Ancorado escrita por Edgar Varenberg
Notas iniciais do capítulo
Primeiramente, esse será o último episódio desse conjunto de poesias. Eu não queria que acabasse tão rápido, mas vai acabar. Os motivos eu explico nas notas finais. Para simbolizar a frase deste episódio, trago uma frase que, pela primeira vez, não é minha, portanto, vai os créditos:
"As trevas me iluminaram..."
(Zed - League of Legends)
Tudo que eu lembro foi que o ódio sumiu. No meio da caminhada... Talvez fosse falta de encontro cara a cara com o grande inimigo, mas a vida colocou na minha cabeça que aquilo nunca iria acontecer; e, apesar de não acreditar em nuncas, eu acreditei naquele. Apesar da caminhada... Apesar de nem ter olhado para trás, percebi que vim a lugar nenhum. Cego por um tormento sem sentido.
Se eu não morri, o propósito não é ir atrás da morte. Se a morte me quisesse, ela teria me raptado na primeira (das muitas) oportunidade que teve. O ódio foi embora, a negatividade nem tanto; as trevas muito menos. Mas eu vi que era bom, assim como Deus criou o mundo e viu que era bom. Assim como ele criou luz no meio das trevas e viu que era bom. Assim como eu via que era bom.
Era bom.
Todos os perdões foram à lixeira
Varridos despreocupadamente
O outono veio, espalhou cegueira
Harmoniosamente
Perdi meu braço direito
Não literalmente
Não enxerguei além do perfeito
Lamentavelmente
E a lua acinzentada do décimo dia se repete
O terceiro ciclo de maldições
Por antes ter conhecido
Por entre sentir o afável
Por pós dissoluções
A amarga decisão gerou demais decisões
Marcou-se um eterno que durou
Durou mais que qualquer promessa
E continua durando, trazendo remessa
De vínculos que não se quebram
Em qualquer lugar lá estará
Em qualquer situação o coração parou
Vesti-me falsamente
Esperei agradar
Pôs-me a continuar
Era difícil
Eu sempre soube desde o início
Dói
A ventania joga tudo fora
Às vezes traz conforto por meia hora
E não é a pessoa
É o sentimento
Perdido porque a criança se empolgou demais
Perdido porque na manga não tinha um ás
Conheço todas as invisíveis dores
Lamento por não tê-las conhecido antes
Lamento pelo cantar não ouvido
Que queria tanto...
Cresce
Ninguém quer que as paredes caiam
Ninguém deseja o cair da ponte
Porque nutrir-se da fonte
É essencial ao ver humano
Imprescindível contra o insano
Não há luz nem há plano
Tudo se resumiu ao plano final
O faz de conta do último encontro
Por tudo...
A poça que me afogou em tanta escuridão
O iluminar que as trevas me deram
O desfazer do que não foi feito
Eu agradeço
Até ironizo
Achei que passaria por diversos obstáculos
Que a caminhada seria maior
Que eu veria ainda mais do pior
Mais do que já tinha visto
O pior sempre esteve dentro de mim mesmo
Antes gélido
Hoje sombrio
E são trevas boas
Não é assim que soa
Cada gota de ódio anulou-se numa cura
Impediu-me de uma suposta loucura
Enferrujou a tentativa de fechadura
Colocou-se em ordem de amargura
Lamentarei todos os dias como se estivesse queimando eternamente no inferno
Mas sem culpa
O que eu quero já não está mais em você
Nem em mim
Nem em nós
Nunca esteve.
Boa sorte.
Vai precisar.
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Agora eu venho explicar porque estou finalizando isso no 10º episódio sendo que eu falei que teria cerca de 30.
Então, é estranho falar, mas essa coletânea é movida por ódio no coração. Quanto mais ódio no coração esse autor tiver, mais episódios ele fará. Entretanto, faz muito tempo que não sinto nada a respeito e acabei percebendo que virou algo permanente (tanto que é sobre isso que o episódio final fala), os rumos mudaram e pode ser um tanto decepcionante, mas, pelo menos, é um final feliz, isso eu sempre garanti que seria. Só foi menos sombrio que o planejado, porém foi mais profundo do que eu imaginei de primeira, então isso me alegrou.
Estava aguardando para postar neste dia em específico também, por isso demorei mais um pouco.
E é isso, agradeço muito a todos que acompanharam até aqui. Aceito bate-papo via MP porque amo isso