capítulo 7

take a walk 

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Rose Weasley entrou no seu pequeno apartamento que divide com a prima, de uma vez só e com o rosto vermelho pimentão de raiva. Dominique não teve certeza se era a prima que acabara de chegar em casa ou um touro que acabava de passar pela a porta — apesar que, levando em conta o olhar da ruiva, a prima não duvidava que ela fosse mais perigosa que o tal animal.

E ela ainda segurava um abajur, o que tornava a situação mais estranha.

Domi até pensou em perguntar o por que da raiva da amiga, mas antes mesmo que qualquer palavra pudesse sair de sua boca, Rose começou a falar.

— Ah, então você está em casa? — perguntou, rindo ironicamente. — Que divertido. Sabe, eu imaginei que, antes de te matar, eu pudesse preparar o local do crime... Mas olha quem já está aqui...

Oh. — foi tudo que a loira conseguiu pensar. Dominique, quando saiu do cabeleireiro, percebeu que não teria dinheiro o suficiente para pagar um táxi ou pegar sequer um ônibus, então decidiu voltar pra casa e esperar Rose ali. Ela também esperava que a ruiva não estivesse querendo a enforcar só com o olhar — mas lá estava ela.

— Eu...

— Como você pôde Dominique?! — A estudante de francês exclamou, sem medo de que os vizinhos de cima, de baixo ou dos apartamentos do lado ouvissem. — Como alguém pode achar que outra pessoa está noiva quando nem sequer existe uma noiva?! — perguntou, colocando as mãos na cabeça ao lembrar da vergonha que passou no apartamento de Albus.

Ah, isso. Dominique pensou, apesar de não ter entendido muito bem. Como assim não havia noiva?!

— Você tem ideia de como eu fiquei parecendo uma idiota enquanto Albus ria da minha cara e o amigo mutante dele também?! — a Weasley desabou no sofá, fazendo Dominique levantar as sobrancelhas.

— Amigo mutante? — perguntou, sem ser respondida.

— E como se não bastasse o nosso primo rir de mim, eu tinha certeza que o amigo dele era o amante secreto da noiva invisível. E aquele infeliz ainda me fez tomar o maior susto da minha vida, de verdade, qual é a dificuldade de responder quando alguém pergunta "tem alguém em casa?".

Dominique realmente poderia ter deixado o cabeleireiro para outro dia. Se tivesse ido ao apartamento do Albus com a ruiva, teria conhecido o tal amigo carinhosamente apelidado de “mutante”. E talvez, nesse momento, não precisasse estar totalmente curiosa ( e com medo ) para saber o que tinha acontecido. De verdade. E sem a intervenção dos gritos de ódio da prima.

— Okay... pode me explicar essa história direito?

— Ah! — ela suspirou, encostando sua cabeça ainda mais no sofá, abraçada ao abajur bege. Parecia ter desistido de matar alguém por alguns instantes. — A noiva do Albus na verdade é um tal de Scorpius e... Ah, eles não são noivos.

— Me desculpa Rô... — Dominique murmurou, colocando o livro de anatomia que estava no seu colo de lado e abraçando a prima. — Eu não sabia, me desculpa... Eu achava que James estava falando sério sobre o Albus ter ficado noivo, juro, isso nunca mais vai acontecer — prometeu.

A prima assentiu, tentando acreditar que isso não se repetiria mesmo. Mas no fundo sabia que era impossível deter o "fator Dominique" em sua vida, que sempre fazia questão de se meter - e meter Rose - em coisas surreais e, em grande maioria, vergonhosas como ataques de namorados de primas em restaurantes e sites de namoro online.

Ela tentou afastar da memória aquela coisa vergonhosa em específico. Céus, ela nunca poderia olhar na cara do primo Potter de novo sem que rissem dela. Ele nunca iria esquecer aquele dia, e provavelmente, naquele momento, já tinha virado piada entre os amigos dele.

E do tal Scorpius.

