Primeiras Impressões escrita por Madame Baggio


Capítulo 9
Capítulo 09


Notas iniciais do capítulo

Obrigada por todos os comentarios!!!

Um feliz Natal a todos voces! Meu presente vem em formato de post ;)



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Charlotte me perguntou uma vez –pouco tempo depois de termos nos conhecido – porque eu e as meninas éramos amigas. Ela conseguia entender minha amizade com Jane, mas com as outras meninas era impossível.

Eu sei que muitas pessoas pensam o mesmo. Não por Jane, porque ela provavelmente conseguiria ser amiga do Freddy Krueger e acha-lo um cara legal. Mais por mim e minha completa falta de paciência com a maioria dos seres humanos.

A verdade é que, por mais que sejamos pessoas completamente diferentes, e que nós nos irritemos de vez em quando, eu sei que posso contar com elas quando a coisa ficar feia.

Na verdade, foi bem assim que ficamos amigas na escola.

Jane - por incrível que pareça- não foi sempre ridiculamente linda. Na adolescência ela teve essa fase bem desengonçada, um patinho feio. Agora para e pensa: uma menina negra, quieta e fora do padrão de beleza? Jane era prato cheio para todas as idiotas daquela escola e elas adoravam atormenta-la.

Eu sempre fui zoada por ser ruiva, então sempre fui nervosinha. Eu obviamente não podia deixar Jane sofrer sem ajudar, então eu a defendia. Para o meu choque outra pessoa que defendia Jane com unhas e dentes era Lydia. Isso porque a Kitty também sofria na escola pelo aparelho odontológico que tinha que usar e a fazia falar de forma estranha. E Kitty por sua vez defendia Mary, que era tímida e falava muito baixo.

Foi assim que ficamos amigas: uma defendendo a outra dos bullies.

E foi, por isso mesmo, que permanecemos amigas. Porque embora tenhamos personalidades e gostos diferentes e nossos defeitos nos enlouqueçam, todas sabemos que, quando for realmente necessário uma estará la pela outra.

Por isso, quando na segunda-feira depois da festa do Bingley, eu saí de uma reunião e encontrei 10 ligações perdidas da Jane, 7 da Lydia e 4 da Mary, eu soube que algo estava muito errado.

–Lydia? O que foi? –perguntei preocupada ao ligar para ela.

–Bingley, aquele filho de uma vaca, deu o pé na Jane por e-mail! –ela praticamente gritou do outro lado da linha. –Ela está péssima, você tem que vir para casa.

O QUE? Eu tinha ouvido errado! Não era possível.

Ainda era o meio da tarde, mas eu falei para o meu chefe que estava com problemas femininos e ele nem quis ouvir o resto da conversa antes de me liberar.

Liguei para a Mary e ela me disse que estava saindo do trabalho também, então nos encontramos no metrô. Quando viramos a esquina da nossa rua, Kitty estava abrindo a porta de casa, duas sacolas de compras em sua mão, dentro chocolate, vinho barato e sorvete.

–O que aconteceu? –Mary perguntou preocupada.

–Eu não sei direito. –Kitty admitiu –Jane ainda não disse nada, só que ele foi para os Estados Unidos do nada. Lydia me mandou comprar isso. –balançou uma das sacolas.

Nós três entramos na casa e encontramos Jane e Lydia sentadas no sofá em silêncio. Jane tinha a cabeça no ombro de Lydia, que tinha o braço jogado por sobre o ombro dela.

–Vocês chegaram. –Lydia suspirou aliviada.

–O que aconteceu? –eu exigi.

–Charlie... –Jane começou.

–O maldito. –Lydia cortou.

–Me mandou um e-mail. –Jane completou –Ele está indo para os Estados Unidos a negócios, por tempo indefinido. Ele disse que foi legal me conhecer e que se divertiu.

–Oi? –Mary soltou incrédula –Você “se divertiram”? A gente pode por fogo no prédio da empresa dele?

–Eu apóio essa ideia. –Lydia ofereceu.

–Mas... –eu respirei fundo –Não é possível! Você sabia que ele ia viajar?

–Não. –Jane falou –Ele não tinha falado nada de viagem para lugar nenhum. Ele simplesmente... –lágrimas começaram a escorrer do rosto dela –Eu achei que ele era diferente.

Lydia, que ja estava ali do lado, abraçou-a e eu me joguei do outro lado de Jane para abraça-la também. Kitty e Mary se espremeram no sofá também, e todas ficamos ali por um minuto.

–Eu liguei para a Caroline. –Jane admitiu depois de alguns minutos em silêncio –Como se eu ainda não tivesse lido o e-mail. Eu devia ter ligado para ele, mas não tive coragem, queria saber porquê, mas não queria parecer grudenta e pegajosa. Então eu liguei para ela.

–O que ela disse? –Kitty perguntou.

–Que a viagem estava planejada há meses e ela estava louca para ir, porque Nova York é maravilhosa para compras, mas que quando voltasse nós duas deveríamos almoçar juntas.

