The New Age escrita por FairyTales


Capítulo 16
Uma missão essencial - Tânia


Notas iniciais do capítulo

Mil perdões pela demora, tive um problema na mão e não conseguia nem digitar. Por isso esse capítulo será grande e cheio de surpresas.



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Tânia volta para a cabana coloca o alce na mesa, joga o papel em cima dele e sai de perto. Lanuzi vendo tudo seca suas mãos no vestido e estranha a atitude da amiga.

– Alguém não teve um dia de caçada bom - Ela sorriu - O que foi que houve? Algum bicho te mordeu?

– Veja isso... - Tânia cruza os braços, a chateação está estampada em seu rosto, ela respira fundo.

Lanuzi sem entender direito pega o anúncio, quando olha não acredita no que lê, arregala os olhos e vai para perto da amiga.

– Você está bem?

– Estou sim - Ela olha em volta da pequena casa - Onde estão Prado e Ignis?

– Prado, foi ajudar Ignis a arrumar as coisas para partir e eu acho que você devia fazer o mesmo - Lanuzi disse tentando puxar o alce da mesa, mas ele era bastante pesado então ela decidiu arrastar ele até os fundos para fazer a limpeza.

Tânia começou a juntar tudo que conseguia, colocou sua faca na bota, seu arco com o aljava nas costas, amarrou seu cabelo e foi ver a amiga antes de ir. Lanuzi já estava toda suja de gotas de sangue, mas o grande animal estava praticamente limpo.

– Acha que dá para você e Prado se alimentarem enquanto estamos fora? - Tânia mantinha sua expressão de desapontamento estampada em sua casa.

– Com certeza e ainda sobra para quando vocês voltarem - A mulher sorriu.

– Lanuzi - Tânia disse se encostando à parede da cabana - Acha que isso tudo valerá a pena?

– Como assim? - A cozinheira se levantou, ficou em pé e olhou para a companheira - Fala do anúncio que diz que Otávio foi encontrado e que será anunciado hoje para todas as pessoas dos dois reinos?

– Não exatamente, a questão é: Será que depois de passar por isso para salvar ele, no que vai dar?

– Se vocês seguirem os contos clássicos - Ela levou sua boca a mão - vocês se casarão e serão felizes para sempre.

– Ai é que tá - Tânia olhava para o horizonte - Não quero ficar aqui, não sendo rainha, quero continuar por ai combatendo o mal que meu pai causa.

Lanuzi diz que apoiará qualquer coisa que amiga fizer, elas se abraçam e a mulher de Prado acompanha a guerreira até a saída da vila.

– Boa sorte minha amiga, que Zelani te guie em seu caminho - Ela volta a abraça a amiga, mas dessa vez sussurra em seu ouvido - Você ama mesmo Otávio?

– Amar é uma palavra muito forte amiga - Tânia sussurra de volta - Sinto uma atração muito forte por ele, acho que só vendo para saber se o que sinto é forte assim.

– Vá vê-lo então. - Elas se afastam e Lanuzi Sorri.

Tânia sobe em seu cavalo, acena para a amiga e parte para floresta adentro, cada vez mais se afastando da vila, agora era só ela, como nos velhos tempos.

Enquanto isso no castelo, Natália se preparava para fazer o anúncio falso de que Otávio estava vivo e de que eles iriam unir os reinos se casando. O príncipe entra na sala com seu uniforme branco e dourado, sua espada presa na bainha da cintura e um sorriso de felicidade tão grande que maior não havia. Ele vai em direção a sua noiva, a beija e vira seu corpo para o espelho.

– Você está tão linda! - Ele a abraça por trás, Natália sorri pela primeira vez de felicidade.

– Obrigada, meu anjo.

– Podemos ir? - Ele segurou a mão dela e saiu andando. - Quero anunciar para todo mundo a perfeita mulher que eu tenho.

– Claro que podemos.

Os dois saem da sala e dão de cara com Lúcio encostado em uma parada a frente, justamente esperando eles saírem. Lá fora o povo todo reunido fica cochichando e comentando, alguns apostam que Tânia vai aparecer de novo, outros dão felicidades ao casal e o grupo ao fundo tem tanto medo da magia de Natália que prefere não se aproximar.

