Conspiração escrita por Lura


Capítulo 29
Culpa


Notas iniciais do capítulo

Quem é vivo sempre aparece. Ou, ao menos, é o que eu gostaria de acreditar.

Fala galera, tudo ok? Eu sei que é até hipocrisia da minha parte perguntar isso depois de um sumiço desses mas, bem, é melhor aparecer do que abandonar a fic de vez, certo? E sim, eu pensei nessa possibilidade.

Para a galera que não sabe a razão da minha demora e quer uma justificativa mais decente, visite o meu perfil. Eu expliquei tudo lá, assim como na página do face. Por aqui vou resumir as coisas.

Gente, eu comecei a trabalhar em outro lugar. Um lugar que come meu tempo e minha sanidade. Por isso, como meu serviço consiste basicamente em escrever o dia todo, eu não conseguia fazer isso também no meu tempo livre. Somando isso a uns probleminhas chatos de saúde que tenho (mas suficientes para atrasar minha vida), eu não consegui dar conta de atualizar a fic com regularidade. E, de brinde, o que eu ganhei? Um mega bloqueio criativo.

Sério mesmo, tive que espremer muito para esse capítulo sair porque, infelizmente (é muito triste admitir isso), eu perdi o ânimo de escrever. Eu não quero, não mesmo, desistir da fic. E vou fazer o máximo para ao menos terminá-la. Mas, como disse em outras oportunidades, não posso mais garantir a regularidade dos posts. É provável que eles demorem bastante.

Sem mais lamentações, gostaria de agradecer aos leitores Pudim, Gutor, Giu Bloodie S2, Ishizur, Peter Flach, Trash, Vicky Scarlet, Maalu, Happy Reader, Khaleesi, Stinglucy e GabbySaku pelos comentários que deixaram no último capítulo. Aliás, mil perdões por não ter respondido a todos. Acontece que, eu fiquei tão envergonhada por não estar atualizando, que até mesmo parei de acessar o Nyah. Quase não entrava. Mas, prometo que os responderei o quanto antes.

É claro que eu não poderia deixar de agradecer as maravilhosas recomendações que recebi, certo? Como de costume, eu dedico um capítulo a cada leitor que recomenda, mas como não tenho previsão de atualizações, agradeço de uma vez aos queridos leitores LouisPhellyppe e Khaleesi pelas maravilhosas palavras. Acho que vocês sabem o quanto isso significa para mim.

Então, este capítulo eu dedico a LouisPhellyppe, que recomendou primeiro. O próximo será para a Khaleesi.

LouisPhellyppe, eu agradeço imensamente por você ter dedicado um tempo para recomendar a fic. Fico realmente muito feliz em saber que a fic se aproxima do anime e te proporciona as sensações que, infelizmente, não podemos ter ao assistir o mesmo. Eu agradeço, de coração, pelas palavras maravilhosas que você escreveu. Fiquei muito feliz (E convencida. Ele falou "genialidade da autora" e "chuva de ideias criativas". Quem não fica?).

Brincadeiras a parte, espero que vocês curtam o capítulo.

Até mais. =D



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Capítulo XXVIII - Culpa

 

ERA - 08 de abril de x792

Natsu aguardava, completamente impaciente, o retorno de Makarov. Os pés batiam incessantemente contra o piso do corredor e o semblante não conseguia esconder a enxurrada de sentimentos negativos que o acometia.

Sentados ao seu lado, estavam Mirajane e Jellal, dois companheiros ligeiramente fortes e estrategicamente posicionados para evitar que ele fizesse qualquer besteira. Porque as chances de que o mago do fogo se levantasse e fizesse exatamente isso naquele momento, de fato, eram astronômicas.

Já haviam se passado algumas horas que Lucy fora examinada, confirmando, para o alívio do dragon slayer, tanto o bem estar dela quanto o do bebê. Contudo, embora estivesse recebendo informações periódicas quanto ao estado de ambos, ainda estava proibido de vê-la.  A maga ainda era uma prisioneira sob custódia, afinal.

Inteiramente frustrado, Dragneel estava sendo obrigado a esperar enquanto o mestre tentava conseguir o acesso dele ao quarto em que a loira estava internada, esforçando-se ao máximo para não agir impulsivamente e colocar tudo a perder. E nas horas que passara sentado no banco de espera corredor, ou mesmo dando voltas pela recepção, nem tentou evitar que as lembranças dos últimos acontecimentos invadissem sua mente. Ele realmente precisava pensar.

