Conspiração escrita por Lura


Capítulo 15
Um Pacote de Açúcar


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoas lindas do meu coração!!! Tudo bem?

O novo capítulo chegou também atrasado, mas não tanto quanto eu imaginei que atrasaria. Que bom, né?

Acho que você vão perceber, por este capítulo, que estamos para adentrar uma fase mais séria da fanfic. Talvez por isso ele esteja mais leve, mais descontraído, porque, em breve, o clima vai pesar.

Seguindo com o clima de gratidão do capítulo anterior, agradeço, imensamente, a leitora Happy Header por ter recomendado a fic.

Gente, sério, eu sempre procuro demonstrar o quanto seus comentários e manifestações em geral são importantes para mim. Por isso, fiquei feliz quando essa leitora, em especial, demonstrou uma consideração GIGANTE com o meu trabalho. Sério, o desejo que ela externou de ver minhas histórias divulgadas, de modo que alcançassem mais leitores, me emocionou. Por isso, mais uma vez agradeço pelas lindas palavras da recomendação, e dedico este capítulo a Happy Header!

Também não posso deixar de agradecer aos leitores que comentaram o capítulo anterior: Giu Bloodie S2, Saberus, GabbySaku, Gutor e Italo Azevedo.

Bem, é isso. Espero que apreciem a leitura.

Até as notas finais!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/621018/chapter/15

 

Capítulo XIV - Um Pacote de Açúcar

 

Como se a luminosidade já não incomodassem seus olhos ao ponto de deixá-los doloridos. Como se sua cabeça não estivesse latejando. Como se seu estômago não parecesse virado do avesso. Como se já não houvesse motivos suficientes para que Lucy Heartifilia permanecesse o dia inteiro deitada em sua cama, alguém parecia decidido a arrancá-la de lá, com incômodos cutucões.

Depois de pelo menos cinco minutos sendo atormentada, a loira resolveu abrir um dos olhos, para descobrir quem seria seu possível alvo de um assassinato, quando deparou-se com um amontoado de pelos azuis.

— É você, Happy… - Murmurou, de forma sonolenta e mal-humorada.

— Lucy! - O gato exclamou, largando a mexa do cabelo da maga que vinha puxando na última tentativa de despertá-la e caindo sentado sobre o colchão. - Caramba, você não acordava nunca. - Reclamou. - Pensei que tinha entrado em coma.

— Aparentemente não. - Falou, cobrindo-se inteiramente com o edredom para se proteger da claridade.

— Hei, você não vai dormir de novo, vai? - Indagou o bichano, puxando o cobertor de forma atrevida.

— Para, Happy! - Pediu a garota. - Estou cansada! - Explicou.

— Oh, imagino. - Comentou o felino. - Será que é porque você e o Natsu fizeram as pazes? - Perguntou, forçando um tom malicioso. - Suponho que vocês tenham tido uma noite bem agitada. - Implicou, levando uma das patas a boca para segurar a risada.

O efeito da provocação não poderia ter sido melhor. Imediatamente, Lucy sentou-se de forma atrapalhada, a face exibindo um rubor descontrolado.

— Não é nada disso! - Justificou, de forma desesperada.

— Sei. - Happy respondeu, desconfiado.

— Eu apenas não me sinto bem. - Continuou ela.

— Eu disse a ele. - Uma terceira voz interviu na conversa, fazendo Lucy arrepiar-se apenas por escutar seu timbre. Além disso, lembranças da estranha conversa que tiveram antes de dormir a atingiu como uma enxurrada, fazendo com que se desesperasse em secreto. - Disse que você não se sentia bem, mas ele insistiu em te acordar. - Contou Natsu.

— Bela atitude a sua. - Tentando ao máximo conter suas inseguranças para si, a maga estelar reclamou, voltando-se para o exceed. - Acordar tão cedo uma pessoa que não se sente bem. - Acusou.

— “Tão cedo”? O gato azul repetiu, incrédulo. - Lucy, você sabe que horas são? - Questionou. Porém, ao perceber a expressão de dúvida no rosto de Heartfilia, tratou logo de entregar a resposta: - São quase duas horas da tarde!!! - Exclamou, agitando as patinhas.

— NANI??? - Gritando, a jovem abandonou a cama, num salto. - Por que você não me acordou? - Perguntou para Natsu, que acompanhava a situação sentado tranquilamente em uma das cadeiras da pequena mesa de jantar.

— Não te acordei? - Devolveu o dragon slayer. - Lucy, eu até berrei no seu ouvido. - Contou. - Mas você estava tão apagada que nem se moveu. Aí eu lembrei que não estava muito bem e resolvi deixar você dormir. - Concluiu.

— Lucy é mesmo uma preguiçosa. - Acusou Happy.

— Cale-se, se não tem nada de útil a dizer! - Ordenou a maga. - Eu já falei que não me sinto bem. - Justificou.

— Aye! - Assentiu o gato. - Você está de ressaca. - Provocou.

— Não é nada disso! - A loira continuou a discussão. - Quer saber? Deixa. - Ao perceber que caia na conversa do bichano, resolveu encerrar.

— Você sabe que não tem argumentos contra um ser inteligente como eu. - Porém o gato continuou a provocar, apesar de tudo. - De qualquer forma, fico feliz que você e o Natsu tenham voltado. - Dessa vez, mudando a expressão de desdém para um semblante realmente feliz, o exceed declarou.

— Happy… - Levemente emocionada, a loira chamou.

— Já estava ficando chato não ter ninguém para chantagear. - Acrescentou o felino.

— Ora seu...! - Perdendo a paciência de vez, a garota agarrou o gato azul e começou a puxar seus bigodes.

— Natsu, me socorre! - Choramingou o pequenino. - A Lucy vai me escalpelar! - Desesperou-se.

