Back to the Past escrita por Lady Di


Capítulo 3
Capítulo 3 - I Put a Spell on you!


Notas iniciais do capítulo

Escrever esse capítulo foi realmente muito bacana, pessoal!

Não deixem de me contar o que acharam!

Espero que possam escutar as músicas. Deixei os links inseridos na história.

Boa leitura!



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Obviamente, Rachel não conseguira pegar no sono nenhuma vez sequer e já estava cansada de se dar beliscões para acordar daquele possível pesadelo.

Kurt com certeza já havia chamado a polícia e alertado seus pais. Talvez a escola inteira soubesse de seu desaparecimento e Jacob Israel, o adolescente tarado do jornal da escola, provavelmente estaria chorando entre seus sutiãs dados em troca de favores (nunca usados, embora ele não soubesse disso).

Seus pais, Leroy e Hiram, àquela altura, já deveriam ter contratado um detetive particular e dado algumas de suas meias para os cães farejadores.

Ela já poderia imaginar ser entrevistada pela CNN e seu retorno poderia até fazer com que a Oprah deixasse de lado a aposentadoria. Sua passagem de ida para a Broadway estaria garantida.

Mas e se não voltasse? E se nunca mais retornasse para os abraços calorosos de seus pais? A pequena animação que sentira com o futuro transformou-se em desânimo dobrado.

No auge de sua tristeza e autocompaixão, seus lábios começaram a se mexer quase que por conta própria e uma canção começou, de pouco em pouco, a preencher o ambiente. Era comum acontecer algo parecido em momentos de sentimentos extremos. Era assim que conseguia expressar suas emoções. {Pressione CTRL + Clique Aqui para ouvir a música}

Terminou de pronunciar a última palavra da canção e só então pôde prestar atenção no arrepio que percorria sua espinha tentando alertá-la sobre algo.

— O canto de (Hic!) uma sereia! – Ouviu uma voz embriagada e cheia de soluços atrás de si. Por instinto, Rachel encostou seu corpo na parede como forma de proteção. Embora pudesse ser uma espécie de elogio, não conseguiu deixar de sentir medo. – Eu nunca (Hic!) ouvira nada parecido antes. – O tilintar de chaves pôde ser ouvida, seguida (pelo que parecia ser) da abertura do portão enferrujado da cela.

— O que você quer? – Algo dizia que aquilo não era bom. – O julgamento é agora? – Tentou enxergar o homem forçando os olhos e pôde perceber que se tratava do guarda franzino, que antes viera acompanhado pelo parceiro loiro para ler o pergaminho sobre o julgamento. Ele não devia ser muito mais velho do que ela, embora tivesse uma feição maltratada.

— Sim. – Encarou a jovem, se aproximando ainda mais e Rachel tentou (inutilmente) puxar o braço que agora estava sendo segurado com um entusiasmo desnecessário. - Neste momento eu irei julgar se vossos lábios são tão macios quanto vossa voz!

Nos segundos seguintes, a garota só conseguiu sentir seus lábios sendo pressionados violentamente e um cheiro parecido com álcool e esgoto. A repulsa foi tamanha, que a adolescente reuniu forças para empurrar o agressor, fazendo com que tropeçasse e caísse de joelhos.

— Eca! – Cuspiu como tentativa de se limpar. - Que nojo!! Tenho certeza que você não escova os dentes e definitivamente não toma banho!

Assustado e com uma cara de quem nada havia entendido, ele começou a se levantar meio cambaleante, o que não impediu que Rachel terminasse de expressar sua aversão ao ocorrido:

— Isso foi abusivo! Sete em cada dez mulheres sofrem esse e outros tipos mais sérios de violência no mundo por conta de homens como você! – E, com a pedra que havia pegado na parece furtivamente, acertou a testa do sujeito em cheio. – Me desculpe, mas foi necessário. Espero que aprenda a ser um humano descente. – Falou com o rapaz nitidamente mais tonto do que já aparentava. – E que pare de beber em serviço! – Finalizou antes que o corpo batesse no chão, desmaiado.