Mais que isso: Precisava descobrir quem era aquela mulher que tentara fazer mal a sua parceira e seu filho.

Para sua exasperação, sobre a inimiga, Natsu não havia visto mais que um vulto. Ademais, como poderia ele olhar para qualquer coisa quando uma Lucy em pânico, amparada por ninguém menos que Doranbolt, aparecera de forma literalmente mágica a sua frente na noite anterior? As poucas informações que tinha sobre a mulher foram relatadas por outras pessoas.

Após receber a surpresa de ver a parceira repentinamente fora da prisão, uma confusão dos infernos se seguiu. Mal proporcionando o tempo necessário para que Heartfilia se acalmasse e explicasse a situação, não tardou para que inúmeros cavaleiros rúnicos invadissem o bar do hotel onde os magos da Fairy Tail estavam acomodados, acreditando que aquilo se tratava de uma fuga.

Eles já haviam ameaçado usar a força e prender toda a guilda, quando Org, acompanhado de mais alguns conselheiros, chegou e apaziguou o conflito. Pouco tempo depois, uma Lucy catatônica, acompanhada apenas por funcionários do Conselho e pelo mestre Makarov, foi conduzida ao hospital local. 

Natsu, obviamente, precisou ser contido por praticamente todos os seus companheiros, até que estivesse em condições de se dirigir a clínica sem espancar ninguém pelo caminho. E ele teria sido seguido por todos os seus amigos, não fossem as ordens expressas deixadas por Makarov de que, exceptuando Jellal e Mirajane, os outros deveriam permanecer na hospedaria.

Chegando ao hospital, fora Doranbolt que, após ser seriamente coagido, narrou, por alto, os fatos ao dragon slayer. E, desde então, tudo que o mago do fogo podia fazer era aguardar.

E que espera terrível. Mirajane e Jellal observavam, preocupados, o humor do dragon slayer oscilar a cada minuto que vivenciaram no decorrer da noite. Em determinados instantes, ele se mostrava transtornado, para, dez segundos depois, ficar totalmente apático e, em seguida, praticamente transbordar aflição pelos poros.

Mas, definitivamente, o momento mais estranho daquela espera foi quando a risada rouca e sem humor de Salamander ecoou pelo corredor.

Espantados, os dois magos que o ladeavam o encararam, externando dúvida em suas feições. Natsu, que já havia chegado a um ponto de desinteresse em que ignorava a importância da maioria das coisas, apenas deu de ombros, demonstrando que não ligaria de fornecer respostas.

— A última vez que passei por tamanho nervosismo em um hospital - Desatou a falar, antes que fosse questionado. -, eu descobri que seria pai. - Concluiu, recostando-se de forma desajeitada contra a espalda do banco.

Sem ter o que dizer, Jellal fitou a parede alva que erguia-se a frente deles, enquanto Mirajane abria e fechava a boca repetidamente, ensaiando em pensamento diversas frases de conforto. Por fim, a albina decidiu que qualquer palavra que proferisse teria pouco ou nenhum efeito sobre o dragon slayer, e optou por manter-se quieta.

Quebrando oportunamente a atmosfera desagradável do local, que apenas se intensificara nos últimos minutos, Makarov apontou na extremidade do longo corredor, dirigindo-se ao grupo em passos apressados.

Tão logo divisou a figura do pequeno velho, Natsu ergueu-se em um ímpeto, preparando-se para assaltá-lo com diversos questionamentos.

— Você poderá vê-la. - O mestre antecipou-se, prevendo as palavras que viriam. A expressão do mago do fogo desanuviou-se instantâneamente. - Poderá ficar com ela até que ela retorne ao centro de detenção. - Completou.

Com a mesma rapidez com que suavizara, o semblante de Natsu tornou a se obscurecer.

— A Lucy não vai voltar para lá de jeito nenhum. - Praticamente rosnou. Makarov suspirou, cansado.

— Eu estou tentando fazer com que ela permaneça no hospital, até a audiência de amanhã. - Contou. - Estou confiante que, depois disso tudo, os conselheiros voltem pela concessão da suspensão do processo ou, ao menos, deixem que ela responda por ele em liberdade. - Explicou. - Vai ser um escândalo se a população suspeitar que eles têm algo relacionado com esse atentado, por isso, certamente tentarão colocar panos quentes na situação. - Concluiu.

