Primeiras Impressões escrita por Madame Baggio


Capítulo 21
Capítulo 21


Notas iniciais do capítulo

AGORA É O ÚLTIMO T.T



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Jane e Bingley estavam se esforçando nesse negócio de serem amigos. Nós todas sabíamos que eventualmente os dois iam voltar, principalmente porque apesar de tudo a Jane ainda gostava dele. Porém era bom vê-la fazendo o moço se esforçar um pouco.

Alías, pouco uma ova. Jane estava fazendo Bingley agir como gente, conhecer todos os amigos dela, a família dela e parar com essa mania de querer pagar tudo e agradar todos o tempo todo. Ela também deixou bem claro que os dois não estavam namorando.

No começo Bingley parecia um pouco perdido, desnorteado. Acho que tinha muito a ver com o fato de nós não estarmos ajudando em nada e deixando óbvio que ele não estava totalmente perdoado. Nós não estávamos sendo grossas ou nada, porque também não tinha nem necessidade disso, mas não estávamos mais nos matando pra ser legais com ele.

Mas o menino merece crédito. Bingley tem sido atencioso e educado, sem ser capacho. O relacionamento dos dois não era mais aquela coisa fofa de filmes da Disney, onde tudo parecia perfeito o tempo todo. Agora eles conversavam, debatiam e descordavam um do outro. Parecia bem mais saudável.

Eu não dou um mês pra eles voltarem.

Com tanta coisa indo bem eu devia ter desconfiado de que algo estava para acontecer e me por pra baixo. Karma não ia me deixar em paz por muito tempo (como ele ja provou diversas vezes).

E meu problema veio em forma de Catherine De Bourgh.

XxX

Era terça-feira e eu estava voltando do meu almoço, quando Paul (meu chefe) veio falar comigo.

—Você não está nos deixando, não é? –ele me perguntou, quase em desespero –Nós ja perdemos Charlotte para a De Bourgh!

—Oi?

—Eu sei que você pode achar que la você terá mais oportunidades. –ele continuou, obviamente agitado –Mas você é uma parte do nosso time e deveria considerar seu futuro conosco!

—Paul...

—Nós podemos discutir um aumento! –ele declarou de repente –Claro, nada tão astronomico, a economia não está la essas coisas...

—Paul! –eu chamei de forma firme –O que está acontecendo? –exigi, porque ele me deixou confusa. A não ser pelo aumento, nós definitivamente vamos falar disso depois.

—Catherine De Bourgh está aqui para falar com você. –ele falou como se fosse óbvio –Eu tenho certeza de que ela veio te oferecer um trabalho, mas você não vai aceitar né?

—O QUE? –eu acho que isso saiu mais alto do que devia.

Mas sério, quem pode me julgar? E eu não tenho metade da ingenuidade que o Paul parece ter. Essa mulher não está aqui para me contratar, disso eu tenho certeza absoluta.

—Onde ela está? –eu perguntei para Paul.

—Na sala de reunião 2. Mas, Lizzie...

—Nós vamos falar daquele aumento, Paul. –eu informei o chefe, antes de seguir para a sala.

Catherine estava sim, esperando por mim, sentada na cabeceira da mesa, como uma rainha esperando por seus servos. Sério, eu quase olhei em volta procurando o cara abanando a madame com a folha de bananeira.

—Miss Bennet. –ela arqueou uma sobrancelha, mas não levantou –Eu tenho certeza de que você sabe porque eu estou aqui.

Ah, então vai ser assim né? Nem vamos fingir que somos educadas? Ok, vamos ver então.

—Eu não tenho a mínima ideia. –falei sem preocupação alguma, puxando a cadeira na cabeceira oposta da mesa e sentando sem cerimônia alguma.

Catherine estreitou os olhos.

—Você acha mesmo que pode usar minha família desse jeito sem consequências? –ela exigiu.

—Usar sua família? –eu repeti chocada.

O que essa mulher andou fumando?

—Não se faça de desentendida, senhorita Bennet. –do jeito que ela falou meu nome parecia que ele tinha um gosto ruim –Eu ja tinha percebido no casamento que você estava se jogando para o meu sobrinho...

—Oi?

—E eu achei que era pelo dinheiro e o prestígio, mas você tinha outra coisa em mente, não é? –ela continuou, me ignorando totalmente –Você queria usa-lo e Gina para livrar a cara da vagabunda da sua amiga.