As vozes só se silenciaram, quando os guardas começaram a soar as cornetas anunciando que a família real atual iria sair do castelo e se expor para todos ali. Quando Otávio e Natália entram de braços dados, o povo ovaciona os dois, ouvem-se aplausos, gritos e flores até mesmo flores são arremessadas para os dois. Lúcio vem em seguida com uma mascara e um sobre todo para que a população não reconhecesse o deus.

– Meu caro povo! - Otávio foi quem deu o pontapé inicial do discurso, surpreendendo a todos até mesmo Natália e Lúcio. - Estamos aqui hoje para comemorar que a sua princesa me salvou das garras da inimiga do continente!

O povo aplaudiu a ação, mesmo que fosse mentira, da princesa.

– Não fiz mais do que minha obrigação - ela disse ao noivo.

– E é por esse motivo que estamos aqui hoje - ele continuava o anúncio - Sua princesa e eu iremos nos casar!

Todos gritaram de alegria. Um zumbido percorre toda a região do castelo, um flecha, mas não era qualquer uma, Lúcio levanta a palma da mão e envolve Natália que nem havia percebido o ataque. Quando todos se voltaram para a região fora do castelo, uma pessoa montada num cavalo com seu arco em mãos, com a respiração pesada e alguns ouviram seu choro.

O deus maligno apenas sorriu, afinal, todos ali sabiam quem era. Tânia apenas guardou o arco em suas costas e voltou para dentro da floresta, cavalgando, apenas na companhia de suas lágrimas.

Enquanto os três malvados ficam para trás a fim de terminar o anúncio, Tânia se senta sob a sombra de uma pequena e singela árvore. Imagina o que teria que fazer para liberar Otávio das garras bruxa, "mas será que é isso o que ele realmente quer?" ela pensou. Ficou ali parada tempo o bastante para adormecer em cima das raízes.

Lúcio estava admirando a noite, deuses não precisavam dormir, ele adorava a noite porque quase não havia luz, dando espaço para as trevas dominarem tudo. O deus aproveitou para andar pela floresta escura, ouvia o uivo dos lobisomens e em seguida gritos de desespero, ele se teleportou para perto, queria ver a cara das pessoas sendo atacadas pelo monstro. Um pequeno vilarejo era, aos poucos, destruído pela fera, tudo estava um perfeito caos o que fazia Lúcio rir com a cena que via.

O lobisomem continuava a dizimar a população por completo, a manhã chegava e o sol saia iluminando toda região, fazendo o monstro parar, Lúcio não iria deixar então camuflou a região fazendo com que a luz do sol não passasse, deixando-a totalmente escura. A besta ia em direção a ultima pessoa viva na vila, uma menina devia ter por volta de oito anos, pequena, chorava de medo. A cada passo da fera, Lúcio sorria com mais felicidade, adorava ver destruição, ainda mais quando havia mortes também.

Assim que o monstro se jogou em cima da garota, uma fênix surge e acerta em cheio seu corpo, fazendo-o cair. Um garoto se aproxima andando lentamente, aparentemente nenhuma arma em sua mão, Lúcio cerra os olhos estranhando o novo ser que aparecera, afinal, invocadores por essas área são raríssimos de se encontrar. O garoto fica parado alguns passos longe da fera. Esta volta a atacar o mago que continua sem mexer um músculo, sua mascote acerta novamente o inimigo e pousa no chão.

– Mais um para coleção Felícia - A fênix bate as asas, seu mestre tira uma faca da bolsa e corta a cabeça do lobisomem que é diminuída com magia e colocada em seu bolso. - Podemos ir agora.

Lúcio percebe que aquele garoto era mais um portador e que deveria ser eliminado antes que se unisse a outros heróis. O deus então manda três demônios atrás do jovem, que nem se vira, somente manda Felícia atacar, para sua surpresa a fênix não consegue defender o dano e é arremessada para longe, o invocador corre para amparar sua mascote.