Se a população suspeitar? - Mirajane perguntou, indignada. - É claro que eles estão por trás disso! - Declarou, convicta.

— Não podemos tomar isso por verdade absoluta. - Contestou Jellal, externando a conclusão de sua análise circunstancial.

— De fato. - Concordou o mestre. - Entretanto, não é a hora ou o lugar oportuno para esse tipo de discussão. - Encerrou o assunto. - Natsu, me acompanhe. - Pediu, recomeçando a caminhar antes de receber qualquer confirmação de Dragneel.

Sem pestanejar, o dragon slayer seguiu Makarov, sendo tomado pela ansiedade do reencontro iminente. Enquanto caminhavam, lado a lado, o velho aproveitou para reforçar algumas instruções:

— Eu preciso pedir que você não faça nenhuma besteira? - Inquiriu.

Natsu respirou fundo, antes de fornecer uma resposta:

— Não. - Foi seco e direto.

— Certo. - Assentiu o velho. - Como eu ainda estou me acostumando ao fato de vê-lo passivo a qualquer ordem, irei reforçar - Avisou, ignorando a irritação evidente do outro - : Qualquer idiotice sua e a Lucy voltará para a prisão, com chances nulas de sair novamente, a menos que seja absolvida. O que, sabemos, não é uma grande possibilidade. - Lembrou. - Então, por favor, apenas dê o apoio que ela necessita e deixe o resto em minhas mãos. - Praticamente suplicou.

— Eu não vou fazer nada velhote. - Garantiu. - Não enquanto não tiver certeza de quem ousou ameaçar Lucy e o bebê. - Ressaltou, de imediato. - Porém, quando eu descobrir, garanto que não haverá ordem ou bom-senso que me impeçam de mandar o desgraçado diretamente para o inferno. - Finalizou, de forma estranhamente calma, fazendo com que o mestre sentisse um leve arrepio.

Devido a palpável tensão do ambiente, Makarov entendeu que a melhor opção seria manter o silêncio pelo restante do caminho. Assim, completamente calados, ambos seguiram por diversos corredores e escadas, até alcançarem um setor mais afastado do hospital.

— Esse é o departamento penitenciário. Os quartos possuem a segurança de uma cela comum. - O mestre explicou, rompendo o silêncio. - Ele se localiza em um dos últimos andares, justamente para dificultar qualquer tentativa de fuga. - Continuou.

— Claro. - Natsu respondeu, amargurado.

— Mesmo assim - Prosseguiu o velho, sem diminuir o ritmo da caminhada -, o Quarto de Lucy está sendo excessivamente vigiado. - Contou. - Há guardas do lado de fora cuidando das portas e janelas. Além disso, a condição que eles impuseram para que você pudesse entrar foi que, enquanto sua presença durasse, um guarda ficasse de vigia dentro do quarto. - Concluiu.

O mago do fogo apenas trincou os dentes. Sabia que não poderia fazer nada quanto àquilo.

Sem trocar mais palavras, os dois finalmente chegaram ao quarto onde a maga estelar estava instalada, que era facilmente identificável apenas pela presença dos funcionários do conselho ladeando a porta.

Natsu não se preocupou em pedir licença antes de entrar. Apenas girou a maçaneta, apressado, empurrando a porta com violência em seguida. E quando vislumbrou a figura da loira, deitada naquela cama hospitalar, não pôde fazer outra coisa que não fosse correr em sua direção.

 

• • •

 

— De qualquer forma, é uma história inacreditável. - Lyon exclamou, tomando o último gole de bebida que a sua taça continha.

— Realmente. - Juvia respondeu. Afinal, não havia como discordar. Ela própria ainda se encontrava chocada com todos os acontecimentos recentes.

Quando os membros da Fairy Tail pareciam ao menos prontos para começar digerir o fato de que Lucy estava grávida de um filho de Natsu, a maga estelar simplesmente surge, subitamente, no meio do bar do hotel onde estavam hospedados, acompanhada de um membro do Conselho e seguida por uma criminosa desconhecida.

A balbúrdia que seguiu a aparição da loira não poderia ser definida como nada menos do que colossal. Não muito depois do sumiço da estranha perseguidora - e falsa enfermeira, pelo que ficaram sabendo -, a milícia do Conselho Mágico apareceu,  convicta de que Heartfilia havia fugido.

