A Flor da Carnificina escrita por Essa conta não existe mais, Niquess


Capítulo 13
Capítulo 12 - Acusado.


Notas iniciais do capítulo

Oláaaaaaaaaaaa!
Sentiram falta da história? Quero agradecer a todos vocês que estão lendo, é muito bom saber que tem gente que tá gostando e acompanhando. Vale a pena escrever quando eu sei que isso acontece.
Mãaaas, eu gostaria muito que vocês comentassem também o que estão achando, o que precisa ser melhorado, etc.
É isso.
BEEEEEEEEEEEEEEIJUX DE LUZ



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Isaac acordou cedo naquele dia, não conseguiu mais dormir após sonhar com a mãe. Ter aquele tipo de sonho era bastante doloroso para ele, pois sabia que ia acordar e ela não estaria mais ali, que tudo tinha sido fruto da imaginação dele.
Caçou na mochila um maço de cigarro e acendeu dentro do quarto, não sabia se era permitido fumar naquela casa. Na noite anterior viu Gilberto, o homem com quem se ''relacionou'', e este apenas apertou as mãos e disse: Seja bem-vindo, e bom trabalho. UFA!- Pensou Isaac, já que não estava disposto para favores sexuais do homem.
A mãe do garoto era uma mulher independente, não dependia muito do marido, e observou que os dois eram bastante afastados um do outro, e isso o fez sentir-se mal, pois ele sabia que ajudou a distanciar ainda mais o casal, porém a culpa não era inteiramente dele, aquilo que ele fazia era ''trabalho''.
– Que horas são? - Perguntou Aline, levantando da cama macia na qual dormiu a noite toda sem interrupções.
– Ainda não amanheceu. Inácio disse pra esperarmos o pai dele vir falar com a gente.
– A mulher é meio... - Aline mordeu o lábio inferior e continuou - metida.
– Eles nos deram uma cama quente e confortável, não temos nada para reclamar. - Falou Isaac ficando de pé. O quarto onde os irmãos estavam tinha um banheiro pequeno, com chuveiro e vaso sanitário. O rapaz se despiu e entrou no banheiro para tomar banho, queria começar o dia renovado.
– Será que vou ter trabalhar como empregada? - Perguntou Aline.
– Não sei... - Falou Isaac do banheiro. Enquanto se banhava, sentiu a necessidade da presença de Fábio naquele momento. Queria as mãos alvas dele acarênciando seu corpo moreno, mas chaqualhou a cabeça, tentando afastar aquele pensamento. Ele não é uma boa pessoa.

Do outro lado da cidade, Fábio, que ''trabalhou'' a noite inteira, havia acabado de chegar em casa exasto e com sono. Foi para bares, bebeu e vendeu as drogas que lhe foram encarregadas. Por um momento sentiu-se vazio como o copo de que deixou após tomar a primeira bebida, mas depois pediu mais uma e se encheu, ou achou que se encheu.
Tirou a calça jeans, e a blusa branca surrada que ganhou de seu pai quando tinha 13 anos, e o surpreendente era que a blusa ainda servia nele. Por um instante, Fábio observou a blusa e lembrou da vida que levava. Seu pai era boêmio, bebia a noite toda e voltava de manhã para casa. Quando Fábio tinha 14 anos, seu pai foi embora e nunca mais apareceu. Ele até cogitou procurar por ele, mas acabou conhecendo uma garota e os dois se envolveram, até que a menina acabou engravidando, e para que não abortasse, a mãe de Fábio se comprometeu a cuidar a criança.
O rapaz espantou as lembranças e foi tomar banho. Inevitávelmente, lembrou de Isaac, e na merda que tinha feito. Desejou que o outro estivesse ali no banho com ele, mas espantou o pensamento. Isaac era nobre demais para ficar com ele.

Marli acordou cedo e junto a ela, Carolina. A menina iria voltar a estudar depois de ter ficado tanto tempo fora da escola. A avó da menina penteava os filhos escuros da neta e pensava no filho. Ela sentia raiva, mas ao mesmo tempo sentia tristeza. Queria poder olhar para Fábio todos os dias, saber que ele está bem, que não está fazendo coisas ruins, que está em uma faculdade. Pelo contrário, o filho se prostituia para ter o luxo que ela não poderia dar para ele. E isso a deixava extremamente mal com a vida.
– Mãe? - Chamou Carolina.
– Oi? - Respondeu Marli, acordando de seus devaneios.
– Você está com raiva do Fábio? Por quê? - Marli pegou um elástico de cabelo e amarrou os fios da menina, depois ficou de pé e entregou à ela a mochila cor de rosa da Barbie, que ela usava para ir à escola.
– Não sei se vou poder te buscar na escola hoje, mas caso eu não apareça, venha com a mãe da Sara, tá? Vou deixar a chave aqui de casa com ela.
– Você não respondeu? Por que está com raiva dele?
– Tem coisas que você só vai entender quando estiver maior, então não adianta te falar nada agora. - A avó pegou Carolina pela mão e as duas saíram de casa em direção à escola. Antes de fechar o portão, Marli falou mais advertências à garota : - Caso o Fábio apareça, não abra a porta, e se ligar, desligue. Entendeu?
– Sim - A garota respondeu triste, ela gostava muito de Fábio, e ter que desprezá-lo era difícil.