— Você que provocou, para começo de conversa. - O dragon slayer respondeu, fazendo pouco caso.

— NATSU! - Happy gritou, aparentemente magoado. - Você está me traindo! Que cruel! - Acusou.

A confusão perdurou ainda por mais uns minutos, até que Heartfilia cansasse de esticar os bigodes do pobre animal. Quando finalmente o soltou, o felino atirou-se de bruços sobre o colchão, completamente esgotado, enquanto a maga separava uma muda de roupa para si.

— Ne, Happy… - Começou Natsu coçando a nuca, tentando forçar um tom desinteressado, contudo, falhando miseravelmente. - Já passou da hora do almoço e a Lucy ainda não comeu. - Começou. - Por que você não sai e compra algo para ela comer? - Sugeriu.

— Eu? Me dar ao trabalho de sair para alimentar essa bruta? - Inquiriu o exceed. - De jeito nenhum! - Negou-se.

— Eu vou te mostrar quem é bruta se você continuar com essas gracinhas! - Lucy, que revirava o próprio armário atrás de alguma peça confortável, virou o pescoço só para ameaçar.

— Deixa de ser chato Happy. - Insistiu Natsu.

— A essa hora nem tem almoço para vender. - Respondeu o gato.

— Então compra alguma coisa para a gente cozinhar. - Rebateu o mago do fogo.

— Não é estranho que você peça a um animal que se alimenta de peixe e ração para comprar comida para humanos? - Enrolou o felino.

— Não fale como se fosse um animal doméstico! - Irritou-se Salamander. - Você nem come ração! - Lembrou. - Pelo contrário, detona toda a minha comida! - Acusou.

— Mas eu como peixe! - Retrucou o bichano. - Se você me obrigar a ir, vou comprar toneladas de peixes. - Avisou.

— Que seja, apenas vá de uma vez! - Estressando-se, Natsu levantou, de punhos cerrados.

Tanto o exceed como a maga estelar o encararam estupefatos, por um momento, sem compreenderem de onde partira aquela atitude tão agressiva. Porém, apenas alguns segundos depois, a expressão do gato se contorceu em um sorriso extremamente malicioso.

— Ah! - Exclamou Happy. - Já entendi! - Anunciou, em tom sugestivo. - Você quer que eu saia para que possa fazer safadezas com a Lucy! - Acusou, voando pelo quarto.

A declaração surtiu efeito imediato em ambos os magos. Natsu ficou extremamente desconcertado, de modo que o queixo caiu, ou melhor, despencou. Lucy, por sua vez, ficou tão constrangida que deixou as roupas que vinha segurando caírem, e cobriu a face com ambas as mãos.

— O que você está dizendo, gato maldito!? - Sem revelar o próprio rosto, indagou. - Isso não é coisa que se fale! - Ralhou.

— Vocês se goxxxtam! - Implicou o felino.

— Apenas vá de uma vez, Happy! - Ordenou Natsu.

— Aye! - Concordou o gato azul, voando em direção a janela. - Vou dar um tempo para vocês. - Comentou, segurando a risada, ante o constrangimento dos dois amigos. - Mas saibam que eu realmente vou voltar com muitos peixes. - Avisou, deixando o apartamento.

Por mais que estivesse praticamente sendo enxotado pelo inexperiente casal, o gato azul tinha um sorriso enorme no rosto. Finalmente, Natsu e Lucy estavam se entendendo. Finalmente, seu amigo parecia feliz, após um longo tempo depressivo.

Enquanto isso, no quarto de Lucy, Natsu fechou a janela com violência, externando sua revolta. Happy sabia ser insuportável quando queria.

Heartfilia, por sua vez, permanecia congelada no próprio lugar. A verdade era que ela estava um tanto receosa com a situação, imaginando se Natsu realmente incentivara o exceed a sair para que pudessem tem um momento a sós. Claro que, no instante seguinte, concluiu que aquilo era apenas piada do felino. Mesmo que o mago do fogo viesse demonstrando atitudes diferentes e relativamente inovadoras, considerando sua personalidade idiota e infantil, insistir sem pudor para que um amigo saísse para que pudessem ficar juntos ia além de sua capacidade, certo?

A loira soube que estava ligeiramente enganada quando Dragneel a segurou pela cintura e a jogou na cama, sem cerimônia. Antes que pudesse assimilar tal atitude, reparou que o mago já estava acima de si, imobilizando-a com as pernas e segurando seus pulsos acima da cabeça.

— Natsu! - Exclamou, assustada.

— Você ainda se sente mal? - Questionou ele, controlando-se.

— Não é isso, é que eu… - Começou, apenas para ser interrompida.

— Ótimo! - Exclamou o mago do fogo, tomando a boca da parceira com ferocidade logo em seguda.

Lucy não teve outra alternativa, senão corresponder. Não que ela não quisesse aquilo. Ah, como ela queria. Sentir os lábios do dragon slayer se movimentando contra os seus de forma insinuante, enquanto a língua quente dele explorava sua boca era no mínimo enlouquecedor. A questão era que antes daquilo, no momento em que a atirara contra o colchão, ele a encarara daquele jeito. Daquela forma que enfraquecia toda a sua resistência.

Ela pôde vislumbrar brevemente as iris ambarinas, riscadas apenas por finas linhas negras, quando seus lábios se separaram. E a maga estelar aproveitou para puxar todo o fôlego que podia, enquanto Dragneel atacou seu pescoço sem dó nem piedade.

— Ah! - A jovem deixou escapar, quando Natsu mordeu a curva de seu pescoço com força considerável.

