado dos vários dias que o ambiente permaneceu lacrado, sem nenhuma ventilação.

— Certo, estão entregues. - Doranbolt falou da porta, tentando criar a deixa para se retirar. - Verei se consigo alugar um quarto aqui por perto. - Avisou.

— Certo. - A loira assentiu sorrindo. - Obrigada por tudo, Doranbolt. - Continuou, seu sorriso alargando-se um pouco mais, demonstrando o quanto estava radiante por finalmente estar de volta.

Entretanto, embora a felicidade da maga estelar fosse contagiante para a maioria das pessoas, o membro do Conselho Mágico não trouxe mais do que um misto de constrangimento e revolta. Ela sabia porque ele estava ali. Sabia muito bem que toda provação que estava enfrentando não era culpa sua e, ainda assim, era incapaz de tratá-lo mal.

Incomodado, o moreno pigarreou para disfarçar seu constrangimento.

— Não se esqueça Lucy. Você está está em liberdade condicional. - Lembrou-a. - Não pode sair desacompanhada de um dos membros da guarda, assim como não pode ultrapassar os limites da cidade, a não ser por ordem judicial. - Enumerou. - E também… - Recomeçou, mas foi interrompido.

— Não posso usar magia. - A loira completou, sorrindo tristemente. - Eu sei Doranbolt, não usaria nem se quisesse. - Completou, erguendo os pulsos, de modo que seus mais novos acessórios ficassem em evidência: duas largas pulseiras contensoras de magia

— Eu só não quero que tenha que voltar para aquele lugar. - Justificou o moreno.

— Já entendemos. - Natsu atalhou, impaciente. Também estava grato pela ajuda do membro do Conselho, mas achava que sua presença estava se tornando inconveniente. Lucy precisava de um momento que fosse, sem estar sendo vigiada.

— Certo, estou indo então. - Sentenciou Doranbolt. - Se precisarem sair, tem um guarda na entrada da casa. Meu turno é o próximo. - avisou, antes de retirar-se.

Os dois magos da Fairy Tail quase suspiraram aliviados quando o moreno - finalmente - deixou o apartamento.

É certo que ambos se sentiam um tanto egoístas por pensarem assim - afinal, fora graças a Doranbolt que fizeram o percurso ERA/Magnolia tão depressa - mas eles também sabiam que necessitavam urgentemente de um momento longe de tudo que lembrasse o Conselho Mágico e todo aquele inferno que estavam vivenciando.

Os últimos dias haviam sido tão difíceis, quase surreais, que a simples noção de que finalmente haviam retornado ao apartamento dava-lhes a sensação de que estava bom demais para ser verdade.

Quando estava internada, Lucy tema que teria que voltar ao Centro Penitenciário de ERA e aguardar por semanas, com sorte, por dias, para que ele finalmente deliberassem sua questão, uma vez que, graças ao atentado, a sessão designada para tal fim fora cancelada.

Qual não foi a sua surpresa ao ser conduzida do hospital diretamente ao Tribunal Mágico, onde ele prolataram a decisão: O processo movido contra lucy não seria suspenso, mas o julgamento seria adiado por uns meses, e ela poderia permanecer em liberdade até o fim do período de resguardo, desde que cumprisse algumas condições.

O alívio que a maga estelar sentiu ao saber que havia ganhado tempo para provar sua inocência foi indescritível. Entretanto, sofreu certo abalo, quando ela tomou ciência das dua condições que teria que observar: Primeiro, enquanto estivesse em liberdade condicional, não poderia deixar a cidade de Magnólia sem permissão judicial, sendo que, toda as vezes que precisasse sair de casa, deveria obrigatoriamente ser acompanhada por um guarda.

Até aí tudo bem. A situação era incômoda, mas a loira poderia lidar com isso.

O baque mesmo, veio no momento em que escutara a segunda condição: até o fim do processo, Lucy estava expressamente proibida de utilizar sua magia. A prova disso, eram as largas e grosseiras pulseiras de metal inibidor que rodeavam seus pulsos.

— Você está bem? - Natsu perguntou, ao notar que a companheira encarava os próprios pulsos de maneira tristonha.

Lucy voltou-se para ele, forçando um sorriso.

— Estou. Eu só… - Tentou não parecer triste ao responder, mas falhou miseravelmente ao ao sentir a própria voz vacilar. - Me doi pensar que passarei os próximos meses sem poder ver meus espíritos. - Explicou.

— Eu sinto muito. - O dragon slayer lamentou, abraçando-a protetoramente por trás.