Ta, Charlie era um babaca e tinha ido embora como um covarde, eu não precisava mais guardar minha opinião sobre Caroline para mim mesma.

–Ela era um víbora, Jane. –eu falei –Aproveita essa chance para nunca mais falar com ela. Você sabia que ela...

–Não gostava de mim por eu ser negra? –Jane completou, então suspirou diante das nossas caras de surpresa –Eu vivi com preconceito minha vida toda, Lizzie, eu sei muito bem quando alguém não gosta de mim por isso. Mas eu gostava do Charlie e estava esperando que eu conseguisse me dar bem com ela por ele. Mas obviamente eu estava errada sobre ele.

Eu juro por Deus, se Charlie terminou com Jane por causa da cor da pele dela, eu ia descobrir e mata-lo lentamente.

–O que nós podemos fazer por você, Jane? –Kitty perguntou gentilmente.

Todas nós tínhamos um procedimento para fim de namoro. Eu tinha chiliques e queria jogar paintball, Lydia gostava de ficar bêbada e nós tínhamos que tirar o celular dela, até Mary tinha seu próprio jeito de lidar com um término difícil, mas Jane nunca tivera um. Isso era novidade para gente. Então nós não sabíamos o que fazer.

–Isso já está bom. –ela nos assegurou, se aconchegando mais entre eu e Lydia –Mas eu aceito uma maratona de filmes do Colin Firth.

Eu ia matar Charlie.

XxX

Jane estava tentando manter uma certa aparência de calma na nossa frente, mas nós sabíamos que não era verdade. O meu quarto ficava parede com parede com o dela e eu a ouvia chorar de vez em quando. Ela ia trabalhar e voltava, mas não falava mais nada e não queria mais sair.

Nós realmente não sabíamos o que fazer.

Então veio algo realmente interessante. Jane trabalhava para uma decoradora de interiores muito chique de Londres. A chefe dela tinha sido chamada para decorar um chateau na França e ia levar algumas pessoas com ela e Jane foi uma das selecionadas.

Jane finalmente animou-se e começou a fazer planos, afinal era um grande passo para a carreira dela –além de ser quase um mês pago em um chateau francês.

Nós ajudamos a fazer as malas e foi ótimo vê-la finalmente animada.

A única parte chata era que Jane era minha companhia para o casamento de Charlotte. Sem ela eu não teria com quem ir. Lydia não era chegada em casamentos e Kitty e Mary não eram chegadas em Collins. Eu até entendia, porque na verdade verdadeira, a Charlotte era minha amiga, não delas. E eu sabia que aquele casamento ia ser um porre.

Era melhor não soltar nenhuma das três em cima da famosa Catherine De Bourgh. Especialmente se eu ia ficar na casa dela.

Eu não estava la muito animada para a coisa toda. Eu adoro Charlotte, mas a coisa toda ia ser um pé no saco. Eu não sou muito chegada em casamentos e ser uma das damas de honra não ajudava em nada.

Então, quando eu finalmente peguei meu vôo para a Escócia, só conseguia pensar na viagem de volta.

Quando eu desci no aeroporto de Dundee havia uma mensagem de Charlotte dizendo que um tal de Fitz –sobrinho da dona De Bourhg –ia me buscar.

Eu saí pelo portão de desembarque e comecei a olhar em volta, até avistar um homem com uma plaquinha que dizia “Lizzie” e tinha o desenho de uma dessas pessoinhas feitas de pauzinhos com cabelo vermelho.

Engraçadinho. Eu ja gostava dele.

–Deixa eu adivinhar... –eu falei com falsa surpresa -Fitz?

–Eu mesmo. –ele deu um sorriso maroto –Eu suponho, pela cor do cabelo, que você seja a Lizzie!

Eu revirei os olhos, tentando conter o sorriso.

–A própria. Prazer. –eu ofereci minha mão.

–O prazer é meu. –Fitz aceitou o cumprimento –Charlotte me falou muito de você. Ela estava louca para você chegar. Literalmente. Acho que tia Catherine está surtando sua amiga.

Eu tentei conter a risada –afinal a tia é dele, né –mas acabou que eu ão consegui.

–Bom, aqui estou.

–Quer ajuda com a mala? –Fitz perguntou –Eu fui informado que você é super independente e eu não quero por em dúvida sua capacidade de mulher auto-suficiente.

–Só por essa gracinha, você vai carregar minha mala. –eu falei passando-a para ele.

–Meu Deus, mulher, o que você carrega aqui? As cabeças dos seus inimigos? –ele reclamou.

Eu sentia que esse era o começo de uma bela amizade...

XxX

Eu sei que devia ter pensado nisso antes, mas eu tive uma semana cansativa! Não é minha culpa que eu não liguei as duas coisas imediatamente.

–Você é primo do Darcy? –eu perguntei chocada a Fitz.

Claro que ele é primo do Darcy, sua idiota! Ele é sobrinho da Megera! Eu sou uma anta.

–Uau, tem muita incredulidade nesse seu tom. –ele falou rindo –Sim, eu sou primo do Darcy.

