A Flor da Carnificina escrita por Essa conta não existe mais, Niquess


Capítulo 10
Capítulo 9 - Encontro Marcado.


Notas iniciais do capítulo

Boaaaaaaaa noiteeeee!
Primeiramente, quero agradecer a Sthefani que recomendou essa história. QUERIDA MUITO OBRIGADAAAAAAAAA!



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– Patrick, amigo! - Falou Fábio, abrindo a porta de seu apartamento.
– Então, vim buscar a fatura. - Patrick adentrou o apartamento e sentou no sofá surrado de Fábio, cruzando as pernas.
– Espere um momento. - Fábio fechou a porta e foi até a cozinha, abriu a gaveta do armário e pegou a caixa azul caneta onde estava o dinheiro que ele pegou da mãe.
– Aqui está. Certinho. - Fábio sentou ao lado do ''amigo'', e pegou um cigarro no bolso da bermuda que usava, acendeu e começou a tragar. Patrick contou nota por nota, e ao terminar de conferir quanto tinha dado, percebeu que a tinha pó branco em cima da mesa. O rapaz levantou, e caminhou até ela, passando os dedos sobre o pó, e levando depois até o nariz. Era o que ele suspeitava : Cocaína, Fábio havia usado sua cocaína.
– Acho que você deixou cair alguma coisa aqui. - O dono da casa levantou e ao se aproximar de Patrick, levou um susto quando percebeu que tinha deixado um pouco da droga sobre a mesa.
– Caramba! - Fábio tentou juntar os restos com a mão, mas Patrick deu um tapa de leve nas mãos do rapaz, que parou o que tentava fazer.
– Não precisa limpar. Eu sei que você usou, não sou idiota. Mas acontece que eu não quero ter um rombo na mercadoria, entendeu? Eu te repassei 70% da minha droga, e tô vendo que você usou 20%, então, preciso suprir esse 20 que você consumiu. Vou descontar um pouco de você. Vai receber 200 reais e só.
– Porra! É muito pouco, caralho! - Falou Fábio, exaltado.
– Olha como fala comigo - Patrick falou calmo - E não vou mais deixar você vender minhas drogas sozinho. Vi que não é confiável, mas preciso de você. Tem um amigo meu que vai te ajudar nas vendas. - O ''amigo'' caminhou até a porta e abriu a mesma, mas antes de sair disse: - Depois de amanhã eu vou trazer a droga nova. Quero que venda tudo o que eu trouxer, se não eu destruo seu cu, tá ouvindo? - E bateu a porta.
Fábio caiu no sofá e voltou a fumar. Ele percebeu que Patrick não mencionou Isaac, o que era bom, talvez ele tivesse esquecido, ou deixou pra lá por um instante. O traficante era imprevisivel, ele não dava muita pista do que iria fazer e com quem ia fazer, e isso deixava Fábio com um pouco de medo. A cocaína ainda fazia efeito no rapaz, ele sentia uma euforia louca e ao mesmo tempo calma. Resolveu ir tomar um banho para ver se conseguia se sentir melhor daquela sensação.

Isaac e Aline estavam em um corredor de hospital. A menina apoiava a cabeça no ombro do irmão, esperando ser atendida, e Isaac ainda feliz com a notícia de que ele iria começar a ganhar dinheiro e lar, não parava de sorrir. Ele queria muito poder contar para Fábio, mas no mesmo milésimo de instante, lembrou do que o outro fez com ele, e parou de sorrir. Depois esticou os lábios outra vez quando lembrou que provavelmente na noite seguinte ele iria dormir em um lar.
– Pode vir menina. - Chamou uma enfermeira alta e jovem. Isaac permaneceu sentado, e sua irmã entrou na sala para ''melhor'' o estrago feito pelas prostitutas.
O rapaz pensou rapidamente se aquilo não seria uma armação para ele, mas era necessário aceitar a oferta. O que viesse, seria mais do que lucro.