— Não é culpa sua. - A maga estelar cerrou os olhos com força, determinada a não deixar que o ardor em seus olhos se transformasse em lágrimas - Não é como se pudéssemos nos sobrepor à situação. De qualquer forma, sinto-me grata apenas de poder estar aqui fora. Temo que não poderia continuar protegendo o bebê caso continuasse presa. - declarou, sentindo o parceiro enrijecer ao seu redor.

Sentindo a reação, automaticamente uniu as próprias mãos às dele, que descansavam em seu ventre.

Perturbado, Natsu afundou o rosto no pescoço de Lucy. A ideia de que ele não havia sido capaz de protegê-la ainda o assombrava como um pesadelo. E o medo de que ela pudesse retornar para aquele lugar terrível crescia em seu interior como uma praga.

— Está tudo bem. - Disse ela, de forma branda. Embora o mago do fogo não externasse o que lhe afligia, ela tinha uma boa percepção do que estava acontecendo. - Eu estou aqui agora, não estou? - Perguntou, levando uma das mãos até os cabelos róseos e os afagando com carinho.

Se alguns anos atrás tivessem dito a Natsu que algum cheiro, além daquele que Igneel emanava, poderia exercer-lhe forte efeito calmante, ele certamente, ao menos, questionaria.

Mas, ali estava.

Apenas inalando o perfume da maga estelar, sentindo o corpo relaxar pouco a pouco.

Contribuindo para que se acalmasse, suas mãos, sentiam com facilidade o ribombar constante do coração do bebê, que já estava começando a ser captado a distância por sua audição aguçada.

Lucy, por sua vez, seguia deslizando os dedos pelos fios rosados e acariciando as mãos que estavam sobre seu abdômen. O leve roçar do nariz de Natsu em seu pescoço, acompanhado da respiração descompassada, causavam-lhe leves arrepios, mas, no geral, a sensação que predominava era a de aconchego.

Os dois permaneceram daquela forma por vários minutos, e talvez continuassem por tempo indeterminado, se não tivessem ouvido alguém bater a porta.

Curiosos, voltaram-se para ela, questionando-se mudamente quem poderia ser. Afinal, os demais membros da Guilda, certamente, estavam apenas começando o longo trajeto de volta para Magnólia, já que não puderam ser beneficiados pela magia de teletransporte, fato que não permitia que eles deduzissem quem poderia visitá-los.

— Um instante! - Natsu pediu, direcionando-se a porta.

Não demorou muito para que a destrancasse e abrisse com certa impaciência.

— Desculpe incomodar novamente… - Completamente sem graça, Doranbolt falou tão logo entrou no campo de visão do dragon slayer.

O mago do fogo conteve um rolar de olhos.

— Eu so vim entregar isso! - O membro do Conselho estendeu uma pequena caixa em direção à Dragneel, prevendo a possibilidade de que ele perderia a paciência. - Eu não pude devolver enquanto estávamos em ERA, pois as pessoas poderiam desconfiar de algo caso nos vissem juntos. - Argumentou, enquanto o membro da Fairy Tail tomava a caixa.

A loira, que estava parada alguns metros atrás, arqueou as sobrancelhas, curiosa.

— De qualquer forma, está entregue. - Concluiu o membro do Conselho.

— Obrigada. - Natsu respondeu, cordialmente, em uma estranha mudança de postura.

Com um aceno, Doranbolt se despediu, deixando o lugar em seguida.

— O que é? - Sem conseguir segurar a própria curiosidade, Lucy indagou, enquanto o mago do fogo tornava a trancar a entrada.

— Veja. - Natsu respondeu, passando-lhe a caixa.

A maga estelar franziu o cenho, ao sentir o peso do objeto. Instigada, tratou de abrir enquanto juntos caminhavam em direção ao quarto.

Quando finalmente conseguiu tirar a tampa, sentiu uma exclamação de surpresa morrer em sua garganta, ao visualizar a superfície vítrea de um globo. Junto com o espanto, as lembranças invadiram a sua mente como uma enxurrada.

— Você… - Balbuciou, retirando o globo decorativo de dentro da caixa.

Os últimos dias haviam sido tão turbulentos que a lembrança de ter recebido aquele presente esvaira-se de suas memórias. Entretanto, os momentos que passara contemplando-o na carruagem que a conduziu a ERA, bem como as palavras grafadas na carta que viera junto, por diversas vezes lhe concederam forças para sobreviver às duas semanas de encarceramento.

Entretanto, curiosamente, nunca conseguia se lembrar como àquele objeto chegara em suas mãos, da mesma forma que sumiu pouco depois, o que levava a questionar se tudo não havia passado de um sonho.

Contudo, suas lembranças haviam retornado de forma clara, apontando que Doranbolt havia compactuando com a situação.

