Conspiração escrita por Lura


Capítulo 24
Justiça


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoas? Tudo bem com vocês?

Estou adiantando um pouco (pouco mesmo, só algumas horas) a postagem do capítulo por dois motivos:

1. O fim de semana será agitado, se eu deixar para amanhã é perigoso não conseguir postar.

2. Decidi dividir o capítulo em dois, pois o excesso de assuntos que ele deveria tratar fez com que ele parecesse uma salada aos meus olhos.

No fim das contas, por causa da divisão, o capítulo ficou quase todo explicativo. Mas é necessário para a compreensão da trama.

Ah, outra coisinha que eu queria falar com vocês:

Eu criei uma página no face unicamente para poder interagir em algumas páginas que falam sobre Fairy Tail, sem a necessidade de ter que entrar em dois perfis, já que, por razões profissionais, não posso usar meu perfil pessoal. Como ela acabou por receber três curtidas, acabei postando a sinopse das fanfics por lá e meio que tive uma ideia. O que vocês acham de meio que criar uma zona de spoilers?

Explicando: Futuramente, na fanfic, eu vou precisar da opinião de vocês em alguns pontos. Acho que pela página, talvez isso se torne mais interessante. Quero esclarecer que não tenho o objetivo de criar uma grande página, pois estou usando-a como perfil. Mas, vou tentar postar, de vez em quando, trechos dos próximos capítulos. Quem sabe até alguns desenhos (toscos, essa não é minha área) dos personagens originais das fanfics.

Enfim, se alguém se interessar, é só procurar "Lura" no face.

Finalmente, vamos aos agradecimentos aos leitores lindos que comentaram o último capítulo: Peter Flach, Giu Bloodie S2, GabbySaku, Happy Reader, Vicky Scarlet, Carol, Gutor, Saberus, Trash e Khaleesi. Mais uma vez, obrigada por dedicarem um tempo a fanfic!

É isso. Espero que curtam o capítulo.



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Capítulo XXIII - Justiça

 

Magnolia - 31 de março de x792

O dia em que as cerejeiras desabroxariam em múltiplas cores finalmente havia chegado, fazendo com que o número de pessoas que circulavam pelas ruas pelo menos triplicasse, dando a impressão que todas as pessoas presentes na cidade tinham resolvido sair de casa ao mesmo tempo.

O tráfego pelas vielas estreitas estava mais complicado que nunca, pois os inúmeros transeuntes se empurravam e espremiam, uns na tentativa de chegar a praça principal, onde o festival já havia começado, outros querendo visitar o comércio ambulante.

Em meio a tantas pessoas, não era realmente difícil passar despercebido. E era justamente com esse fator que Natsu contava ao esgueirar-se pelos cantos dos becos, com o objetivo de alcançar um lugar em específico.

Enquanto caminhava, tinha o cuidado de manter o capuz da longa capa vermelha que trajava no lugar, cobrindo completamente os cabelos róseos, para que ninguém o identificasse como membro da Fairy Tail. Já havia sido um problema deixar a Guilda sem que os inúmeros jornalistas que a cercavam o percebessem, não gostaria nem de pensar no que aconteceria se o encontrassem por ali. Certamente, no meio daquele mundo de gente, seria bem complicado escapar.

Fora só a notícia sobre a prisão de Lucy se espalhar, que inúmeros repórteres - em sua maioria, aqueles frustrados por não terem capturado a matéria em primeira mão - cercaram não apenas a sede da Fairy Tail, como também o apartamento da loira, o dormitório feminino e até mesmo a casa de Natsu e de mais alguns magos, tudo pela chance de conseguir qualquer declaração com exclusividade.

A situação estava tão incômoda, que o mago do fogo havia sido orientado por Makarov a não deixar o prédio da Guilda nem para dormir pois, certamente, ele seria o mais assediado dos membros, devido a sua proximidade com a maga estelar.