Certamente, Lucy seria arrastada de volta para a prisão, não fosse a intervenção de Org, que ordenou o seu encaminhamento a um hospital.

Por determinação do mestre Makarov, apenas Natsu, Mirajane e Mystogan puderam acompanhá-la. O resto, deveria permanecer no hotel e evitar a todo custo sair, já que inúmeros jornalistas haviam cercado o prédio, assim que o boato sobre a suposta fuga vazou.

Não demorou menos que o resto da noite e a maior parte da madrugada para que os integrantes da guilda, juntamente com os funcionários do hotel, conseguissem afugentar os repórteres. Estes, estavam tão ávidos por qualquer furo de reportagem, que chegaram ao cúmulo de se passarem por hóspedes, para que pudessem ter livre acesso ao interior da construção.

Quando notou a situação, a administração da hospedaria resolveu proibir temporariamente a reserva de novos quartos e a entrada de qualquer pessoa que já não tivesse hospedada, já que não seria muito saudável se uma briga com os membros da Fairy Tail começasse ali dentro.

Claro que a medida gerou revolta e, culminou em diversas tentativas de invasão, que foram dificultosamente frustradas pelos magos. Apenas no início da manhã, com a chegada da milícia civil, é que a situação se acalmou um pouco.

O resultado da noite agitada que tiveram, podia ser contemplado em cada canto do refeitório: A maior parte dos integrantes da guilda estavam dormindo nas mesas mesmo, já que o cansaço havia sido muito maior que a disposição de chegar aos quartos. Os poucos magos acordados, distraiam-se em rodinhas de conversa que, na maior parte do tempo, debatia os acontecimentos recentes. E era exatamente isso que Lyon e Juvia, acompanhados de uma Meldy extremamente sonolenta, faziam naquele momento.

— Mas Natsu e Lucy, quem diria. - Continuou o albino. - Acho que o Salamander era a última aposta de qualquer pessoa em questão de desenvolvimento amoroso. - Observou. - Ao menos por agora.

— Realmente, nenhum de nós esperava qualquer iniciativa romântica do Natsu. - Concordou a maga da chuva. - Embora a amizade deles gere especulações a um bom tempo. - Completou.

— Apesar da situação caótica, eu fico feliz por eles. - Externou Vastia. - Imagino que seja gratificante finalmente poder estar com a pessoa amada. - ponderou, olhando para a azulada de maneira significativa, vendo um leve rubor surgir em sua face pálida.

Um silêncio constrangedor seguiu o comentário sugestivo e, no tempo que Juvia levou para se recuperar do galanteio, a ex-Crime Sorciere, que apesar do sono acompanhava tudo muito atentamente, correu os olhos do membro da Lamia Scale para a companheira de time e, em seguida, para um certo mago do gelo de cabelos pretos que estava recomeçando a odiar.

E qual foi a sua surpresa ao notar que Fullbuster, com uma carranca de fazer inveja a qualquer vilão, olhava exatamente para a mesa em que estavam.

Curiosa, a garota de cabelos róseos franziu o cenho. Juvia e Lyon já haviam engatado em uma nova conversa, inobstante o recente momento constrangedor.

Isso era uma coisa que intrigava Meldy. Juvia, apesar de não ter medo de assumir para qualquer pessoa que amava Gray incondicionalmente, pecava, e muito, no quesito manter uma conversa decente com a pessoa amada. Entretanto, ali estava ela, engajada em um papo agradável com uma pessoa que, claramente, a queria muito mais que como amiga.

Analisando com cautela a situação, percebeu que Fullbuster desviou o olhar, irritado, tão logo percebeu que estava sendo observado.

Foi então que a mente da garota deu um estalo, fazendo com que um sorriso malicioso, quase sádico, crescesse em seus lábios.

Ela estava diante de uma situação muito interessante.

E, de forma alguma, poderia desperdiçar aquela chance de ajudar a companheira de time e, é claro, se divertir um pouco.

 


• • •

 

Impotência.

Essa era a sensação que acometia Natsu.

Provavelmente, o pior sentimento que desfrutou nas últimas horas.