Embora estivesse praticamente em combustão e almejasse mais que tudo prosseguir, um pensamento no mínimo desesperador atormentava a mente da garota. E aquele pensamento tinha sido plantado em sua cabeça na noite anterior, durante a conversa que tinham tido. Por isso, a loira esforçou-se para conter seu desejo, sabendo que, antes de prosseguirem, deveria conversar com o rapaz.

— Natsu! - Chamou, ao ver que o mago trilhava com a boca o caminho para o seu decote. - Para, por favor! - Pediu.

Sem soltar os pulsos de Heartfilia, Salamander ergueu-se um pouco, fitando-a com dúvida.

— Você não quer? - Perguntou, confuso.

— Não é isso. - Repetiu ela. - Ele não perde totalmente a razão, afinal.— Concluiu mentalmente, aliviada por perceber a racionalidade do rapaz. - Eu acho que precisamos conversar. - Sugeriu.

— Podemos conversar depois. - Determinou Natsu, voltando novamente sua atenção para o maravilhoso decote abaixo de si.

— Nã-ão… - A loira tentou. - E-eu acho me-elhor falarmos ago-ora! - Soltou a frase entrecortada, pois os toques lascivos do companheiro de time a distraíam.

— Sério? - Indagou, puxando a barra da blusa de Lucy. - Não parece. - Debochou, livrando-se da dita peça.

Com os olhos nublados de desejo, estava prestes a literalmente atacar o busto da maga, quando algo interrompeu sua diversão: Repetidas batidas na porta da frente ecoaram pelo apartamento, denunciando um visitante. Ambos os magos olharam para a direção em que vinha o som, assustados. Lucy preparou-se para se levantar, quando Natsu empurrou-a de volta contra o colchão.

— Não atenda! - Não tinha sido um pedido, e sim uma ordem. Mas a maga percebeu, satisfeita, que ainda podia ignorar o dragon slayer.

— Melhor atender. - Decidiu, apanhando a blusa do pijama que estava jogada no chão e vestindo-a novamente. - Pode ser importante. - Supôs.

A loira estava prestes a ir para a sala quando, passando em frente ao espelho da penteadeira, notou o quando seu pescoço e colo estavam marcados. Corando furiosamente, e xingando Natsu mentalmente, voltou e apanhou o cobertor, enrolando-se nele. O mago do fogo até tinha se irritado pela interrupção, mas contemplou, divertido, a visão da garota envolvendo-se no edredom para encobrir todas as manchas que ele provocara, orgulhosamente.

Atento, apurou os ouvidos para descobrir quem tinha sido o desgraçado que acabara com a sua diversão, quando escutou os ruídos da loira girando a chave na fechadura.

— Gray! - A voz surpresa da maga alcançou sua audição, fazendo seu sangue borbulhar nas veias. Claro que tinha que ser o desgraçado entre os desgraçados para atrapalhar um momento tão íntimo.

— Yo! - Gray respondeu, casualmente. Pelo ruído de passos, deduziu que o intrometido entrara antes mesmo de ser convidado.

— Não vá entrando assim na casa dos outros! - Lucy protestou. - O que faz aqui? - Perguntou, sem fazer esforço para ser educada. Afinal, ela agia assim naturalmente.

Naquela altura, Natsu já se esgueirava pela porta do quarto, para que pudesse acompanhar o diálogo também visualmente.

— Isso é  jeito de tratar a visita? - O mago do gelo reclamou, atirando-se no sofá. -  Vim dar um recado, para você e para o Natsu. - Explicou seu propósito.

— Para mim e para o Natsu? - A maga estelar desconcertou-se.

— Aham. - O moreno assentiu, cruzando as pernas. - Encontrei com o Happy no caminho, e ele me disse que vocês estavam aqui. - Contou.

— Gato maldito!!!— Tanto a loira quanto o rosado pensaram em sintonia, embora estivessem distantes um do outro. - Então dê o recado de uma vez. - Impaciente com a enrolação de Fullbuster, Dragnel pediu, adentrando a sala, fazendo com que Lucy quase infartasse por vê-lo ali.

— Oh, então você está mesmo aqui. - Gray constatou o óbvio. - Mas por que está sem camisa? - Indagou, desentendido.

— Eu moro aqui desgraçado! - Lembrou.

— Ah! - O discipulo de Ur soltou uma interjeição de compreensão. - Então você voltou a morar aqui. - Comentou. - Mesmo assim, Natsu, não é muito adequado andar sem camisa pelo apartamento em que você divide com uma garota. - Aconselhou, de forma quase solene.

— Como se você pudesse falar alguma coisa! - Irado, Natsu gritou, apontando para o colega de guilda.

Sem entender, o moreno mirou-se, constatando que suas roupas tinham ido parar sabe-se lá onde, restando-lhe apenas a peça íntima.

— Mas quando…? - Assustado, levantou-se, buscando por suas vestes ao redor.

— Gray, você é o pior! - Heartfilia declarou, meneando a cabeça.

O mago do gelo tinha se despido de forma tão rápida, que ela mal percebera o gesto. A sensação que a loira tinha era que bastara um piscar de olhos para que ele se encontrasse desprovido de vestimentas. Aquilo era realmente assustador. Provavelmente, a velocidade de Fullbuster ao tirar as roupas já superava o Kansou de Erza.

— Pelo menos eu não estou vestido com um cobertor! - Devolveu Gray, de forma infantil. - Aliás, por que você está enrolada nesse monte de pano com esse calor? - Questionou, desconcertando a maga estelar de vez.

— Será que você pode dar a porr… - Natsu começou, perdendo as estribeiras.

— NATSU! - Contudo foi interrompido impiedosamente por Lucy, que lançou-lhe um olhar de censura ante ao seu linguajar vulgar.

— … A porcaria do recado? - O dragon slayer tentou consertar, a contragosto.

— Calma foguinho. - Implicou o mago do gelo, esquecendo-se de vez de suas roupas.