–Um de vocês deve ter sido adotado. –eu falei com certeza absoluta.

Fitz explodiu em risadas.

–De onde você conhece o Darcy? –ele perguntou curioso.

–De uma tragédia da minha vida. –eu respondi seca.

Eu fiquei meio preocupada que ele ia rir tanto que ia bater o carro.

–Ruim assim? –ele perguntou solidário.

–Pior. –eu falei sem um pingo de dó –Eu nunca vi uma pessoa mais antipática em toda minha vida!

–Ok, Darcy não é a pessoa mais sociável do mundo. –Fitz falou de forma conciliatória –Mas é porque ele é tímido. Ele não sabe como agir na frente de pessoas que ele não conhece, então ele sempre parece um babaca no começo. Mas eu te garanto, ele melhora com o tempo.

–Ah é? E quanto tempo seria? –eu revirei os olhos –Porque eu estive em contato com ele por alguns meses e ele continuou sendo um mala.

Fitz parecia confuso com isso.

–Isso é estranho. –ele falou por fim –Darcy é meio fechado no começo, mas se vocês se viram mais vezes ele deveria ter melhorado.

–Ele sempre foi incapaz de manter uma conversa comigo sem dizer algo estranho ou simplesmente virar e sair. –eu admiti.

Fitz olhou para mim, abriu a boca, então pareceu mudar de ideia, mas ele estava refletindo.

–E outra coisa! Qual é essa história de Darcy? –eu perguntei, porque morria de curiosidade –Ele pensa que é quem? A Cher?

Felizmente nós já tinhámos parado quando eu disse essa, porque o Fitz riu tanto que ele ficou sem ar e eu tive que abana-lo.

–Darcy odeia o nome dele. –ele me informou –Então ele não costuma usa-lo.

–Qual seria esse nome? –eu perguntei interessada.

–Ah sem chance. –Fitz falou na hora –Você pergunta para o Darcy.

Eu devia ter me tocado de que isso era uma pista.

XxX

Charlotte estava ridiculamente aliviada em me ver. Eu descobri que não era apenas pelo meu charme.

A mãe e a irmã dela estavam deixando Charlotte louca por causa do casamento. Ricky ainda não tinha chegado para ajuda-la a relaxar, então ela estava aguentando as duas na orelha dela.

A lendária Catherine de Bourgh também não estava sendo la grande ajuda, atormentando Charlotte o tempo todo com os minímos detalhes do casamento. Isso depois de ela ter dito que ia cuidar disso tudo porque Charlotte não tinha competência para isso.

Sinceramente, alguem pode mandar essa mulher a merda?

Enfim, eu cheguei e tirei minha amiga de perto da mãe dela antes que acontecesse um matricídio dois dias antes do casamento.

–Lizzie, você é um anjo. –ela falou jogando-se na cama do quarto que Catherine de Bourgh tinha gentilmente separado para minha pessoa.

Aquela casa era ridiculamente grande. Tipo, eu achava o apartamento do Bingley grande, mas aquela casa... Haviam quartos e quartos lá!

Tanto que não só eu estava hospedada com meu próprio quarto, mas Charlotte e a familia estavam, Collins também e mais algumas pessoas.

(Eu sou uma anta mesmo. Como eu não percebi antes?)

O casamento e a festa iam acontecer na mansão por algum motivo que nem Chartlotte entedia.

–Eu até agora não sei porque ela me deixou fazer o casamento aqui. –ela reclamou, largada na cama –Eu nunca me arrependi tanto de algo.

–Bom, agora é só aguentar mais um pouco e ja ja está tudo terminado. –eu falei tentando ser positiva –Fica escondida aqui, eu vou buscar algo para nós comermos na cozinha.

–Você é um anjo, Lizzie. –Charlotte falou fechando os olhos –Eu acho que devia te avisar alguma coisa... Mas não lembro o que...

–Eu imagino que seja pra eu correr caso veja a De Bourgh vindo na minha direção.

Charlotte apenas fez um som vago de concordância.

Eu saí do meu quarto e olhei em volta para o corredor. Hum... Para onde ir?

Eu não tenho ideia de onde fica a cozinha dessa casa, mas o Fitz está a solta por aqui e ele deve saber. A questão é... Cade o Fitz?

Eu lembrava o caminho para a porta de entrada e resolvi começar de lá. Encontrei as escadas que levavam para o andar de baixo quando...

–Lizzie?

Darcy estava la embaixo, pé no primeiro degrau, preparando-se para subir.

Ele é sobrinho da Catherine. Tem outras pessoas ficando na casa. Fitz falou para eu perguntar do nome.

Eu devia ter adivinhado.

Burra.


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Notas finais do capítulo

Ai dona Elizabeth, você só da fora mesmo.. hahaha

Bingley maldito! Ele vai ter passar pelo diabo pelo que fez com a Jane, porque na minha opinião ela perdoa esse idiota fácil demais no livro.

Nossa capa da vez é o querido Wickham. Outro maldito.

Espero que vocês tenhm gostado do meu presente de Natal para vocês! Nos vemos ano que vem!

B-jão