Back to the Past escrita por Lady Di


Capítulo 4
Capítulo 4 - Hypnotizing Smile


Notas iniciais do capítulo

Aproveitem, pessoal! E não deixem de dizer o que acharam deste capítulo, ok?



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— Era só o que me faltava! – A garota poderia jurar que estava ardendo em febre, já que o suor corria pela sua face de tal maneira que até mesmo suas mãos escorregavam ao mover o corpo inerte que jazia no chão do estábulo. - Anda, Quinn! Você parece leve com esse corpo de barbie, mas é pesada, ok? – Rachel parou para enxugar a testa e deixou que seus olhos percorressem livremente as curvas da loira para comprovar o que acabara de falar.

Se Kurt estivesse ali naquele momento, diria que estava certo sobre a amiga, pensou. Ele sempre dissera que Rachel era uma espécie intrigante de gay enrustida, por mais que a baixinha o recriminasse com todos os decorados discursos prontos possíveis.

...

— Kurt! Eu sou apenas uma adolescente que admira o corpo de outras mulheres para poder comparar ao meu, ok?

— Claro, Rach. E eu sou apenas um adolescente que gosta de trocar salivas com Henry Johnson, do segundo ano. Mas o que tem de gay nisso, não é?

— Claire Bennet não pode achar que sou gay apenas por olhar sua clavícula no vestiário.

— Não. Definitivamente. Mas sim por você estar, na verdade, encarando os peitos dela de uma maneira psicótica e assustadora.

— Eu não sou psicótica e muito menos assustadora!

— Não. Mas definitivamente é gay...

— Kurt! Você, como meu melhor amigo, deveria me apoiar!

— E o que eu estou fazendo?

— Shiu!

— Você fez “shiu” pra mim?!

— Kurt!

— Rachel!

— A Claire está vindo!

— Ei, Hummel.

— Bennet.

— Ei, Rachel...

— Olá, Claire. Como vai? Tudo bem com você no dia de hoje? Eu espero que sim, porque ouvi dizer que uma frente fria está se aproximando e você poderia pegar um resfriado ou coisa do tipo, já que é uma líder de torcida, certo? E...

— Rachel.

— Ah... O-oi, Claire.

— Victoria's secret.

— O-o quê?

— Victoria's secret. O sutiã que você estava encarando ontem no vestiário. É da Victoria's secret.

— Ah, certo! Eu fiquei com vergonha de perguntar. Mas que bom que me disse, porque eu estava marcando agora mesmo com Kurt de irmos ao shopping hoje mesmo procurar um igual.

— Espero que encontrem e... Se quiser me perguntar algo, é só falar. Não precisa me encarar como uma psicótica. Estamos combinadas?

— Cer-certo.

— Tenho que ir agora.

— Até logo, Bennet.

— T-tchau, Claire. E.. hm... o-obrigada!

— Viu só? Psi-có-ti-ca.

— Kurt, você vai ver só a psicótica.

— Rachel... Você é tão gay que quando você peida deve dar para ver uma nuvem de arco-íris lá da lua.

— Você é nojento.

— E você é gay.

...

— Br.. Bru... xa – Com os olhos um pouco atordoados, Quinn balbuciou enquanto tentava focar no que estava acontecendo, tirando a morena de seus devaneios.

— Claro... – Rachel, que antes batia os dentes com o toque do vento frio em suas pernas, não precisou de muito esforço para revirar os olhos. – Pelo visto você já está melhorando.

— Bruxa! – Quinn levantou de supetão, com os olhos agora arregalados.

— Quinn... Já passamos por isso. – Rachel suspirou cansada, apertando o osso do nariz com o polegar e indicador. 

— V-vós roubastes minha alma!

— É. Horrível quando essas coisas acontecem, não é? Espera só até o século XXI... Se você não ficar esperta, até suas calças serão roubadas. Mas vamos logo com isso, Quinn! Precisamos ir para o seu quarto.

— Não irei mancomunar-me com uma bruxa.

— Meu Deus... Como você é teimosa! – Os ombros de Rachel caíram exaustos. – Olha só, Quinn. Eu tenho a sua alma, ok?

— Não use o nome do criador em vão! Além disto, não importo-me em morrer.

— Morrer? Quem disse morrer? – Rachel fechou o cenho. – Se você não me ajudar, Quinn, o seu castigo será tão terrível que você vai desejar mil vezes ter morrido.

As palavras pareceram surtir algum efeito, porque em menos de três segundos encarando o semblante da morena, Quinn começou a andar em direção ao castelo rapidamente.

— Onde estão os guardas? — Rachel sussurrou enquanto olhava para todos os lados já dentro daquela grandiosa construção de pedra e madeira, tentando se aquecer com o esfregar das mãos.