Ver a companheira no estado em que se encontrava e ter que continuar passivo a situação era muito mais que frustrante. Mas era exatamente assim que deveria permanecer, todos faziam questão de lhe lembrar.

Contrariamente ao que imaginava, ter Lucy amparada em seus braços, não contribuiu muito para desanuviar o emaranhado de sentimentos negativos que o afetavam.

Claro que vê-la viva e bem lhe dava imenso alívio. Ainda assim, o choro desesperado e o tremor praticamente compulsivo da jovem fazia com que o dragon slayer se sentisse cada vez mais miserável.

No momento em que se reencontraram, Natsu apressou-se em envolver a parceira em um abraço protetor. E desde então, Lucy não fizera nada além de prantear.

Sequer uma palavra fora dita. Apenas os soluços angustiados da garota preenchiam o ambiente.

Afinal, Natsu não sabia o que dizer.

E Lucy não queria dizer nada.

No fim das contas, tudo o que ele pôde fazer foi estar ali para ela. Portanto, enquanto permitissem, ignoraria seus próprios sentimentos e seria o apoio e proteção que a garota precisava.

Horas se passaram e pouco mudou. O choro sofrido da loira aos poucos tornava-se silencioso, as lágrimas cessavam. Entretanto, o aperto protetor ao seu redor permanecia o mesmo, o que certamente contribuía para que se acalmasse. E quando o mago do fogo pensou que ela finalmente havia se recomposto, o ruído provocado pelo abrir da porta chamou a atenção de ambos.

Por ela, adentrou uma enfermeira, situação que pouco chamou a atenção de Natsu. Afinal, estavam em um hospital. Porém, a reação de Lucy não podia, de forma alguma, ser classificada como natural.

O dragon slayer observou, espantado, a garota esconder o rosto em seu peito. Os tremores, que estavam mais amenos, intensificaram-se repentinamente e os batimentos cardíacos atingiram um ritmo alarmante.

— Lucy… - Ele chamou preocupado. Mas a garota seguia se escondendo.

— Não deixa ela chegar perto de mim. - A resposta foi um pedido desesperado. - Por favor. - Acrescentou.

A súplica irracional da loira apenas fez com que o coração do mago do fogo se comprimisse ainda mais. Lutando contra o instinto que o impulsionava a berrar para que aquela mulher saísse dali, Natsu reposicionou a companheira, de modo que ela fosse obrigada a encará-lo, apesar da fraca resistência oferecida.

— Eu estou aqui, não estou? - Perguntou, olhando-a intensamente. - Nada vai acontecer com vocês enquanto eu estiver aqui, Lucy. - Garantiu.

Sem resistência, a enfermeira verificou rapidamente a situação da maga estelar, retirando-se em seguida, deixando-os novamente a sós com o guarda, que fingia com sucesso não estar ali.

— Foi uma enfermeira Natsu. - A garota falou, baixinho. - Uma enfermeira e um médico me atacaram. - Emendou.

— Eu sei. - Respondeu. Afinal, já havia se inteirado da situação com Doranbolt.

— Eles queriam… - Continuou, a voz embargando novamente. - Queriam fazer mal ao bebê. - Estremeceu, ao verbalizar a situação.

A angústia que as palavras de Lucy transmitiam, fez com que o mago do fogo pudesse imaginar vagamente a situação, e todo o terror vivenciado por ela na sua ausência. Novamente, seu peito contraiu-se dolorosamente.

— Escuta, Lucy. - Chamou o mago, tentando afastar todo o ódio e manter a mente clara. - Eu sei que é impossível para você esquecer o que aconteceu. - Começou, olhando-a nos olhos. - Mas tente não pensar nisso. - Pediu. - Pelo bem do bebê. - Acrescentou.

— Não consigo. - Admitiu, meneando a cabeça desesperadamente. - Eu não preciso nem fechar os olhos para que essas coisas horríveis voltem a minha mente. - Confessou. - Temo que a qualquer segundo, alguém entre para terminar o que aquelas pessoas começaram. - Completou, escondendo-se novamente no peito do companheiro.

— Eu já disse que nada vai acontecer a vocês enquanto eu estiver aqui. - Natsu repetiu. - Pode ser até irônico da minha parte falar isso, mas o mestre está trabalhando para que você não tenha que voltar para a prisão. - Contou. - Vamos acreditar nisso, e então eu poderei protegê-los todo o tempo. - Concluiu.