– Você está bem?

O invocador abre um portal vermelho no chão para que a ave volte para o seu mundo, ele olha o deus no alto do monte e torna a se focar nos monstros a sua frente, mais um portal aparece, porém dessa vez da cor branca. Um alazão sai de dentro dele, o mago sobe no seu novo mascote e foge para dentro da floresta, Lúcio comanda suas bestas para seguir e eliminar esse inimigo, enquanto ele volta ao castelo.

Tânia acorda, com a aparência péssima e cansada, se levanta daquele meio e repara que seu cavalo não fugira mesmo sem estar amarrado, ele havia se deitado perto da mestra. Ela ouve o barulho de uma queda de água próxima e decide que devia cuidar mais de si mesma, então vai até cachoeira, deixa suas roupas numa pedra a beira da margem e mergulha nas águas geladas, contudo agradáveis.

O banho é tranquilo o bastante para que pensasse em toda sua vida até aquele momento, imaginando o que mais teria de enfrentar pelo seu final feliz. Ela fecha os olhos e evade seu pensamento do presente, imaginando a vida que sempre desejou ter. Ela ouve barulho de cavalgadas vindo em sua direção.

– Já não era de se esperar, o dia estava tranquilo demais - Tânia revira os olhos e respira fundo, se levanta, entretanto quando se vira repara num homem cavalgando a toda velocidade em sua direção, o cavalo para devido à água e o rapaz em sua garupa é arremessado para dentro da cachoeira, Tânia se abaixa para não ser acertada pelo corpo masculino.

Ela corre, mesmo portando apenas roupas íntimas e molhadas, pega seu arco e atira duas flechas ao mesmo tempo nos dois monstros, eles ficam atordoados. O rapaz chega à beira e só então repara naquela linda mulher, que estava lutando contra os terríveis monstros que há algum tempo estavam atrás dele, seus olhos ficaram admirados com tal coragem vindos de uma moça.

Tânia chama sua espada e com ela consegue derrotar os dois monstros, ela se vira, percebe que está com suas roupas íntimas na frente de um homem pela primeira vez e fica totalmente vermelha de vergonha. Ela corre para trás de seu cavalo, pega um pedaço de pano na bolsa e se enrola nele.

– Vai ficar ai parado? - Ela disse de trás do equino - Ande pegue minhas roupas ali na pedra!

O homem por um momento fica sem entender, mas depois acorda de um transe e se move para pegar as roupas de sua heroína. Ele pega as vestimentas e leva até ela sem olhar para cima, apenas de cabeça abaixada pela vergonha que fizera a moça passar. Algum tempo depois ela finalmente mostra sua cara e toma coragem para falar com o rapaz que estava todo molhado também.

– Pegue isto deve servir para pelo menos tirar o excesso de água - Ela entrega um pano reserva que tinha pegado com Lanuzi e entrega na mão dele, que estava sentando olhando a água da cachoeira cair.

Mais algum tempo em silêncio, Tânia quebra o gelo, se senta ao lado do estranho e oferece a ele uma maça que tinha guardada.

– Então o que eram aquelas coisas atrás de você? - ela perguntou.

– Sabe, nem eu sei o que eram aquelas coisas e olha que conheço muitas bestas - Ele disse ainda focado nas águas caindo.

– E o motivo de estar sendo atacado era? - Tânia diz insistindo.

– Ta bem irei te falar um pouco de mim - ele respira fundo - Meu nome é Kiran, tenho 22 anos, nasci na cidade de Volca ao sul daqui.

– Nunca conheci, porém ouvi falar das guerras que afetaram o sul - Tânia disse agora também fitando a cachoeira - isso tem algo com você estar fugindo desses monstros?

– Sim e não - Ele deu um leve sorriso envergonhado - digamos que sim eu estou fugindo, mas não, não é para fugir destes monstros, eu apenas quero achar um motivo para viver, toda minha família foi dizimada na grande guerra ancestral.

