Back to the Past escrita por Lady Di


Capítulo 1
Capítulo 1 - The end of the Beginning


Notas iniciais do capítulo

Resolvi retirar esta história das teias de aranhas em meu notebook e postá-la aqui no Nyah. Espero que gostem.


P.S.: Os posts podem vir a demorar.

P.P.S: Aos que leem "Newcomer": Continuarei com as postagens.

Desejo-lhes uma excelente leitura.



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— ... O Clero e a Nobreza eram os grupos privilegiados, posto que possuíam os latifúndios nos quais algumas parcelas de camponeses habitavam com o encargo de pagamentos de renda e corveia aos seus senhores...

— Rachel...? Rachel!

— O quê!? – A garota levantou-se apressadamente, erguendo-se da carteira na qual (há alguns segundos) descansava profundamente.

— Você dormiu! - Kurt encarou a amiga. – De novo! – Disse indignado. – Não se esqueça que é a minha dupla para obter os papéis dos personagens principais no musical sobre a Idade Média na semana que vem! – O rapaz arrancou um post-it colado no rosto da jovem enquanto colocava a mochila sobre o ombro. – Já posso até imaginar a nossa apresentação... Eu como Meryl Streep em “O Diabo Veste Prada” e você como Morgan Freeman na entrevista no Q13 News.

— Meu caro e digníssimo amigo, primeiramente, como eu poderia me esquecer se você faz questão de me ligar de três em três horas e mandar mensagens de hora em hora? – Rachel imitou o gesto, colocando a mochila nos ombros, enquanto se dava conta de que a aula havia acabado, de modo que só restavam os dois ali, e começou a caminhar para os corredores do William McKinley High School. – E já que tocamos nesse assunto, preciso novamente dizer que estou cansada de informar que meu plano de mensagens é limitado, visto que meus pais proíbem a utilização de whatsapp depois do que aconteceu a Jennifer Lawrence, e que devo descansar minha voz quando chego em casa, afinal, uma nona oitava em dó não surge do nada. De modo que, peço novamente que você fique despreocupado em relação a isso, pois em segundo lugar, a Srta. Henry e o Mr. Schue com certeza já nos colocaram como personagens principais na peça. Eles só estão levando a diante essa baboseira de, abre aspas: “Seleção”... - Rachel moveu os dedos indicador e médio – Fecha aspas. Para não acabar com os sonhos dos pobres alunos de nossa turma que não possuem nenhuma aptidão teatral e musical como nós. Em terceiro lugar, eu sei que você está ainda mais ansioso, porque quer chamar atenção de Noah Puckerman, embora eu já tenha dito insistentemente a você que ele, definitivamente, N-Ã-O pertence ao lado rosa da força, e em quarto lugar, mas não menos importante, Morgan Freeman foi um dos protagonistas de “A menina de Ouro”, que ganhou diversos prêmios em diversos países, ok?

— Ok. – Kurt ajeitou a alça de sua mochila masculina de um ombro enquanto desciam as escadas com destino a arquibancada vazia. – Primeiramente, se essa peça não fosse urgente, e não possuísse o nome escrito em vermelho colado no post-it no meu notebook (onde só os eventos importantes tem o privilégio de ficar), eu iria respeitar seus costumes vocais e limites de mensagens. Até pararia de insistir com seus pais sobre o Whatsapp e retiraria meu argumento forte de que as pessoas prefeririam tirar as próprias córneas ao ver alguma fotografia da sua “skjeden”. Sem ofensas.

— Não ofendeu.

— Segundo, mesmo que confie em nossos talentos, não irei deixar de mostrar do que sou capaz em minha totalidade. Recomendo que você, como minha dupla, deva fazer a mesma coisa. Terceiro, como eu já te disse, flagrei Noah Puckerman dando uma checada nos meus glúteos no vestiário, através do espelho. Ele, D-E-F-I-N-I-T-I-V-A-M-E-N-T-E, é gay! Quarto, esse filme já tem mais de uma década. Quinto, você não perde a habilidade de falar demais nem mesmo quando está sonolenta. Sexto, você não precisa especificar quando uma aspa aparece. Isso já fica explícito quando você faz uso dos gestos com os dedos das mãos. E para finalizar, se livre desse colar horroroso que você achou na excursão de ontem.