– Onde vamos passar a noite? - Perguntou Aline, que depois de ter enfaixado o nariz e ter tomado analgésicos, sentia tanto sono que deitou na calçada do hospital.
– Eu não sei. Temos que voltar naquele bar onde deixamos nossas coisas pra buscá-las lá.
– Posso dormir primeiro?
– Caralho! acabei de lembrar que meus coquitéis estão na minha mochila. - Isaac bateu com a palma da mão na testa e encostou na parede - Eu consegui um dinheiro, acho que podemos achar um lugar pra dormir, sei lá, um motel...
– Rápido, quero dormir...
– Tá... Mas temos que ir lá no bar. - Isaac pegou Aline pela mão e saiu ''arrastando'' a garota em direção ao bar que estava distante dali.
Quando os irmãos chegaram, o bar já estava quase fechando. O dono do bar, um senhor português que tinha um sotaque super puxado tiravava as cadeiras do lado de fora, mas assim que viu os dois chegando, mostrou seu lado receptivo. Ele não fazia ideia do que os dois andaram fazendo naquela noite.
– Seu Souza, vim buscar nossas coisas. Ainda bem que não demorei a chegar, o senhor já está fechando.
– Não seja por isso. Vou pegar as coisas pra vocês. Estão com fome?
– Sim! - Falou Aline.
– Vou preparar um suco de laranja e sanduíche de presunto pra vocês. - O português administrava o bar sozinho. Ele fundou o estabelecimento com a esposa, mas essa faleceu, desde então ele reje o bar, sem funcionários, que para ele era ótimo, sobrava mais dinheiro e dava menos despesas.


Inácio estava mais do que entediado. Foi para a faculdade, voltou, jogou X-BOX, cansou de jogar, se masturbou, tomou um banho e agora ele estava jogado na cama de seu quarto. Nas últimas semanas ele sentiu uma dor esquisita no peito, que era tênue entre o tédio e a tristeza. Fazia faculdade de direito, mas não se dedicava tanto. Ele queria ser professor de arte. Uma profissão inpensável para uma pessoa como ele. Cresceu em berço de ouro, mas foi carente de amor de pai e mãe. Não teve irmãos, e aprendeu desde cedo que o dinheiro é mais importante do que a felicidade. Talvez, se fosse pobre ele não sentiria aquela dorzinha chata, ou a garganta embargando.
– Inácio? - Chamou Gilberto, abrindo a porta do quarto do filho e sentou na cama do rapaz.
– Oi? - O rapaz secou as poucas lágrimas que insistiram em escorrer por seu rosto, e sentou.
– Tenho uma ótima notícia pra te dar. Adivinha quem eu encontrei hoje por acaso?
– Quem? - Perguntou Inácio, sem muito interesse.
– O seu herói, aquele que você estava procurando. - Inácio ficou de pé, e pôs-se de frente a seu pai.
– O mendigo?
– O mesmo. Eu pedi para que ele procurasse a delegacia onde sua mãe trabalha, e amanhã ele vai lá.
– Caralho pai! Tem certeza que era ele? Como você sabia que era ele mesmo?
– Acredite em mim, filho, era ele.
– Então...
– Precisamos esperar ele ir até a sua mãe na delegacia, ele me prometeu que vai aceitar, até porque ele precisa muito desse dinheiro que eu ofereci.
– Obrigado, pai. - Inácio ia dar um abraço no pai, mas relutou, voltando a se jogar na cama.
– De nada - Gilberto levantou e saiu do quarto. Esperava que o filme nunca descobrisse o modo como ele e o ''mendigo'' se encontraram.
Inácio estava ansioso. O segurança podia ser uma oportunidade de uma melhora de vida, uma saída do tédio ou da solidão. Aquilo o deixava esperançoso.


