Canção de Verão - A proteção escrita por João Gabriel


Capítulo 1
As quatro estações - Verão


Notas iniciais do capítulo

Nunca fiz esse tipo de texto! É um desafio pessoal escrever sobre sentimentos.




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/620864/chapter/1

“Ao som dos violinos que tocavam em volume baixo, no rádio, na sala de Asami.”

Era rotina, quando a semana terminava, seguindo o cronograma de Asami, é claro. Korra tinha os afazeres de Avatar, não tinha regras.

Quando as ultimas horas do dia se arrastavam, os ponteiros no grande relógio de pendulo que estava de frente a mesa da presidente das Indústrias Sato trabalhavam devagar. Um suspiro de tédio.

“Porque tão devagar? Porque sempre demora?” pensava a executiva que estava a pouco tempo de largar o peso do oficio. Queria Korra, precisava dela e toda a energia que emanava para revigorar suas forças.

O grande relógio era só uma das coisas que lembravam Korra naquela grande sala.

Embalada pelo tic-tac, os olhos de Asami viajavam pelo local até pousarem sobre o quadro na parede ao lado. A moldura de madrepérola - talhada pelos artesãos de Omashu, a cidade que ambas escolheram por causa da história de amor que a envolve, a Lenda de Oma e Shu, ao amor de Korra e Asami era escrito em letras floridas no canto inferior da moldura. A mesa do escritório ficava, em outros tempos, de costas para a arte, mas a beleza daqueles traços obrigaram os funcionários repaginarem todo escritório. Agora, Asami sentava - se a frente das janelas, o quadro ficava de frente para porta, defronte ao retrato apenas um sofá, dois lugares, um só espaço.

Tic tac

Korra estava deitada entre as pernas de Asami. Uma árvore grande, onde outrora era aprisionamento de Vaatu, virou cenário mágico para elas. Ambas riam das graças que pequenos espíritos coloridos faziam. Uma pequena ave estava repousando nos ombros de Asami. Os longos cabelos escuros estavam sendo puxados por outras bolinhas que o artista pintou, pequenos brilhos disformes, estrelas com asinhas batendo em alta velocidade.

Korra deitada se divertia, também amava as madeixas de Asami. Estaria puxando, acariciando se não estivesse aproveitando o acalentador colo de sua companheira. Era livre de problemas, tinha que ser só a Korra que amava Asami. Ali, não era o Avatar, nem Asami a executiva. Eram amigas, amantes, cúmplices.

O pintor as agraciou com detalhes, simples sorrisos, olhares e para registrar o momento que ambas repetiriam se os ponteiros do grande relógio não trabalhassem tão devagar.

Tic Tac

“Os violinos, cellos e a orquestra aceleravam os acordes” o movimento preferido de Asami

Era verão em Cidade República. A estação que Asami gostava. Tinha malicia no pensamento. Queria ver sua amada com roupas leves, sem as peles, casacos longos, sem frio polar da Tribo da Água do Sul. Apenas o calor do momento, mais o calor dos abraços. Das neves, só queria Naga. De Korra, só queria um beijo.

Sorriu quando lembrou do último verão. As duas foram até a ilha ember na Nação do Fogo, as areias mágicas. O passeio mais revelador, conversas sinceras. A seriedade do momento se limitou a apenas alguns minutos. A infantilidade de Korra, que aumentava no verão, se tornava duplicada quando esteve naquela região. Correram, mergulharam, visitaram a casa de veraneio da família do Senhor do Fogo.

“Korra diz que eu sou tão bonita quanto Ursa, a senhora do fogo mãe de Zuko” corou.

Asami se levantou, caminhou até a mesinha de bebidas. Tomaria um saque, mas preferiu um chá. Jasmim. Recordou - se da passagem pelo mundo dos espíritos quando visitaram a cabana de Iroh. Quando reparou, estava sorrindo. Olhou no relógio e suspirou. Faltava mais um tempo para terminar o expediente do Avatar.

Na cabana do tio Iroh ouviram histórias sobre as vidas passadas do Avatar. Conselhos e piadas; conheceram mais sobre aquele lugar mágico.

“O modo como você olha para Asami, todo esse sentimento que você transpira quando estão tão próximas é capaz de protege - lá de tudo que há de mais perigoso nesse mundo. É possível que quando você partir, sua reencarnação possa nunca se encontrar com ela, porém, com certeza, esse sentimento de carinho ficará registrado por todas as gerações do Avatar. Talvez, você Korra, seja o Avatar que mais amou alguém”

Asami estava emocionada, sempre que tomava o chá das folhas de jasmim, colhidas na nação do fogo e preparadas ao modo de Iroh, lembrava daquelas palavras que escutou sem querer serem proferidas pelo Tio de Zuko para Korra. Tomou um gole e enxugou uma pequena lágrima que se formou.

Tic Tac

Asami Sato se tornou uma mulher respeitada em Cidade República, uma administradora forte que comandou com pulso para sobreviver as diversas crises que o nome Sato sofreu ao longo dos anos. Era comum vê - la socialmente usando blazer e com maquiagem leve. No entanto, neste fim de dia, estava maquiada para sair. O vestido longo, sem costas, bordô era o preferido de Korra. Usava luvas que terminavam no ante braço. No pescoço uma gargantilha, cordão prateado e uma pedra azul - cor do mar ártico.

“A imensidão do mar é pequena perto do que sinto por você”, outra vez Asami lacrimejou ao ouvir as palavras que Korra disse quando lhe presentou com a jóia. Foram ditas ao pé da orelha, seguidas de um beijo que a fez arrepiar.

Foi trabalhar dessa maneira porque era o dia da viajem, e o combinado é partir sempre do trabalho, sem passar pela mansão e seguir sem rumo para um destino qualquer no mapa.

Asami voltou para mesa, não se sentou. Apenas olhou novamente para o retrato, para o relógio e então caminhou até a janela. O por do sol estava no estágio final, o céu era um misto de laranja, vermelho e um azul escuro. “Ela está demorando” pensou.

“A orquestra cessou o ritmo, o volume foi caindo gradativamente”

O relógio interrompeu os pensamentos de Asami. E, ao final da sexta badalada, a porta se abriu

Asami olhou pelo reflexo do vidro. Korra estava linda. Usava um chapéu azul claro, delicado. Trajava uma blusa rendada, que cobria o cinto. As botas eram inseparáveis até mesmo sob o calor de verão. Ela então caminhou até a janela, o reflexo foi ficando cada vez mais nítido. Os braços de Korra eram fortes, envolveram a cintura de Asami. Um beijo no rosto. Korra botou o queixo nos ombros de sua amada. A respiração das duas embaçava a janela.

-- Vamos jantar? - disse Korra sorrindo.

Os olhares se cruzaram pelo reflexo. Iroh estava certo, pensava Asami, estava protegida. De tudo que há de perigo nesse mundo. Sorriu.

-- Você demorou - disse Asami - Que bom que está aqui, meu amor - finalizou aliviada.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!