— O que perdemos? – Antes que Rachel pudesse responder malcriadamente, Mercedes Jones se aproximou, com os cabelos devidamente escovados embaixo de um chapéu trilby, ao lado de Tina Cohen-Chang, que desta vez possuía seus fios capilares pintados com uma cor amarelada.

— Rachel adormeceu novamente na aula de história da Srta. Henry. – Kurt revirou os olhos ajeitando o cabelo devidamente penteado e repleto de laquê.

— Rachel! – Mercedes se pronunciou, sentando-se ao lado dos amigos, assumindo sua melhor performance de psicóloga, exibindo suas grandes pernas negras ao cruzá-las profissionalmente. – Há quanto tempo isso vem ocorrendo? – Tornou a encarar Kurt, esperando que o mesmo lhe desse uma resposta.

— Presumo que ela tenha assistido umas duas aulas, se somarmos com a excursão de ontem no museu. – Comentou o garoto. – Sim... Contando que temos três aulas semanais... - Passou a utilizar os dedos das mãos como auxílio nas contas - Em oito aulas, acredito que ela adormeceu em meia dúzia.

— Falando na excursão... – Mercedes pareceu repentinamente interessada. – Rach! Aquela mulher na pintura era idêntica a você!

— Sem dúvida alguma! – Kurt se empolgou da mesma maneira. – Tirando o nariz. O de Rachel é beeem maior!

— Ei, eu estou aqui! – A garota cruzou as mãos repetidamente à frente de seu rosto, retorcido em uma careta.

— O que está acontecendo, Rach? – Tina sentou-se ao seu lado.

Dessa vez a asiática possuía menos rímel nos cílios do que no dia anterior, mas mesmo assim era notável a mancha negra ao redor dos olhos.

— O que acontece é que não entendo o porquê de termos que ficar sentados por duas horas na frente de uma professora que tem o antídoto para insônia de Ralph Roberts. – Rachel prendeu os cabelos castanhos de qualquer forma em uma espécie de rabo de cavalo.

— Uau... – Mercedes chamou a atenção de todos os três quando soltou um ar pasmo.

— O quê? – Rachel arregalou os olhos, assim como os outros.

— Muito me espanta você saber de alguma referência que não venha apenas de uma obra cinematográfica, musical ou teatral.

— ‘Cedes... Para ser famosa, eu tenho que ser muito mais do que apenas um rostinho bonito com uma voz estonteante. – Rachel curvou os lábios em um sorriso, não reparando nos diversos revirar de olhos à sua frente. - Eu sou que nem a Tinker Bell, preciso de aplausos para viver.

— Ela só leu Insônia, de Stephen King, porque nossa professora de teatro do nono ano havia nos recomendado. – Kurt deu de ombros, soltando um suspiro cansado.

— Kurt!!

...

— ESTRELHINHA!!! – Um grito ecoou pela casa dos Berry, fazendo com que a adolescente no recinto descesse apressadamente a escada, a ponto de ter um enfarte.

— Papai! – Um enorme taco de baseball rosa surgiu das mãos de Rachel quando a mesma pôs os pés na sala de estar. – Cadê?!

— O quê?! – Hiram pulou do sofá em que estava e pegou o primeiro objeto acessível ao lado.

Hiram e Leroy se conheceram em uma performance teatral há mais de 20 anos e, para Rachel, o relacionamento de seus pais era a personificação do amor verdadeiro, mesmo sendo tão diferentes. Ela era resultado disso e tinha ciência.

Ambos doaram seus espermatozoides para uma barriga de aluguel e sempre providenciaram amor e suporte para que a filha alcançasse a ambição de se tornar uma estrela da Broadway, como sua diva Barbra Streisand.

— O ladrão!

— O quê?! – Repetiu em alerta.

— O ladrão!! – Rachel girava lenta e atentamente. Já o homem se tranquilizou, colocando o abajur em seu devido lugar.

— Estrelinha, não existe ladrão algum. – Hiram soltou o ar preso abrindo um sorriso, fechando-o logo em seguida. – Abaixe o bastão.

— Oh. – A garota atendeu ao pedido, parecendo um pouco menos assustada, mas ainda assim confusa.

— Eu a chamei, pois quero saber... – Curvou-se para pegar um papel na mesa de centro. – O que é isto? – Disse calmamente.

— Um pedaço de papel?

— Não... – O homem desdobrou a folha.