— Você… - Natsu chamou, de forma tímida. - Você gostou? - Indagou.

Lucy o encarou, incrédula.

— Se eu gostei? - Perguntou, esganiçada. - Natsu, isso foi a coisa mais linda que fizeram por mim! - Respondeu emocionada, agitando o objeto com vigor.

Imediatamente, a pequena cerejeira contida no globo acendeu-se, emanando inúmeras luzes coloridas, que misturavam-se a dourada luminosidade vespertina, que escoava aos poucos.

A loira não sabia em que fixar a própria atenção: Na pequena árvore que reluzia em suas mãos, nas lindas luzes que eram projetadas nas paredes ao seu redor, ou em Natsu, que admirava sua animação.

O dragon slayer, porém, não conseguia desviar os olhos do rosto emocionado da maga, que assim como tudo ao redor, refletiam as múltiplas cores.

— Venha. - Chamou- estendendo as mãos para ela.

Sem entender muito bem, Lucy passou a segurar o globo com apenas uma das mãos, para, com a outra, segurar a que lhe foi oferecida.

Sem pressa, o mago do fogo caminhou em direção a cama, onde sentou-se, com as costas apoiadas na cabeceira. A loira fitou-o por alguns instantes, até que entendeu que também deveria se sentar, o que não tardou a fazer, apoiando o dorso contra o peito dele.

Natsu colocou as mãos por cima das mãos de Lucy, que novamente rodeavam a esfera, e as agitou, fazendo com que ela, obrigatoriamente, imitasse o gesto. Imediatamente, a projeção de cores se intensificou.

— Eu disse, não? - Indagou, próximo ao ouvido dela. - Essa foi a maneira que eu encontrei de passar o Hanami com você.  - Repetiu o teor da carta que escrevera.¹

Sem poder evitar, Lucy sentiu duas lágrimas abandonarem seus olhos. Paradoxalmente, seus lábios contornavam um singelo sorriso.

— Então vamos contemplá-lo juntos. - Respondeu.

A loira, novamente, agitou o adorno, garantindo que sua luz perpetuasse por mais alguns minutos. Logo em seguida, aninhou-se contra o companheiro, sendo tomada por um arrepio agradável ao sentir ambas as mãos fortes e calejadas dele deixarem as suas para repousar em seu ventre.

Relaxando um pouco, inclinou a cabeça para trás, deitando-a sobre o ombro dele, tombando-a levemente para o lado,  de modo que pudesse friccionar a própria bochecha contra a do parceiro, causando um atrito de peles prazeroso.

Satisfeita, ouviu um rosnado rouco abandonar a garganta de Natsu.

Sem precisar de incentivos, o mago do fogo mordiscou o lóbulo da orelha da jovem, descendo em seguida com beijos cálidos e molhados pela linha do pescoço ao ombro, afastando a manga do vestido dela para que tivesse livre acesso a pele leitosa.

A cada toque recebido, um suspiro abandonava a boca da jovem.

Após depositar uma mordida um tanto dolorosa no ombro da parceira, Natsu percorreu o caminho inverso, raspando os caninos afiados pela epiderme arrepiada. Ao alcançar novamente o ouvido, tornou a envolver a barriga da companheira de forma carinhosa, tomando um tanto de fôlego e coragem para o que diria em seguida.

— Eu amo você. - Confessou, em um murmúrio, abaixando a cabeça em seguida, invadido pelo constrangimento.

Lucy arregalou os olhos, atônita pela declaração repentina. Mas antes que pudesse oferecer uma resposta adequada, a voz de Dragneel novamente interrompeu seus pensamentos.

— Eu amo vocês. - Repetiu, acrescentando o plural a frase, enquanto acarinhava o ventre da mulher.

Aquelas palavras, fizeram com que a jovem se questionasse quantas lágrimas ainda seria capaz de liberar. O tempo que havia passado chorando nas últimas semanas quase não podia ser quantificado. Entretanto, seu pranto parecia muito longe de acabar.

Com um misto de tristeza e alegria, seguia liberando as próprias emoções pelos olhos. E no exato instante que sentiu que poderia falar sem embargos, girou o pescoço para que pudesse fitá-lo nos olhos.

— Eu também amo você. - Hipnotizada pelas orbes escuras, externou a conclusão que chegou no exato dia em que recebera aquele presente. - De forma que nunca imaginei que seria capaz de amar alguém. - Acrescentou.

A garota mal calara-se e seus lábios foram tomados com ferocidade pelo mago do fogo. A boca dele, movia-se de forma possessiva, e a língua ditava os movimentos, sobrepondo-se aos comandos de Heartfilia.

