O dia em que a Terra parou escrita por U5H10


Capítulo 2
Fugitiva Pt.1


Notas iniciais do capítulo

Olá! Logo vou dizendo que essa história terá por volta de 6 capítulos.
A questão é o seguinte, lá estava eu toda feliz escrevendo um conto de terror como trabalho de português, e, como não sou nem um pouco exagerada, ele acabou ficando com pouco mais de 6.000 palavras.
Até aí, beleza.
O problema é que eu me empolguei de mais e acabei criando um universo inteiro (é, tipo, bem grandão), e eu resolvi por deixar este conto como spin-off para uma futura história que também irei postar aqui :)

O capítulo se situa 5 anos antes do primeiro.
Enfim, boa leitura.



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O sol ainda nem mostrado as caras tinha, mas os inquietos soldados já com seus olhos de aço rondavam a Base. Algo estava estranho, mas minha infantil ignorância me fez perder a batalha contra o sono que me obrigava a retirar meus olhos da janela e me guiava novamente para a cama.

Mas adormecer não foi possível. No mesmo instante, os mesmos soldados inquietos agora poderiam ser descritos como robóticos. Em questão de minutos, alguns deles apareceram em minha porta. Seus olhos percorreram meu quarto com rapidez e precisão até pararem sobre mim e um deles berrar angustiado à beira da porta:

Vamos, garota! – ele mexia freneticamente sua mão num gesto de vai e vem chamando-me. – Anda, não temos tempo! – desta vez ele foi mais grosseiro ao perceber que me retesei ao ouvi-lo chamar por mim e caminhou mais uma vez com seus movimentos robóticos até minha frente agarrando meu braço suavemente. Mais uma vez estranhei.

O que estava acontecendo? Porque não era papai que estava me acordando, e sim esse homem com a voz angustiada?

Meu punho se cerrou em frente ao meu peito e minha expressão fechou-se.

M-Moço, o-oque está acontecendo? – gaguejei ainda com medo dele, mas logo percebi que não deveria temê-lo. Sua expressão logo se suavizou e tomou em sua face um semblante culpado.

Desculpa, garota. Não tenho tempo para explicações, mas logo as terá. – ele soltou um suspiro e vendo que me tranquilizara afrouxou o aperto sobre meu antebraço, deixando dessa vez eu segui-lo e não ser arrastada.

Em silêncio, ele me guiava rapidamente para fora de minha casa, mas minhas curtas passadas não eram páreas para as longas e apressadas dele. Logo fui esvaziando meu pulmão cada vez mais rápido, e, quando me dei conta, minhas pernas já estavam a correr freneticamente.

Com fios de cabelos esvoaçando sobre minha face, eu não só ouvi um estrondo, como também senti um tremor ecoar por toda a extensão Da Base. Levando novamente minha mão ao peito, meu coração agora saía pela boca. Por Deus, o que estava havendo?

Outro estrondo seguido de um tremor ainda maior, fazendo com que dessa vez, se não fosse pelo braço do soldado, eu quase desabasse ao chão.

M-Moço, o qu... – Mas minha fala foi completamente interrompida quando ultrapassamos a porta escancarada de casa. O que meus olhos viam era somente o caos.

A Base, por mais que tenha a extensão de uma pequena cidade, possuía, por questões de segurança, apenas uma entrada e uma rota de fuga, sendo sua entrada num mísero armário de vassouras num posto de gasolina qualquer na cidade abandonada que ficava em cima dela. Durante os 230 anos que prospera, A Base foi expandindo-se cada vez mais até chegar a seu tamanho atual.

Mas, naquele instante, pareceu-me que 230 anos poderiam ser destruídos em menos de um único dia.

Minha casa ficava muito próxima à entrada, o que me permitiu visualizar bem o que acontecia. Apenas três palavras saiam dos lábios de cada pessoa desesperada que congestionava as ruas.

Eles nos acharam.

E-Eles? Eu sabia quem era. É claro que sabia. Seu terror estava impregnado na alma de cada membro. WNGO, o Lobo Mau que vestiu a capa de Chapeuzinho Vermelho.

Olhei novamente para as ruas, desta vez observando as pessoas. Havia ali muitas, mas muitas crianças. Onde estavam os adultos? Onde estava papai?

Então percebi onde o soldado angustiado estava me levando. É claro, a rota de fuga. Desesperei-me no mesmo instante. Na escola que eu frequentava, Na Base, tínhamos aulas para nos preparar para situações de emergência, mas nunca fora cogitada a possibilidade de emergências como esta.

Manter a calma e chamar os Expedidores ou Soldados. Lembro-me também de ter perguntando se fosse algo tão grave que tivéssemos que sair Da Base, mas o que eu ouvi foram risos e deboches desacreditados que algo assim fosse mesmo algum dia ocorrer, mas logo depois a professora se pôs a explicar que se houvesse mesmo algo tão grave a este ponto seria iniciado o Sistema de Evacuação, ou seja, membros de até 20 anos, enfermos e idosos seriam guiados para a rota de fuga, tendo prioridade as crianças, por, segundo eles, serem ‘o futuro do mundo’, e então vários jatos decolariam para territórios aliados, enquanto o restante iria cuidar da emergência.

Mas ali eu não via enfermos ou idosos em canto algum. Homens armados, como o que me guiava, e crianças confusas era a única coisa presente em meu limitado campo de visão. Levantei meus olhos arregalados para o soldado e perguntei:

– N-Nós vamos evacuar A Base, não vamos? – O homem sequer olhou para o meu rosto, então tomei seu silêncio como uma afirmação. – Porque eu não vejo enfermos ou idosos aqui? – ele abriu a boca para falar, mas logo a fechou novamente revelando-me uma expressão nublada em sua face.

Nós... Nós não temos espaço. – Ele disse desacreditado em suas próprias palavras. A afirmação parecia lhe causar dor. – Não há jatos suficientes. – Olhou para cima com os olhos arregalados. Parecia simplesmente inconformado por uma razão trivial ser motivo de tantos problemas, e então continuou – Que merda de motivo é esse? – ele arqueou suas sobrancelhas e seus lábios tomaram o formato de um sorriso amargo. – Só... Só esquece o que eu disse, garota.

Mas eu não consegui seguir seu conselho. Eu precisava... Precisava achar papai, precisava ficar aqui. Com ele.

Observei a multidão de adultos indo para a direção oposta à que eu era levada, mais precisamente para o Quartel General, e então a multidão de soldados e expedidores guiando milhares de crianças rumo à rota de fuga.

Se eu... Se eu simplesmente fugisse, o que aconteceria? Eu tinha que arriscar... Eu tinha que ficar aqui, com papai.


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