Primeiras Impressões escrita por Madame Baggio


Capítulo 20
Capítulo 20


Notas iniciais do capítulo

ALELUIA IRMÃOS!!!

Sim, eu voltei. Natal realmente é um época de milagres. u.u

Eu sinto muito mesmo pelo sumiço, não foi de propósito.

Boas notícias... Eu tenho dois capítulos pra vocês.
Má notícia? São os últimos.



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As semanas que seguiram a denúncia foram torturantes. O primeiro detetive com quem falamos fez de tudo (desde botar a culpa na Lydia, até falar que não era para tanto) para que nós não levassemos o caso para frente. Nós conseguimos nos livrar dele e arrumar outra pessoa para cuidar do caso.

Wickham foi preso e, felizmente, a juíza recusou fiança a ele e o processo começou. A princípio o advogado dele quis fazer um acordo com Lydia: a devolução do dinheiro pelo fim do processo.

Lydia, que estava tirando forças sabe Deus de onde, recusou a oferta. Não era pelo dinheiro, era pelo o que ele estava fazendo.

Nós estávamos apertadas com a coisa toda. Eu não podia pegar o caso para ela, porque não era minha especialidade, mas estava fazendo o possível, porque não tinha como pagarmos um advogado para cuidar da coisa toda.

Lydia chorou milhares de vezes e nós choramos com ela. Eventualmente os pais dela ficaram sabendo e isso sim foi terrível. Principalmente porque a mãe dela queria que ela parasse com a coisa toda, já que o caso estava recebendo atenção da mídia, por ser um dos primeiros do tipo a ir a julgamento para valer e por todos os casos de revenge porn que andavam aparecendo pelo país. Lydia costumava brincar e dizer que pelo menos iam criar uma lei baseada nela.

Não era um grande consolo, mas era melhor que nada.

Sinceramente, eu estava começando a acreditar que a coisa toda ia se arrastar infinitamente e morria de medo que não ia dar em nada.

E daí o inacreditável aconteceu.

—Acabaram de me ligar! –Lydia gritou entrando na sala.

—O que foi? –Kitty perguntou preocupada. Ela estivera em frangalhos, vendo sua irmã sofrer e não podendo fazer nada para ajudar.

—Uma outra vitíma apareceu para depor! –ela falou, olhos arregalados, bochechas rosadas –E vocês não têm ideia de quem é!

—Quem? –Jane exigiu.

—Georgiana Darcy. –ela falou.

Ah-meu-deus!

—Você tem certeza? –perguntei me levantando.

—Sim! –Lydia confirmou, embora também parecesse chocada –Acabaram de me avisar.

—Isso é ótimo! Ela está finalmente lutando contra o que ele fez com ela. –falei maravilhada.

—Correndo o risco de soar insensível, isso também é bom por outro motivo. –Kitty indicou –Se a Georgiana entrar no processo, ela vai trazer o nome da família dele. E o dinheiro.

Sim, Kitty estava correndo o sério risco de soar como uma aproveitadora, mas ela estava certa. O processo não estava sendo fácil para nós, emocional e financeiramente falando. Havia tantos obstaculos no caminho.

Porém, Gina não só era considerada uma menina de ouro, ela tinha uma família inteira de advogados, além de... Bom, dinheiro.

Mas se ela estava entrando no processo, será que Darcy...

Eu mal tinha pensado nele esses dias, porque tudo estava tão tétrico em casa e a preocupação com o processo parecia tomar todo o meu tempo e meu cérebro.

Só que, as vezes, de noite quando eu devia estar dormindo, eu ficava repensando aquela cena no quarto e o que teria acontecido se o telefone não tivesse tocado. Eu sentia que o momento tinha ficado para trás e, agora com Gina aparecendo no processo, nunca voltaria.

Darcy quis tanto protege-la de tudo aquilo e agora ela fora arrastada de volta por minha causa. Eu não estou achando que ele vai estar muito feliz comigo.

E sim, eu sei que falei mil vezes que não ligava, mas todos ja sabemos a essa altura do campeonato que isso é uma mentira deslavada. Em algum momento (prefiro nem saber qual exatamente) me apaixonei por Darcy.

Isso é ridídulo e tão clichê que nem merece ser comentado. Francamente.

Vai passar. Eu tenho certeza.

Vou tratar como um resfriado.

Ele nem é tudo isso.

Existem muitos advogados de cabelo escuro por ai.

Olhos verdes também.

E que chamam Fitzwilliam.

E que são enxeridos e ridiculamente leais.

Milhares. Um em cada esquina.

Merda.

XxX

A entrada de Georgiana Darcy no processo só aumentou o circo da mídia. Se quando apenas a Lydia estava fazendo a denúncia pessoas estavam a acusando de estar se vingando de um ex-namorado ou querendo aparecer, tudo mudou quando Gina apareceu para dar apoio.

Gina foi extremamente corajosa, ela mostrou a cara e deu as declarações dela, colocando-se ao lado de Lydia e fazendo questão de afirmar que as duas eram vítimas do mesmo homem sem escrúpulos.