– Meus sentimentos, mas então o que você tem de especial para alguém te perseguir? - Tânia deu um tapa de companheirismo nos ombros de Kiran para que o clima triste sumisse.

– Não sei por que, mas algo me diz que você é confiável - Pela primeira vez o invocador olha diretamente nos olhos da mulher e perceber que eles eram de outro mundo, muito mais bonitos e penetrantes que qualquer outro existente.

– Tem coisa que o destino faz, que nem mesmo os deuses entendem - Tânia automaticamente olha para a pulseira que sua mãe havia dado a ela e sorri.

Kiran se levantou, juntou suas mãos e nelas apareceu um livro, pequeno quase não tinha muita coisa escrita, existiam duas páginas, uma com uma fênix, que Tânia pode ler o nome felícia e na outra uma cavalo, mas não um qualquer era branco, grande e bonito, Alazão.

– E o que isso quer dizer? - Ela estava confusa.

– Esse livro apareceu perto de mim assim que eu vi toda minha raça ser extinta - ele fez com que o livro sumisse - não sei por que ou quem mandou isso mas ele funciona como uma porta de entrada para dois mundos, sendo assim animais com alguns símbolos especiais podem ser domados mas não sei mais do que já te contei.

– E pelo que entendi - Tânia continuou a fala do rapaz - você só conseguiu domar achar e domar dois dessas bestas.

– Tem um que eu encontrei, mas eu não consegui chegar perto para saber onde era o símbolo dele ou seu nome sagrado. - Kiran limpa toda terra da roupa.

– Kiran eu conheço uma pessoa que talvez saiba um pouco sobre esse seu livro? - Tânia retirou a pulseira do pulso, puxou a mão do amigo e colocou sobre uma pedra.

A guerreira passou sua mão sobre o artefato que brilhou. A imagem de uma mulher muito conhecida por todos apareceu, Kiran se espantou.

– De-deusa Amélia? - Ele arregalou os olhos e se curvou - Tânia você sabe quem essa mulher é?

Tânia levou sua mão a boca, tampando ela e deu um leve sorriso.

– Olá mãe!

– Como vai filha? - Amélia sorriu - Fico feliz que tenha me chamado.

– Pera ai, você é filha da deusa da bondade? - Agora a expressão de Kiran era de um garoto assustado.

– Assim eu acho sim - Tânia disse de forma irônica - eu sou Amélia?

– Bom, eu tive você dos meus ventres, então é sim - As duas riram. - Mas para que especificamente você me chamou?

– Então este rapaz apareceu aqui trazendo bestas atrás dele... - Depois de contar toda a história para a deusa, um silêncio pequeno foi feito até que Amélia começou a falar.

– Kiran né? - Amélia sorriu - Sinto lhe informar ou fico feliz de ter informar, depende da sua reação, que você é um portador de uma arma sagrada.

Tânia arregala os olhos e fita Kiran, que se sente mais surpreso ainda.

– Meninos tenho que ir - A projeção de Amélia já ia sumindo - Kiran o monstro que você quer domar, leve Tânia e ela te ajudará.

– Sim senhora - Ele se curva - muito obrigado pela ajuda.

– Até mais mãe! - a imagem de Amélia já havia sumido, Tânia virou-se para seu novo amigo - então quer dizer que você é um de nós?

– No-Nós? - ele estava surpreso, parece que não tinha assimilado todas as informações que a deusa passara - você também é uma portadora? É assim que falam? Não entendo tudo isso.

– Se acalma eu também fiquei surpresa quando soube - Ela foi caminho em direção ao seu cavalo - te conto no caminho.

– Aonde vamos? - Kiran procurava seu cavalo, mas ele havia fugido com o susto.

– Não ouvi Amélia falando? - Tânia sorriu, montou em seu cavalo e ofereceu sua mão para o amigo - precisamos ir atrás desse tal monstro para que você ganhe mais uma besta doméstica.

– Mas ele fica nas montanhas do norte - sua expressão mudou, ele abaixou a cabeça em sinal de desapontamento.

– Então teremos bastante caminho para eu te explicar tudo o que sei sobre os portadores. - Ela sorriu. - Venha, vamos sair daqui.