Foi desobedecendo as ordens do mestre que Dragneel, com a sempre bem vinda ajuda de Happy, escapou, para cumprir a ideia que tinha lhe ocorrido durante o pedaço de madrugada que passara rolando sobre uma das camas da enfermaria, já que, com toda aquela situação, o sono sequer chegara perto de seu corpo.

O rapaz transcorreu com dificuldade mais alguns quarteirões, até finalmente visualizar seu destino. Infelizmente, para atiçar sua irritação, dois turistas visitavam a pequena barraca. Impaciente, aguardou até que os forasteiros se afastassem e aproximou-se, com cautela.

— CÉUS! - O proprietário do pequeno local gritou, ao deparar-se com o vulto encapuzado, que não estava ali segundos antes.

— Shiiiii!!! - Natsu chiou, pedindo silêncio, puxando levemente o gorro para que o senhor pudesse identificá-lo.

— Natsu-san! - Exclamou o vendedor, um tanto aliviado. - Quer infartar esse pobre velho? - Indagou. Mesmo cochichando, seu tom era um tanto zombeteiro.

— O senhor não é tão velho assim, Nathan. - Replicou.

Sem que fosse convidado, novamente o dragon slayer adentrou o pequeno espaço. Ignorando a comodidade do visitante, o ambulante apenas sentou-se em sua mesa de trabalho.

— Está disfarçado por causa dos jornalistas? - Esperto como era, o homem logo concluiu a razão da chegada sorrateira do jovem.

— Sim. - O mago do fogo assentiu, mais uma vez assombrado com a capacidade dedutiva do outro. - Esses malditos estão por toda a parte. - Reclamou, entredentes.

— E imagino que você seja um dos magos mais procurados por eles. - Acrescentou, seguindo com suas deduções, atraindo o olhar inquisidor de Salamander. - A garota que foi presa, Lucy Heartfilia, era sua amiga, não? - Perguntou.

— Como sabe que ela foi presa? - Devolveu outra pergunta, irritadiço.

— Não há assunto mais comentado na cidade. - Respondeu o comerciante. - Notícias ruins correm rápido, e essa espalhou-se em ritmo espantoso, considerando que a prisão ocorreu ontem a noite. - Comentou. - Por ser um tanto chocante, até os jornais que haviam cessado suas atividades para o feriado, lançaram edições especiais, publicando o fato. Foi anunciado até mesmo nas rádios. - Finalizou.

Natsu desviou o olhar, reprimindo a vontade de socar alguma coisa. Os punhos cerraram e tremeram de leve, os dentes rangeram. Agora todos os habitantes da cidade, senão do reino, provavelmente acreditavam que Lucy era uma criminosa.

— Eu assisti os Grandes jogos Mágicos do ano passado.  - Continuou Nathan. - Vocês e a garota que foi presa, pareciam bem próximos. - Emendou, sugestivo.

Natsu o encarou, o semblante apático. Ele pensou em retrucar pela natureza especulativa do outro, mas desistiu, com um suspiro desanimado:

— Ela é alguém importante. - Afirmou, a frase cheia de significados ocultos, que foram facilmente captados pelo vendedor.

— Oh. - Exclamou, assumindo um semblante compadecido.

— Alguém que ama o Hanami - Continuou Natsu, desviando o olhar para as diversas lacrimas decorativas dispostas na prateleira. -, e não poderá participar porque está sofrendo uma terrível injustiça. - Complementou, esforçando-se para manter todas as emoções negativas que o acometiam em seu interior.

— Eu sinto muito, Natsu-san! - Lamentou Nathan.

O dragon slayer voltou a fitar o senhor. Ele bem queria ostentar uma atitude mais afável, já que, no dia anterior, com simples palavras, o comerciante o havia ajudado bastante. Entretanto, no estado psicológico que se encontrava, o máximo que conseguia fazer era evitar de ser extremamente agressivo.

— Entretanto, imagino que não seja para comentar a prisão de Lucy Heartfilia a razão pela qual você se disfarçou e veio até aqui. - Inferiu o vendedor, praticamente lendo a mente do mago.

