Amnésia escrita por G H Ephron


Capítulo 4
Capítulo 3




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Preparei o despertador para às sete e meia da manhã seguinte mas, como sempre, acordei antes das seis encontrando-me, também como sempre, dormindo do lado esquerdo da cama e deixando o lado direito intocado. Fiz café e enchi uma grande xícara pretendendo levá-la comigo para a garagem e tomá-lo enquanto pelejasse para fazer meu BMW 1967 voltar a ter aspecto de automóvel. Por mais de um ano, aquele carro vinha sendo meu companheiro silencioso, o amigo que me levava para longe de casa, para longe de mim mesmo. Devagar ele ia se transformando de pato feio em cisne. O porta-malas, os pára-lamas de trás, o pára- choque estavam perfeitos, encerados e imaculados. Agora eu ia começar a cuidar do pára-choque dianteiro que tinha marcas de múltiplos contatos com objetos duros. Não havia dúvida de que o dono anterior era um típico motorista de Boston.

Parei a meio caminho da garagem. Algo estava errado. Voltei- me e olhei para a casa. A luz do pórtico estava acesa, como eu a deixara ao chegar. Minha mãe deveria tê-la apagado ao chegar. Ela jamais se esquecia de apagar uma luz. Fazia parte da sua religião. Tornei a subir os degraus do pórtico e toquei a campainha da casa dela. Como não a ouvi andar lá dentro, bati na porta.

— Ei, mãe! — chamei. — Você está aí?

Tentei ignorar o tom estridente de pânico na minha voz. Eu já tirava as chaves do bolso do jeans quando a porta se abriu.

Minha mãe apareceu, com os olhos sonolentos e madeixas de cabelo escapando do diáfano lenço de gaze cor-de-rosa que amarrara na cabeça. Ajeitou no peito o roupão cor-de-rosa, todos os tendões bem evidentes no dorso da sua mão. Desci o olhar até os chinelos de pêlo, cor-de-rosa, e tornei a fitar seus olhos ansiosos.

— O que foi? Aconteceu alguma coisa? — perguntou ela.

— Você esqueceu-se de apagar a luz — acusei-a.

Seu rosto demonstrou alívio. Ela saiu para o pórtico e olhou a lâmpada, desconfiada.

— Oh, esqueci, mesmo... — Voltou-se para mim. — Oh... — Aproximou-se e encostou a mão fria no meu rosto. — Desculpe, eu não queria assustá-lo.

Fechei os olhos, exausto. Para mim, a vida se tornara uma caminhada numa saliência estreita à beira de um precipício. É muito cansativo ter que prestar atenção o tempo todo para impedir que as pessoas que você ama caiam no abismo. Eu sabia que estava sendo irracional. Isso era compreensível, previsível até. Afinal de contas, a noite anterior fora a primeira vez em anos que minha mãe chegava em casa depois de mim e, por isso, deveria ter apagado a luz do pórtico.

— Então, como foi o seu encontro? — perguntei e ela olhou- me com estranheza, — Lembra-se? O senhor Kuppel.

— Ah, sim, o senhor Kuppel. — Seu rosto ficou corado.

— Fomos jantar e ao cinema.

— Como foi o jantar?

— Hum... — resmungou ela.

— Tão empolgante assim? E o filme?

— Puf! — A cara dela foi a de quem tomara um gole de leite azedo.

— Que palavreado! E quanta violência!

— E o senhor Kuppel? Ele é "hum" ou "puf?

Minha mãe pensou um pouco antes de responder. Aí, abaixou os olhos e disse: — É boa companhia. — Sorriu com timidez. — Eu me diverti.

Parecia tão surpreendida quanto eu. Como conseguira voltar a viver quando eu ainda não podia?

Recusei o convite de mamãe para tomar café com leite e torradas. Fui trabalhar no carro. Deliberadamente, dei a mim mesmo tempo bastante restrito para um banho de chuveiro e me vestir. Se tivesse que fazer tudo correndo, não teria tempo para pensar no que estava me metendo. Decidi desafiar o destino e ir a Bridgewater no BMW. Era o mais longe que eu me atrevera a dirigir até então e me sentia inquieto. Talvez não devesse fazê-lo. Com certeza o motor nem pegaria. Mas na primeira volta da chave o motor pegou sem uma queixa, sem um murmúrio.

O Hospital Psiquiátrico Estadual de Bridgewater fica quarenta e cinco minutos ao sul de Boston. Para chegar lá, peguei a avenida Pike, acompanhando o tráfego moroso e perguntando-me se iria morrer de calor. O aparelho de ar-condicionado estava quebrado, mas para maior segurança virei o botão retirando o ponteiro do aquecer e abri um pouco os vidros. Quando cheguei à rodovia Sul 93 e me dirigi para Bridgewater em companhia de pequeno número de outros veículos, abri-os de uma vez. A cem quilômetros por hora, meu carro parecia um garanhão de quase uma tonelada movimentando-se a passo confortável.

