Ancorado escrita por Edgar Varenberg


Capítulo 10
Versos Dúbios - Acervo Final


Notas iniciais do capítulo

Primeiramente, esse será o último episódio desse conjunto de poesias. Eu não queria que acabasse tão rápido, mas vai acabar. Os motivos eu explico nas notas finais. Para simbolizar a frase deste episódio, trago uma frase que, pela primeira vez, não é minha, portanto, vai os créditos:

"As trevas me iluminaram..."
(Zed - League of Legends)



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Tudo que eu lembro foi que o ódio sumiu. No meio da caminhada... Talvez fosse falta de encontro cara a cara com o grande inimigo, mas a vida colocou na minha cabeça que aquilo nunca iria acontecer; e, apesar de não acreditar em nuncas, eu acreditei naquele. Apesar da caminhada... Apesar de nem ter olhado para trás, percebi que vim a lugar nenhum. Cego por um tormento sem sentido.

Se eu não morri, o propósito não é ir atrás da morte. Se a morte me quisesse, ela teria me raptado na primeira (das muitas) oportunidade que teve. O ódio foi embora, a negatividade nem tanto; as trevas muito menos. Mas eu vi que era bom, assim como Deus criou o mundo e viu que era bom. Assim como ele criou luz no meio das trevas e viu que era bom. Assim como eu via que era bom.

Era bom.

Todos os perdões foram à lixeira

Varridos despreocupadamente

O outono veio, espalhou cegueira

Harmoniosamente

Perdi meu braço direito

Não literalmente

Não enxerguei além do perfeito

Lamentavelmente

E a lua acinzentada do décimo dia se repete

O terceiro ciclo de maldições

Por antes ter conhecido

Por entre sentir o afável

Por pós dissoluções

A amarga decisão gerou demais decisões

Marcou-se um eterno que durou

Durou mais que qualquer promessa

E continua durando, trazendo remessa

De vínculos que não se quebram

Em qualquer lugar lá estará

Em qualquer situação o coração parou

Vesti-me falsamente

Esperei agradar

Pôs-me a continuar

Era difícil

Eu sempre soube desde o início

Dói

A ventania joga tudo fora

Às vezes traz conforto por meia hora

E não é a pessoa

É o sentimento

Perdido porque a criança se empolgou demais

Perdido porque na manga não tinha um ás

Conheço todas as invisíveis dores

Lamento por não tê-las conhecido antes

Lamento pelo cantar não ouvido

Que queria tanto...

Cresce

Ninguém quer que as paredes caiam

Ninguém deseja o cair da ponte

Porque nutrir-se da fonte

É essencial ao ver humano

Imprescindível contra o insano

Não há luz nem há plano

Tudo se resumiu ao plano final

O faz de conta do último encontro

Por tudo...

A poça que me afogou em tanta escuridão

O iluminar que as trevas me deram

O desfazer do que não foi feito

Eu agradeço

Até ironizo

Achei que passaria por diversos obstáculos

Que a caminhada seria maior

Que eu veria ainda mais do pior

Mais do que já tinha visto

O pior sempre esteve dentro de mim mesmo

Antes gélido

Hoje sombrio

E são trevas boas

Não é assim que soa

Cada gota de ódio anulou-se numa cura

Impediu-me de uma suposta loucura

Enferrujou a tentativa de fechadura

Colocou-se em ordem de amargura

Lamentarei todos os dias como se estivesse queimando eternamente no inferno

Mas sem culpa

O que eu quero já não está mais em você

Nem em mim

Nem em nós

Nunca esteve.

Boa sorte.

Vai precisar.


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Notas finais do capítulo

Agora eu venho explicar porque estou finalizando isso no 10º episódio sendo que eu falei que teria cerca de 30.

Então, é estranho falar, mas essa coletânea é movida por ódio no coração. Quanto mais ódio no coração esse autor tiver, mais episódios ele fará. Entretanto, faz muito tempo que não sinto nada a respeito e acabei percebendo que virou algo permanente (tanto que é sobre isso que o episódio final fala), os rumos mudaram e pode ser um tanto decepcionante, mas, pelo menos, é um final feliz, isso eu sempre garanti que seria. Só foi menos sombrio que o planejado, porém foi mais profundo do que eu imaginei de primeira, então isso me alegrou.

Estava aguardando para postar neste dia em específico também, por isso demorei mais um pouco.

E é isso, agradeço muito a todos que acompanharam até aqui. Aceito bate-papo via MP porque amo isso



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