— Eu vou partir a sua cara, sorvete nudista! - Salamander devolveu, avançando em direção ao colega.

— QUIETOS, OS DOIS! - Lucy berrou, colocando-se entre os rapazes. - Vocês estão me deixando com dor de cabeça! - Reclamou. - E Gray, respondendo sua pergunta, eu não me sinto muito bem, por isso estou enrolada no cobertor. - Justificou tardiamente, com uma mentira descarada. - Então será que você poderia dar o recado de uma vez para que eu possa voltar para a cama? - Concluiu.

— Claro. - Concordou. - Mas só porque você está pedindo. Não por causa desse babaca aí. - Esclareceu.

— Certo. - A loira assentiu, deixando Dragneel ainda mais irritado, por concordar com o moreno.

— A Erza está organizando um chá da tarde para os membros do nosso time. - Explicou. - Segundo ela, não temos nos reunido ultimamente.

— Isso é verdade. - A maga estelar confirmou.

— Por isso ela me chamou para ir a casa dela, e pediu que eu avisasse a Lucy, que mora no caminho, e ao Natsu, se ele aparecesse na guilda. - Contou. - Mas eu encontrei com o Happy quando vinha para cá, e ele me disse que vocês estavam aqui. - Completou.

— Se eu moro no caminho da casa dela, por que ela própria não me avisou? - Indagou a loira.

— Eu bem que pensei nisso, mas você acha que eu ia contestar a fera? - Retrucou Gray. - Preferi obedecer. Era caminho mesmo. - Emendou, dando de ombros.

— Bom, eu realmente não me sinto muito bem. - Heartfilia falou. A loira certamente queria ficar, não pelo mesmo fim que Natsu desejara ardentemente que Gray sumisse dali, mas para conversar com o mago do fogo sobre suas preocupações. Além do mais, o fato de que não estava bem não era totalmente mentira. - Então peça desculpas a ela pela minha ausência. - Concluiu.

— Caramba, ela vai ficar bem contrariada. - Comentou Gray. - De qualquer forma, já cumpri minha missão. - Disse, antes de caminhar em direção a saída. - Até mais! - Despediu-se, retirando-se do apartamento apenas de cueca.

— Ele realmente se esqueceu das roupas. - Com uma gota na cabeça, a maga constatou.

— Que tal seguirmos o exemplo dele? - Natsu provocou, puxando o edredom que protegia Lucy.

— Natsu! - A loira deu um passo para trás. - Eu disse que preciso conversar com você! - Lembrou, aflita.

— Depois a gente conversa. - Quase desesperado, o Dragon slayer empurrou a garota contra o sofá, colocando-se acima dela imediatamente.

— Mas é importante! - A maga protestou, sentindo que sua sanidade estava prestes a lhe abandonar.

— Isso aqui também! - Salamander retrucou, novamente atacando os lábios da parceira.

Lucy já tinha desistido de falar. Mesmo que sua mente continuasse aflita, era quase impossível que seu corpo não respondesse aos toques do mago do fogo, ainda mais tendo eles ficado tento tempo separados.

Contudo, quando as mãos de Natsu começaram a puxar o elástico do shorte de Heartfilia, novamente o ruído de frágeis batidas contra uma superfície de madeira cortaram o ambiente.

— Eu não acredito nisso! - O rosado praticamente gritou, frustrado.

A loira também não sentia-se muito melhor. Por mais que estivesse aflita, ser interrompida, pela segunda vez no mesmo dia, justo naquele momento, era, no mínimo, revoltante. Mesmo assim, resignada, puxou novamente o edredom que tinha caído no chão, para atender a porta.

— Não vai! - Dragneel praticamente implorou.

— Ora, seja paciente! - Lucy resmungou, sem saber ao certo se aquelas palavras eram direcionadas ao parceiro de equipe ou a si própria.

A maga estelar caminhou em direção a porta de entrada enquanto se enrolava no edredom. Natsu, por sua vez, caminhou em direção a cozinha, na intenção de ocultar as manifestações de seu corpo que seriam difíceis de explicar para um visitante.

— Wendy! - Do outro cômodo, ouviu a loira exclamar, ainda mais surpresa.

— Boa tarde Lucy-san! - A pequena dragon slayer saudou educadamente. Naquele momento, ao constatar de quem se tratava a visitante, Natsu sentiu que não poderia ter tido ideia melhor do que se esconder.

— Oi Lucy! - A voz mal humorada de Charle também pôde ser captada.

— O que tráz vocês aqui? - Heartfilia indagou, tentando forçar um tom cordial. A realidade era que estava tão perturbada que mal lembrara de convidar a menina para entrar.

— Eu estava indo para a casa da Erza-san, para o chá da tarde que ela está organizando. - Explicou. - Aí, no caminho, pensei em passar aqui, para irmos juntas. - Contou. - E também para ver se você se sente melhor. - Concluiu, encarando a figura da maga enrolada no cobertor de forma preocupada.

— Bem, como pode ver, não muito. - A maga estelar respondeu.

— Eu percebi. - Comentou a curandeira. - Nesse caso, deixe-me usar minha magia em você. - Pediu.

— Na verdade, nem precisa. - Lucy respondeu, tentando despachar as visitantes de forma rápida. Afinal, seria um problema se Wendy visse as marcas em seu corpo. - É só ressaca. - Afirmou, quase em desespero.

— Tsc! - Charle estalou a língua em desaprovação. - Que vergonha. - Emendou, cruzando as patinhas.

— Eu insisto, Lucy-san! - Colocando-se nas pontas dos pés, a azulada pediu, com os olhos brilhantes. - Deixe-me cuidar de você! - Emendou.

