Amnésia escrita por G H Ephron


Capítulo 2
Capítulo 1




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Quem quer que me visse naquela manhã, correndo colina acima, com os cabelos um tanto compridos e molhados, sobretudo desabotoado e abanando como asas de um enorme morcego, teria pensado que eu era um paciente. Ficaria surpreendido ao ver-me parar junto ao portão, procurar nos bolsos das calças, pegar uma chave e abrir a porta dos fundos da Unidade de Neuropsiquiatria.

Eu estava atrasado. Naquela manhã pressionara a mim mesmo, puxando e empurrando os remos do barco até tornar-me uma dor só — dor e agradável esquecimento. Minha canoa de corrida era pouco mais do que uma prancha de fibra de carbono branca, o último presente da minha mulher, Kate.

O rio Charles estava de uma beleza fascinante naquela tranquila manhã de princípio do outono, livre por fim dos irritantes mosquitos que atormentam os remadores durante o fim do verão. Eu sabia que estava ficando tarde, porém pedi a mim mesmo mais cinco minutos. Cinco minutos de abençoada tranquilidade. Agora pagava o preço. Meus músculos queimavam e torci para que ninguém reparasse que eu estava sem meias. Na pressa de tomar banho no clube, vestir-me e sair correndo para a reunião, conseguira perder uma delas.

Minha equipe esperava-me ao redor da mesa na pequena sala de reuniões.

— Não me perguntem!

Agitei as mãos como que para proteger-me de um ataque e, ao mesmo tempo, para dissipar a ansiosa preocupação deles que pairava no ar como ozônio.

O doutor Kwan Liu olhou-me com expressão divertida. Éramos amigos e colegas desde que Kwan era chefe residente e eu médico interno no Pearce. Agora que ele se aproximava da importante década dos 40, parara de me lembrar a todo instante que era dois anos mais velho do que eu e, portanto, mais sábio.

Ele nunca se cansa de diminuir meu diploma de psicólogo, metal barato em comparação com seu título de quarenta quilates de doutor em medicina. Como sempre, ele estava impecável num terno escuro que parecia feito sob encomenda. Achava minhas roupas uma generosa fonte de embaraços, assim como eu achava incompreensível sua ignorância a respeito das nuances dos vinhos. E também, como de costume, naquele dia ele ia ser um verdadeiro pé no saco.

— Meu caro senhor — ironizou —, se não perguntarmos como iremos desvendar os segredos da mente?

Larguei minha pasta sobre a mesa. Do defunto coração de uma imensa, lareira enfeitada por arabescos, tirei uma cadeira Windsor negra cuja pintura descascada e a falta de travessas que reforçam as pernas atestavam anos de maus-tratos. A cadeira e a lareira eram remanescentes da imensurável grandeza do edifício em que estávamos e de outros iguais a ele que integravam a enfeitada paisagem de Olmsted formada pelo conjunto do Instituto Psiquiátrico Pearce no tempo em que ele era o refúgio dos muito ricos. Depauperado, porém sem jamais ceder à força de verdadeiro rolo compressor dos planos de saúde, agora o instituto tinha o aspecto de um elegante hotel um tanto descuidado.

— Cheguei atrasado... de novo... Desculpem-me, todos. Perdi a noção do tempo hoje, remando no rio, e agora cada músculo do meu corpo parece dilacerado....

Parei ao ver Glória Alspag, a enfermeira encarregada da vigilância, tocando um violino imaginário, os olhos zombeteiros por trás dos óculos com aro de metal. Ela fez uma imitação de Heifetz executando uma appassionata num Stradivarius.

— Ora, me dê um tempo! — suspirei.

Sentia-me quase como nos velhos tempos.

Fiquei remexendo na minha pasta até encontrar uma caneta e o bloco de anotações. Então, sentei-me, empurrei os óculos para o lugar certo, na ponte do nariz, e clareei a garganta. De repente todo mundo entrou no clima de trabalho. Todos os olhos fixaram-se nas pranchetas onde estava a lista dos nossos dezoito pacientes que nos dava uma ideia de contra o que teríamos que lutar. Apesar do bom humor do grupo, nenhum de nós encarava o trabalho com ligeireza. Estávamos acampados juntos nas fronteiras da psiquiatria, no limite entre distúrbios cerebrais e enfermidades emocionais.

Tínhamos um novo paciente.

— Jack O’Flanagan — disse Glória. — Setenta anos. A polícia encontrou-o perambulando junto à estrada de ferro de Forest Hills. Ele disse que é maquinista, mas como não tinha documentos de identidade, eles o detiveram. Na verdade, ele foi maquinista de trem, há mais de dez anos.

— Levaram-no para o Carney — prosseguiu Kwan. — Fizeram todos os exames e nada há de errado com ele, fisicamente.