Saí da via expressa, passei pelo quadro perfeito que era o centro de Bridgewater, na Nova Inglaterra (complementado por parques verdes, campanários, McDonald's, Wendy's e Burger King), atravessei bairros periféricos e cheguei ao campo. Entrei à esquerda em uma estradinha estreita e ladeada de árvores. Cerca de um quilômetro e meio depois o bosque desapareceu abruptamente dando lugar a um vasto terreno pontuado por cinco deprimentes armazéns de alvenaria rodeados por grades de ferro encimadas por arame farpado.

Segui as indicações HOSPITAL VISITANTES e estacionei.

Então, abri a porta do carro e continuei sentado, ouvindo as batidas do meu coração. Fora ali que encontrara Ralston Bridges pela primeira vez. Nada havia mudado. Cerca de malha de ferro bem chumbada, de distância em distância, a pilares de concreto, nenhuma árvore à vista, silêncio profundo e aquela sensação de que em algum lugar alguém me vigiava.

Lembrei-me das palavras de Annie: "Se ele é um assassino eu sou o coelhinho da Páscoa".

Fechei os olhos e controlei a respiração, inspiração pelo nariz, expiração pela boca, concentrando-me num ponto bem entre meus olhos no qual imaginava faixas de ar fluindo. Contei de trás para a frente, iniciando de cinquenta. Procurei desfazer a tensão no meu pescoço, da testa, do espaço ao redor da boca. Tentei encontrar uma zona completamente pacífica, sem estresse, entre meus ombros. Quando cheguei a zero, respirei fundo e expirei com força. "Encontre o piloto automático", ordenei mentalmente enquanto abria os olhos. Peguei minha pasta, saí do carro e encaminhei-me para a porta de entrada.

Apertei o botão na pequena caixa presa ao portão de prisão do hospital.

— Doutor Peter Zak, vim para falar com Stuart Jackson — disse.

E abanei minha carteira de motorista, mencionando a carta oficial que devia ter sido passada por fax pelo escritório de advocacia do Chip. A pequena câmara de circuito interno de tevê focalizou-me. Soou um zumbido e o portão deslizou silenciosamente para um lado. Entrei numa gaiola de arame e o segundo portão abriu- se. Depois que passei e ele se fechou, uma porta de aço pouco adiante fez um clique e um guarda armado abriu-a pelo outro lado. Ele pegou minha carteira de motorista e guardou-a num bolso.

— O senhor está bem? — perguntou-me.

Eu não esperava por isso e não achei o que responder.

— Pensamos que estivesse passando mal, ficou tanto tempo sentado no carro! Um dos guardas estava para ir ver se precisava de algo.

Com uma olhada pela sala, vi duas câmaras de segurança discretamente colocadas no teto com lâmpadas fluorescentes.

— Estava apenas me organizando — justifiquei.

— O senhor veio para avaliar Stuart Jackson.

Ele examinou um documento preso à sua prancheta, franziu a testa, pigarreou, pegou uma caneta de trás da orelha e desenhou um enorme sinal de conferido na página. Então, passou um detector de metal por mim.

Aquele mesmo detector de metais era irmão de um distinto adversário que uma vez me deixara à espera por meia hora, só que fazia o detector da entrada do tribunal de Cambridge parecer um brinquedinho. Enquanto o guarda procurava materiais incendiários na minha pasta, entreguei a carteira, chaves, trocados, casaco, cinta, relógio e aliança. Por fim, tirei os sapatos e saí andando apenas de meia. Fui recompensado pelo silêncio.

Quando fiquei pronto, o guarda deu-me um crachá de visitante e um bip de emergência. Segui-o até a sala de exame — um cubículo de três metros de lado pintado de amarelo brilhante, com apenas uma mesa de madeira, duas cadeiras fixas de aço e um aquecedor cor de abóbora.

O guarda deixou-me ali. Sozinho, comecei a andar pelo perímetro da sala, por fim parei num canto e olhei para a pequena mesa com tampo todo rabiscado de inscrições obscenas. Eu havia avaliado Ralston Bridges numa mesa como aquela. Ele havia sido acusado de matar a facadas uma mulher que conhecera num bar. De acordo com o dono do estabelecimento, ela havia saído com ar de desprezo e perguntando "O que é você, afinal, um maluco?" E isso era uma das coisas que Bridges não suportava.