Rapidamente, a jovem apanhou o molho de chaves da cela e trancou o guarda no lugar onde passara longos e terríveis dias.

Agora qual seria o plano? Tudo acontecera muito rapidamente e Rachel não funcionava muito bem com tomadas de decisões rápidas. Ela precisava de um tempo para pensar, mas sabia que não o tinha e também não poderia contar com a sorte, que já a mesma não era muito sua fã.  

Gostaria de libertar Olven, mas o mesmo já havia sido retirado para cumprir a pena sem retinir um lamurio sequer. Então pela honra do recente amigo de cela e pelo desespero de fugir daquele local, a jovem repetia para si mesma que aquilo seria o certo a se fazer.

Com a mesma rapidez que fechara a cela, Rachel correu pelo corredor úmido e escuro até chegar em uma ampla sala e pôde ver sua mochila amarrada com correntes.

Felizmente, a jovem percebeu que não estavam apertadas o suficiente. Talvez os guardas realmente achassem que ela deveria ser algum tipo de bruxa e estavam com medo de tocar em suas coisas. Só não conseguia entender como ainda existiam pessoas que acreditavam nisso.

— Meu celular! - Mal conteve a emoção colocando a mochila nas costas. Contudo, antes que pudesse esperar que o aparelho ligasse (já que não podia usá-lo durante as aulas), ouviu passos vindos de um corredor adjacente. – Droga!— Sussurrou para si mesma, espremendo-se nas pedras que formavam a parede.

— Não há com que preocupar-se, meu caro. – Ouviu uma voz masculina ressoar. – Logo ele casar-se-á com a princesa Lucy e este problema resolvido será.

Rachel observou os dois guardas passarem com uma tocha praticamente ao seu lado e agradeceu pelo local estar mal iluminado naquele momento. Dessa vez, antes de se apressar, observou os caminhos possíveis e começou a andar cautelosamente por aquele que julgava fazer com que saísse dali o mais rápido que pudesse.

Sua caminhada a fez passar por diversas celas, entretanto todas se encontravam vazias. Ou os prisioneiros haviam escapado quando ela foi capturada e não os encontraram mais ou já haviam sido julgados. Não parecia que um rei, que não tem flexibilidade em realizar um acordo com alguém que não tem como pagar os impostos, iria ter todas aquelas celas desocupadas. Olven teve seus membros arrancados apenas por não poder pagar. Que tipo de ditadura seria aquela?

“Monarquia!”, imaginou Kurt corrigindo-a. De qualquer forma, Rachel começou a pensar onde poderia estar, pela milésima vez, tentando se lembrar de lugares que possuíssem monarquia como forma de governo.

Inglaterra? Não podia ser... Ela assistia “The Crown” e definitivamente não havia um Rei Russel Terceiro. Além disso, Claire Foy era uma excelente atriz e com toda a certeza não a vira deixar ninguém desmembrado no seriado.

Em meio ao pânico, encontrou uma escada um tanto quanto rústica e resolveu arriscar a subida até parar em frente a uma porta de madeira pesada, deixando de lado a loucura e concentrando-se um pouco.

Com bastante força e insistência, a garota fez com que uma pequena brecha se abrisse, mas grande o suficiente para que seu pequeno corpo esguio conseguisse passar.

Apesar de estar em uma situação extremamente delicada, Rachel não pôde deixar de observar por um instante o local que agora se encontrava e, se pensou que o frio que sentia na cela iria melhorar, estava muito enganada.

Consistia em ser um novo corredor, embora um pouco mais largo. O chão e as paredes eram de pedra, com exceção parcial do teto, que possuía alguns troncos de madeira atravessados na horizontal como forma de alicerce. Assim como tudo ali, o lustre também tinha um estilo mais grosseiro e era composto por grandes velas.