— A maior parte está rondando os terrenos do castelo a procura dos fugitivos da coroa.

— Sério?

— E por que não haveria de ser?

— Seu pai mandou prender um homem que não tinha dinheiro suficiente para pagar impostos, porque tinha uma família para alimentar, e depois mandou amputar os dedos dele!

— Meu pai é o rei. Ele sabe o que faz.

— Você concorda com isso?

— Eu obedeço às ordens de meu pai.

— Você concorda com isso, Quinn? – Rachel segurou o pulso da outra que seguia mais a frente, guiando o caminho, obrigando-a a parar.

— Por que vós estais interessada no que estou a pensar? – A loira se aproximou perigosamente, como se não houvesse nada a temer, fixando os olhos no rosto de Rachel numa tentativa de ler seus pensamentos mais profundos, observando cada sarda mais exposta pela escassez de maquiagem.

— Porque você será rainha logo mais e eu gostaria de saber se é da mesma forma que você tratará os seus súditos. – Rachel desviou o olhar numa tentativa de retomar a tonalidade de seu rosto e tornou a andar.

Verdadeiramente, Rachel não podia acreditar que uma garota que portava aqueles olhos cor de avelã que expressavam algo além da dureza superficial, tão meigos e cheios de vida, poderia fazer algo como o rei Russel.  

— O povo precisa aprender a respeitar seu governante.

— Através do amor, Quinn. Não pelo medo. Esquece essa baboseira de “os fins justificam os meios”, Maquiavel!

— Chegamos. – Quinn pronunciou ao abrir uma grande porta de madeira, ignorando completamente a frase da menor que, por sua vez, não havia percebido ter subido diversos lances de escada para chegar naquela torre.

O quarto era idêntico ao que Rachel havia visto na excursão ao museu dias atrás... ou séculos a frente? Resolveu espantar o pensamento.

— Uma cama! – Abriu um sorriso enquanto se certificava que Quinn fecharia a porta.

— Sim. Minha cama.

— Agora nossa cama. – Depois de dias dormindo no chão de uma masmorra, Rachel não poderia se sentir mais feliz. Sentou-se com um sorriso desenhado nos lábios, já imaginando como seria deitar na cama de uma princesa de verdade.

Contudo, o sorriso se desfez assim que seu o osso do cóccix se chocou contra algo realmente duro, fazendo com que Quinn desse a mais bonita, rouca e (infelizmente) breve gargalhada que já havia visto em sua vida.

— Vós deveis ser delicada. – Quinn demonstrou ao sentar divinamente, como uma princesa.

— Você deveria sorrir mais. – Disse Rachel, hipnotizada. Mas se arrependeu quando a outra fechou o semblante ao levantar rapidamente e, com passos largos, se dirigiu em direção ao que parecia ser um guarda roupa.

— Vós realmente não és desta região. Aqui não estamos acostumados a sorrir. – Procurava algo dentro do móvel velozmente.

— Como você mantém seus dentes tão brancos aqui? – Movida pela curiosidade e ainda com um olhar hipnotizado, Rachel não pôde evitar perguntar.

— Pelo de porco. – Quinn respondeu sem se virar.

— Eu tenho o que chamamos de pasta de dentes bem aqui! – Sorriu empolgada ao lembrar de sua mochila. – Acho que você vai gostar. Lembra o cheiro de hortelã.

Isso chamou a atenção de Quinn, que possuía algo nos braços.

— Vista isto. Vós precisais vestir-se como um de nós. – Era um vestido semelhante ao que a loira usava no momento, porém, um pouco menor. – Acredito que deva servi-lhe, o utilizei há 2 solstícios e vós sois um pouco menor do que eu.

— Certo. – Rachel levantou, pegando a peça nas mãos da princesa. – E isto aqui é uma pasta de dentes. – Pegou a escova guardada em seu necessaire e a preencheu com o conteúdo, demonstrando o gesto de escovação. – Viu? Simples. Mas não é pra engolir! – Alertou. – E você precisa de água pra usar isso.

Quinn meneou com a cabeça indo ao encontro da jarra d’água que havia no aposento. O medo parecia ter ficado esquecido um pouco, dando lugar para a curiosidade que tinha de Rachel e do lugar de onde viera.

— Não vai dizer que quero te envenenar? – Levantou uma sobrancelha em questionamento.

— Não. Vós precisastes de mim.

A morena não respondeu. Ao invés disso resolveu se trocar atrás do biombo enquanto Quinn analisava o conteúdo da pasta.

— ISTO ARDE! – Gritou, fazendo com que a mais baixa se preocupasse, saindo rapidamente de trás do móvel.