Entre pausas irrisórias, os dois permaneciam com os lábios unidos. As mãos de Natsu, dedicavam-se também a passear pelo corpo de Lucy, como se se esforçasse para decorar cada pedaço. Por sua vez, a maga, permanecia sustentando o presente recebido, ao passo que tentava gravar cada sensação que o contato lhe provocava.

Finalmente, desviando a atenção dos lábios da parceira, Dragneel inclinou-se de forma que pudesse arrastar o nariz pelo pescoço esguio. Inebriado, inspirou profundamente.

Sentindo a respiração quente contra a sua pele, a maga arqueou-se de leve, sentindo o dorso perder um pouco do contato que mantinha com o peito do rapaz.

Relaxando o corpo, finalmente deixou o presente de lado, inclinando-se para acomodá-lo no criado mudo. Quando retornou à posição original, girou o corpo, para que pudesse encarar o mago do fogo. As orbes ônix brilhavam em desejo, quando levou a palma até o rosto dele, sentindo o tato ser agraciado com a textura da pele quente.

Extasiada, não apresentou objeção quando, puxando-a pelo quadril, ele fez com que seus lábios se unissem mais uma vez.

 

• • •

 

A  cada chacoalhada que a charrete dava, Gray se perguntava o que estavam fazendo ali. Mais que isso, perguntava-se o que raios ele estava fazendo ali.

Ter que voltar de carruagem para Magnólia, ao invés de poder contar com a praticidade da viagem de trem já havia lhe tirado do sério. Porém, ter que aturar a presença de Lyon, superava sua capacidade de manter a boa educação e o decoro no momento.

Tal como uma criança, permanecia de braços cruzados e com um grande bico armado, enquanto fingia ignorar os gracejos que o irmão albino lançava a maga da chuva, que esquivava-se das investidas com sutileza e cordialidade. O seu consolo era que Margareth, a cidade que acolhia a Guilda Lamia Scale, ficava no meio do caminho. Assim, não teria que aturar aquilo todo o percurso.

Sua irritação era suficiente para que ele não notasse os olhares extremamente divertidos que recebia de uma certa jovem de cabelos rosados, sentada no assento à frente. Certamente, Meldy usaria o tempo de viagem para fazer observações, e formular teorias que pudessem ajudar companheira maga da chuva.

— Gray. - Erza chamou, sem desviar os olhos da cesta de morangos que desfrutava. - Roupas. - Avisou.

Apenas aquela palavra fora o suficiente para que o moreno desviasse os olhos para o próprio corpo, percebendo que suas calças - e sua cueca - haviam sumido.

— Droga. - Praguejou, olhando em volta, torcendo para que, acidentalmente não tivesse descartado as peças de roupa pela janela.

— Idiota. - Lyon debochou, com um sorriso de desdém.

— Lyon-sama… - Juvia chamou, sem graça. - Sua camisa. - Avisou, desviando o olhar.

Indiferente, o albino perscrutou o ambiente atrás de suas vestes superiores, que estavam no chão, não muito distantes de seus pés.

— Imbecil. - Gray devolveu, terminando de abotoar a calça recém vestida.

— Pelo menos - Levantando-se para a briga, Vastia começou, em tom de provocação - eu poupei as damas presentes do terrível constrangimento de ver o meu...

— Hei! - Meldy interveio. - Já entendemos. - Assinalou, para preservar os próprios ouvidos.

— Ninguém viu o meu… - Gray devolveu, irado, entretanto, a rosada tornou a interromper, com um pigarro. - Enfim, ninguém viu. Você está falando demais, ô palhaço.

De fato ninguém havia visto. Mas não por distração ou pela precaução do moreno em se cobrir, e sim apenas pelo fato de que seu sobretudo era longo o suficiente para ocultar suas partes íntimas.

— Isso sim é motivo de orgulho! Deveriam criar um dia em sua homenagem. - Lyon achincalhou.

— Eu estou tentando ser civilizado, mas você está implorando por umas bordoadas! - Fullbuster ameaçou, colando a testa à do irmão.

— Cai dentro, molenga. - O mago da Lamia Scale aceitou o desafio, erguendo os punhos cerrados.

— Sentados. - Erza ordenou. Seu tom era calmo, mas ameaçador o suficiente para que ambos obedecessem sem pestanejar. - Estamos em um ambiente pequeno e, se as duas crianças conseguirem a proeza de destruir a carruagem, teremos que chegar a próxima cidade a pé. - Avisou.

— Acho que a Wendy não se importaria de ir caminhando. - Meldy observou, com certa pena, a pequena dragon slayer encolhida próxima a janela, no banco a sua frente.