Kiran segura na mão da mulher e sobe na garupa do cavalo, os dois partem em direção ao sul.

Lúcio aparece no castelo, Natália está no meio a sessão de atendimento aos camponeses, não que ela aprovasse muitos pedidos, contudo era uma ocasião que não podiam cortar de jeito algum, afinal ninguém consegue segurar uma população revoltosa nem mesmo a bruxa com magia negra mais forte existe e o deus das trevas. Uma camponesa com roupas rasgadas e toda suja é a próxima a entrar na sala do trono, ela se ajoelha e pede para que Natália desse algum alimento para sua família, pois não comiam nada havia semanas, a princesa ficou pensativa, mas assim que olhou para Lúcio, ele faz um sinal de tanto faz. Então ela aceita o pedido e da o que de comer por um mês, porém manda a plebeia plantar seu próprio alimento.

Algum tempo após a sessão acabar, Otávio entra com flores nas mãos e um anel feito de ouro pelo ferreiro.

– Minha amada - ele foi até a princesa, entregou as flores e puxou sua mão - Dei umas moedas de ouro para que o ferreiro fizesse isto apenas para você.

A bruxa fica toda feliz e sorridente, com o anel em sua mão e beija seu noivo.

– Fico feliz que tenha se lembrado de mim.

– Eu sempre me lembro de você - ele disse abraçando ela e em seguida sussurra - Afinal, eu te amo.

Ao ouvir aquilo as bochechas de Natália ficaram totalmente vermelhas, seu coração explodia de alegria e seu estomago havia dragões voando.

– Chega de papo vocês dois - Lúcio disse separando os dois com magia.

– Então Lúcio achou algo demais nos seus passeios noturnos? - Natália disse soltando um pigarro e arrumando seu vestido.

– Achei algo que me intrigou bastante - Lúcio disse se sentando no trono da princesa - Um portador de uma arma sagrada.

– E o que tem de tão interessante nisso? - Otávio indagou - você não tinha dito que eram doze as armas sagradas?

– Sim, mas esse é diferente - o deus continuou - sua arma sagrada era uma das três mais fortes e principais.

– E qual era? - Natália franziu a testa confusa.

– A invocação de bestas - assim que pronunciou essa palavra os outros dois se olharam - além dessa existem mais duas que não são elementais, uma ainda não foi designada a nenhum ser e a outra está presa numa torre amaldiçoada junto com seu portador.

– A última é tão forte assim? - Natália arregalou os olhos.

– Digamos que a pessoa que tem esse poder - Lúcio se levantou - tem o poder de fazer o que bem entender.

Os três foram teleportados para a biblioteca pela magia do deus.

– E Então - Tânia disse galopando com Kiran em sua garupa - isso é tudo que eu sei.

– Bom me deixa ver se entendi - o garoto continuou - não sabemos quantas armas existem, você é portadora da luz e eu de uma não elemental que seria a invocação de bestas.

– Até ai correto.

– E sabemos que existe um processo chamado substituição em que uma arma sagrada pode viver em outro portador até mesmo um morto fazendo com que ele volte a vida? - o invocador disse fazendo a amiga sorrir.

– Você aprende bem rápido - Ela soltou um leve riso.

Os dois continuaram por mais algumas cavalgadas em silêncio até que chegam ao seu destino, as montanhas do norte, um lugar completamente coberto de cinzas, árvores com folhas secas e na parte de baixo da montanha uma entrada ao que parecia de um templo antigo que foi soterrado. Eles descem do cavalo e o amarram numa árvore perto.

– Fique aqui nós já voltamos - Tânia disse e da um pequeno beijo na testa do animal.

– Pronta? - Kiran disse sem esconder seu medo - Lá dentro fica a besta que eu falei.

– Você não me disse até agora o que iremos enfrentar. - A guerreira disse tirando o arco da bolsa no cavalo e colocando nas costas.

– Um dragão - ele disse fitando a entrada da caverna - Mais precisamente um dragão guardião.