—Como você se atreve? –eu exigi me levantando –Meu relacionamento com seus sobrinhos não tem nada a ver com o que aconteceu com a Lydia.

—Ah, por favor. –ela revirou os olhos –Não venha se fazer de ofendida para cima de mim. Que conveniente você estar na casa dos dois bem quando você recebeu a ligação, não é? Na frente da pobre da Gina! Você não tem respeito algum pelo que ela passou?

—Muito pelo contrário. Eu só tenho respeito por ela. Ao contrário de você, que não tem respeito nenhum pelo que minha amiga passou. –eu falei –Você obviamente não sabe de nada ao meu respeito para estar jogando esse tipo de acusação ridicula e sem fundamento na minha cara. Antes de mais nada, seu sobrinho querido é quem estava atrás de mim. Eu não preciso do dinheiro de ninguém, porque eu sei me cuidar. Gina entrou no processo porque ela quis, porque ela é muito mais forte do que vocês imaginam.

—Escute aqui, mocinha... –ela começou se levantando.

—Não, escute aqui você. –eu cortei, fuzilando-a com o olhar –Você fale o que quiser de mim, eu não estou nem aí se você acha que eu sou uma vagabunda atrás de dinheiro. Sua opinião não me serve de nada e a minha opinião a seu respeito não poderia ser pior. Agora você não ouse atacar minhas irmãs e não ouse dizer que eu faria qualquer coisa para magoar a Gina.

—Quem você pensa que é para falar comigo nesse tom?

—Quem você pensa que é para vir até o meu trabalho me ofender dessa forma? –eu retruquei –Você pode muito bem se achar senhora de tudo e todos, e eu não estou nem aí se você tem uma fila de puxa sacos atrás de você. Você não merece meu respeito ou minha consideração. Vá embora.

Ela ficou parada olhando para mim em choque. Eu acho que quebrei essa velha maldita.

—Isso não vai ficar assim. –ela falou por entre os dentes.

—Disso você pode ter certeza. –cruzei meus braços.

Ela agarrou a bolsa e saiu de la pisando firme.

Eu acabei de xingar a dona do maior escritório de advocacia do país?

Oh não...

XxX

—Lizzie, eu estou orgulhosa de você. Ligeiramente preocupada, mas muito mais orgulhosa. –Lydia declarou me entregando o copo de whisky.

Se coisas continuarem acontecendo com essa intensidade nessa casa, vamos todas virar alcoólatras. Eu tive que me arrastar pelo resto do dia de trabalho (pelo menos eu ganhei um aumento!), mas assim que cheguei em casa e dei de cara com as meninas, a realidade do tinha acontecido caiu como uma bomba em cima de mim.

—Que velha desgraçada. –Mary praticamente rosnou –Quem ela pensa que é?

—Uma das advogadas mais influentes do país? –Jane sugeriu.

—Grande bosta. –Mary falou seca.

—Eu vou fazer terapia para controlar minha boca. –decidi-me.

Lydia revirou os olhos.

—É, e eu vou fazer uma pra fechar minhas pernas.

Kitty engasgou com o whisky dela de tanto rir.

—Agora ja foi. –Jane falou de forma simples –O que ela falou foi totalmente desnecessário e rude, Lizzie. Você apenas se defendeu de um ataque covarde dela.

—Exatamente! –Mary falou de forma acalorada –Quem ela pensa que é para ir no seu trabalho falar esse tipo de coisa com você? Só porque ela tem dinheiro não quer dizer que ela pode fazer o que quiser.

—E ela deve ter fumado um baseado, né? –Kitty revirou os olhos –Você e o Darcy? Você ja deu no cara o fora que ele merecia.

Eu pressionei meus lábios, tentando ficar quieta.

—Lizzie? –Jane chamou preocupada.

—Você ta ficando meio roxa, ruiva. –Lydia falou –Desembucha.

—Eu acho que to apaixonada por ele. –soltei de repente –Ah merda. Não acredito que falei isso. –cobri meu rosto com as mãos.

A sala tinha ficado tão silenciosa que dava para ouvir direitinho todo mundo respirando. Daí a Kitty explodiu em risadas.

—Eu sabia! –ela comemorou –Pode pagar! Todo mundo!