Acuada, a loira olhou para os lados, em busca de uma solução. Sem saída, estava prestes a permitir que Wendy a examinasse, quando teve um estalo: Se a curandeira se aproximasse demais, certamente seria capaz de ouvir os supostos batmentos cardíacos captados por Natsu. Apavorada com a possibilidade,  desistiu da ideia.

— Não precisa se preocupar Wendy! - Esganiçou. - É apenas cansaço, nada com que você deva se desgastar. - Declarou, despejando as palavras de forma rápida. - Acho melhor você seguir logo para o chá, o Gray disse que a Erza está meio impaciente. - Mentiu.

Ante a negatória da maga estelar, a filha de Grandine aparentou certo desapontamento, o que fez o peito de Lucy se contrair de remorso. Ainda assim, a loira se segurou para não voltar atrás. Tinha assuntos pendentes para resolver, e explicaria a situação para Wendy assim que possível.

A dragon slayer celestial e a exceed branca se despediram e seguiram seu caminho, fazendo com que Heartfilia respirasse aliviada. Porém, a maga loira mal teve tempo de fechar a porta, antes de ser agarrada por trás com impaciência.

— Na boa, você está me assustando! - Ralhou, desvencilhando-se dos braços de Natsu.

— Sério? - O dragon slayer perguntou, demonstrando que tinha encarado a declaração da parceira de forma literal, o que fez com que a maga estelar se sentisse novamente culpada. Afinal, pela conversa do dia anterior, percebera o quanto o mago ainda estava temeroso quanto ao seu bem estar.

— Não é bem isso… - Tentou justificar, aproximando-se do rapaz. - É que eu estou confusa, tem muita coisa acontecendo e… - Começou a despejar.

— O que está ancontecendo? - O rosado, finalmente mais comedido, indagou, curioso.

Foi quando Lucy estacou. A oportunidade de conversar com Natsu finalmente surgira, então por que agora as palavras pareciam sumir de sua boca? Por que parecia tão difícil contar suas suspeitas a ele?

— Lucy, aconteceu alguma coisa? - O mago do fogo insistiu, levando a mão direita até a bochecha da garota e acariciando levemente.

A loira tentou inspirar. Seu coração estava acelerado, sua respiração irregular. Num surto de coragem, tomou fôlego e abriu a boca para dizer de uma vez:

— Natsu eu…

Entretanto, sua fala foi cortada por novas batidas na porta.

— Isso só pode ser piada! - Salamander exclamou, puxando os próprios cabelos, enquanto a maga estelar caia sentada no sofá, sem forças. Ela não acreditava que quase tinha dito suas suspeitas a ele, sendo atrapalhada no último instante.

Heartfilia fez menção de levantar para atender a porta, mas Dragneel sinalizou para que ela continuasse sentada. Vendo que a jovem ainda estava embrulhada no endredom, girou a maçaneta com violência e escancarou a porta de uma vez.

— Uow! - Gray exclamou, ante a expressão de pouquíssimos amigos, ou melhor, amigo nenhum, que Natsu ostentava. - Pra que essa cara? - Inquiriu, adentrando o local sem esperar um convite.

— O que você quer aqui de novo, maldito? - Sem se preocupar em ser discreto, Salamander questionou, entredentes.

— Gray! - Dessa vez, Lucy chamou, reparando em um grande hematoma na face do moreno. - O que é isso no seu rosto? - Falou, preocupada.

— Ah, isso? - Fullbuster indicou o olho esquerdo, que estava inchado e arroxeado. - Erza me deu um soco por aparecer na casa dela apenas de cueca. - Justificou. - Aí depois ela mandou que eu buscasse minhas roupas e só voltasse lá quando estivesse trajado decentemente. - Concluiu.

— Entendo. - A maga estelar comentou, com uma gota na cabeça, lembrando-se que o mago do gelo despira-se em seu apartamento, mais cedo naquele dia.

— Achei! - Gray gritou, juntando as peças de roupas jogadas próximas ao sofá. - Bem, eu vou nessa. - Avisou, fazendo um bolo com as vestes e colocando-as abaixo do braço, deixando o apartamento ainda de cueca.

Totalmente indiferente a cena cômica, Natsu bateu a porta com violência, fazendo com que a loira sobressaltasse no sofá.

Assustada, Heartfilia observou como o rapaz estava, literalmente, em chamas. Percebendo o estado em que se encontrava, o mago respirou fundo, voltando-se para a parceira um tanto mais calmo.

— O que você ia dizer quando aquele retardado atrapalhou? - Indagou, fazendo o sangue de Lucy congelar nas veias.

— Não é nada, na verdade. - Respondeu, tentando disfarçar o nervosismo em sua voz.

A interrupção de Gray fizera com que a maga estelar pudesse pensar melhor sobre o assunto. O fato é que a loira ainda não tinha certeza de nada. Então não havia porque preocupar Natsu com um alarme falso. Assim, decidiu que faria um teste ou um exame o mais breve possível, e conversaria com ele quando estivesse certa do resultado.

Em meio a esses pensamentos, caminhou em direção ao próprio quarto e atirou-se na cama, aninhando-se ao edredom que ainda a envolvia como um bebê. Natsu não tardou a segui-la e deitar ao lado dela. Surpreendendo-o um pouco, a loira não se afastou, nem se retraiu.

— Por que essa cara de espanto? - Perguntou, levemente divertida, deitando-se de lado para encará-lo.

— É que… - O mago do fogo também virou-se, mirando-a nos olhos. - Pensei que ia continuar fugindo de mim. - Sorriu travesso.

— Acho que - Entrando na brincadeira, Lucy começou. - cansei de fugir por hoje. - Concluiu.

— Até que enfim! - O dragon slayer comemorou, puxando-a para um beijo ainda naquela posição.