— Ah! – Aliviou-se. - Meu boletim.

— Me refiro a esta nota. – Um grande “X” em vermelho demarcava um número bem abaixo da média, destacando-se em meio aos “V’s” da cor verde.

— Oh-oh... – A menina tratou de abrir a boca em prol de sua defesa, contudo, Hiram a cortou.

— Volto a repetir minha pergunta... – Sentou-se novamente. – O que é isto? – O papel balançou levemente, em sua mão rente a face.

— Minha nota de história... – A voz da adolescente saiu em um sussurro.

— Desculpe? – Hiram arrumou-se na poltrona em que estava, levando uma de suas mãos à orelha, para poder ouvir o que sua pequena estrela tinha para dizer.

— Esta é a minha nota de história desse semestre, papai. – Rachel, de repente, interessou-se muito pelo piso de madeira daquele aposento.

— Tudo bem. – O homem cruzou as pernas. - Me encarregarei de ligar para a Srta. Harley pela manhã. Tenho certeza de que houve algum engano.

— Não, papai... – Aquilo era madeira de cerejeira?

— Não?

— Eu... Realmente não tenho me adaptado bem as aulas de história...

...

— O QUÊ? – Kurt segurou-se para não cuspir o líquido de sabor artificial de laranja.

— Desculpe? – Rachel pediu, tímida.

— Rachel! Os ingressos estão comprados a mais de meses!!

— Eu sei... Eu sei... – A voz da garota quase não saia de sua boca. – Mas eu não posso ir contra meus pais, Kurt.

— Leroy e Hiram devem estar malucos! – Kurt sentou-se, desamparado. – Fazer você perder o musical de “Os Miseráveis”! Onde já se viu?!

— Kurt... Já assistimos a esse musical umas dez vezes... – Respirou fundo. – Além do mais, eu preciso mesmo de um professor particular.

— Rachel Barbra Berry! – O rapaz terminou de dar o último gole no suco de laranja. – Seria uma ótima forma de estudarmos revolução francesa!

— Sério? – Rachel o encarou com um olhar cínico. – Eu não consigo passar nem da Idade Média!

— Oh-oh... – Kurt chamou a atenção da amiga e ficou mudo encarando algo mais a frente, o que fez com que a garota se virasse rapidamente. Ela já imaginava o que iria acontecer a seguir.

Finn Hudson, Noah Puckerman e toda a corja de jogadores de futebol americano marchavam em direção aos dois indefesos amigos naquela selva chamada “escola”, com raspadinhas de morango em mãos e sorrisos maléficos nas faces. Rachel deu um ligeiro olhar significativo para o amigo, que defendeu-se:

— Ele só faz isso porque gosta de mim, Rach. – Kurt dizia enquanto retirava velozmente seu cachecol de Cashemere da Burberry e o jogava dentro do armário. – Pura semiótica. Temos apenas que aprender interpretar os sinais.

Quando o líquido rosado entrou em contato com suas peles, ambos tiveram a mesma reação de choque inicial, mas em seguida trataram de fechar a boca – aberta pelo espanto – e, como haviam combinado, mantiveram o ar de superioridade, embora estivessem abaixo de toda a cadeia alimentar do colégio.

— Foi mal, Gatinha Judia e Porcelana. – Noah Puckerman mascava chiclete em meio a sorrisos enquanto se justificava sarcasticamente. – Estamos apenas cumprindo com nosso papel.

Rachel e Kurt tiveram que aguentar as risadas malignas que não cessaram até o grupo de jogadores virar à esquerda nos corredores secundários.

— Semiótica... – A garota bufou. – Estou vendo. – Balançou os braços para se livrar dos pedaços de gelo em seu corpo, mesmo sabendo ser inútil.

— Essa foi a ...? – Kurt perguntou.

— Vigésima Sexta.

— Eles estão apenas cavando a própria sepultura.

O plano era simples. Os amigos contavam todas as raspadinhas que recebiam, em prol de, em um futuro não muito distante (quando estivessem ricos e famosos), se vingarem de todos os Bullys.

— Droga... – Choramingou Rachel. – Era o meu sutiã favorito.

— Nos encontramos daqui a pouco? – E com um aceno da amiga, Kurt começou a caminhar para o banheiro masculino.

