Ancorado escrita por Edgar Varenberg
Notas iniciais do capítulo
Infelizmente o teu primeiro choro não foi o último...
Sei que passou um noticiário na televisão sobre pessoas iguais a mim. Toda a melancolia e estratégia de ângulos me fez engolir as areias da noite passada e eu me sentia arranhado por completo. Era aquela velha rotulação de achar que tratamentos padronizados funcionavam, como se todos os seres fossem peças iguais de um tabuleiro. E eram. Mas não desse modo. Aquela surdez acostumada dos chiados do aparelho velho e todo aquele cheiro de antiguidade me deu vontade de persistir no acerto que me transferia para outros mundos.
Passou-se muito tempo e ainda assim a sensação que me trazia é que eu tinha dado quase quinze passos para trás. Talvez para consertar meus erros. Anular arrependimentos. Desfigurar o espaço-tempo. Consertar coisas é perda de tempo, elas se quebram depois de qualquer jeito mesmo, e a gente só aceita... Se não quebram por bem, quebram por mal. É tão grande, é tanto peso, carga demais para os músculos se mexerem. Carga demais para emoções.
Faíscas perturbadas rosnaram para mim
Alucinaram minha audição no súbito escândalo
Regularam a sintonia assombrada do processo
Chiaram e silenciaram às alturas
Fazendo mais barulho que entidades tímidas
Rangeram, bateram na porta e se puseram
De forma que as veias do corpo não pulsassem
Traumatismo plantado no meu carpete novo
Impureza arrastada com meio grau de violência
Expurgaram pra sempre as manchas ocultas
Eternizaram à luz de velas em um pentagrama
Tudo que aconteceu naquele dia ainda me assombra.
Mas é pesado...
Demais.
Não quer ver anúncios?
Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!
Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!