Afastando suas preocupaçãos para algum canto qualquer de sua mente, a maga estelar permitiu-se ser embalada por um sentimento de segurança, enquanto as mãos de Natsu passeavam por seu corpo. Não demorou muito e o mago girou o corpo, posicionando-se acima dela, tornando as carícias mais ousadas.

Heartfilia tentou não se retrair quando uma das mãos de Dragneel pousaram sobre seu busto, pressionando o local com vontade.

— Engraçado… - O mago do fogo comentou, entre um beijo e outro.

— O quê? - Indagou a loira, sem muito interesse.

— Seus peitos parecem maiores. - Respondeu, apertando ainda mais o lugar.

O que ele não esperava era que a garota fosse joga-lo para o lado com violência, sentando-se na cama de forma abrupta.

— Como é? - Lucy perguntou, notavelmente irritada.

— Seus peitos estão maiores...? - O rapaz repetiu, incerto, ante a reação exagerada da loira.

— Você está me chamando de gorda? - Inquiriu a maga estelar, cruzando os braços.

— Gorda? Eu não disse gorda! - Negou, atarantado.

— Acabou de dizer mais duas vezes! - Pocessa, Heartfilia constatou.

— Mas eu não te chamei de gorda! - Salamander, que pouco (ou nada) sabia sobre o funcionamento da mente das mulheres, defendeu-se. - Disse que seus peitos pareciam maiores. - Justificou. - E agora, observando melhor, eles realmente estão. - Confirmou. - Já eram grandes antes, mas agora estão gigantescos. O que você anda comendo? - Perguntou, inocentemente.

— Você disse de novo! - A maga estelar gritou, atirando um travesseiro contra ele.

— Não disse não! - Contestou Natsu.

— E ainda disse que eu como demais! - Acusou, jogando mais um travesseiro.

— Quando eu disse isso? - Completamente confuso, o mago desviou.

— Não se faça de sonso! - Berrou a jovem, levantando-se da cama.

— Ah não, Lucy! Volta aqui! - Beirando o desespero, seguiu a garota, segurando-a pelo braço.

— Fica longe de mim! - Ela esbravejou.

— Você está chorando! - O rosado constatou, chocado. - Por que você está chorando? - Indagou, pegando-a pelos ombros.

— Tire as mãos de mim! - Exigiu Heartfilia, sendo prontamente ignorada.

— Não até que você me diga por que raios está em prantos! - Devolveu Dragneel.

— E como eu não estaria? - Devolveu a jovem. - Você me chamou de gorda! - Lembrou.

— Mas eu não te chamei de gorda! - Negou, exasperado. - Apenas disse que seus peitos estão maiores, o que, para mim, não é defeito, e sim o paraíso! - Declarou.

Lucy piscou algumas vezes, tentando parar as lágrimas que insistiam em cair.

— Sério? - Inquiriu com a voz dengosa.

— Mas é claro que é! - Natsu respondeu, prontamente. - Agora será que podemos, por favor, continuar o que estávamos fazendo? - Perguntou, aproximando-se perigosamente da garota.

Porém, antes que sequer conseguisse estabelecer um contato mais íntimo, um barulho que, para o dragon slayer, parecia vir diretamente do inferno, tornou a interrompê-los. Sem reação, o mago do fogo apenas congelou no próprio lugar, enquanto as batidas na porta da frente ressoavam por todo o apartamento.

— Eu… - Lucy começou, assustada com o estado catatônico de Dragneel. - Vou atender a porta. - Avisou, enrolando-se novamente no edredom.

Assim que a loira deixou o quarto, Natsu atirou-se de costas na cama, revoltado. Aquilo tudo só podia ser castigo, por ter ignorado a sua parceira durante três meses. Sabia que, se Igneel estivesse ali, levaria uma boa surra por cometer tal absurdo e, em seguida, tiraria muito sarro da situação.

No cômodo ao lado, Heartfilia caminhava impaciente, até a porta. Tudo bem que ela não estava com o mesmo nível de animação do dragon slayer, mas realmente sentia falta de estar nos braços dele. E aquela era a quarta interrupção apenas naquele dia. Sem cerimônia, destrancou a porta de entrada e abriu, deparando-se novamente com a dragon slayer celestial e a exceed branca.

— Olá… Lucy-san… - A menina parecia um tanto constrangida.

— Oi. - E a gata um pouco contrariada.

— Oi Wendy. - Lucy saudou. - Você não tinha ido para a casa da Erza? - Indagou, realmente curiosa.

— Sim, eu estava na cada da Erza-san. - Confirmou a garota. - Mas ela resolveu, de última hora, fazer um bolo de morango, e quando já tinha começado a massa, descobriu que não tinha açúcar. - Explicou. - Aí ela me pediu… - A garota interrompeu-se, sem graça.

— Diga de uma vez, Wendy! - Impaciente, Charle incentivou.

— Pediu para eu perguntar a você se poderia nos emprestar um pacote. - Contou a garota, por fim.

Lucy arqueou as sobrancelhas, curiosa. Realmente, sua casa era mais próxima da casa de Erza do que o mercado, mas Wendy poderia chegar lá rapidamente, voando com sua exceed. Por isso, estranhou o fato da ruiva pedir que a dragon slayer viesse em sua casa.

— Claro. - Evitando pensar no assunto, respondeu, caminhando imediatamente até a cozinha para pegar o dito pacote.

Quando estava inspecionando o armário, em busca do ingrediente solicitado, resolveu pegar logo dois pacotes, para evitar uma nova interrupção. Afinal, conhecendo a ruiva como ela conhecia, era bem capaz que ela resolvesse fazer dez bolos de morango ao invés de um, precisando de mais ingrediantes.

— Aqui está! - Anunciou, entregando os pacotes a menina.

