Back to the Past escrita por Lady Di


Capítulo 5
Capítulo 5 - Two places at the same time




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— Rachel! – A morena sorriu com o canto dos lábios ao sentir o toque da princesa.

— Hm? – Murmurou lentamente, sem abrir os olhos.

— RACHEL! – Assustada com o grito, a aspirante a atriz se levantou em uma velocidade nunca vista antes.

— O-o quê?! – Mal conseguia processar o que estava a sua frente.

— Isto! – Quinn apontava para algo - Não para de brilhar!

A morena ainda demorou algum tempo para poder entender o que estava acontecendo, até reparar no celular vibrando em cima da cama.

— Meu celular... – Disse como se não houvesse tanta importância, até perceber o que ocorria. – Quinn! MEU CELULAR! Ai meu Deus! - Rachel apertou os ombros da loira, tamanha empolgação. – Não acredito! – Voou para pegar o aparelho, seguida pelo olhar amedrontado da princesa.

— E-eu... Eu apenas... – Quinn parecia buscar palavras. – Eu não... Não foi minha intenção. Ele começou a brilhar e tem um homem gritando seu nome. Me desculpe. Eu não queria irritá-la!

— O quê? – Foi a vez de Rachel ficar intrigada, desviando o olhar da princesa para o aparelho. – KURT!

— Sua ladra!!! Devolve esse celular agora! Eu vou chamar a polícia, seu projeto de Carmen Sandiego! Esse celular é da... Rachel?!!

— KURT!!!

Após o chamado desesperado de Rachel, o rosto espantado de Kurt congelou do outro lado da tela como se estivesse vendo um fantasma.

— R-Rachel? – Ele parecia não acreditar no que estava acontecendo. – O que... V-Você?... Onde você está?!

— Kurt, eu... – Rachel interrompeu sua fala quando notou que o amigo estava com o rosto completamente sem cor e tentou acalmá-lo, embora tudo fosse muito difícil (praticamente impossível) de acreditar:

— Kurt, primeiramente, eu estou bem. Sério. – Analisou o amigo do outro lado da tela se sentando sem pronunciar uma só palavra. – Pelo menos por enquanto. – Refletiu. – O bom é que você já está sentado...

Quinn, por sua vez, assistia a situação com grande curiosidade e um medo do mesmo tamanho.

— De alguma forma, não me pergunte como... – Tentou buscar palavras varrendo os olhos pelo quarto. E antes de continuar, resolveu frisar - Não, não fiz uso de nenhuma substância tóxica... – Suspirou fundo, pois já imaginaria que o amigo nunca acreditaria em uma só palavra. – Eu voltei no tempo.

Kurt continuava pálido e observando atentamente a tela em sua mão, mas não havia nenhum resquício de que isso o chocara mais. Rachel começou a imaginar que talvez o amigo estivesse em choque ou algo assim.

Já a reação de Quinn foi diferente de Kurt. A loira deixou escapar um ligeiro grito, tampando a boca com as mãos e encarando a mais baixa.

Rachel resolveu ignorá-la temporariamente. Um problema de cada vez.

— Kurt... – Resolveu fazê-lo acordar do transe. – De algum modo, eu não sei como, voltei para a Idade Média.

— O-o quê?! – O rapaz meneou com a cabeça rapidamente, tentando entender o que a amiga dizia.

— Eu bati a cabeça no sanitário depois de tentar limpar a raspadinha que jogaram na gente e acordei aqui. Simples assim! Depois os soldados do rei me prenderam, porque aparentemente sou uma bruxa. Fiquei numa cela escura e fria... Mencionei que está nevando? Pois é. Além disso, a água aqui parece lama e não faço mais ideia do que é um banho. Depois fiz um colega de cela, Olven, que teve os dedos arrancados por não ter dinheiro para pagar os impostos altíssimos. Um guarda fedendo a álcool e outras substâncias que não quero nem imaginar, entrou na minha cela e me deu meu primeiro beijo. MEU PRIMEIRO BEIJO, KURT! – Parou para limpar o nariz escorrendo com uma passagem de braço e rapidamente continuou:

— Meu julgamento estava se aproximando, então consegui fugir para os estábulos, mas Quinn, a filha do rei, me surpreendeu e eu tive que roubar a alma dela, Kurt! EU ROUBEI A ALMA DELA! Em que ponto eu cheguei?! – Pôs-se a chorar de novo.