— Até porque - Continuou Erza, ignorando o comentário da maga de cabelos rosas. - O fato de vocês tirarem a roupa parceladamente em vez de inteira, continua sendo motivo de vergonha, não orgulho. - Concluiu, ajeitando-se entre Gray e Wendy.

— Ele não devia nem estar aqui! - Fullbuster reclamou, por fim. - Podia muito bem ter tomado a carruagem em que foi a equipe dele!

— A minha equipe não vai até Magnólia, Gray. - O albino explicou, em tom entediado.

Tais palavras foram o suficiente para que o moreno congelasse no próprio lugar.

— O que disse? - Questionou.

Lyon o encarou, indiferente.

— Você não vai descer em Margareth? - Insistiu,  se recusando a acreditar no que ouvira.

— Nós nem passaremos por Margareth, Gray. - Erza comentou, estranhando a atitude do amigo. - Margareth só fica no caminho para Magnólia no trajeto de trem. Não faz sentido pegarmos um caminho mais longo se estamos indo de carruagem. - Explicou.

Foi então que Fullbuster exasperou-se de vez, indagando como não percebera que estiveram em um caminho diferente desde o começo.

— Oh, então você não sabia? - Vastia perguntou, retomando o tom divertido. - Eu visitarei Magnolia por uns dias. Tenho assuntos para resolver na região. - Contou, quase em júbilo. - Uma vez que as linhas férreas estão bloqueadas, gostaria de desfrutar da companhia de Juvia e Meldy enquanto perfaço o trajeto. - Explicou. - Isso certamente tornaria o inconveniente do aumento do tempo de viagem mais tolerável, não fosse pela sua presença.

— Fossem em outra carruagem então! - Esbravejou o moreno.

— Gray! - Erza exclamou, vendo a maga da chuva abaixar a cabeça, chateada. - Não há nenhum problema em dividir a carruagem com o Lyon, se estamos indo para o mesmo lugar. - Ralhou. - Aliás, o único que está tornando a viagem insuportável é você! - Acusou.

Contendo a própria ira, que se extravasada apenas faria com que virasse saco de pancada da ruiva, Gray fixou o olhar na paisagem da janela, decidido a ignorar a conversa que reiniciara a sua volta. Como se ele já não tivesse muito com o que se preocupar, ainda teria que lidar com a proximidade de Lyon pelos próximos dias.

— Será que Natsu-san e a Rival no amor já chegaram em Magnolia? - Juvia indagou, tentando iniciar um novo assunto e externando a preocupação com o casal de amigos, que frequentemente assolava todos os membros da guilda.

— Provavelmente. - Erza respondeu. - Ao menos puderam ter uma viagem tranquila.

— O que não é nada perto do que eles mereciam, diante da situação que estão vivendo. - Meldy acrescentou, franzindo o cenho em chateação. É certo que ela ainda era nova na guilda e, em boa parte do tempo sentia-se deslocada, ou presunçosa por se considerar companheira dos demais membros. Entretanto, ela começava a compreender o impacto que todos recebiam, quando apenas um era afetado.

Ainda mais se essas pessoas fossem Natsu e Lucy. Ela não era mais próxima a eles do que de qualquer outro integrante - com exceção, é claro, de Juvia - , mas já havia presenciado a perda da maga estelar duas vezes.

A lembrança de Natsu chorando sobre o cadáver da Lucy do futuro ainda era tão forte quanto a dele lutando, na sede da Nihil Occultum para proteger o corpo da Lucy do presente que, na ocasião, acreditava estar morta. Definitivamente, ela temia presenciar algo parecido, novamente. Ainda mais quando uma nova vida estava envolvida.

Sacudindo a cabeça para espantar o pessimismo, tentou desviar o assunto.

— Não acham estranho o bloqueio das linhas férreas por causa de um homicídio? - Questionou.

Para sua surpresa, sua pergunta meio que provocou um suspiro coletivo de exasperação.

Confusa, demorou para processar a reação dos colegas, até que finalmente caiu em si. Haviam retornado ao assunto trem, que lembrava ao assunto viagem, que por sua vez associava-se a carruagem que, infelizmente, confinava dois magos do gelo brigões em um ambiente pequeno demais para a segurança do grupo.

— Com certeza. - Lyon respondeu, mais para não ser deselegante. - Pessoas são mortas todos os dias, entretanto, eu nunca havia ouvido falar de um caso em que as linhas de trem fossem afetadas.

— Disseram que estão fazendo um bloqueio na região de Magnolia, para tentar encurralar o criminoso. - Erza repetiu o que todos já sabiam. - É mais fácil impedir que os trens funcionem do que vasculhar cada embarque e desembarque.