— Na verdade, eu tenho um pedido. - Revelou. - Algo muito importante. - Enfatizou.

Nathan sorriu, imaginando com facilidade o que estava por vir.

 

• • 

 

De todas as coisas inacreditáveis que haviam acontecido nas últimas vinte e quatro horas, certamente o fato da sede da Fairy Tail estar em perfeito silêncio, em pleno feriado, encontrava-se entre elas. Os jornalistas que praticamente acampavam na entrada, questionavam-se se realmente os membros da guilda estariam ali dentro, ou se finalmente tinham resolvido partir rumo a praça, para participarem do festival.

Contrariando tais pensamentos, grande parte dos integrantes da guilda encontravam-se sim, presentes na sede. Entretanto, o desânimo e a desolação decorrentes da injustiça sofrida por uma companheira eram tão intensos, que lhes tiravam até mesmo a vontade de falar.

Dessa forma, a maioria das pessoas ou estavam espalhadas pelas mesas, perdidas nos próprios pensamentos, ou amontoavam-se no bar, bebendo para tentar distrair-se do clima que pesava o ambiente. Não havia música, sendo que os ruídos mais altos que preenchiam o salão eram os que Kinana e Lisanna provocavam ao trabalhar. Vez ou outra, alguém resolvia discutir o acontecido, mas as conversas nunca duravam muito tempo.

— Ainda não consigo acreditar no que aconteceu. - Levy comentou, debruçada sobre a bancada, acomodada justamente no lugar onde Lucy costumava dar chilique por causa do aluguel.

— Nenhum de nós consegue. - Gray, que ocupava o assento ao lado, afirmou, virando um copo de bebida em seguida. - Eu não entendo porque o mestre nos proibiu de agir. - Acrescentou, erguendo o copo, em um pedido mudo para que Kinana tornasse a enchê-lo.

— Ele certamente tem os melhores motivos. - Erza garantiu. A ruiva estava sentada sobre o balcão e balançava as pernas de forma infantil, na vã tentativa de distrair-se. - A situação é muito grave, tenho certeza que ele não nos pediria isso caso não tivesse um bom plano em mente. - Ponderou.

— Mas por que só algumas pessoas podem saber desse plano? - Gajeel perguntou, claramente mal-humorado por ser excluído da reunião que acontecia naquele exato momento, no escritório de Makarov.

— Se o fato de ficarmos alheios a situação puder ajudar a Lu-chan, eu não me importo. -  Declarou Levy, levantando o tronco.

Novamente, o silêncio preponderou no local. Vinha sendo assim, desde que chegaram a Guilda naquela manhã. Os assuntos começavam, fluíam por alguns minutos e logo cessavam. A verdade era que todos tentavam buscar uma distração, mas logo desistiam, acreditando não ser justo que eles se sentissem bem, enquanto uma companheira estava presa injustamente.

Sofrendo.

— A Lucy, ela… - Erza começou, após algum tempo. - Ela queria tanto ir ao festival do Hanami! - Lembrou, fitando os próprios pés, de modo tristonho.

— No ano passado ela não pôde ir, e agora de novo. - Acrescentou Levy. Ambas as magas sentiam um aperto no peito, por saberem que a maga estelar, mais uma vez, não conseguiria realizar o seu desejo.

— Eu também perdi toda a minha vontade de ir. - Laki, que permanecia em uma mesa próxima ao balcão, juntamente com Meldy e Juvia, contou. - Eu estava tão feliz, porque finalmente teríamos um Hanami com toda a Guilda reunida! - Falou, brincando com um dos enfeites de estrelas que haviam sido confeccionados para a ocasião, e não seriam usados. - Mas agora, não teremos mais. Não há sentido em divertir-nos dessa forma. - Concluiu, com um murmúrio coletivo de confirmação a acompanhando.

De fato, a Fairy Tail, que costumeiramente participava das comemorações que ocorriam na praça municipal durante todo o dia, estava em peso reunida em sua sede. Nenhum dos magos sentia a mínima vontade de festejar, fazendo com que a ausência da Guilda mais baderneira de Fiore se tornasse esmagadora.