– O destino é complicado de se entender - Tânia disse surpresa - Eu estava numa missão para achar um dragão e coletar uma gosta de seu sangue.

Os dois se olham e seguem seu destino para dentro da toca. Entram com cuidado para não alertar sua chegada, a caverna era escura, mas Tânia conseguiu enxergar um brilho vindo de dentro e seguiu ele. Kiran estava com tanto medo que estava olhando para tudo que é lado.

Chegando a fonte da luz, os dois deram de cara com a fera, que era tão grande que os dois pareciam formiga perto dele, todo negro. Tânia tirou sua faca da bota e foi para cima do monstro.

– Tânia! O que está fazendo - Kiran sussurrou - Vamos embora, olha o tamanho deste monstro.

– Precisamos fazer você domar ele e eu preciso de uma só gota do sangue dele. - Ela disse pegando a faca e num rápido movimento fez um pequeno corte num dos dedos do dragão que dava três vezes o tamanho de um humano, o sangue dourado escorreu Tânia deixou cair duas gotas num pequeno frasco de vidro.

A fera ao sentir a presença dos humanos abriu os olhos, Kiran pode repara que seus olhos eram roxos, o dragão abriu a boca e soltou um barulho ensurdecedor, Tânia e Kiran correm rapidamente para sair da caverna.

– Ainda bem que a entrada é pequena - Kiran disse colocando suas mãos nos joelhos e respirando fundo pela boca.

Assim que terminou a frase, a entrada do templo explode, pedras são lançadas para todos os lados e o imenso monstro sai de lá, soltando fogo negro de sua boca.

– Eu e minha boca - O invocador disse revirando os olhos, fazendo Tânia rir.

– E então o que você precisa para domar uma fera? - Tânia disse quase gritando.

– Preciso saber seu nome verdadeiro e escrever no meu livro. - Kiran disse respondendo na mesa altura.

– Certo isso parece loucura, mas entendi - Tânia disse puxando o arco das costas. - Vamos lá.

– Sim vamos! - Kiran disse invocando felícia para a batalha - Felícia, apenas modo de defesa, ele é bastante forte não temos condições de matar esse ai.

A fênix fez que sim com a cabeça, a besta veio para cima dos dois humanos, Tânia com sua rapidez consegue escapar e atira uma flecha no inimigo que faz com que o projétil se quebre. O dragão se vira para Tânia e vai para cima dela, ela corre para dentro da floresta. Kiran fica pensando qual seria o nome da fera.

"Um dragão guardião negro e que possui sangue dourado"

– Kiran! - Tânia grita enquanto corre - Você disse que ele era guardião, o que ele guardava?

O invocador não responde, mas arregala os olhos, indicando uma ideia para a parceira que fica feliz ao vê-lo correndo para dentro do templo, Felícia tenta ajudar Tânia com o dragão, ela lança golpe de ventos com suas asas e cospe pequenas bolas de fogo. As duas ficam tentando distrair o máximo que conseguem, mas o lendário inimigo é muito mais forte.

Lá dentro Kiran revira todo tesouro, havia muito ouro e pedras preciosas naquele meio, ele fica buscando algo que pareça com um nome, nada vem a sua cabeça, continua procurando até que acha uma moeda de prata muito diferente das outras visto que tudo ali se baseava em ouro, nela estava escrito KO. Então ele começou a buscar para ver se tinha mais alguma daquela ali, espalhava tudo em busca da moeda diferente, estava quase desistindo quando reparou que na parte de cima da caverna tinha algo brilhando, ele não pensou duas vezes e procurava um jeito de subir.

Tânia havia começado a se preocupar com amigo que não voltava, mas não podia desfocar do inimigo, estava ficando enjoada de desviar e correr, uma hora ela sabia que ia errar e talvez isso a levasse direto para morte, torcia para que Kiran tivesse encontrado algo e voltasse logo.