— Essa maga que mataram - Começou Lyon -, era alguém importante? - Indagou. Logo, percebendo que sua pergunta podia ser mal interpretada, tratou de corrigir-se: - Não que ninguém seja importante, quer dizer, todos são importantes, mas ela era famosa ou algo assim? - Concluiu, aliviado por parecer convincente.

— Bem, eu só a conhecia de vista. - Juvia respondeu, esforçando-se para buscar qualquer memória relevante. Afinal, não fosse pela fotografia vista no jornal naquela manhã, sequer recordaria-se da fisionomia da jovem.

Mattan Ginger.² - Erza lembrou o nome da finada maga, em tom pensativo. - Era membro da Twilight Ogre. Tinha uma forma um tanto peculiar de usar magia de gelo e fogo. - Narrou. - Lembro de tê-la visto lutando em Crocus, na batalha após a abertura do Portão do Eclipse. - Continuou. - Ouvi dizer algumas vezes que ela era uma maga realmente muito habilidosa, mas, fora isso, não sei qualquer outra informação sobre ela. Ao menos não que justifique o comportamento da Polícia Mágica.

— Twilight Ogre também não costuma estar em evidência. - Lyon pontuou, sem poder conter em seu tom a antipatia que sentia pela guilda. Afinal, nos sete anos em que parte dos membros da Fairy Tail ficaram congelados em Tenroujima, não foram poucas as ocasiões que tiveram que correr para Magnólia em socorro dos restantes, graças as ameaças da Twilight Ogre.

— O que quer que tenha acontecido, foi o suficiente para alterar a dinâmica de trabalho da polícia mágica, que está habituada a este tipo de acontecimento. - Meldy comentou cruzando os braços.

— O que provavelmente sinaliza que devemos dobrar os cuidados com a nossa segurança daqui em diante. - Erza avisou, séria.

— Esta desconfiada de alguma coisa? - Apenas ao sentir a nota sombria na fala da amiga, Gray sentiu a vontade de participar da conversa.

— Nada em específico. - Titânia respondeu, enquanto remexia em sua cesta. - Mas sempre que uma série de problemas começam a desmoronar a nossa volta... - Começou, apanhando um dos pequenos morangos - Não sei, sinto como se fossem sinais de que algo realmente terrível está para acontecer. - Concluiu, jogando a fruta na boca.

— Mais terrível do que já está acontecendo? - Juvia perguntou, incrédula.

— Eu espero que a situação que estamos vivenciando não seja apenas a ponta do iceberg. - Concluiu a ruiva, fazendo com que toda a vontade do grupo de manter uma conversa morresse com suas palavras.

Logo, a viagem seguiu quieta, a não ser pelos resmungos de Wendy e pelos ruídos que Erza provocava ao mastigar os morangos, não demorando para que Juvia e Meldy pegassem no sono, a primeira encostada a janela e a segunda encostada no ombro de Lyon. E Gray trocaria tudo, naquele momento, por uma câmera, só para poder registrar a cara de descontentamento de seu irmão adotivo, por não ter a pessoa que realmente desejava apoiada em si, mas sim uma estranha que babava em seu casaco.

Contudo, não demorou muito que a cena perdesse a graça para o moreno. Logo ele estava contando as montanhas e as árvores que compunham a paisagem externa, apenas para evitar que sua mente chegasse aonde não queria.

Esforço completamente vão, claro.

— Uma sequência de problemas…— Não resistiu ao ímpeto de repetir a frase em pensamento, incomodado com um certo formigar em seu braço.

 

• • •

 

A jovem praticamente se arrastava pelos corredores gelados, amaldiçoando-se por seu orgulho não ser o suficiente para impedir que seu caminhar fosse afetado.

A cada passo, o farfalhar da capa negra que a envolvia, causava um leve atrito com as feridas ainda abertas de suas costas, gerando ondas de dor que percorriam todo seu corpo.

O olhar das pessoas que encontrava em seu caminho, era de espanto. Afinal, era extremamente raro que uma pessoa que ao menos resistisse a cerimônia de purificação, pudesse apenas se mover, tão cedo. E ali estava ela. Andando, aos trancos, mas andando.

Entretanto, sua mente arrogante e obsessiva, insistia em dizer-lhe que todos aqueles olhares eram de pena e deboche. Quiçá, diversão.

Afinal, ela havia falhado. E havia sido castigada. Purificação uma ova.

A cerimônia de purificação era destinada aos sacrifícios impuros, como um gesto misericordioso, para que encontrassem a redenção antes de deixar este mundo, ou, aqueles que fracassavam em suas missões, para que se livrassem dos pecados que - certamente - haviam sido o gatilho para o erro.