— Não sei nem se passarei para ver as Cerejeiras de noite. - Continuou, cabisbaixa.

— Vocês deveriam ir! - Um timbre altivo, vindo de cima, chamou a atenção não apenas do pequeno grupo, como de toda a guilda.

Os magos acompanharam a direção do som, deparando-se com Natsu parado no andar superior, com as mãos apoiadas na grade de proteção. Em seu ombro, Happy estava assentado.

Assim que retornara a sede da Fairy Tail, entrando furtivamente pela sacada, o mago do fogo captara a conversa que ocorria abaixo, enquanto dirigia-se a sala de Makarov. Impulsivo como sempre, deu meia volta e resolveu intervir.

— Conhecendo a Lucy como eu conheço, sei que ela se sentiria a responsável, caso vocês não fossem, e se martirizaria por isso. - Explicou.

— Nós sabemos disso. - Rebateu Erza. - Simplesmente perdemos a vontade. 

— Entendo. - Natsu respondeu, sério. - Apenas não quero que o fardo dela se torne ainda maior. - Justificou-se, virando as costas.

Enquanto o dragon slayer do fogo retomava sua rota original, o exceed azul saltou e invocou suas asas, voando até o piso inferior e aterrissando ao lado de Erza. Afinal, ele sabia que não poderia participar da reunião que se desenrolaria.

— O Natsu-san está tão… - Começou Juvia.

— Acabado. - Completou Gray.

— Estou preocupada com ele. - Admitiu Erza.

— Deixe-o. - Gajeel orientou. - Ele tem os motivos dele para agir assim. - Comentou, ciente de que, se fosse a parceira dele que estivesse passando por uma situação semelhante, talvez ele nem estivesse tão calmo.

— E você por um acaso os conhece? - Inquiriu Gray, desconfiado.

— Eu não disse isso. - Cortou o moreno, demonstrando que não levaria o assunto adiante.

— Ele está tentando. - Happy afirmou, com a vozinha chorosa. - Está tentando ficar bem pela Lucy. - Concluiu, sentando-se, com as orelhas murchas.

Enquanto isso, no andar de cima, Natsu apressava o passo, para chegar logo ao escritório de Makarov. Assim que alcançou a porta correta, escancarou-a, sem bater previamente, adentrando a sala e trancando-a em seguida.

— Onde esteve Natsu? - O mestre indagou, observando o jovem de cabelos róseos caminhar e acomodar-se na mesma poltrona que quebrara na noite anterior.

— Tinha assuntos a resolver. - Respondeu, seco.

— Eu espero, sinceramente, que você não tenha feito nenhuma besteira. - O velho comentou, decidindo que não adentraria o assunto.

— Não fiz. - Garantiu o rapaz, recebendo um olhar desconfiado de volta. - Não ainda. - Acrescentou mentalmente.

— Certo. - Assentiu o pequeno homem. - Temos muito o que fazer e o tempo é curto. - Declarou, fazendo com que Dragneel franzisse o cenho, indagativo.

— A primeira seção do julgamento de Lucy foi designada para daqui a uma semana. -  Percebendo a dúvida no semblante do rapaz, Mirajane esclareceu, erguendo uma revista onde, na capa, via-se uma foto de Lucy no momento em que recebera voz de prisão.

Natsu sentiu a tensão tomar conta de cada músculo de seu corpo. Em seu interior, o ódio tornou a borbulhar, feito magma. Se tudo aquilo não acabasse logo, ele certamente explodiria.  

— Aqui também confirma a especulação do mestre. - Continuou a Albina, sem perceber o efeito de suas palavras. - Lucy ainda está detida em Magnolia, mas será transportava para ERA ao anoitecer. - Concluiu, lendo a edição.

— Natsu-san, você está bem? - Wendy questionou, apenas para tentar trazê-lo de volta a realidade. Afinal, sabia muito bem a resposta de sua pergunta.