— Acho que não precisamos de dois. - Wendy avisou.

— Não tem problema. - Mais que depressa, Lucy falou. - Vai que Erza resolve fazer mais. Assim você não precisa voltar aqui. - Justificou.

— Ok então. - Assentiu Wendy. - Obrigada Lucy-san! - Agradeceu. - Até mais!

Quando a garota finalmente partiu, a loira fechou a porta, mas antes que pudesse retornar para seu quarto, foi tomada de forma repentina por uma estranha sensação.

Minutos depois, Natsu adentrou a sala, a fim de verificar o motivo pelo qual a maga estelar ainda não tinha retornado.

— Lucy? - Indagou preocupado, vendo a loira estática ante a porta da frente, com os olhos vidrados. - Lucy, você está bem? - Questionou, preocupado, ao ver que a garota estava com os olhos lacrimejando.

— Natsu… - Como se saísse de um transe, a loira voltou-se lentamente para ele.

— O que foi? - O mago do fogo inquiriu, novamente beirando o desespero.

— Eu não sei porque, mas… - Começou Heartfilia. - De repente eu senti uma vontade absurda de comer bolo de morango. - Revelou, fazendo com que o rapaz quase despencasse para trás.

— E isso lá é motivo de chorar? - Perguntou, irritado.

— É que estou com tanta vontade que chega a doer! - Novamente, a loira caiu em prantos, frente a reação rude de Dragneel.

— Não chora! - Natsu pediu, arrependido. - Me desculpa, mas por favor, não chora! - Falou, agitando os braços. - Eu faço qualquer coisa, mas para de chorar! - Propôs.

— Qualquer coisa? - A maga estelar indagou, dengosa, fazendo com que o rosado se arrependesse de imediato.

— Aham… - Meio sem jeito, ele confirmou, amaldiçoando mentalmente a própria precipitação.

— Então me leva na casa da Erza para comer bolo de morango?! - Pediu a jovem, segurando as mãos dele, com expectativa. Natsu sentiu o estômago afundar.

— Mais tarde né? Indagou esperançoso. - Afinal, ela ainda está fazendo o bolo. - Lembrou.

— Não! Nós temos que ir agora! - Acabando com seus planos de vez, a maga decidiu. - É muito deselegante chegar na casa dos outros apenas na hora de comer. - Explicou.

— Mas você está indo lá só pra isso mesmo. - O rapaz, que quase nada sabia sobre normas de etiqueta, e o pouco que conhecia fazia questão de ignorar, contestou.

— Ainda assim, devemos chegar um pouco antes. - Afastou-se, cruzando os braços.

— Luuuucy! - Com uma vontade imensa de chorar, Salamander resolveu apelar. - Não podemos continuar o que estávamos fazendo e ir depois?

— Desculpa Natsu, mas eu não consigo continuar. - Heartfilia desculpou-se, constrangida. - Não enquanto estiver com essa vontade louca de comer bolo de morango. - Explicou.

— Está com tanta vontade assim? - Natsu parecia incrédulo.

— É como se a minha vida dependesse disso! - A garota respondeu, enérgica, encarando-o com os olhos arregalados e brilhantes.

— Ok então. - Por fim, o mago do fogo concordou, desanimado.

Por mais que estivesse frustrado com a situação, ver Lucy pulando de alegria, feito uma criança, ao saber que tinha concordado em ir a casa de Erza, amoleceu Natsu completamente.

Assim, com um sorriso bobo, observou a maga correndo para se arrumar, questionando-se em que ponto dos últimos meses as vontades dela passaram a valer mais que as suas próprias.

 

• • 

 

As últimas faixas violáceas esmaeciam no céu, indicando que a tarde se despedia de vez, cedendo espaço para o negrume da noite. Dentro de umas das antigas casas construídas a beira do rio, um grupo de magos conversava animadamente coisas aleatórias e sem importância.

A verdade é que a equipe formada por Natsu, Lucy, Gray, Erza e Wendy, também chamada por alguns de “O Time Mais Forte”, há muito não se reunia, então, todos pareciam dispostos a descontar o tempo perdido.

Os cinco magos estavam acomodados nos estofados antigos que decoravam a sala da casa de Erza, preocupados apenas em jogar conversa fora. Porém, um deles, não se ocupava de outra atividade que não fosse comer o magnífico bolo de morango que estava sobre a mesa de centro, que já havia passado da metade.

— Que medo! - Happy, que estava sentado “estrategicamente” entre Natsu e a maga estelar, exclamou. - A Lucy não parou de comer desde que chegou aqui! - Completou.

— E qual o problema? - A loira questionou, de boca cheia. Naquele instante, degustar o bolo feito por Erza era tão importante, que ela nem se dava ao trabalho de pausar as garfadas para conversar com seus amigos.

— Você vai ficar mais gorda do que já é! - Respondeu o felino azul, em clara provocação.

— Olha aqui, gorda é a sua inconveniência! - Revidou Heartfilia, apontando o garfo para o exceed de forma ameaçadora.

— Não adianta tentar fazer a nobre depois de devorar um bolo praticamente sozinha. - Implicou o gato.

— Happy, deixa a Lucy em paz. - Erza interviu. - Ainda temos dois bolos na geladeira, então ela pode comer quantos quiser. - Anunciou, para completa surpresa dos presentes. Era inusitado, ou melhor, quase inacreditável que Erza dividiria seus bolos com tanta boa vontade assim. A verdade é que a experiência de receber convidados para ela era completamente nova, o que levava ao desejo de ser uma boa anfitriã.

— Viu só? Eu posso comer o quanto eu quiser! - Falou Lucy, enquanto servia-se de mais uma fatia, fazendo uma careta para Happy em seguida.