Ante tais palavras, Lucy aninhou-se de forma mais confortável entre os braços do mago. Esforçando-se para conter qualquer manifestação de desespero, falou:

— Isso é reconfortante.

— Poder estar com você é reconfortante. - O dragon slayer declarou. - nunca foi tão torturante ficar longe de você. - Confidenciou.

— Digo o mesmo. - A maga estelar admitiu.

— Mas não vamos falar sobre isso agora. - Dragneel reposicionou-se, de modo que ficasse confortavelmente apoiado a cabeceira da cama hospitalar, deitando a loira contra seu peito. - A ideia é te animar, certo? - Perguntou, forçando uma empolgação inexistente, na tentativa de contagiar a jovem, que esboçou um sorriso.

— É como pretende fazer isso? - Lucy estava incrédula quanto à possibilidade de seu humor melhorar, mas resolveu esforçar-se em consideração ao parceiro. Afinal, Natsu também encontrava-se visivelmente abalado, mas estava dedicando-se a ela.

— Talvez contando a você a forma que fui abordado pelo pessoal da guilda quando eles descobriram que você está grávida. - Respondeu, contorcendo a face em desgosto. Inesperadamente, a maga soltou uma risada pelo nariz. - É sério, foi horrível. - Afirmou.

A situação tinha sido realmente ridícula, mas se fosse para fazer a companheira sentir-se melhor, repetiria a história mil vezes.

— Conte-me tudo. - Pediu a garota, olhando-o com expectativa.]

 

• • •

 

    O pequeno velho, adentrou o elegante escritório, fazendo pouco caso do olhar ácido que recaía sobre si. Nem mesmo a expressão nada amistosa de Gran Doma conseguiria persuadir Makarov da missão de impedir que Lucy Heartfilia retornasse à prisão.

— Eu imaginei que sua visita não tardaria. - Comentou o presidente do conselho, sem fazer questão de levantar-se para recebê-lo.

— Se sabia que eu viria, está ciente também do motivo que me trouxe. - respondeu o mestre da Fairy Tail. - O que nos poupa tempo. - Completou, sentando-se sem esperar ser convidado.

— Não espere que sua atitude prepotente vá ajudar na atual situação de Lucy Heartfilia. - Ralhou, irritado. O fato das circunstâncias terem saído do seu controle, o tirava do sério.

— Oh não. - Makarov balançou as mãos, cinicamente. - Não acredito que minhas atitudes renderão qualquer coisa. - Esclareceu. - Mas confio em sua sensatez, para resolver a situação. - Emendou, fingindo descaso.

— Fala como se eu não usasse dessa característica ao conduzir o Conselho Mágico. - A irritação do outro crescia cada vez mais.

— Se é assim - Começou o pequeno velho. - tenha o bom senso de agir de modo que Heartfilia consiga a suspensão do processo. - Retrucou Makarov. - Ou ao menos, que o responda em liberdade. - Acrescentou.

— Está muito enganado se pensa que contribuirei para a soltura de uma criminosa, Makarov! - Declarou, arrogante.

Tal fala fora mais que o suficiente para fazer com que o mestre da guilda se colocasse de pé e estadeasse o tampo da mesa, com força.

Nem mesmo a pouca altura de Makarov diminuía a aura intimidadora que ele emanava naquele momento. Entretanto, Gran Doma recebeu o gesto apenas erguendo uma das sobrancelhas, evidenciando seu desdém.

— Nós dois sabemos quem é o único criminoso da questão, Gran Doma. - Dreyar soltou, sem rodeios. - Lucy não passa de um peão em planos malignos e, agora, sofreu o pior dos atentados. - Esbravejou. - E você não tenha dúvidas de que eu irei em todos os veículos de comunicação existentes no reino para fazer um comunicado oficial de que ela teve sua gestação ameaçada, graças à negligência do Conselho. - Ameaçou. - Ou pior - Pausou, dramaticamente -, graças ao Conselho em si.

Naquele momento, o mestre finalmente presenciou a manifestação de toda a exasperação que o presidente sentia, constatando o quanto o incidente com Lucy realmente o desestabilizara.

— Você sabe muito bem que esse atentado não foi obra do Conselho Makarov. - O velho praticamente sibilou. - Seria uma atitude completamente estapafúrdia da nossa parte. - Continuou. - O mesmo que dar um tiro no próprio pé. - Comparou.