– Muito obrigado, Seu Souza. - Agradeceu Isaac, apertando a mão do português.
– De nada. Se precisarem de alguma coisa...
– Pode deixar. Obrigado. - Os irmãos deram as costas e foram procurar um motel onde eles pudessem passar a noite.
Eles caminharam uns 20 minutos até chegarem em um estabelecimento para repousarem na noite.
Isaac pagou para a recepcionista e reservou 8 horas, o que custou mais do que a metade do que o rapaz tinha recebido naquela noite.
Quando entraram no quarto, perceberam que o motel não era nem de longe bem cuidado. Aline percebeu que havia um preservativo usando pendurado no apoio da cama.
– Eu até pensei em reclamar, mas vou dormir porque não me aguento em pé. - A garota se jogou na cama, sem se importar com a sujeira, apenas repousou e não demorou pra dormir.
O irmão deitou na cadeira reclinável que ali tinha e dormiu esperando o dia amanhecer. Estava ansioso demais para conseguir dormir, mas se esforçou e acabou adormecendo.


Denise chegou antes de todos na delegacia. Ela tinha chegado mais cedo para realizar o trabalho que não terminou no dia seguinte. Assim que entrou na sua sala, ela deu uma olhada nos porta-retratos que estavam em sua estante. Não aguentou segurar as lágrimas quando viu a foto dela com seu marido, segurando Inácio que era bem pequeno na época. O que aconteceu no casamento deles para que terminasse daquele jeito? Na noite anterior o homem nem sequer entrou no quarto para dormir com ela.
– Denise? O advogado da babá quer marcar um almoço com você à 1 hora da tarde. Posso confirmar? - Perguntou uma moça que era auxiliar de Denise. A mulher secou as lágrimas e balançou a cabeça, confirmando a pergunta feita. A auxiliar, temendo atrapalhar a delegada, saiu logo, deixando-a sozinha novamente.
A mulher então resolveu começar a trabalhar, não iria perder tempo. O que tiver que ser, será.

Quando Denise já ia sair de sua sala e ir almoçar com o advogado, se surpreendeu com a presença ilustre que apareceu na delegacia. Era um rapaz que usava uma roupa básica e uma garota que tinha o nariz enfaixado e o olho direito roxo.
– Eles estão procurando por você, Denise - Falou a auxiliar.
Denise olhou cética para os dois, e logo recordou do retrato falado feito pelo filho, era aquele rapaz o mendigo salvador de sua cria.
– Você é? - Perguntou a delegada.
– Meu nome é Isaac - O rapaz estendeu a mão para cumprimentar a mulher, que não retribuiu o gesto. - Eu sou o rapaz que você procura.
– E ela é?
– Ela é minha irmã. - Isaac sentiu um pouco de incomodo de ser tratado daquele jeito pela mulher. Se ele visse que seria alguma coisa humilhante, ia voltar pra rua, não queria ser mais humilhado do que estava sendo.
– Entrem na minha sala, por favor. - Os irmãos seguiram a mulher e sentaram-se nas cadeiras em frente à mesa.
– Então... Você é Isaac, não é?
– Sim. Eu encontrei seu marido, na verdade ele me encontrou - Isaac riu rápido - E me pediu pra falar com a senhora sobre o emprego de segurança do seu filho.
– Onde você o encontrou? - Perguntou a mulher, aflita com a resposta.
– Ele estava... comprando algumas coisas pra comer - mentiu Isaac.
– Hm... bem, eu gostaria de acertar esse trabalho na presença do meu filho, pode ser? Eu tenho um almoço marcado à 1 hora, e estou atrasada, mas eu peço que volte hoje mesmo às 4 horas, tá bom? É mais ou menos o horário que o Inácio está em casa.
– Combinado, senhora - Isaac tentou mais uma vez estender a mão para que a mulher apertasse, mas lembrou da relutancia da mesma na primeira vez, e murchou.


Fábio não tinha recebido o dinheiro, e era o que ele mais precisava naquele momento, tinha que comprar coisas para comer. Ele então decidiu ir atrás de Patrick para ver se pegava o dinheiro que ele não tinha lhe pagado.
No caminho para o suposto lugar onde ele iria encontrar com o traficante, ele iria passar em frente à 9º DP, que irônicamente fechava a porta de vidro justo na hora em que Isaac e Aline saíram, e deram de cara com o fumante que não percebeu, apenas esbarrou no outro rapaz que também estava desantento.
– Me desculpe - Falou Fábio, sem saber quem era.


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