Tris foi a primeira a acordar, pois teve uma péssima noite de sono, repleta de pesadelos em silêncio. Ainda estava escuro, então ela decidiu se levantar e explorar o prédio. Subiu as escadas até o último andar e foi até a beira.

Não havia vento, mas o tempo estava úmido, causando um pouco de conforto. Ela ficou lá parada observando o céu, tentando imaginar como será que as pessoas viam as estrelas antigamente, e principalmente, sentia curiosidade em saber como viam a lua. Agora, a única coisa que via era um céu negro, todas as noites. Suspirou e sentiu o ar poluído com o qual já havia se acostumado e julgou com todas as suas forças seus antepassados, que foram tão burros em acabar com o próprio lar.

— Se você se inclinar mais vai cair.

Tris levou um susto ao ouvir a voz e tocou no peito sentindo o coração disparado. Ela se virou e viu Hermione se aproximando com um sorriso cansado e se sentando ao seu lado.

— Me assustou. – sussurrou.

— Desculpa. – Hermione sorriu e elas ficaram alguns minutos em silêncio – O que você achou das novas integrantes?

Tris deu de ombros.

— Não sei, eu mal falei com elas.

— Elas parecem serem boas pessoas. Você deveria tentar ser mais gentil, assim poderá conhecê-las melhor. – Hermione dá de ombros.

Tris a espia pelo canto do olho e volta sua visão para frente suspirando.

— Vou tentar, mas não te garanto nada. – disse Tris séria provocando um pequeno sorriso em Hermione.

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Depois do que pareceu ser horas elas resolveram descer, pois já estava amanhecendo. As outras foram acordando aos poucos. Lena e Annabeth se queixaram com dores na perna. Hermione se aproximou, analisou a perna das duas e fazendo uma cara nada boa.

— Droga! – ela se levantou e começou a verificar todas as gavetas que via.

— O que houve? – perguntou Clary esfregando as mãos nos olhos, pois tinha acabado de acordar.

— O tiro. A bala na perna. Está causando infecção. – respondeu Hermione um pouco nervosa com a situação. – A da Lena já está infeccionada e o da Annabeth... quase.

Clary ficou com o rosto vermelho como os cabelos, se sentindo um pouco culpada por ter atirado. Ela corre para o andar de cima e vai nos lugares mais reservados a procura de curativos ou qualquer coisa que resolva, mas não tinha nada, afinal, este lugar era apenas cheio de mesas e computadores o que parecia ser apenas um escritório. O prédio só podia ser uma empresa.

Ela desceu as escadas vendo Lena impedir- se de soltar um grito de dor e segurar a coxa. Katniss, que ficou um momento observando, correu até as escadas e quando estava a ponto de descer foi impedida por Tris.

— O que pensa que está fazendo?

— Vou procurar um prédio que haja algo para ajuda-las.

— Não pode sair assim, lembre-se das regras...

— Que se dane essas regras - ela cuspiu as palavras –, elas não estão aguentando de tanta dor, eu sei me virar sozinha.

Katniss virou de costas e começou a descer as escadas sem dar ouvidos a mais ninguém. Ela ficou parada por um momento depois que saiu e corre por meio de outros prédios a procura de um hospital. Afinal isto já foi uma cidade, não é possível que não tenha hospitais. O sol estava queimando sua pele e ela estava começando a ficar com sede. Ela se encostou em uma parede para tentar recuperar o fôlego e a não pensar em água.

De repente o vidro ao seu lado se quebra e uma mão puxa seus cabelos, o que ela tem o palpite ser um sedento. Ela reprime um grito de medo e pega uma flecha e enfia no braço do sedento, que a solta no mesmo instante. Ela se afasta e se depara com três sedentos ferozes. Ela sente um arrepio na espinha e prepara seu arco e flecha e atira enquanto corre. Deve ter mais, e ela já estava quase sem saída, pois estava correndo para um beco, não poderá gastar todas as suas flechas assim. Então ela conseguiu ver uma escada bem próxima.