— O que não me mata me fortalece. O que não me mata me fortalece. O que não me mata me fortalece. – Rachel repetia para si mesma enquanto fazia tentativas catastróficas de salvar a peça íntima preferida. – Droga. – Deu-se por vencida após a sétima esfregada na pia do banheiro feminino.

Por sorte, a judia trazia consigo peças extra de roupas. Na vigésima sexta vez já era de se esperar estar preparado.

Foi então que tudo ocorreu em câmera lenta.

Ainda pronunciando seu mantra – “O que não me mata me fortalece” -, a estudante deu um passo em falso, escorregando no piso molhado pelo líquido rosado que anteriormente fora a raspadinha e teve sua cabeça chocada contra a latrina do vaso sanitário.

...

— Kurt? – A dor que sentia era imensa. Seu crânio com certeza estava rachado em umas cinquenta partes. Se fosse julgar pela dor que sentia? Hm! Com c-e-r-t-e-z-a ... Nunca mais poderia cantar, dançar, atuar, ou qualquer outra coisa. Talvez tivesse que permanecer em uma cadeira de rodas, como Artie Abrams do primeiro ano, ou pior... Talvez tivesse morrido. Será? Não... Tinha muita coisa para fazer!! Quem iria ser a mais nova estrela da Broadway? Com certeza seria ela. A não ser que estivesse morta... Uma morte horrenda para uma atriz em ascensão. Uma queda no banheiro da escola, com direito a cabeça na privada. Ótimo local para se morrer. O banheiro feminino do McKinley.

Aliás... Aonde estava?

Rachel abriu os olhos com certa dificuldade devido aos insensíveis raios de sol, até ouvir o som de cascos de cavalos em contato com a terra. Espera...! Cavalos?! Terra?!

A garota logo tratou de abrir os olhos prontamente. A dor já havia passado, mas ameaçou voltar assim que observou onde estava. Aquilo só podia ser a sua imaginação afetada pela queda no banheiro.

Uma floresta de pinheiro se estendia até onde a visão da pequena garota pode alcançar. Flocos de neve caiam do céu, formando uma fina camada de gelo. E antes mesmo que Rachel pudesse pronunciar qualquer palavra de espanto, ouviu passos atrás de si.

— Meu senhor!! Creio que encontramos um dos fugitivos!! – Uma voz esganiçada fez com que a garota despertasse de seu assombro e se virasse por completo, deparando-se com um homem baixo de olhos pequenos e úmidos, de sorriso perverso que revelava a escassez de dentes, com a face repleta de verrugas por toda a sua extensão, completamente coberto com peles de animais. E não... Rachel constatou. Não eram animais sintéticos.

— Me larga!! – Rachel tentou se soltar das garras do homem. Suas unhas pareciam nunca ter visto uma manicure.

— Muito bom trabalho, Edgar! – Outra voz masculina preencheu o ambiente, ignorando-a por completo, fazendo com que Rachel percebesse a situação em que se encontrava.

Cinco homens montados em cavalos estavam dispostos ao seu redor. Todos vestidos com armaduras de metal e armados com espadas e apenas o homem que a segurava estava sem uma montaria.

— Homens! – A garota notou que o cavaleiro que a ignorou era o único com uma vestimenta diferenciada. Os adornos eram outros, de ouro talvez. – Devemos separarmo-nos. A metade de nós deverá levar a prisioneira até as masmorras do castelo real para sua execução daqui a três luas. Já a outra metade deverá seguir a trilha do norte para rastrear os demais ratos imundos!

— Sim senhor! – Repetiram os outros em coro, e apenas guiados por gestos do homem que vestia a armadura dourada, a metade do grupo se dispersou.

— E-Execução?! – Rachel arrepiou-se. – O-O quê?! – Sua visão ficou turva.

— Silencie-se perante ao Príncipe Arthur Stringer Amênico Matteo, das Terras do Sul. Ser desprezível! – O homem com a voz esganiçada fez menção de deferir um golpe em seu rosto, porém fora interrompido.

— Edgar, basta. – Disse o príncipe, tranquilamente. – Sabeis muito bem que vosso Rei faz objeção a qualquer tipo de violência com seus prisioneiros até a execução.

— Com... Como as... – Mas Rache não pôde concluir, pois seu corpo já se encontrava desmaiado na neve.


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Notas finais do capítulo

E ai? Gostaram? Deixem seus comentários para que eu possa evoluir minha escrita. Atenciosamente, a autora.