Afinal, falhas não eram admitidas naquele local. Se alguém se desviasse do plano, certamente era porque não estava com a alma inteiramente dedicada a fé.

E é por, supostamente, não manter o foco em seu destino, que Miori, nos últimos dois dias, havia sido submetida a um processo que dificilmente seria suportado por um ser humano comum, o que só evidenciava sua excepcionalidade.

Ela havia sido confinada em uma cela gelada, esticada pelos pulsos e tornozelos, apenas para que sua sensibilidade fosse dobrada, quem sabe, triplicada. Nesse período, deveria refletir sobre seus pecados, enquanto escutava os gritos de agonia emitidos em volta, sem saber quando sua vez chegaria.

Após horas nesse estado, teve suas costas dilaceradas, por inúmeras chicotadas. Sequer havia visto seu algoz. Os impuros eram amarrados propositalmente de costas, para que não desenvolvessem qualquer tipo de ódio. Eles apenas deveriam aceitar que estavam errados, e agradecer pela oportunidade de se redimir.

Gritos e choros não eram tolerados. Não dos fieis. Casa mísero lamento emitido acidentalmente por suas bocas, lhe davam de brinde ao menos mais dez chicotadas, o que transformava o ritual em um ciclo, por vezes, que só findava com o pior.

Após, foi deixada, por mais algumas horas, para que pudesse apreciar, devidamente, a consequência de seus erros.

Ao fim de tudo isso, uma vez que sua alma ainda habitava o corpo, deveria ser conduzida até o soberano, para que recebesse a palavra de perdão.

E lá estava ela.

Sendo levada à presença daquela pessoa que diziam ser seu líder.

Resistindo a vontade de cuspir no chão, Miori apenas seguiu.

Tamanha foi a sua surpresa, ao perceber que os servos a sua frente pararam abruptamente, fazendo com que ela se chocasse em suas costas e, consequentemente, com os que vinham atrás fizessem o mesmo consigo.

A dor que a acometeu aplacou qualquer pensamento razoável, impedindo-a de segurar os impropérios que deixaram sua boca.

— Talvez alguém precise ser purificada novamente. - Aquela voz, mais fria do que qualquer coisa que já houvesse sentido, instintivamente fez com que recuasse.

Antes que pudesse se controlar, encarou os dois homens estacados no corredor, defronte a si: O primeiro, mais corpulento e imponente, tinha o peito protegido por uma elegante armadura, que era adornada por uma longa capa. O segundo, que estava envolto em um manto negro, como a maioria dos habitantes do local, parecia um tanto maltratado pelo tempo, embora seu olhar austero fosse o bastante para despertar a cautela em qualquer um que se aproximasse.

— Soberano! - Um dos servos exclamou, alarmado.

Em seguida, em perfeita sincronia, os quatro servos que conduziam Miori, assim como a própria, curvaram-se em reverência. Todos envoltos em seus mantos escuros.

— Estávamos conduzindo-a a sua presença. - Explicou. - Para que recebesse a palavra de perdão.

— Oh! O soberano exclamou indiferente, levando as mãos aos cabelos negros, gesto que fez com que as articulações de sua armadura rangessem. - Eu tenho um compromisso. Estava realmente de saída. - Comentou. - Não esperava que houvessem egressos da última purificação.

A jovem trincou os dentes e inspirou profundamente. Ela estava enganada ao aquele homem havia acabado de dizer que acreditava que ela morreria?

— Mas o fim do ritual… - Outro servo arriscou-se a dizer.

— Sim, eu sei. - O Soberano respondeu. - Miori está perdoada e apta a seguir sua fé. - Falou apressado, preparando-se para seguir seu caminho.

— Eu agradeço a sua misericórdia, Soberano. - Curvando-se novamente, a garota falou, a franja azulada cobrindo-lhe a face.

— Misericórdia? - O Soberano arqueou as sobrancelhas. - Não. Não houve misericórdia, assim como não haverá em uma próxima vez. - Garantiu. - Você resistiu a purificação. Foi apenas isso que ocorreu. - Comentou, indiferente. - Entretanto, o mesmo não pode ser dito do seu parceiro, o médico fajuto.

Antes que pudesse fazer qualquer coisa para evitar, Miori sentiu seus olhos se arregalarem. Não demorou muito para que conseguisse formular o questionamento, cujo já tinha conhecimento da resposta:

— Maurice está morto? - Indagou.

— Ele cumpriu sua missão. - O Soberano respondeu. - Mas, se prefere definir dessa forma… - Completou, reticente.