O que mais nos surpreendeu foi que, depois da entrada de Gina, outras duas garotas se apresentaram para fazerem exatamente a mesma denúncia contra George.

A partir daí a coisa ficou insana. Acho que não é segredo para ninguem no mundo o quanto britânicos amam tablóides e escândalos e essa história não era diferente.

A mídia estava circulando como abutres e oportunistas apareciam de todos os lados, desde amigos e supostas ex-namoradas de Wikcham defendendo-o, até outras suspostas ex-namoradas que diziam ter passado pelo mesmo.

Lydia recebeu de convites para posar nua até para estrelar um reality show. Foi um pesadelo que parecia não ter fim.

A única parte boa de tudo isso (e sim, isso nos faz soar absurdamente oportunistas) é que a família Darcy pagou o processo todo. O mesmo advogado que estava cuidando de Gina cuidou de Lydia e das duas outras meninas.

Fitz e Darcy estavam la em todos as seções que aconteceram, mas nós nunca conseguíamos falar. Fitz abanou para mim algumas vezes de longe, Darcy não tirava os olhos de Georgiana.

Todas nós tivemos que depor, principalmente eu por ter saído com ele primeiro, Jane porque chegou a conhece-lo, Darcy e Fitz pela história que tinham com ele.

Wickham tinha um advogado maldito que gostava de fazer parecer que a culpa era do mundo, mas nunca do cliente dele. Mesmo com o vídeo que nós tínhamos de ele forçando Lydia a paga-lo para não vazar a sex tape, o cara quis fazer parecer que tudo tinha sido ideia dela.

O dia final, quando nós fomos para receber o veredicto, foi o mais longo de minha vida.

XxX

George Wickham foi sentenciado a cinco anos de prisão. A decisão foi baseada no número de vezes que ele cometeu o crime de extorsão e no vídeo que Lydia apresentou.

Nós tínhamos plena consciência de que isso só aconteceu porque a família Darcy entrou no julgamento. Eles tinham dinheiro, poder e conexões, obviamente que um Zé ninguem como George ia perder batendo de frente com eles. Se só Lydia estivesse no caso, as coisas provavelmente não teriam terminado tão bem.

O juiz ainda fez questão de dar uma bronca nas quatro vítimas por “se colocarem naquela situação”. Eu juro que minha vontade foi mandar aquele filho de uma porca a puta que pariu, mas Jane apertou minha mão e me lembrou que cadeia não era divertido.

Eu nem conseguia acreditar que tinha terminado. Lydia abraçou Georgiana e agradeceu-a pela ajuda.

—Não, Lydia. Muito pelo contrário. –Gina falou tomando o rosto de Lydia entre as mãos –Obrigada por ser corajosa por todas nós. Obrigada por ter dado o primeiro passo. Você tirou uma sombra do meu coração.

Nós fomos para casa chorar juntas de alívio, alegria e um pouco de raiva também. Nos dias que seguiram Emma veio nos visitar, além de Marianne Dashwood. Era triste rever as meninas nessa situação, mas também era bom estar perto de novo.

Pelo menos agora tudo tinha terminado.

Claro, ainda tinha gente ligando atrás de Lydia para pedir entrevista, coisas terríveis foram ditas sobre ela na internet –nós cinco deletamos nossos Facebooks –mas as coisas iam voltar ao normal.

A chefe de Lydia foi muito mais compreensiva do que eu jamais achei que seria e ela ainda tinha seu emprego. Como Jane dizia, nós tínhamos que nos agarrar ao que púdessemos no momento.

Uma semana depois do fim do julgamento, nós estávamos comendo pizza na cozinha quando a campainha tocou.

—Se for um repórter eu dou um tiro nele. –Lydia declarou frustrada.

—Deixa que eu abro. –Kitty ofereceu levantando-se –E ja mando a merda também.

Nós ouvimos a porta se abrindo e logo em seguida sendo fechada com força.

—Kitty? –Mary chamou preocupada –Quem era?

Kitty apareceu na cozinha, branca como uma fantasma.

—Eu acabei de bater a porta na cara do Bingley. –ela falou em choque.

—Charles Bingley? –Lydia repetiu em choque.

Kitty fez que sim com a cabeça.

—O que ele queria? –eu exigi.

—Não sei! Eu vi a cara dele e entrei em pânico! –Kitty defendeu-se.

A campainha tocou de novo Lydia, Kitty e Mary olharam automaticamente para a porta, ams eu olhei para Jane. Ela estava torcendo os dedos e olhando para eles.

—Jane... Se ele está aqui é para falar com você. –eu falei gentilmente –Mas você não tem que falar com ele. Nós podemos manda-lo embora.

Jane mordiscou o lábio inferior.

—Você acha que eu deveria? –ela perguntou por fim.

—Você não tem que fazer nada que não queira. –respondi séria –Você não deve nada a ele.

—Eu devo a mim mesma. –ela falou por fim –Eu vou falar com ele.

Eita...

—Posso dar um tapa nele depois que a conversa terminar? –Lydia perguntou.

—Se ela puder eu também quero! –Mary apressou-se em dizer.

—Ninguem vai dar um tapa em ninguém. –me apressei a dizer, embora eu até quisesse dar um tapa nele.