Nas paredes haviam escudos com o brasão que vira no colar entregue a Quinn e uma tapeçaria com a mesma imagem. Disposta a sua frente, encontravam-se duas armaduras, uma em cada lado da outra porta, que fizeram com que Rachel tivesse um mini derrame ao imaginar serem dois guardas.

Quando tomou fôlego e coragem para seguir em frente, a adolescente empurrou a porta com delicadeza para não chamar maiores atenções.

Agora encontrava-se em uma espécie de pátio parcialmente coberto. Não conseguia ver muito além por conta da escassez de iluminação, que era composta apenas por tochas presas a parede. No chão, além de neve, havia terra molhada e fios de palha. O frio, por sua vez, só se agravava. Devia fazer uns -5ºC ali fora.

Não era pior, contudo, do que o odor do ambiente.

— Esse cheiro não vai melhorar? – Sussurrou, tampando o nariz, esforçando-se para seguir e em poucos passos, pôde avistar um poço.

Graças à visita que fizera com seus pais ao castelo de Eltz, na viagem para a Alemanha, Rachel sabia que não iria tardar para encontrar...:

— Um estábulo! – Empolgou-se.

Apertou o passo quando uma ideia começou a fervilhar em sua mente. Certo, não levava muito jeito para cavalgar, mas aquela poderia ser sua única e última chance.

Em seu melhor desempenho de fugitiva, Rachel se aproximou da parede de madeira que abrigava os animais para poder ter uma visão mais ampla e observar possíveis guardas. Eram tantos cavalos que não conseguira contar. Bem cuidados, pelo que parecia.

— Certo. – Ajeitou a mochila nas costas. – A hora é agora.

Da forma mais delicada que conseguiu, começou a escalar a pequena portinhola que mantinha um dos equinos. Digamos que foi uma situação um tanto quanto embaraçosa, aja visto que sua altura não colaborava muito para aquela circunstância.

A queda, contanto, não ocorreu delicadamente e o cavalo, ao invés de se assustar, soltou uma espécie de barulho que Rachel jurava ser uma risada de deboche.

— Ah, claro! – Falou mal-humorada, limpando suas roupas. – Nessa conjuntura, depois de passar poucas e boas, eu ainda tenho que virar chacota de cavalo.

Depois de perceber que a lama não sairia tão facilmente assim, a garota desistiu e passou a procurar um modo de colocar a sela que encontrara pendurada.

— Legal... – Ainda que quisesse demonstrar firmeza, sua voz estremecia e não era apenas culpa do frio, que por sinal era mais ameno naquele lugar. – Vem cá. – Suavemente deslizou o apetrecho nas costas de Charmoso, o nome que julgara pertencer ao animal, uma vez que estava esculpido na madeira. – Você vai me ajudar a sair dessa enrascada. – Terminou de prender firmemente a sela e finalizou o trabalho com um breve carinho no pescoço do bicho.

Procurando não fazer barulho, abriu a passagem e encarou as mãos que tremiam:

— É preciso! – Suspirou e começou a tentar subir na montaria.

Já havia lidado com cavalos antes, quando fora interpretar uma princesa no festival do fim do ano retrasado. Tudo bem... Um pônei. Mas era quase a mesma coisa, certo?

Não. Não era quase a mesma coisa. Charmoso sustentou, inesperadamente, quase todos os seus dois metros e meio nas patas traseiras, dando um relincho assustado com uma sombra que travou a saída.

Sombra da qual Rachel só percebeu depois de soltar um grito de pavor e se agarrar ao pescoço do animal (que a retirou do chão) até que o mesmo relaxasse, o que não demorou muito para ocorrer.

— Aonde pensas que vais? – Com a mão esquerda Quinn tentava acalmar o cavalo e com a direita apontava uma espada, que parecia muito afiada, para o corpo da menor.

— Quinn! – Rachel se espantou, afastando-se do animal para que não fosse esmagada por uma situação semelhante a que acontecera.