— Sim. Mas é só um pouquinho, Quinn. Se acalme. Logo você vai se acostumar! Não é bruxaria! Eu prometo! – Tentou acalmar a princesa que, mesmo relutante, resolveu se controlar e continuar com a escovação. – Agora enxague a boca. Depois eu vou escovar meus dentes e mostrarei a você direitinho como se fazer. Errei em não ter demonstrado primeiro.

Assim que a outra se acalmara e enxaguara a região da boca, Rachel percebeu o olhar admirado para a pasta dental.

— Sinto-me diferente. – Os olhos da loira encontraram mais uma vez os marrons.

— Sim, Quinn. – Se aproximou. – Você está com um hálito refrescante. Cheiroso. O nome disso é higiene. De onde venho, realizamos esse processo após as refeições ou três vezes ao dia. Além de conservar os dentes e deixá-los saudáveis, proporciona um hálito maravilhoso.

— Fascinante. Necessito demonstrar isto aos demais.

— Se fizer isso, as pessoas poderão acusá-la de bruxaria.

— Não atreveriam-se!

— Kurt uma vez me disse que as pessoas na idade média costumavam tomar um a dois banhos em toda a vida.

— Não sei nesse lugar chamado Idade Média, mas aqui as coisas também ocorrem desta maneira. Embora eu destoe um pouco deste pensamento.

— Você estará encrencada se levar esses pensamentos revolucionários por ai.

— E vós estais enrolada. – Apontou para a falta de sucesso de Rachel ao vestir a peça. – Deixe-me ajudá-la. – Se posicionou atrás da morena, trançando as linhas do vestido. – Deverias utilizar as anáguas e o cossolete.

— Não, obrigada. Gosto de sentir meus movimentos livres, Quinn. Sem desmaiar com espartilhos ou algo do gênero.

Desta vez, Quinn deixou que escapasse um sorriso com os lábios que apenas as costas de Rachel puderam presenciar.

— Certo. - A loira terminou o laço.

— Obrigada, Quinn. - Rachel se posicionou na frente da grande parte de metal refletora presa a parede como um espelho, admirando o mais novo contorno que sua silhueta adquirira. - Ficou realmente ótimo. Você fez um milagre.

— O que é isto! Eu não seria capaz de tal feito!

Rachel suspiro profundamente.

— É algo que falamos no lugar de onde venho. Uma gíria. - Pressionou a têmpora observando a loira olhar com curiosidade a parte de dentro da bolsa de Rachel. 

— Isso é um perfume, Quinn. – Retirou o frasco de vidro de dentro e espirrou em seu próprio pescoço.

— Estais com cheiro de flores! Isso sim é bruxaria!

— Essa é a ideia. E não... Não tem nada a ver com bruxaria. É basicamente essência de flores misturada com álcool. De onde eu venho, costumamos passar depois do banho, juntamente com o desodorante.

Rachel quase engasgou quando a loira se aproximou para poder absorver melhor o cheiro provindo de seu pescoço.

— É delicioso.

— Isso não é coisa de bruxa, Quinn. São apenas facilidades que encontramos para podermos ficar bem e saudáveis.

A mais baixa pôde também mostrar a Quinn o papel higiênico que possuía em sua mochila, o fio dental, a lâmina de barbear, o sabonete e até mesmo itens de beleza, e se empolgava cada vez mais com o olhar faminto por toda aquela informação, instigando-a a falar sobre tudo o que conhecia.

— Está vendo só? - Se ajeitou na cama. - Se vocês soubessem disto desde o começo, não precisariam ter passado pela Peste Negra.

— A Peste? - Quinn estremeceu.

— Sim. - Deu de ombros.

— Bruxar... - Mas Rachel a interrompeu antes que completasse sua fala.

— Não, Quinn. Nada de bruxaria. - Cerrou as sobrancelhas. - Falta de higiene mesmo! - Sentou mais perto da outra garota. - Kurt me contou que as pessoas na idade média prendiam pedaços de carne nos calcanhares para que os bichos não chegassem às outras partes. - Finalizou com uma careta.

— Repito que não tenho conhecimento deste lugar, mas é muito parecido com o que acontece por aqui.

Rachel estava cansada e não prendeu o riso desta vez.

— Eu realmente vou ter muito trabalho com você, Quinn.

Assim, a noite e a madrugada passaram em um piscar de olhos e, antes que dessem por si, as duas garotas se encontravam deitadas e exaustas, mas com um sentimento de verdadeira satisfação e felicidade por aqueles breves momentos de verdadeiro companheirismo. Rachel não conseguia lembrar de ter tido uma noite tão confortável em toda sua vida. Nem mesmo em sua cama king size.

E devido tamanho cansaço físico e mental, a garota deixou passar completamente despercebido a ligação que acabara de receber em seu celular com o nome Kurt piscando em azul.


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Notas finais do capítulo

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