— Sim. - Mentiu.

— O que você acha, Porlyusica? - Makarov perguntou. - Lucy pode aguentar ao menos uma semana sem os devidos cuidados? - Inquiriu, de forma vaga.

Na conversa ocorrida durante a noite, todos os presentes haviam sido instruídos a não mencionarem a gravidez de Lucy nos momentos em que os membros da Fairy Tail estivessem na guilda, a fim de evitar que algum bisbilhoteiro ou mago com audição aguçada tomasse ciência dos fatos. Da mesma forma, Porlyusica tinha sido orientada pelo mestre, no momento em que fora convocada.

— Nem ela nem a criança irão morrer por causa disso. - Respondeu a curandeira. - Entretanto, você só está contando o prazo até a primeira seção do julgamento. Não existem garantias de que a menina seja libertada nesse dia. - Lembrou. - Se o tempo passar muito disso, ela deverá revelar a própria condição para que seja tratada adequadamente. - Asseverou.

— Estamos confiantes de que isso não será necessário. - Afirmou Dreyar.

— Primeira seção, vocês dizem. - O dragon slayer repetiu. - Isso significa que a Lucy não vai ser condenada nesse dia? - Externou a dúvida que o incomodava desde o anúncio de Mirajane.

— Mystogan? - O mestre chamou, solicitando ao mago de cabelos azuis que prestasse esclarecimentos.

Jellal respirou fundo, tomando fôlego antes de iniciar as explicações, sabendo que aquilo demandaria certo tempo.

— Ok. - O foragido começou, tentando escolher as melhores palavras para prosseguir. - Para que você compreenda melhor a situação da Lucy, Natsu, é importante fazer um apanhado do sistema judiciário de Fiore. - Avisou.

Levemente indiferente, Dragneel concordou com um aceno.

— Mesmo que apenas dez por cento da população mundial seja capaz de usar magia, o nosso reino sempre teve um número bem relevante de magos.  - Iniciou Mystogan. - Com o uso extremamente comum de magia na realização de trabalhos e até mesmo cotidianamente, o governo se viu ante a necessidade de regular o seu uso. Dessa forma, o rei da época fundou o Conselho Mágico, escolhendo nove magos de confiança para ocupar o corpo de membros.

Dando uma breve pausa, o mago não pôde deixar de reparar que Natsu o encarava com expressão de pouco caso, como se perguntasse qual a importância de tudo aquilo para a situação. Ignorando isso, prosseguiu:

“Em razão da população estar justamente dividida entre magos e humanos comuns, com o tempo, o governo e o Conselho perceberam que, além das leis para a regulação do uso de magia, também deveriam dividir o sistema judiciário, para que não houvesse confusão no julgamento de crimes cometidos com e sem o uso de magia.

Tal divisão permanece até os dias atuais, sendo que os crimes praticados sem o uso de magia estão previstos no Código Penal Comum, logo, são investigados pela Polícia Comum e julgados pelo Tribunal de Justiça Comum. Por sua vez, os crimes em que a magia é utilizada para sua consumação, estão tipificados no Código Penal Mágico, sendo investigados pela força policial do Conselho Mágico e julgados pelo Tribunal Mágico, também pertencente ao conselho.”

— Então os crimes cometidos por humanos são julgados pela justiça comum - Falou Wendy, aproveitando o intervalo do relato, levemente interessada -, e os crimes cometidos por magos são julgados pelo Conselho Mágico? - Inquiriu.

— Não. - Negou Mystogan, fazendo com que a garota corasse envergonhada. - A justiça não foi dividida para julgar classes de pessoas diferentes, e sim classes de crimes diferentes. - Explanou. - O ponto chave é se um crime foi praticado usando magia ou não. - Concluiu.

— Então quer dizer que humanos comuns também podem ser julgados pelo Conselho Mágico? - Questionou Mirajane.