—Eu vou falar com ele. –Jane declarou firme, como se estivesse falando consigo mesma –Vocês... Esperam aqui.

—Mas se a gente ficar aqui... –Kitty começou a dizer, mas uma cotovelada de Lydia a calou.

Jane saiu para atender a porta.

—Pra que isso? –Kitty perguntou, passando a mão em suas costelas, onde o cotovelo de Lydia acertou-a.

—Porque você estava para dizer que nós íamos conseguir ouvir a conversa. –Lydia falou como se fosse óbvio –E é exatamente o que eu quero fazer.

—Será que devíamos ouvir mesmo? –eu perguntei preocupada.

As outras três me olharam como se eu fosse louca. É, nós íamos ouvir de qualquer jeito.

Nós ouvimos a porta abrir, mas nenhuma palavra foi dita por parte da Jane, ela devi estar falando muito baixo, porque ouvimos perfeitamente Bingley falar oi e dizer que ela parecia bem. Ele perguntou por nós, mas também não ouvimos a resposta.

Os passos dos dois indicaram que eles estavam entrando na sala e então sim ia dar pra ouvir a conversa.

—O que você quer, Bingley? –Jane perguntou.

A voz dela não era exatamente fria. A Jane nunca era uma pessoa fria, ela não usava indiferença ou escudos quando falava com as pessoas, porque não era assim. Ela podia estar magoada e brava com Bingley (como tinha todo o direito), mas nunca ia dizer coisas com a intenção de magoa-lo, porque ela estava acima desse tipo de atitude.

Jane podia não ser fria, mas a voz dela mostrava que Bingley não devia estar ali.

—Eu precisava falar com você. –ele falou por fim.

Jane suspirou.

—Sobre o que?

—Nós.

—Não existe “nós”, Bingley. Você foi embora. –mais uma vez não era cruel, era um lembrete.

—Eu sei e eu me arrependo disso. –ele apressou-se em dizer –Eu devia...

—O que? –ela cortou de repente, um pouco impaciente –Ter falado comigo? Me dado uma chance de me explicar? Não ter ouvido a cobra da sua irmã? –agora ela estava mais brava.

—Eita... –Lydia falou do meu lado.

—Sh! –Kitty e Mary fizeram ao mesmo tempo.

—Sim, eu devia. –ele falou –Eu admito que eu errei, Jane, e não passou um dia sem que eu me arrependesse.

—Só tem um problema, Bingley. –ela indicou –Passou muito tempo. Você demorou demais para se arrepender, você não acha?

—Eu precisei pensar. –ele se defendeu –Eu sei que Caroline não é a melhor das pessoas, mas ela é minha irmã e Darcy é meu melhor amigo.

—Eu não estou falando que você devia ter virado as costas para sua família e seus amigos, Bingley. Eu estou dizendo que você devia ter falado comigo, porque era comigo que você estava saindo. Se você tinha dúvidas, receios, era comigo que devia ter falado.

Nossa, a coisa tava ficando séria mesmo. Eu e as meninas trocamos olhares.

—Eu sei disso, Jane...

—Não adianta você saber, Charles! –ela cortou, finalmente irritada –Não adianta você dizer que sabe disso tudo, que está arrependido, que não devia ter ido embora. Não adianta nada disso, porque você foi embora e foi acreditando o pior de mim. O fato de você estar arrependido não diz nada, porque isso não é mais que sua obrigação como um ser humano decente.

Jesus amado, nunca, em toda minha vida e anos de amizade, vi a Jane tão furiosa com alguem. Eu estava orgulhosa, de verdade.

Nós ouvimos o suspiro de Charles.

—Eu só queria outra chance, Jane. –ele falou por fim.

—Eu não posso te dar outra chance. –ela falou sincera –Não agora. Nós podemos ser amigos, só porque eu sei que você é uma pessoa boa, Charles. Mas nada mais que isso.

Nós quatro ficamos em absoluto silêncio, respirações presas.

—Então... Não há mais chances? –ele perguntou, a voz derrotada.

—Agora não. –Jane respondeu sincera.

Eu não sei se Bingley estava percebendo o que Jane estava realmente dizendo. Ela não disse que as chances dele estavam terminadas para sempre. Ela disse “agora não”, o que queria dizer...

—Tudo bem. –ele falou por fim –Se eu posso ter sua amizade depois de tudo, já me considero uma pessoa feliz.

Pontos para ele por parecer realmente sincero com essa frase.

Os dois trocaram mais algumas palavras breves, antes de Charles se despedir e ir embora. Nós esperamos até a porta da frente fechar antes de corrermos para a sala.

—Minha heroína! –Kitty declarou abraçando Jane.

—Por favor me diz que tem vodka. –Jane pediu abraçando Kitty de volta, mas olhando para Lydia.

—Colega, por essa eu vou abrir a importada. –Lydia prometeu.


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Notas finais do capítulo

Jane fez bem em deixar o Bingley sofrer um pouco mais. Ele merece. Affe.

Obviamente eu não entendo muito de processos, mas eu achei um fim apropriado.

Me digam o que vocês acharam!

Vamos para o último?