Isaac e Aline já estavam vestidos e arrumados, quando a empregada da família apareceu batendo no quarto que era ocupado pelos irmãos.
– Olá! - Cumprimentou Isaac, abrindo a porta.
– Bom dia. Eu vim chamá-los para o café da manhã. - Falou Cleusa, saindo em seguida, em direção à casa. Os irmãos seguiram a mulher, e os dois ainda sem jeito sentaram-se à mesa junto com a mãe, o pai e o filho que era o mais entusiasmado dos três.
– Bom dia - Cumprimentou Denise, pegando uma torrada e passando manteiga. - Fiquem à vontade, enquanto conversamos sobre o trabalho de vocês dois aqui. Pode comer - Os irmãos pegaram alguns dos alimentos que ali estavam e começaram a comer com vontade.
– Então... vocês não tem casa, como sabemos. - Iniciou Gilberto - Logo, vocês ficaram morando aqui, podem se alimentar junto com a família, mas peço que ultilizem para espaço pessoal apenas o quarto direcionado a vocês. Segunda coisa, a menina... como você se chama?
– Aline - Respondeu a caçula.
– Isso! Você vai trabalhar aqui ajudando Cleusa. Você sabe cozinhar?
– Sei sim. - Respondeu Aline, entusiasmada.
– Então... você vai cozinhar. Já poupa um pouco o seu trabalho, hein, Cleusa? - A empregada deu um sorriso amarelo, e não repondeu nada.
– Tudo bem, eu cozinho.
– E você, Isaac - Iniciou Denise - Você vai acompanhar Inácio onde quer que ele vá, está ouvindo? Não importa se ele vai para a padaria ou se vai à um show de Rock, quero que o acompanhe sempre. E acho que Gilberto já acertou o salário, não é?
– Já - Isaac olhou para o pai, que o enviava um olhar sínico.
– Ótimo. Agora ele vai para a faculdade e você vai com ele e vai voltar com ele. Combinem a hora direitinho. - Inácio terminou de tomar um café com leite e levantou, pegando a mochila jeans rabiscada. Isaac o seguiu, ia começar o trabalho já bem cedo.
Aline ficou um pouco nervosa ao ter ficado sozinha com os ''patrões''. Denise pediu à ela que a acompanhasse até a cozinha e depois pediu à Cleusa para passar para ela o que devia ser feito ali.

– Então... quer ir ao shopping? - Perguntou Inácio, enquanto os dois caminhavam em direção ao metrô. Os pais de Inácio tinham carro, mas ele gostava de andar só, então seus pais o permitiam a liberdade de pegar transporte público.
– Você não devia ir para a faculdade?
– Lá é um saco. - Bufou Inácio.
– Você devia estar feliz por poder estudar. - Inácio ficou quieto. Não queria que o ''segurança'' fosse um quadrado. Incomodado com o silêncio, Isaac resolveu desleixa-se um pouco.
– Tá, vamos ao shopping. - Inácio sorriu e os dois mudaram a rota da Faculdade, para o shopping.