É, ele teria uma boa história para contar ao seus outros amigos mutantes.

E pensar nisso era tão frustrante quanto o fato dele ser estranhamente bonito. Por que isso também era frustrante. Imagina: se fosse um garoto mais feinho ele não riria dela dessa forma e Rose não ficaria envergonhada, frustrada ou o que sabe Deus mais possível.

“...Como?! — ela tentou passar mesmo assim, mas ele a segurou com força. Com raiva ela tentou bater nele.

— Seu doido, o Albus vai ficar sabendo disso — gritou, tentando se livrar dele. — E eu espero que aquela vaca pague muito caro por ter traído ele.

— Sua doida, que merda você tá falan..."

Rose sentiu sua pele esquentando novamente só de se perceber o quão "louca" ela realmente havia sido. Por ter achado que existia mesmo uma noiva, que essa noiva inexistente estava traindo seu primo com um dos seus amigos e, mesmo sem admitir, por ter ficado fascinada com os olhos cinza dele.

Ela bufou.

— Certo, vamos fingir que hoje nunca aconteceu. E eu não passei um micão por sua causa, estamos combinadas?

— Combinadíssimas!

— Então tá, eu vou tomar banho e... Fazer algo.

Dominique assentiu e deixou a prima em paz. As duas se conheciam o suficiente para saber o momento de deixar a outra em paz. Quer dizer, Rose sabia, Dominique apenas acompanhava.

Quando Rose estava penteando seus cabelos molhados, viu de relance seu notebook quase escondido por um monte de folhas e livros da faculdade. Ela não mexia nele faziam semanas, tudo porque não queria cair na tentação de falar com o Loirosexy_ e acabar virando uma desleixada em relação aos seus estudos/futuro.

De novo.

Ela e aproximou sorrateiramente enquanto se aproveitando do fato que Dominique não entraria ali, ligou o laptop, colocou seu login naquele site de relacionamentos também vergonhoso e mandou uma mensagem para o loirosexy_

“Você provavelmente está querendo me matar pelo fato de não termos conversado nos últimos dias...”

“Mas desculpa”

— Você

Rose pressionou "enter" pra enviar a próxima mensagem, e um pouco mais familiarizada com o site em si, abriu uma aba com algumas mensagens do tal Romildo22.

“Olá. Tudo bem com você?”

“Como você pode ver, meu nome é Romildo, e... Achei seu perfil muito maneiro”

— Romildo22

— Maneiro? Nossa, que consideração — murmurou, mas educadamente respondeu a mensagem. Qual era o problema de responder o coitado de nome exótico?

“Se maneiro for consideravelmente bom, obrigada.”

— Você

Na caixa de mensagem também havia a de um cara chamado IndieRock301, mas era só um link para ela dar uma “passada” na página sobre músicas dele. Rose revirou os olhos, mas ao acessar a página, percebeu que tinham coisas bem interessantes lá.

Um barulhinho agudo tomou conta do quarto e rapidamente e ruiva abaixou o volume. Apreensiva, abriu a aba que reluzia em amarelo, pedindo sua atenção.

Nova mensagem: (1)

“Sabe, todo esse lance de conversar com você tá perdendo a magia.”

— Loirosexy_

Rose não podia fingir que aquela frase não havia lhe deixado muito mal. Apesar de ser um desconhecido, e de ainda haver a possibilidade de ser um estuprador (ou um psicopata, vale ressaltar), ela gostava muito de conversar com ele. O loirosexy_ era divertido, mesmo que auto-confiante demais. E, droga, por que ela deixou de conversar com ele mesmo?

Com a consciência pesada escreveu uma resposta.

“Você pode me odiar à vontade, sério, eu vou entender...”

— Você

A resposta não demorou.

“Você me ignora um tempão, me deixa totalmente solitário nesse mundo virtual cheio de garotas psicóticas por mim, e ainda acha que eu vou conversar com você?!”