O invocador tinha encontrado uma escada escondida na parede, então correu e subiu até que chegou a um altar onde tinha três espaços, dois deles vazios e um dele, o do meio, com outra moeda de prata escrito RA, então Kiran entendeu que o nome tinham três sílabas, ou seja, faltava uma só moeda, mas se não estava ali só podia estar com o inimigo. Ele correu, pegou a outra moeda de prata, desceu e tratou logo de ir para fora da caverna.

Quando Tânia viu o amigo ficou mais aliviada, nesse segundo que se distraiu, uma patada do dragão arremessou ela pelos ares, Felícia voou o mais rápido que podia e pegou a garota ainda no ar, descendo ela com calma até o chão.

– Obrigada amiguinha - Tânia disse se sentando na terra - Se não fosse a benção de Amélia talvez eu estivesse morta nesse instante, sorte que foi só um corte.

Felícia voltou para perto de seu mestre, Kiran disse para a fênix que queria chegar perto do inimigo o bastante para poder analisa-lo, a mascote não entendeu, mas seguiu a ordem. O invocador subiu em cima dela e os dois voaram para perto do dragão, Felícia era rápida desviava de cada ataque ou magia solta pelo inimigo ancestral. Tânia se levanta aos poucos e observa como o garoto age com sintonia com suas bestas, os dois parecem um só, quando o dragão sobrevoou sua cabeça algo refletiu a luz do sol e a portadora levou sua mão até os olhos. Quando conseguiu enxergar notou que havia uma moeda pequena na testa do dragão.

– Kiran! - O amigo deu atenção a mulher la em baixo. - Tem algo na testa dele, talvez isso ajude!

O invocador assentiu com a cabeça e deus ordens para que Felícia chegasse perto o bastante para ele ver o que era, a Fênix voou mais alto que o inimigo imenso e desceu, em sua direção, desviando do fogo negro que saia da boca dele. Quando chegou perto do inimigo, Kiran pode olhar ele nos olhos e num rápido movimento viu que em sua testa havia outra moeda igual às outras escritas, “TA”.

– Consegui! - Kiran disse animado e sorrindo - Felícia deixe-me no solo.

A invocação seguiu as ordens, o dragão voava descontrolado de um lado para o outro, até que veio em direção a Kiran que correu floresta adentro com as três moedas em mãos pensando qual nome seria, ele só tinha uma chance. Assim que chegou a beira de um precipício, viu o dragão se virando contra ele no abismo, então quando ia soltar uma bola de fogo negra, Kiran invocou seu livro, escreveu alguma coisa e gritou.

– Tarako, pare! - O dragão parou na mesma hora, o invocador fechou os olhos, mas ele havia acertado, chegou perto do novo amigo aos poucos, com medo, passou sua mão na cabeça do imenso bicho. Montou no dragão e voltou para onde Tânia estava.

Quando viu que o amigo havia conseguido, pulou de alegria, ele posou o dragão que ficou atrás dele apenas esperando outra ordem.

– Qual é o nome dele afinal? - a guerreira disse chegando perto do antigo inimigo e também fazendo carinha sobre seu enorme nariz gigante.

– Tarako - Ele olhou o livro - Pelo que diz ele tem mais de quatro mil anos e é um guardião.

– Ele é lindo - Ela disse tentando abraçar a nova mascote.

– Hora de eu seguir meu caminho - Kiran disse olhando para baixo meio triste.

Tânia pensou e sorriu.

– Porque não viramos parceiros? - Tânia disse se virando para o amigo e estendendo sua mão - Nunca tive companhia e você está sem ninguém mesmo.

Kiran estava precisando de um lugar para morar, como Tânia conhecia um mundo todo, talvez ele fosse com ela para não ficar sozinho, ele não suportava a ideia de ter que caminhar nessa vida só. Então ele aperta a mão dela, selando um acordo. A guerreira havia ganhado um grande companheiro e ele uma grande amiga.

– Acho melhor sairmos daqui - Tânia falou - Temos outra parada nas montanhas do sul e elas são bem longe daqui.

Os dois montaram no dragão e foram voando para a montanha do sul.


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Notas finais do capítulo

E ai o que acharam? Novamente peço desculpas pela demora, meu pulso está doendo bastante. Fairy Tales