Mas é claro que existem problemas psíquicos. Chamaram a família. Ficaram sabendo que a esposa morreu de repente, há algumas semanas. A filha ficou aliviada por termos decidido interná-lo na Seção Doze, para avaliação.

— Ele não parece nada preocupado por ter sido internado — comentou Glória.

Um bip começou a tocar e, como um time perfeitamente reinado, todos nós olhamos para o aparelho em nossos cintos a fim de ver qual era. Era o meu. Um número que eu não conhecia piscava no mostrador. Resolvi ligar depois, porque a reunião não demoraria muito. O antiquado sistema de aquecimento da sala tinha apenas dois pontos de regulagem: quente e sufocante. O ambiente não demoraria a ficar insuportável e teríamos que sair para dar uma volta.

Quando saímos, Kwan e eu colidimos num canto da sala de reuniões, ambos indo para o telefone. Ele franziu os lábios e disse, com gentileza:

— Este dia está sendo muito difícil para o senhor, doutor. Ligue primeiro.

— Muito obrigado, doutor Liu — respondi, fazendo uma pequena reverência.

Disquei. Depois de um toque atenderam:

— Departamento de Defesa Pública de Massachusetts.

Eu gelei e virei-me para a parede. Sentia-me como se tivesse levado um soco no estômago. Mal pude ouvir a voz do outro lado da linha:

— Alô!? Departamento de Defesa Pública de Massachusetts....

Alô? Tem alguém aí?

— Aqui é o doutor Peter Zak. Alguém bipou para mim.

Minha voz soou calma e profissional.

— O senhor pode esperar um minuto?

Fiquei ali, paralisado. Na minha cabeça, bati o telefone e a porta depois de passar correndo por ela. Porém, um momento depois, ainda segurava o telefone quando uma voz familiar chegou ao meu ouvido:

— Peter? Aqui é o Chip.

Creio que deveria ter desligado naquele momento. Mas isso iria requerer ação e me sentia como se toda energia houvesse sido sugada do meu corpo. Eu não via Chip desde o funeral da minha mulher. Fechei os olhos com força para expulsar a lembrança, porém ela não foi embora. Eu sentia meu punho fechado colidindo com o maxilar de Chip. Via a expressão ferida e chocada dele enquanto recuava, cambaleando, até dar um encontrão na pessoa seguinte na fila de pêsames e cair. Alguém deve tê-lo ajudado a levantar-se. Não sei, porque dali por diante só me lembro do silêncio que se fez, aquele tipo de silêncio que ecoa quando um grande grupo de pessoas de repente se imobiliza e se cala até que, em seguida, todo mundo volta a agir como se nada houvesse acontecido.

— Oi, Chip. Faz tempo que não nos vemos — consegui dizer.

Mas soou como uma acusação e isso não seria justo. Depois do funeral ele me telefonou várias vezes, tentando entrar em contato. Porém eu andava evitando a humanidade inteira. Não retornava os recados telefônicos de ninguém. Queria esquecer.

Depois de alguns meses ele parou de telefonar.

— Eu estava pensando a mesma coisa — disse Chip. — Muito tempo, mesmo. Como é que vai indo?

— Muito ocupado, acho. E você?

— Como sempre, como sempre... — respondeu ele.

Houve uma pausa incômoda. Antigamente era fácil para nós preenchermos os silêncios com palavras vazias.

— Peguei um caso — prosseguiu Chip — e queria sua opinião a respeito.

Foi assim que me envolvi no julgamento por assassinato de Ralston Bridges? Por causa de um bip? Um telefonema? Provavelmente fiquei intrigado, o bastante para ajudar na defesa de um homem acusado que ingenuamente classifiquei como um pobre idiota que merecia a mesma defesa competente que todos os Von Bülows. Mas tudo aquilo havia mudado. Assassinato logo deixou de ser algo que só acontecia com desconhecidos.

— Você sabe que não faço mais esse tipo de trabalho — lembrei a Chip.

— Eu sei, mas pensei que...

— Sem chance.

— Este é o seu caminho certo, Peter.

— Esse caminho foi fechado.

— Pelo menos, ouça-me. Tudo que peço é uma consulta.

— Não acho uma boa ideia. Você tem ido muito bem sem minha ajuda...

— Mas não tem sido fácil. Em geral encontramos pessoas que nos dão o que precisamos, mas desta vez preciso da sua experiência. Olhe, me dê pelo menos uma hora para apresentar-lhe o caso, depois eu o deixo em paz...

Como não desliguei, ele continuou:

— É o seguinte, o que aconteceu alterou a memória da vítima sobrevivente. Ela levou um tiro na cabeça e sofreu um grave trauma cerebral. Passou semanas em coma. Agora, diz que se lembra de quem fez tudo.

Não consegui me controlar e quando vi já estava pensando.