— Exato. - Assentiu Jellal. - Se ele tiver utilizado artefatos mágicos, ou mesmo contratado magos para a execução de um delito, isso pode acontecer. - Contou. - Da mesma forma que magos podem ser julgados pela Justiça Comum, caso não usem de magia para cometer um ilícito. - Finalizou.

— Eu não entendo como essas informações podem ajudar a Lucy. - Dragneel finalmente manifestou-se, incomodado.

— Deixe que ele continue. - Makarov pediu. - São informações importantes, que podem ser úteis a qualquer momento. - Afirmou. - Mystogan, por favor. - Pediu, recebendo um aceno positivo em resposta.

— Não é difícil que magos acusados pelo Tribunal Mágico aleguem que seus crimes foram cometidos sem magia, na esperança de serem julgados pela justiça comum. - Prosseguiu o mago de cabelos azuis. - Afinal, é fato amplamente conhecido que o Tribunal Mágico é muito mais severo que o outro. - Narrou. - Infelizmente, não é esse o caso de Lucy. Não há dúvidas de que os crimes pelos quais ela foi acusada foram praticados com Magia, portanto, é certo que ela será julgada pelo Conselho.

— Mas nós já sabíamos disso. - Lembrou Salamander.

— Estamos pensando em todas as formas de defesa possíveis, Natsu. - Retrucou Mirajane.

— Estando isso definido - O foragido continuou, apesar da interrupção. - Precisamos entender exatamente como funciona o Tribunal Mágico, para que possamos elaborar a melhor defesa para Lucy. - Explicou.

“Ao contrário da Justiça Comum, o Tribunal Mágico não possui juízes independentes. Considerando o fluxo processual menor, os próprios membros do Conselho julgam todos os crimes em que as denúncias são aceitas.

Aliás, não existe uma promotoria autônoma, que formula a acusação. Quando o serviço investigativo da Polícia Mágica termina, os inquéritos são divididos por sorteio entre os nove membros do Conselho, que os analisam e decidem se farão a denúncia ou não.

Se a denúncia for feita, forma-se o Tribunal Mágico, onde o Membro que elaborou a acusação agirá como promotor, no decorrer das seções orais marcadas para o andamento processual. Os oito membros restantes, atuam como Jurados.

Para evitar que a defesa seja prejudicada por influências políticas, o réu pode escolher qualquer pessoa que não integre o Conselho, para que o defenda.”

— Isso é um tanto injusto! - Exclamou Mirajane. - Olhando dessa forma, parece impossível que qualquer réu seja absolvido. - Observou. - Os membros do conselho são companheiros políticos e aliados, como se revoltariam contra a opinião de um colega? - Emendou, só então percebendo o desconforto que as suas palavras provocaram em Natsu. Afinal, Lucy seria julgada por esse suposto Tribunal injusto.

— Isso é uma verdade difícil de lidar. - Concordou Jellal. - Entretanto, não é raro que divergências políticas dividam a avaliação do Conselho. - Contou. - Da mesma forma, a opinião pública costuma influenciar largamente nas ações dos membros. E é justamente aí que entra o plano que você propôs. - Recordou.

— Então a única coisa que podemos fazer é tentar usar a opinião pública ao nosso favor? - Questionou o mago do fogo, desanimado.

— Não é a nossa única arma, mas, se for bem manejada, pode sim acabar salvando a Lucy. - respondeu. - Também não podemos olvidar das vantagens processuais que as condições dela oferecem. Entretanto, para aumentar suas chances, os dois fatores precisam surgir apenas na hora certa. - Enfatizou. - Conforme dito, o andamento processual é dividido em diversas seções orais, sendo que cada uma delas possui função específica e, apenas na última, os jurados votam. Logos, temos que estar atento ao momento certo de apresentar cada argumento. - Concluiu.

— Eu ainda não sei se é uma boa ideia deixar que Lucy seja julgada. - Opinou o dragon slayer. - Me parece muito arriscado. Não é melhor que tiremos Lucy de lá e provemos a sua inocência com ela aqui fora? - Sugeriu.