Estava furioso por terem me mandado avaliar sua capacidade para enfrentar o julgamento. Explicou que não precisava de mim para dizer à corte que ele não era competente porque ia dar o fora.

— Olhe-me bem — disse ele. — Quem vai acreditar que este é o rosto do porra de um assassino?

E tinha razão. Ele era o próprio escoteiro limpo e loiro, bonito de maneira muito suave.

Não é uma vergonha, perguntou-me ele, ter sido acusado de matar aquela mulher e se eu sabia que ela era mãe de uma garotinha de cinco anos que agora estava órfã? Ficava muito triste de pensar nisso. Também tinha uma filhinha. Estava presente quando ela nascera. Havia sido a experiência mais incrível da sua vida. Ao dizer isso, como a uma espécie de comando, uma única lágrima surgira no canto de um olho morto, sem emoção.

Ele era direitinho como Annie o descrevera: um sujeito perigoso. Mas não desse tipo de sujeito que merece ser declarado mentalmente incompetente para enfrentar um julgamento. Inteligente, charmoso, hiperligado nas expectativas das pessoas, podia modificar-se como um camaleão para ficar de acordo com essas expectativas. Era um verdadeiro psicopata.

No entanto, Bridges reagira com violência à ideia de defesa com base na insanidade mental. Quando a sugeri, ele rugiu "NÃO SOU LOUCO!", marcando cada palavra como se fosse um murro na mesa e observando friamente a minha reação, como se os olhos não fizessem parte do seu corpo.

— Você sabe o que significa absolvição por insanidade mental? — perguntei, tentando convencê-lo.

Mas ele não queria deixar-se convencer. Em vez disso, disse-me;

— Fiz uma lista, sabia? Uma lista de todas as pessoas que me chamaram disso aí. Perguntei-lhe onde estava essa lista e ele bateu na própria cabeça com o dedo indicador. — Vou cuidar delas, talvez não do jeito certo. Mas, cedo ou tarde, vou cuidar delas. Então, é melhor você não me chamar disso.

Ele deu um sorriso repelente. Quando a minha sessão com Ralston Bridges terminou, meu nome estava incluído na lista.

Bridges não permitiu que Chip me chamasse para depor. E ficou demonstrado que tinha razão: ele não precisou de mim para dizer ao júri que era insano, um psicopata sem capacidade para ter afeto e simpatia por suas vítimas ou seus familiares, orientado apenas para satisfazer os próprios desejos. Ele não precisava da defesa com base na insanidade mental porque o júri considerou-o inocente. E Bridges foi posto em liberdade, com sua suprema auto-confiança, sua firme certeza de que podia continuar matando.

Olhei para a pequena janela encostada no teto que deixava entrar a luz do sol. Era a primeira vez que me permitia lembrar-me de Ralston Bridges, da entrevista, da calma e determinada vigilância, da lágrima solitária que era mais assustadora do que um olhar de raiva fria. As lembranças daquela entrevista tinham surgido como os pesadelos involuntários nos quais eu apertava e apertava o botão de pânico, esmurrava a porta e via a mim mesmo, através de um painel de vidro, fazendo chá na minha cozinha.

Tive um sobressalto quando Stuart Jackson entrou no cubículo; foi como um explodir de estática. Descolei-me da parede.

— Stuart Jackson? — perguntei. — Sou o doutor Peter Zak, o psicólogo que trabalha com o seu advogado. Estou aqui para entrevistá-lo e avaliar sua capacidade para enfrentar um julgamento.

Ele apertou minha mão estendida e fitou-me com intensos e negros olhos. Era um homenzinho magro e musculoso cujo rosto comum era personalizado por um bigode tipo escova de dentes.

— Você está aqui para me apertar, também? Ele fez a pergunta como um galinho garnizé muito magro, observando tudo astuciosamente. Sentei-me e esperei. Jackson dirigiu-se para a outra cadeira e sentou-se também.

— O que quis dizer com "apertar"? — perguntei.

— Por favor, doutor, não me venha com esse ar de proteção condescendente — respondeu ele, em tom cortante. Seu joelho direito estremeceu. — Sou o único que não tem álibi, ergo, bingo! Sou o primeiro suspeito.

— Quem você acha que fez aquilo? Stuart Jackson olhou para os pés, com sapatos sem cordão. Um dos joelhos movimentou-se de novo, rapidamente, para cima e para baixo.

— Pode ter sido qualquer um deles. Sylvia fica como uma gata no cio quando está diante de homens atraentes. E eles se amontoam em cima dela como abelhas sobre o mel. — Ergueu os olhos para mim. — Como moscas sobre o vômito.

Esperou pela minha reação e eu nem pisquei.

— Fale-me sobre o relacionamento de vocês.

— É muito banal.