– Você fuma? Perguntou Inácio, ao rapaz, quando eles chegaram ao shopping.
– Sim, quando posso. E você?
– Claro! - Respondeu Inácio. - Desde os 15. É um vício ótimo.
– Ah sim... Não tão ótimo assim. Você pode estar antecipando sua morte.
– Oras - Inácio riu - Você também vai estar. Também fuma.
– Eu já estou doente, fumo pra sofrer menos. - Isaac deu uma risada dolorida.
– Sério? O que tem? - Perguntou Inácio, preocupado.
– Não somos tão amigos assim pra te revelar minhas intimidades. Mas garanto que algum dia, sem que eu te fale você vai acabar descobrindo.
– Tem cura?
– Pare de fazer perguntas, garoto!
– Quantos anos você tem pra me chamar de garoto?
– 21 e você? Deixa eu adivinhar, 18?
– Que nada - Inácio gargalhou - 20 anos mal vividos.
– O que você acha que é viver? - Perguntou Isaac, Irônico.
– Sei lá... o que você vive. - O segurança não aguentou e começou a rir descontroladamente.
– Você não duraria nem um dia na minha pele, garoto.
– Pare de me chamar de garoto, sou um ano mais novo que você. - Pediu Inácio, enfezado.
– Tá! Mas pare de achar que minha vida é ótima. Você é a primeira pessoa que vê glamour em uma vida de mendigo. Além do mais, eu nem era mendigo, eu tinha uma casa. Só que lá era como o inferno na terra, eu tinha que fazer coisas que não queria fazer. Na real, daria tudo pra poder ter a vida que você tem, sabia? Minha mãe morreu quando eu tinha 10 anos. - Inácio lançou um olhar de consolo para Isaac que falava tudo muito amargado.
– Me desculpe. Eu não quis glamourizar sua vida, só quero ter liberdade. Quero respirar outros ares. Meus ''amigos'' - fez aspas com os dedos - só pensam neles. E sempre tentam fazer o que podem para serem melhores que os outros. Não me agrada esse tipo de gente.
– O que você gostaria de fazer pra poder se sentir melhor?
– Sei lá... lutar com alguém. Usar drogas ou transar muito. Machucar alguém. - Isaac sorriu.
– Quer saber? Eu sei como te tirar dessa monotomia, mas é arriscado e tem que ter comprometimento.
– Fala...
– Quero machucar algumas pessoas, mas machucar mesmo! Se quiser me ajudar... - Os olhos de Inácio brilharam.
– Eu topo.
– Ótimo!


Fábio havia recebido dinheiro de Patrick na noite anterior, resolveu então comprar algo para a filha, ou levá-la para passear. Ele sabia que podia ser arriscado, mas quis fazê-lo, pois não tinha um momento à sós com a menina há tempos, e sentia falta dela.
Ele sabia onde a garota estudava, e sabia que a mãe podia não estar no portão de saída quando a aula terminasse. Então o rapaz sondou o lugar até a hora da saída da menina. Quando eram 11: 40 os portões da escola onde Carolina estudava se abriram, e não havia nenhum sinal de sua mãe por ali, ótimo!
Fábio atravessou e foi até o portão. Quando Carolina saiu e viu Fábio parado, pensou se podia ir ou não, lembrou do que a mãe havia dito a ela, mas a vontade de ''ficar'' com o irmão era tanta, que ela desacatou a mãe e foi correndo em direção à ele.
– Ei! - Fábio abraçou a garotinha e pegou a mão da mesma, indo em direção à um ponto de ônibus que havia ali por perto.
– Onde nós vamos? - Perguntou Carolina.
– Ao cinema. Que tal? - Enquanto caminhavam, a mãe da coleguinha de Carol apareceu.
– Ei! Carol? Sua mãe me disse que era pra te buscar, mas não disse que você iria buscá-la. Tudo bem? - A mulher cumprimentou o rapaz.
– Tudo! - respondeu ele.
– Pode deixar, nós vamos ao cinema - Falou Carolina. Fábio sabia que se a mãe soubesse iria ficar furiosa com ele, mas mesmo assim, não desmentiu a garota.
– Então tá! Aqui está a chave da sua casa- A mulher entregou o objeto à Carolina que o colocou na mochila.
– Tchau! - Os dois continuaram andando em direção ao ônibus.


Marli chegou em casa mais cedo do que o normal, e estranhou quando viu que Carolina não estava em casa. Pensou então que ela poderia estar na casa da colega, brincando. A mulher sentia-se muito cansada. Tinha trabalhado a noite na escola fazendo faxina, e de manhã cedo em uma clínica. Precisava dormir, mas não gostava daquele silêncio em que a casa estava. Levantou e foi até a casa da vizinha buscar a neta para lhe fazer companhia.
– Como assim a Carol não está aqui? - Perguntou Marli, assustada.
– Ela saiu com o Fábio. Ele foi buscar ela na escola. Pensei que tivesse pedido isso pra ele. - A mulher espumou de raiva. Pediu para a menina não ir com ele, mas Carol era tão desobediente quanto o pai.
– Ela disse onde ia?
– Disse sim. Disse que iria no cinema com ele. Eles estavam caminhando em direção ao ônibus que vai para aquele shopping de tijolinhos.
– Sei... Obrigada! - Marli deu as costas para a mulher e decidiu ir atrás dos dois no shopping que ela sabia muito bem onde era.
Quando chegou no local, olhou em todas as partes. Sentiu medo do rapaz ter saído dali com a garota, ela não confiava mais no filho. E quando decidiu sentar um pouco para pensar no que fazer, viu os dois andando em direção à uma praça de alimentação. A garotinha segurava uma sacola de uma loja de brinquedos. Marli levantou rapidamente e foi em direção aos dois, gritando:
– SEGURANÇAS! ELE ROUBOU MINHA FILHA! - Fábio e Carolina reconheceram a voz e se viraram.


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Notas finais do capítulo

O que vocês acharam do Isaac e do Inácio?