“Poxa, existe um contrato invisível e inevitável que você assina quando começa conversar comigo. E nele está escrito algo como ‘amigo para todas as horas, não para apenas momentos de crises existenciais’”.

— Loirosexy_

“Então ainda somos amigos?”

“Quer dizer, somos amigos?”

— Você

“É, é”

“Por ai”

— Loirosexy_

Um sorriso tomou conta do rosto cheio de sardas da garota. Tipo, aquela resposta dele não era a coisa mais querida do momento, mas ele pelo menos tinha respondido, certo?! E ainda tinha dito que eles eram amigos!

“Se somos amigos, então compartilhamos coisas, né?”

— Você

Ela pensou em comentar sobre o doido que estava na casa do Albus, já que provavelmente seu “amigo virtual” tornaria a situação menos embaraçosa. Mas não era bem o assunto para o momento. Resolveu escolher outro, tentando redimir-se.

“Por ai”

— Loirosexy_

“Certo, você estuda medicina, né? Então deve saber me responder uma coisa...”

“É possível alguém ter olhos cinzas?”

— Você

Em dois segundos a resposta estava ali.

“Sim, é meio que uma variação da melanina presente no olho. É bem raro, apesar de eu ver um monte de gente com esse tipo de olho.”

“Muitas pessoas.”

“ Mas é raro msm assim.”

— Loirosexy_

“ Vc acabou de me dar uma aula agora, obgd”

— Você

"Eu sei ;)"

“Sabia que eles meio que mudam de cor dependendo do ambiente? É bem fera”

— Loirosexy_

Certo, agora suas dúvidas tinham sido sanadas. Ele realmente não era normal – ele, o amigo do Albus. E, além do mais, tinha conseguido tirar um sorriso virtual do Loirosexy_

“Então foi o que eu pensei: mutante.”

— Você.

“WTF?”

— Loirosexy_

“Nada, nada”

“Esquece”

— Você

"Ok"

“Vou ignorar”

“Ah, cara, tenho que ir lá. Acabei de me mudar e tenho que resolver uns negócios, senão meus pais me matam”

— Loirosexy_

“Ihhhhhhh”

“Filhinho de papai, é?”

— Você

“Pode parar por aí, ruivinha”

“Eu não vivo às custas da minha família”

“Mas eu mudei de cidade, sabe, é meio normal”

— Loirosexy_

“Uhum, sei”

“O que aconteceu? Alguma ex-namorada louca e maníaca te fez mudar de lugar?”

— Você

“ Você quer dizer ‘algumas’ né? kkkkk”

— Loirosexy_

“KKKKKKKKKKKKKKKKKK”

“Você deve conhecer muitas pessoas maníacas e psicóticas então”

— Você.

“Se eu conheço?! Eu atraio pessoas psicóticas pra perto de mim”

“Hoje mesmo uma louca invadiu o lugar onde eu to morando. Ela queria me matar, sério.”

“Ela podia ter me matado”

“Imagine? Você não teria como conversar comigo...”

— Loirosexy_

“Que triste”

“Acho que vou tentar descobrir quem essa menina é, pegar o número dela e virar amiga”

“Gostei dessa psicótica”

— Você

“Não acho uma boa ideia”

— Loirosexy_

A ruiva teve vontade de escrever que a pessoas que invadiu a casa dele não deveria ser pior que a que ela havia conhecido. Porém ele mandou mais uma nova mensagem.

“Mas enfim, vou indo”

“Tchau, tchau :3”

— Loirosexy_

Rose sorriu, e fechou o notebook, com um humor nas alturas.

É, ela se sentia... Revigorada após conversar com o Loirosexy_. É como se fosse uma droga. Só que, diferente de qualquer outra droga, o efeito não passava rápido. Era prolongado ainda mais. Tudo bem, ela não tinha esquecido completamente sobre a vergonha que passara mais cedo, mas... Parecia tão “nada”, que já estava até não queria matar mais ninguém