A jovem sentiu a garganta secar instantaneamente. Não porque nutrisse qualquer sentimento pelo companheiro de fé.

Maurice e ela sequer mantinham uma amizade. Nem como coleguismo o relacionamento que cultivaram, nos anos que passaram juntos, poderia ser classificado.

Eles apenas formavam uma boa equipe, o que sempre lhe deixava satisfeita, sendo esse um dos sentimentos mais reconfortantes que ela provara em sua curta e monótona vida. Era estranho pensar que não poderiam mais trabalhar juntos, quando a menos de dois dias haviam saído para uma missão. Missão essa que se convertera no maior fiasco de sua carreira, graças a Lucy Heartfilia.

Afastando o ódio recém adquirido da maga da Fairy Tail - que já se tornara assustadoramente grande considerando que sequer a conhecia, dois dias atrás -, Miori concentrou-se no fato de que, embora tivessem sido submetidos ao mesmo ritual após o fracasso, apenas ela resistira. Novamente, um sentimento de espanto cresceu em seu interior, apenas pelo fato de estar viva.

— Uma vez que foi devidamente purificada, tem permissão para prosseguir imediatamente com sua missão. - Declarou o Soberano, tirando-a de seus devaneios.

Miori resistiu ao impulso de rir.

Permissão.

Como se existisse a possibilidade de protelar um pouco mais.

Ela sabia muito bem que aquelas palavras traziam uma ordem implícita: que ela retomasse seu dever imediatamente. Independentemente de estar com o dorso completamente estraçalhado.

Revoltada por perceber que as atitudes daquele homem ainda lhe desestabilizavam, a garota cerrou os olhos amendoados por um segundo, antes de responder de forma branda:

— Sim senhor.

— Ótimo. - No mesmo tom monótono de sempre, o Soberano falou. - Agora, se me derem licença. - Escusou-se. - Como disse há pouco, vocês acabaram por interromper nosso caminho. - Sem sequer atentar-se para a nova reverencia que recebera, o homem deu as costas ao grupo e seguiu caminhando firme, pelo corredor.

Ao erguer o tronco, que havia curvado em respeito, Miori reparou que outro olhar recaia sobre si. O olhar crítico de seu pai. Como se não bastasse todo o resto que havia enfrentado.

A garota quase esquecera que ele estivera ali, o tempo todo, desde o início da conversa. Afinal, ele acompanhava o Soberano onde quer que fosse, dentro dos limites da sede. E o que viu naqueles orbes amendoados como os seus, não era nada próximo de preocupação co o seu estado de saúde, mas apenas indiferença.

Naquele instante, Miori desejou profundamente poder visualizar qualquer outro sentimento. Que fosse reprovação ou raiva. Assim, ao menos saberia que sua existência ainda despertava emoções em seu pai.

Contudo, nos últimos tempos, o único sentimento que, ocasionalmente, brotava naqueles olhos era a devoção. Devoção por aquele homem que fora obrigada a aceitar como Soberano.

— Contente-se com seu destino. - Ouviu a pessoa, que um dia já fora a mais importante de sua vida, dizer. - Sua missão ainda não acabou. De agora em diante, colaborará com outros fieis. - Declarou, antes de virar-se apressado para seguir o alvo de sua admiração, que já sumira pelos corredores.

— Claro. - Resmungou, ironicamente, sem se preocupar se alguém perceberia.

A jovem sabia que, ultimamente, o fato sobre si que mais interessava ao seu pai era a sua magia excepcional, e as maneiras que ela poderia contribuir para os planos da seita.

Talvez isso nem devesse incomodá-la. Afinal, sabia, desde a tenra idade, que o mais importante na vida de seu pai era a fé que dividiam, e o encargo que ela trazia.

O problema é que tudo mudou a partir do momento que aquele homem fora reconhecido como Soberano. O foco de seu pai passou a ser as determinações que dele emanavam, não os ensinamentos transmitidos de geração em geração entre os fieis.

Jamais poderia dizê-lo em voz alta, a menos que quisesse correr o risco de ser purificada pelo fogo - coisa que, aliás, como fiel não deveria temer. Mas, secretamente, se questionava por qual razão, desde que o soberano ascendera, a fé que se dedicara desde pequena passou a ser deturpada.

 

• • •

 

¹ Fatos ocorridos no Capítulo XXV: Hanami. 

² Maga da Twilight Ogre que apareceu no episódio 192 do anime.

 

 

 


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Notas finais do capítulo

E então? Gostaram?

E as teorias? Quero teorias, as coisas estão caminhando, hehehe.

Beijos e até mais!



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