— Fale assim mesmo.

— Fomos namorados desde o segundo grau. — Jackson deu um sorriso torto. — Fomos, mesmo. Eu teria feito qualquer coisa por ela. Qualquer coisa. Oh, merda! — Olhou para a única lâmpada pendurada no meio do teto, depois fitou-me duramente, com os olhos avermelhados. — Eu poderia ter matado qualquer um deles com a maior facilidade. Mas nunca, nunca, teria posto sequer um dedo na minha mulher.

— Então, por que ela o acusa?

— Cristo onipotente! Pergunte a ela.

— Ela não está aqui e você, sim.

Jackson fez uma careta que pretendia ser um sorriso e sacudiu a cabeça.

— Eu acho que sempre estive ao lado dela quando precisava alguém para consertar as coisas. Por exemplo, agora precisa de um responsável pela questão dos sessenta e quatro mil dólares e, como sempre, sou eu.

— Mas você é inocente?

Os olhos de Jackson piscaram rapidamente enquanto me fitava.

— Você é um cara esperto. Suponha que sua esposa seja morta em casa. Você seria o suspeito mais provável, não é? Suas impressões digitais estariam no atiçador da lareira, nas facas da cozinha. Tudo que o matador teria que fazer seria tomar cuidado para que as evidências todas apontassem para você...

A lógica com que ele falava cortou-me a respiração. Imaginei se Jackson sabia. Mas percebi que ele não estava observando minhas reações. Achava-se envolvido pelo que dizia e prosseguiu:

— E você sabe muito bem como agi enquanto ela não podia mover sequer um dedo por causa do choque traumático fronto-temporal do cérebro.

Aquela não era a terminologia de um leigo.

— Você fala como um perito.

— Li muito a respeito. Alguém precisava ficar de olho nos médicos dela, para mantê-los honestos. E esse alguém era eu. O velho confiante. Mais uma vez, como sempre que ela precisa arrotar, ali estava eu.

— Você conhecia a vítima?

— Aquele cretino? Todo cheio de si. Para dizer a verdade, estou contente por ele ter sido morto. Evitou-me mais um problema.

— Por que acha que era um cretino? Jackson fitou-me por alguns momentos, depois desviou o olhar. Sacudiu os ombros.

— Para ele só existia sexo. Dizia que ia casar-se com ela, que podia acreditar nisso. Jurava que estava no meio de importante negócio e que ia ganhar um monte de dinheiro. Assim que o negócio fosse fechado iriam embora. E ela engoliu a conversa fiada. Jamais enxergava o que era bom para si mesma quando se tratava de homens.

Contive-me para não fazer comentários sobre a ironia do fato.

— Como você se sentia diante disso?

— Como queria que eu me sentisse, doutor? — indagou Stuart.

— Tinha vontade de pegar o atiçador da lareira e bater nele até acabar com aquele merda.

— E o fez?

— O que você acha?

Aquele sujeito estava abrindo um buraco na minha paciência.

— Escute bem, Jackson, não estou aqui para brincarmos. Vim para verificar se você é capacitado para passar por um julgamento. Está se sentindo deprimido?

— Você não estaria? — Ele inclinou-se para mim, sobre a mesa. — Estou deprimido, sim. Estou com raiva. Estar neste buraco de doidos é pior do que estar na cadeia.

— Você estava na cadeia quando tentou se matar?

Ele fez que sim e endireitou-se para trás.

— Está se sentindo um suicida, agora?

— Qual é a resposta certa?

— Não existe resposta certa.

— Apenas me ajude a entender, doutor. Se você me considerar incapaz para enfrentar o julgamento, eles vão me deixar apodrecer aqui até que meu juízo de fato acabe. Se me achar capaz, passarei longas férias atrás das grades. Não há muita escolha, há?

— Estas são as únicas opções?

— Você acha que um júri vai me considerar inocente depois da doce Syl apontar-me com seu delicado indicador? Tanto faz cometer suicídio.

Contemplei Stuart Jackson. Homem esperto. Desesperado. Claramente capaz de sentimentos apaixonados e de violenta raiva. Admirei sua coragem diante do futuro ameaçador. Imaginei: será que um homem esperto como ele deixaria para trás uma peça incriminadora de vestuário, tão escandalosa quanto um chapéu de uniforme de camuflagem, pendurado no armário do seu apartamento? Talvez, se tivesse certeza de que a vítima sobrevivente não pudesse se lembrar.

— Jackson, por acaso ocorreu-lhe que se conseguisse matar- se todos iriam ter certeza de que estaria se punindo por ter atacado sua ex-esposa? Caso encerrado, fim da investigação. Pela primeira vez desde que a entrevista começara o joelho dele parou de tremer.


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