Quantas semanas em coma? Que pontos a bala atingira? Tudo dependia da extensão do estrago que a bala tivesse feito no trajeto percorrido. Ferimentos na cabeça são peculiares. Desvios mínimos, frações de milímetros para um lado ou para outro podem fazer enorme diferença nos efeitos.

— Estamos defendendo o ex-marido da mulher. Ele tentou suicídio depois de ter sido preso. Está internado em Bridgewater para observação.

— Chip... — comecei a protestar, mas o protesto pareceu fraco até para mim.

— Você é especialista nessa área, Peter. Não existe outro melhor. — Pausa. — O que me diz? Você me dá pelo menos uma hora? Vai ser indolor, garanto. Não precisará nem sair do consultório. Annie e eu iremos lá, então a gente conversa. Sem espalhafato e confusão. Sem compromisso. Pode acreditar, nada como nos velhos tempos.

Tínhamos formado uma equipe que defendia os direitos dos fracos e oprimidos: Chip Ferguson, advogado, Annie Squires, policial investigadora, e Peter Zak, perito em testemunhos. Será que a última vez que eu vira Annie tinha sido no funeral, também? Não conseguia me lembrar.

— Você continua trabalhando com Annie?

— É o meu braço direito. Quando ela desiste de algum caso, tenho que desistir também. Foi Annie que insistiu que eu telefonasse para você.

— Apenas uma consulta.

— De uma hora. Nada mais, Peter. Está bem às cinco horas?

Eu resmunguei algo incompreensível.

— Ótimo! Obrigado, Peter!

Quando desliguei o telefone já estava arrependido. Como eu poderia estar interessado se já sabia aonde aquilo poderia levar?

Minha camisa estava úmida por baixo do paletó. Vi meu reflexo no espelho sobre a lareira. Mal reconheci a pessoa que me encarava, olhos cansados sob grossas sobrancelhas negras, cabelos tocados de branco aqui e ali. Rugas atravessavam minha testa.

Ajeitei a gravata. Há quanto tempo havia aquela mancha de gordura logo abaixo do nó? Não me ocorreu pensar em quando tinha sido a última vez que me olhara ao espelho. Kwan estava à porta, olhando para fora. Sua atitude negligente, braços cruzados diante do peito, não me enganou.

— Você está bem? — perguntou-me.

Eu sacudi os ombros e ele começou a rir, levou uma das mãos à boca e murmurou:

— Não esqueceu de nada?

— Por favor, me dê uma luz...

— Parece que você esqueceu das meias.

Olhei para os meus pés nus, muito brancos, enfiados num sapato esporte cor de sangue de boi. Respondi no ato:

— Você não podia fazer de conta que não tinha notado, não é? — E, depois, disse aos outros: — Que tal começarmos as visitas pelo senhor O’Flanagan?

Atravessei o hall com suas paredes cor-de-rosa, janelas altas e carpete industrial cinzento para entrar na sala de almoço, muito clara, onde os pacientes tomavam suas refeições.

De uma porta veio a voz estridente:

— Oi, doutor!

Voltei-me e vi uma mulher pequenina, de cabelos grisalhos, camisola azul e meias três-quartos, acomodada numa cadeira de rodas.

— Cataldo! — ela cantou com voz trincada de soprano, agitando o dedo indicador no ar.

— Olá, senhora Blum — respondi.

Tive que resistir ao impulso de gritar-lhe algo bizarro como "Jerônimo!". Acenamos um para o outro e nos cumprimentamos com a cabeça.

— Quem é Cataldo? — perguntou Suzanne Waters, nossa médica interna. — O médico dela?

— Não, mas bem pensado. — respondi. — Cataldo é o nome de uma companhia ambulante de espetáculos.

Glória elaborou:

— Para a senhora Blum isso é como parar numa esquina e gritar "táxi"!

Alguns pacientes estavam sentados na área comum, uma sala de estar com mais paredes cor-de-rosa, algumas cadeiras de plástico e metal e um par de sofás marrons. Num canto com janelas até o teto havia um grande piano. Uma horrorosa lâmpada fluorescente brilhava no centro do teto emoldurada por um elaborado medalhão de gesso. Jack O’FIanagan, magro e etéreo, careca a não ser por uns tufos de cabelos cinzentos flanqueando as orelhas, achava-se sentado em uma cadeira junto à entrada para o hall, o rosto a poucos centímetros da televisão desligada.

Aproximei-me e coloquei a mão no seu ombro. Ele não se mexeu. Agachei-me para que nossos rostos ficassem no mesmo nível e disse:

— Bom dia.

Ele fitou-me com os olhos aquosos.

— O que está fazendo? — perguntei.

— Fazendo? — ele repetiu, aí olhou ao redor e tornou a prestar atenção na tevê. — Oh, estou esperando essa maldita televisão esquentar.