— Mas você vai passar mal se continuar comendo assim. - Avisou Charle, em seu típico tom mal humorado. - Há pelo menos duas horas que você está comendo sem pausa. - Contou.

— Você também! - Indignou-se a maga estelar.

— Lucy está mais gulosa que o Natsu. - Constatou o exceed azul. - Isso é assustador.

— De certa forma, é verdade. - Concordou Gray.

Preferindo concentrar-se na tarefa de comer, Lucy decidiu ignorar os comentários dos amigos, que logo voltaram a conversar. Quando o bolo que estava comendo tinha chegado a última fatia, Erza chamou a atenção de todos, dizendo que tinha algo a comunicar. Assim que percebeu ser o centro das atenções, a ruiva falou:

— Peguei uma missão para o nosso time. Devemos chegar a casa do empregador amanhã de manhã, por isso sairemos de madrugada.

Oe!— Natsu exclamou. - Por que você escolheu a missão sem nos consultar? - Protestou.

— Porque é um bom trabalho, com recompensa rasoável, que não levará muito tempo para ser executado. - Respondeu. - O que faz com que seja possível que voltemos a tempo para o Hanami. - Anunciou.

— HANAMI?!! - Lucy gritou, empolgada, fazendo com que o restante da equipe sobressaltasse pelo susto. - Já estamos perto da festa! - Exclamou, finalmente esquecendo de seu bolo. - Como pude esquecer? - Perguntou-se, indignada.

Com todos os acontecimentos e preocupações recentes, a loira ignorou completamente que a chegada da primavera trazia consigo um de seus eventos preferidos, junto com o tão sonhado desabrochar das Cerejeiras Arco-Íris, que tanto almejava contemplar.

— É verdade. Lucy-san ama o Hanami. - Comentou Wendy, que lembrava-se bem da empolgação da maga quanto a festa.

— Mas infelizmente ela se resfriou, e não pôde ir com a gente no ano passado. - Recordou Erza.

— Na realidade, isso foi a oito anos atrás. - Corrigiu Gray. Como haviam ficado congelados em Tenroujima durante sete anos, era comum que os magos da Fairy Tail se confundissem com as datas.

— E verdade né? - Assumindo uma feição triste, a maga estelar indagou. - A festa do Hanami que eu perdi foi a oito anos atrás. - Confirmou. - Depois disso, ficamos sete anos dormindo na Ilha Tenrou, então também não pude participar. - Continuou. - E quando finalmente retornamos, acabamos acidentalmente passando três meses no mundo espiritual, o que fez com que perdêssemos a festa novamente. - Concluiu, chateada. - Como será que é o festival atualmente? Será que ainda é tão bonito quanto antes?

Um sentimento de pena coletivo atingiu o ambiente. O semblante que Heartfilia ostentava naquele momento lembrava, e muito, ao de uma criança que tinha perdido o brinquedo preferido. Especialmente Natsu, vendo a parceira ficar tão tristonha, sentiu o peito se contrair.

— Não precisa ficar assim Lucy! - Ele falou, com seu jeito infantil, apertando o ombro da loira de forma encorajadora. - Nós definitivamente iremos ao Hanami juntos dessa vez! - Falou confiante.

Em resposta, a jovem abriu um largo sorriso, sentindo-se levemente arrependida. Afinal, não deveria ter demonstrado tristeza. Não quando Natsu e Happy tinham se arriscado, arrancando a principal cerejeira da cidade e colocando-a - sabe-se lá como - em um barco, para que, mesmo doente, ela pudesse contemplar as pétalas multicores.

— Sim! - Concordou alegre, sentindo a ansiedade crescer absurdamente. Mal podia esperar para ir ao festival com seus amigos.

— Então tá! - Interviu Erza. - Todos irão na missão que eu escolhi, certo? - Inquiriu, em um tom que demonstrava que aquilo se tratava de uma intimação, e não de um convite. - Afinal, faz um bom tempo que nosso time completo não faz uma missão. - Ressaltou.

— Isso é. - Concordou Gray.

— Wendy poderá ir dessa vez? - Questionou a maga estelar.

— Sim! - A curandeira respondeu, animada. - Grandine se retirou para a floresta, porque, segundo ela, durante o Hanami a quantidade de Humanos em Magnolia por metro quadrado fica insuportável. - Contou. - Então tenho alguns dias de folga. - Comemorou.

— Isso é tão absurdo, mas tão natural vindo da Porlyusica-san. - Observou Lucy.

— Certo! - Decidiu a ruiva. - Então estejam todos em frente a Guilda, às quatro da manhã, que a carruagem passará para nos pegar. - Avisou.

Mesmo ante aos violentos protestos de Natsu, por terem que viajar de carruagem, o grupo continuou animado com o planejamento da viagem. Lucy não pôde deixar de pensar no quanto estava feliz, por poder, novamente, realizar uma missão com seu time completo. Afinal, apenas naquela ocasião, quando estavam todos reunidos, percebeu realmente o quanto as missões em conjunto faziam falta. Portanto, deveriam aproveitar o momento.

— Finalmente. — Pensou, observando o mago do fogo, divertindo-se com a forma com que ele implorava para que viajassem a pé.— Tudo está em seu devido lugar. — Concluiu, ainda em pensamento, feliz e aliviada por ter se reconciliado com o mago e ver que tudo ia bem.

 

 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

E então? O que vocês acharam? O que esperam do próximo capítulo?

No próximo capítulo, finalmente nosso amado time fará uma missão em conjunto. Porém, Lucy terá dificuldades em manter sua condição em sigilo, ainda mais quando um certo dragon slayer está curioso quanto a situação. Além disso, novos perigos podem comprometer o seu segredo.

É isso! Espero que tenho gostado.

Até mais, seus lindos! =D



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Conspiração" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.