— Não dê mais um passo, bruxa! – A loira se aproximou cautelosamente. Suas sobrancelhas finas elevaram-se em um arco que Rachel não julgou ser nada bom e, com a proximidade, pôde observar melhor os olhos avelã a sua frente. – Sou a princesa deste reino e ordeno-te que desistas!

A jovem usava uma espécie de vestido muito bonito com um trançado no busto, apesar de que seria considerado super fora de moda pela Teen Vogue que leu na semana passada. No entanto, imaginou que Quinn era o tipo de garota que não deveria ligar para qualquer coisa que falassem dela e isso logo faria com que qualquer coisa que vestisse virasse moda. Ela parecia ser do tipo de pessoa que ditava a moda e que faria muito sucesso no McKinley.

—  Eu não sou... – Rachel começou a responder, batendo o pé no chão. Mas algo a fez pensar.

Não havia nenhuma outra possibilidade, que não fosse artística, de estar em um castelo com um calabouço verdadeiro, pessoas utilizando vestes antigas, falando de um jeito estranho e acreditando em bruxas.

A não ser que... Não. Aquilo não era possível. Voltar no tempo? Ela precisaria de um DeLorean e 1.21 gigawatt, no mínimo. Ninguém volta no tempo batendo a cabeça no vaso sanitário.

O terror começou a se apoderar de sua mente. Se isso realmente fosse o caso, ela estaria muito mais do que ferrada. Não sabia nada sobre a Idade Média! Ela estaria todos os palavrões que seus pais não a permitiam dizer.

— É! Isso mesmo! – Concebeu que não tivesse muito mais tempo e, ignorando a batida acelerada que seu coração passou a provocar, e todo o horror da situação, modificou o tom de voz e recorreu a única coisa que imaginou que a pudesse salvar. – Que Bette Midler esteja comigo. – Sussurrou para si mesma.

Ter assistido Hocus Pocus inúmeras vezes tinha que valer de alguma coisa:

— Hocus pocus! Tontus talontus! – Disse, teatralmente. - Vade celerita jubes! – Os olhos agora arregalados de Quinn exibiam certo terror crescente. Aproveitando a brecha, Rachel passou a rodear a garota enquanto iniciou uma canção. {Pressione CTRL + Clique Aqui para ouvir a música}

Durante toda a performance, que contou com muitos gestos e notas graves, Quinn quase não piscou. Com um movimento rápido, então, a mais baixa removeu a espada de sua mão, jogando-a longe. Em seguida, pegou o telefone no bolso e com um clique apontou para a loira.

“Por favor, que dê certo! Por favor, que dê certo!”, pensou com tanta força que imaginou que Quinn a tivesse ouvido, mas a mesma estava com algo parecido como estado de choque. Aquilo tinha que dar certo.

— Agora sua alma serve a mim! – Se Quinn antes já estava assustada, Rachel não soube dizer descrever o terror que pareceu dobrar-se quando mostrou a jovem a foto que acabara de tirar com seu Iphone. Havia funcionado. – Eu prometo libertá-la se você me ajudar a escapar... Promessa de bruxa!

Mas Rachel não pôde dizer se a loira escutara bem, porque no momento seguinte o corpo de Quinn estava desfalecido junto a palha no chão.


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Notas finais do capítulo

E ai? O que vocês fariam se suas almas fossem capturadas por uma bruxa? Hahaha!

Fiquei um tempo parada, com uma espécie de bloqueio criativo, mas pretendo voltar e dar continuidade com as fics.

Fiz até mesmo um pequeno roteiro pra poder visualizar as diversas possibilidades de decisões que os personagens poderiam tomar.

Realmente espero que tenham gostado!!

Qualquer dúvida, sugestão ou algo do tipo, podem comentar e me mandar mensagens aqui no meu perfil, que eu não deixarei de responder.

Obs.: Não deixem de ouvir as músicas, se puderem. Vai dar um ar muito mais legal para a história.



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