— Sou o doutor Peter Zak. — Estendi a mão, ele olhou-a, relutante, depois apertou-a. — Importa-se se eu me sentar ao seu lado e lhe fizer algumas perguntas?

— Perguntas? — Ele deu de ombros. — Fique à vontade.

— Qual é o seu nome?

— John Patrick O’Flanagan. O mesmo nome do meu pai.

Eu senti que começava a relaxar ao entrar na rotina bem conhecida. Trabalhar tornara-se a minha salvação.

— Sabe onde está?

— Bem, eu estou... estou... — Ele gaguejou e olhou em volta como se visse aquele lugar pela primeira vez. — Estou na sala de espera de Forest Hills aguardando a chamada para meu trem.

— Sabe que dia é hoje?

— Terça-feira — respondeu O’Flanagan, com segurança.

Era segunda-feira. Ele olhou para fora e acrescentou:

— Abril.

Um bom palpite. Abril parecia-se muito com setembro na Nova Inglaterra.

— E o ano?

– 1963.

— Quem é o presidente?

As sobrancelhas dele ergueram-se, indicando surpresa.

— John Fitzgerald Kennedy, claro. Não deveria ser preciso eu lhe dizer isto, meu jovem.

Assenti.

— Tem tido algum problema de memória ultimamente, senhor O’Flanagan?

— Problemas? Nenhum. — E acrescentou, batendo na cabeça com os nós dos dedos fechados: — Minha mente é boa como a chuva.

— Importa-se de fazer um pequeno teste?

— Pode fazer. Mas terei que ir quando eles me chamarem.

— Quero que o senhor se lembre de três coisas. Um bastão, como um bastão de beisebol. Uma mesa, como uma mesa de sala de jantar.

O senhor O’Flanagan fez que sim com a cabeça e repetiu:

— Bastão, mesa...

— E ponte, como a ponte de Golden Gate.

— ... ponte.

Ele revirou os olhos para Kwan e Glória, depois me disse:

— Bastão, mesa, ponte.

— Muito bem. Agora, guarde bem estas palavras porque irei perguntá-las daqui a pouco. Imagino que o senhor conheça o ditado: "Quem tem telhado de vidro não deve atirar pedras".

— Claro, já o escutei.

— Pode me explicar o que ele significa?

— Quem tem... — Ele pensou um pouco, depois tornou a falar. — Quer dizer... O’Flanagan franziu as sobrancelhas e de repente uma lâmpada pareceu acender-se em sua cabeça. Formou uma tenda com as mãos e entoou:

— "Não julgue se não quiser ser julgado". — Fez uma pausa.

— Mateus, sétimo.

E sorriu para mim.

— Muito bem — aprovei. — Lê sempre a Bíblia, senhor O’Flanagan?

— Eu? Não. Minha mulher lê. Ela vive citando a Bíblia. Esta é a sua citação preferida.

— E como vai sua mulher?

— Bem como a chuva — respondeu ele.

— Agora, lembra-se das três palavras que falamos há pouco?

— Que palavras? — ele perguntou.

Dei a dica:

— Beisebol...

O’Flanagan ficou vermelho e explodiu:

— Do que está falando?

— Golden Gate...

— Que brincadeira ridícula é essa? Por que está me fazendo perder tempo quando tenho trabalho a fazer? — Ele se pôs de pé e, confuso, olhou ao redor da sala. — Meu trem... — murmurou.

— O senhor tem toda razão. Foi uma brincadeira boba. Pode relaxar. Virão avisá-lo quando chegar a hora do trem sair.

O velho deixou-se cair sentado na cadeira e despediu-se de mim com um aceno. Então, viu a televisão, recostou-se no assento e ficou olhando placidamente para ela.

Eu me ergui e saímos da sala.

— Mal de Alzheimer? — perguntou Suzanne, a interna.

Sacudi a cabeça.

— O senhor O’Flanagan é nosso típico paciente Korsakoff.

— Eu deveria ter desconfiado pelos capilares rompidos em seu rosto. Alcoólatra.

— Foi alcoólatra — esclareci. — O senhor O’Flanagan lembra-se de como as tevês funcionavam há quarenta anos, levando alguns momentos para esquentar. Mas não lembra que não a ligou. E não tem a menor ideia sobre se está esperando há minutos ou há horas.

Enquanto atravessávamos o hall. Glória olhou para trás e comentou:

— Mas ele é um homem contente. Nada deste mundo o preocupa.

A mente pode se deteriorar de várias maneiras e a do senhor O’Flanagan não era das piores. Seu mundo se tornara uma tranquila zona morta na qual cada momento que passava desaparecia da sua memória como um floco de neve se dissolvendo numa chapa quente. Havia momentos em que eu trocaria alegremente de lugar com ele. Mas era o que eu pensava até falar com Chip ao telefone.


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