Ela correu em direção à escada e começou a subir, mas um sedento segurou seu calcanhar a fazendo cair e machucar o joelho. Ela se virou e atirou com velocidade no sedento enquanto voltava a subir as escadas. Ela foi até a porta que se encontrava no fim da escada e tentou abrir, mas para sua infelicidade estava trancada. Ela entrou em pânico. Os dois sedentos que estavam atrás se aproximavam dela e ela não tinha para onde correr. A escada tinha três metros e meio de altura, se ela pulasse poderia se machucar.

Katniss olhou para os lados e não encontrava nada que pudesse usar como defesa, então a única solução era chutar a porta. Ela deu seus chutes mais fortes, até que a porta se abriu e quando estava a ponto de fechar os sedentos empurraram a porta tentando entrar e ela gritou. Katniss olhou para os lados e viu uma barra de ferro e puxou com o pé, ainda tentando fechar a porta, e quando a barra estava ao seu alcance ela empurrou a porta com mais força e usou a barra de ferro para impedir que os malditos sedentos entrassem. Ela suspirou um tanto aliviada e correu, enquanto os sedentos continuavam a forçar a porta, e ela sabia muito bem que essa barra não iria aguentar para sempre.

Ela começou a correr pelos corredores vazios e um pouco escuros, com seus passos ecoando, enquanto abria várias portas à procura de uma saída até que encontrou uma escada. Ela desceu correndo e continua abrindo várias portas até que ela abriu uma a fazendo perceber onde estava. Este prédio era um hospital. Ela sorriu aliviada e começou a xeretar as gavetas e os armários, até que encontrou um pequeno baú, onde se encontravam várias seringas, remédios, curativos, pomadas e tudo o que seria necessário. Ela começou a andar pelos lados até que encontrou uma bolsa velha, um pouco rasgada e bem suja, mas servia para carregar o que precisava. Ela pegou todos os remédios e curativos que conseguiu e colocou dentro da bolsa, que ficou um pouco pesada, e saiu.

Depois de um bom tempo ela conseguiu achar a saída e correu pelas ruas se escondendo o máximo que podia, até chegar ao prédio que passou a noite. Ela subiu as escadas e quando chegou ao segundo andar, Prim correu para os seus braços soluçando.

— Katniss! Katniss!

Katniss se ajoelhou no chão e lhe deu um abraço.

— Fica calma, eu estou bem. Já estou de volta. – ela dá um beijo na testa de Prim e sorri se levantando em seguida e se ajoelhando ao lado das outras. – Eu consegui achar um hospital e coisas de primeiros socorros.

Hermione se aproximou de bolsa examinou tudo com atenção, dando um largo sorriso em seguida.

— Muito bom Katniss, eu sabia que valeria a pena te chamar para ser aliada.

Katniss forçou um sorriso, se sentindo meio sem graça com tudo aquilo, enquanto Hermione preparava as seringas com anestesia e aplicava. Primeiro em Lena, que soltou um gemido ao receber a picada. Hermione pegou uma pequena tesoura e cortou a perna de Lena, tirou a bala presente em sua coxa com uma pinça e costurou em seguida, fazendo o mesmo processo em Annabeth – que foi um pouco mais difícil, pois a bala estava bem funda – enquanto Prim lavava com pequenas quantidades de água e algodão e fazia os curativos.

— Pronto. – disse Hermione se afastando e limpando as mãos. – Teremos que ficar aqui por um tempo até que elas possam andar sem ajuda.

— Mas nós precisamos procurar água. – disse Bella com um olhar distante.

— Sim, e nós iremos, mas não agora. Nós só precisamos economizar o máximo possível de água, até que possamos sair daqui.

Todas concordaram com a cabeça. Clary se sentou ao lado de Prim e Bella enquanto as outras ficaram conversando sobre como sobreviveriam enquanto Lena e Annabeth se curavam. Clary ficou apenas de cabeça baixa, apenas observando, e sentindo uma certa culpa por isso estar acontecendo, e principalmente se sentindo uma... inútil.