Kurt assistia à chamada de vídeo completamente assustado e bastante atordoado.

— Você o quê?!

— TIREI UMA FOTO DELA COM MEU CELULAR!

O rapaz começou a entender o que Rachel queria dizer com aquela voz anasalada, entre choros e nariz escorrendo.

— Como se tudo isso não bastasse, estou com prisão de ventre, Kurt!!! – Rachel finalizou a breve explicação com lágrimas no rosto, cansada, mas feliz em poder ver um rosto conhecido, contar os problemas que estava passando e tendo suas esperanças renovadas para sair daquele local.

— C-como você está conseguindo sinal? – Kurt se ajeitou na poltrona, completamente vidrado, deixando de lado o pensamento de que alguma hora a amiga veria como funcionava o “vaso sanitário” medieval.

— Não faço a menor ideia. De alguma forma estamos conectados.

— Rachel... Isso é completamente impossível. – Passou a mão pelo cabelo sedoso.

— EU SEI!!!

— E você é péssima em Idade Média!

— EU SEI!!!

— Agora você está ameaçando a princesa?

— S-sim...

— Isso é muito a sua cara mesmo.

— Kurt! – Disse indignada.

— Ela é bonita? – O rapaz pareceu desconectar-se da gravidade do problema e perguntou com uma naturalidade marota, sinalizando abstratamente alguma coisa.

— KURT! – Ruborizada, Rachel chamou atenção entre dentes, tentando não encarar a princesa.

— Isso é muito a sua cara mesmo! – Riu verdadeiramente, o que fez com que Rachel também esboçasse um sorriso.

— Ela é a tal “ladra” que você estava acusando há alguns segundos.

— Ela realmente é bonita. – Kurt se interessou repentinamente com o aparente “babado”. – Deveria estar no seu sono bifásico e provavelmente queria libertar sua alma de alguma forma.

— O quê? – As sobrancelhas da amiga se converteram em uma forma de questionamento.

— É, Rach... Já estudamos isso com a Srta. Henry. As pessoas na Idade Média costumavam dormir quando o sol se punha, até mais ou menos meia noite e acordavam por mais umas 2 ou 3 horas, depois voltavam a dormir. Fique feliz que ela não tenha tentado libertar a alma tentando destruir seu celular.

A garota arriscou olhar para a princesa, que permanecia imóvel, tentando compreender tudo o que estava ocorrendo.

O fato é que estava genuinamente feliz com aquele contato completamente inesperado e fora do normal. Parecia que a qualquer momento explodiria de tanta ansiedade.

Um silêncio se fez presente e começou a pesar.

— Como farei para voltar para casa, Kurt? – A voz da garota saíra quase como num sussurro.

— E-eu não sei. – Kurt compadeceu-se. – Mas definitivamente te ajudarei nisso. – Disse com a confiança recém adquirida.

— Estou tão feliz em te ver! – Rachel ajeitou-se na cama. – Meus pais devem estar desesperados! A escola toda está chocada, não é? Mercedes e Tina choraram com meu desaparecimento? Eu apareci nos jornais? – A adolescente falava velozmente, quase atropelando suas próprias palavras.

— Rachel. – Kurt tentou chamar.

— Nem consigo imaginar que foi tão fácil assim fazer você entend...

— RACHEL! – Chamou novamente e dessa vez surtiu efeito, já que a garota parou a frase no meio e voltou a respirar. – Isso é até bem fácil de engolir, pois acho que você tem problemas maiores para se preocupar...

O jovem levantou da poltrona preta de couro, o que fez com que a menina reparasse um pouco mais no local em que o amigo se encontrava. Parecia um hospital e ao mostrar uma maca, Rachel não teve dúvidas. Era realmente um hospital.

— V-Você está bem? – A morena assustou-se.

— Eu? – Kurt piscou algumas vezes, tentando compreender. – Eu estou ótimo, Rach. – Deu mais alguns passos e Rachel pôde ter uma visão de uma pessoa deitada, coberta por um lençol.

— O que me preocupa é... – Descobriu o rosto do paciente aparentemente em coma. - ... Você.

Rachel não teve tempo para encerrar a ligação com o amigo, muito menos para enviar beijos aos seus familiares, pois agora se encontrava inerte na cama de Quinn, depois de ver a si mesma em coma numa maca de hospital aproximadamente 600 anos no futuro.


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