— E viver fugindo até que tudo se resolva? - Devolveu Mystogan.

— É melhor que apodrecer na prisão, esperando uma solução. - Rosnou o rapaz de cabelos róseos.

— Natsu, você ao menos sabe do que está falando? - Jellal inquiriu, assumindo uma postura séria. - Você faz ideia de como vive um fugitivo? - Insistiu irritado, levantando-se e caminhando até parar diante do mago do fogo. - Tem noção do que é ter que se esconder, dia após dia, e nunca poder andar tranquilamente pelas ruas? Sabe o que é importar-se com alguém, tanto que chega a doer, mas não poder desfrutar de sua companhia pelo simples fato de sua presença significar um risco? - Acrescentou.

Inevitavelmente, os presentes, com exceção de Natsu, lançaram ao mago de cabelos azulados olhares de pena. Sem se importar com isso, o foragido continuou:

— Você conseguiria conviver com o fato de que sua família nunca estará a salvo? - Seguiu perguntando. - Seria capaz de submeter a Lucy e o seu filho a essa vida, quando ainda existe uma chance, mesmo que pequena, de que ela seja inocentada? - Argumentou.

— Mystogan-san, cuidado com o que fala! - Wendy alertou, lembrando-o das restrição imposta sobre citar a gestação de Heartfilia.

— Desculpe. - Pediu, levando a mão a própria testa.

Sem se expressar, Salamander apenas desviou o olhar, sentindo o peso das palavras de Jellal. Jamais admitiria em voz alta, mas sabia que ele estava certo.

— Não estamos descartando a possibilidade de planejar a fuga de Lucy, no caso de uma eventual condenação. - Continuou Mystogan. - Entretanto, se ela fugir agora, estará praticamente confessando sua culpa, e todas as defesas legais que possuímos cairão por terra. - Asseverou. - Portanto, concentre-se no plano atual. - Determinou, retomando a postura calma anterior.

O foragido retornou a passos lentos para o sofá onde estava acomodado antes de perder a compostura, e tornou a sentar-se.

— Ouça as palavras de Mystogan, Natsu. - Aconselhou Makarov. - Sabe que ele é a melhor pessoa para nos guiar em uma situação como essa. - Assegurou, deixando o azulado um tanto constrangido.

De fato, todos sabiam que não havia ninguém melhor para os orientar naquelas circunstâncias. Afinal, Jellal fora membro do Conselho Mágico por um bom período de tempo. Já havia participado do corpo de jurados do Tribunal Mágico diversas vezes, assim como da acusação.

Além disso, não podiam abster-se do fato de ele possuir um passado criminoso, o que o levou a ser julgado por esse mesmo tribunal.

Jellal foi juiz e réu. Julgador e julgado. Portanto, dispunha de amplos conhecimentos jurídicos. Tê-lo ao lado nas condições em que viviam poderia até mesmo ser considerado golpe de sorte, se ele não fosse um foragido fervorosamente caçado.

— Temos sete dias para preparar tudo. - O mestre retomou a palavra. - E não podemos perder um minuto sequer. - Alertou.

Os ouvintes menearam a cabeça em concordância, concentrados nas palavras do pequeno homem.

— Vou dizer exatamente como cada um de vocês deverá agir no decorrer dessa semana. - Avisou. - E é importante que sigam o plano a risca. - Asseverou, olhando significativamente para Natsu. - Pelo bem de Lucy.

 

 


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Notas finais do capítulo

E aí? O que acharam?

Acho que vocês perceberam que o Jellal vai aparecer um bocado por aqui, né? Só para reforçar, aqui na fanfic, ele assumiu a identidade do Mystogan. Então, eu vou me referir a ele pelos dois nomes. Lembrando que o time principal e os mais chegados ainda o chamam de Jellal, mais os demais membros da guilda, "estranhamente", o conhecem apenas por Mystogan.

Espero que vocês tenham curtido.

O próximo capítulo se chamará "Hanami". Vejo vocês lá!



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