Eu abri os olhos só para ver as tratantes que eu chamo de amigas passando DINHEIRO para a Kitty.

—Eu nunca achei que ela fosse admitir fácil assim. –Jane soltou num muxoxo.

—Se eu soubesse que era isso que ela ia falar eu não tinha encorajado. –Lydia reclamou.

—Eu não acredito em vocês quatro! –falei inconformada –Que tipo de amigas vocês são?

—Do tipo que te conhecem há anos e sabem como essa cabeça ruiva funciona, Elizabeth. –Mary informou –Era óbvio que você tava balançada.

—Eu odeio vocês. –remsunguei cruzando os braços.

Elas estavam rindo quando a campainha tocou.

—Deve ser o Charles, nós vamos correr juntos. –Jane falou se levantando.

—Vocês dois são enjoativos, mesmo como amigos. –Lydia falou bufando.

Jane riu e foi abrir a porta. Então nós ouvimos a porta batendo e Jane voltou correndo para a sala.

—O que foi? –Lydia perguntou preocupada.

—Eu acabo de bater a porta na cara do Darcy. –ela informou torcendo os dedos.

—DARCY? –falamos juntas.

—O que será que ele está fazendo aqui? –perguntei nervosa.

—Não se faz de idiota, Lizzie. –Lydia revirou os olhos –É meio óbvio que ele veio cheirar atrás de você.

—Eu?

—Não, Elizabeth, eu. –Mary revirou os olhso –Quem mais sua louca?

—O que eu faço?

—Vai la! –as quatro gritaram ao mesmo tempo.

Nossa, que violência, que coisa desnecessária.

Eu respirei fundo e parei diante da porta de entrada. Eu posso fazer isso. Eu sou uma pessoa adulta e madura. Uma mulher forte e decidida.

Eu abri a porta e dei de cara com Darcy, que tinha o punho levantado, como se estivesse para bater de novo.

—Oi. –eu falei.

—Eu estava começando a achar que era persona non grata. –ele falou após abaixar a mão e limpar a garganta.

—Você, persona non grata? Depois de tudo o que você fez por nós? –repeti incrédula.

—Isso não é... –ele bufou e passou a mão pelos cabelos –Nós podemos conversar?

Eu olhei para trás bem a tempo de ver as meninas se escondendo atrás de uma parede. Revirei os olhos e saí, fechando a porta atrás de mim.

—Para ter privacidade vai ser mais fácil conversar na rua. –falei para Darcy –Vamos andar um pouco?

Ele apenas fez que sim com a cabeça. Nós começamos a andar numa direção aleatória, num silêncio carreagado.

—Eu nunca te agradeci. –eu falei por fim –Pelo que vocês fizeram durante o julgamento. Nós sabemos muito bem que se Gina não tivesse aparecido e se o nome de vocês não estivesse por trás o resultado teria sido bem diferente. Eu e minhas amigas estamos muito agradecidas.

—Não... –Darcy parou de falar, respirou fundo e passou as mãos pelo cabelo de novo. Eu acho que nunca o vi tão perdido. Nem quando ele veio falar que me curtia –Não me agradeça. A escolha foi da Gina e eu percebi que era importante para ela. Estava na hora de ela enfrentar o que aconteceu, parar de ter medo da sombra de Wickham. Isso foi essencial para ela.

Eu apenas fiz que sim com a cabeça, porque era exatamente o que eu pensava. Gina tinha sido muito forte e era exatamente o que ela precisava.

—E da minha parte... –ele parou de andar de repente e virou-se para mim –Eu fiz por você. Só por você, Lizzie. Suas amigas não me devem nada. Nem você, claro. –ele adicionou rapidamente –Mas tudo o que eu fiz foi pensando em você.

Uau.

Uau.

O que eu falo para um ser desses? Sério, esse homem não é normal! Eu não sou tudo isso. Eu sou teimosa, ruiva, cheia de sardas, nervosinha... O que ele viu tanto em mim que poderia inspirar tanta lealdade?

Eu impliquei com ele (merecido), dei um fora fenomenal nele (um dia depois de agarra-lo bêbada (não que ele não tenha merecido o fora)), apareci de surpresa (por acidente) no chalé onde ele estava com a irmã, xinguei o melhor amigo dele (super merecido), acabei (acidentalmente) fazendo a irmã dele se enolver em um processo e ainda xinguei a tia dele! Como é possível que ele ainda queira alguma coisa comigo.