— O que eu, e todo o reino sabemos, é que um de meus filhos foi atacado, dentro da instituição mais segura do país, o que sugere muita coisa. - Retrucou. - E mesmo que vocês não tenha relação com o ataque, tinham por obrigação contê-lo, ou evitá-lo. Mas vejam só, foi necessário que, para sua sobrevivência, Lucy tivesse que deixar a penitenciária, ironicamente, guiada por um de seus funcionários. - Concluiu.

— O que pode complicá-la, como tentativa de fuga. - O outro tentou, desesperado.

— Ou favorecê-la, como medida extrema tomada em um momento de desespero. - Rebateu. - Repito, ela foi teleportada por um funcionário do Conselho Mágico. E acredite, esse detalhe não passou despercebido para as testemunhas do incidente.

— Basta! - Rugiu o presidente, levantando-se. - Eu não tenho mais tempo para perder com você! - Encerrou a discussão.

— Digo o mesmo. - falou Makarov, preparando-se para sair. - Mas creio que minha visita atingiu seu propósito. - Continuou, enquanto caminhava em direção à porta. - Sei que você é astucioso, Gran Doma. Astucioso demais para permitir que a volta de Heartfilia para a prisão deteriore a sua imagem e a do Conselho Mágico. - Concluiu, retirando-se e deixando para trás o presidente que encontrava-se praticamente espumando de raiva.

Ao deixar o cômodo, o pequeno homem respirou aliviado. Embora se esforçasse para manter a pose confiante, a verdade era que tal atitude não era assim tão fácil. Não quando a preocupação com a situação de seus queridos pirralhos praticamente o corroía por dentro.

Contudo, o mestre precisava permanecer firme, para transmitir ao seus filhos o apoio que eles precisavam para não cometer nenhuma besteira.

Deixando um suspiro desanimado escapar, começou a atravessar o longo corredor, iniciando sua caminhada para fora do prédio do Conselho Mágico.

Enquanto andava, retirou o LCP de dentro de seu sobretudo, na esperança de conseguir comunicar-se com Kinana. A jovem moça foi a única que permanecera em Magnolia, com o propósito de manter, ao menos, o funcionamento interno e burocrático da Guilda.

Entretanto, desde o fim da primeira sessão de julgamento de Lucy, com a avalanche de novos acontecimentos, o velho não tivera muitas chances de manter comunicação com a garçonete de cabelos roxos e, nas poucas oportunidades que apareceram, não foi atendido. E isso o preocupava. Muito.

O mestre encarava o pequeno lacrima com expectativa, sem, entretanto, diminuir o ritmo de sua caminhada quando, para seu alívio, presenciou a imagem da garota formando-se no cristal ovalado.

— Mestre! — A jovem atendeu, parecendo um tanto ansiosa. - Até que enfim o Senhor ligou. - Comemorou, fazendo o velho franzir o cenho. - Como está a Lucy? Ela vem para casa? — Questionou, aflita.

— Lucy está bem, ou, ao menos, é o que quero acreditar. - O pequeno homem respondeu, fazendo a outra contorcer o semblante em confusão. - Longa história. - Encerrou o assunto, vendo a dúvida da moça. - Está tudo bem por aí? Eu não conseguia me comunicar com você, por isso estava preocupado. - Comentou, o timbre levemente severo.

— Ah, eu não atendi por que eu estive ocupada com o velório. — Respondeu Kinana, fazendo o mestre estacar no meio do corredor.

— Velório? - Indagou, espantado.

— Eu imaginei que o mestre ainda não estivesse sabendo. — Falou a moça. - Bem, também é uma longa história. — Começou.

— Pode falar. - Incentivou Makarov, retomando a caminhada.  

Kinana suspirou tristonha, antes de começar.

— Nessa madrugada, uma maga da guilda Twilight Ogre foi assassinada. — Contou.

 

 


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Notas finais do capítulo

Sinto cheiro de tretas? De mistério? Dos dois?

Sinto sim!!! xD

Bem, é isso galera. Espero que vocês tenham curtido o capítulo.

De verdade, embora eu não tenha dado muito material para teorias, eu gostaria de saber se alguém já está se ligando no que realmente está acontecendo.

Vou ficando por aqui, com o desejo de que eu possa voltar em breve.

Então é isso. Até mais!



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