—Lizzie... –ele respirou fundo –Você não brincaria comigo, eu sei. Então... Se seus sentimentos não mudaram me diga por favor. O que eu sinto não mudou, mas prometo que nunca mais vou te incomodar se você me pedir.

O QUE? Não! Eu não estou preparada para isso! Eu não esperava que ele fosse...

O que eu...

Meu deus! Eu não tenho sanidade o bastante para isso!

—Pelo amor de Deus, Elizabeth! Fala logo pro homem que você ta louca nele!

Eu e o Darcy pulamos pra longe um do outro como dois adolescentes pegos no flagra. Eu me virei bem a tempo de ver a Lydia acertando um tapa na cabeça da Kitty.

—Era pra ficar quieta, sua idiota. –a outra rosnou para sua irmã caçula.

—Eu não acredito em vocês! –exclamei colocando a mão na cintura.

Jane era a única que parecia realmente arrependida.

—A culpa é sua por ter saído de casa. –Mary falou como se fosse óbvio.

—Saiam daqui! –eu exigi –Essa conversa é particular.

—Mas a gente quer ouvir sua resposta. –Kitty reclamou.

Acho que elas finalmente sentiram a aura assassina que estava vazando dos meus poros, porque elas foram, embora Kitty e Lydia estivessem resmungando.

—Desculpa. –pedi me virando para Darcy –Isso foi meio humilhante.

—Eu ja cheguei a conclusão que gostar de você envolve muito das suas amigas. –ele sorriu de leve.

—Então... –mordi meu lábio inferior –Você gosta gosta de mim?

Darcy rolou os olhos, mas ele estava quase sorrindo.

—Eu achei que ja tinha deixado meio óbvio que sim. –ele respondeu.

—Certo, Fitzwilliam. –eu respeirei fundo –Bom saber, porque assim... Eu também gosto gosto de você.

Os olhos de Darcy se arregalaram e ele parecia totalmente chocado.

—O que?

—Você me ouviu. –teimei.

E daí o rosto dele foi se transformando, um sorriso se abrindo, cada vez maior.

—Ah não faz isso! –pedi cobrindo os meus olhos.

—Isso o que? –ele pergunto confuso.

—Sorrir! –falei ainda tapando meus olhos –Quando você sorri eu sinto meu cérebro dando tilte e...

Pois é, ele me beijou ai.

E foi perfeito, porque Darcy é perfeito. Bom, não perfeito de verdade, porque isso não existe, mas perfeito para mim. Porque quando ele me beija eu vejo que tudo vai dar certo, meu coração derrete e minha cabeça gira.

Perfeito assim.

Claro, depois disso nós tivemos que ter um papo rápido sobre a tia dele. Obviamente eu não pedi desculpas, mas nós nos ajeitamos nisso. Ele também admitiu ter a ver com Bingley vindo atrás de Jane de novo.

O moço estava tentando se redimir e estava fazendo bem feito.

Eu ainda não acreditava que tudo estava dando tão certo e que as coisas estivessem indo bem.

Mas a verdade é que a vida é cheia de altos e baixos e coisas acontecem o tempo todo. Nós nos agarramos as coisas mais importantes, no meu caso minhas amigas. Depois de tudo o que aconteceu recentemente estávamos mais unidas que nunca. O importante para mim sempre foi saber que podia contar com elas e isso foi provado de várias formas esse ano.

E agora eu posso contar com Darcy também, porque ele é esse tipo de cara. Ele está presente e é leal.

Eu acho que não da pra pedir mais nada na vida. A gente trabalha, se diverte e vive cada dia que vem, porque o futuro é um mistério. Nós agradecemos o que temos no presente.

—Lizzie! Seu celular está tocando, sua louca! –Mary gritou.

Eu revirei os olhos e fui atender. É a Emma.

—Fala, Emma Woodhouse. –pausa pra ouvir e... –VOCÊ E O GEORGE O QUE??

Por essa eu não esperava.


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Notas finais do capítulo

ACABOU!!!!!

Contem-me tudo o que vocês acharam. Não sejam tímidos!

E ai, querem saber o que rolou com a Emma?

Hummmmmmmmmmmmmmmmmmmmm

B-jão