As chamas dançavam na fogueira enquanto Prim abraçava seus joelhos enquanto o resto do grupo conversava sobre o mapa. Alguns eram a favor de ir até onde o mapa levava, mas outros simplesmente eram totalmente contra. Ela suspirou um tanto chateada por ter sido excluída e resolver ignorar tudo o que diziam, se concentrando no calor da fogueira à sua frente.

— Primrose! – ouviu a voz de Katniss.

— O que é? – respondeu sem encará-la.

— Está com fome? Posso preparar algo para nós duas. – ela se sentou ao seu lado.

— Não quero, obrigada. – ela disse ainda sem desviar o olhar.

Katniss franziu as sobrancelhas sem entender o porquê da atitude da irmã.

— O que você tem?

— Nada. – ela respondeu seca.

— Pare de agir como criança Prim, me responda!

— Parar de agir como criança? – ela finalmente a encara, demonstrando raiva em sua expressão. – Agora você quer que eu seja adulta? Você não para de me tratar como se eu tivesse seis anos. Na verdade, vocês todos ainda me tratam como se eu ainda tivesse seis anos. Sei que ter doze anos não é grande coisa, mas eu não suporto, vocês o tempo todo me excluírem de suas “reuniões em grupo”, e algumas vezes me tratarem como se eu fosse um fardo.

— Prim, nunca te tratamos como um fardo! – Tobias se põe à frente. – Muito ao contrário, te tratamos como uma aprendiz. Tris e eu te ensinamos a atirar facas, estamos te ensinando a se defender. Como pode pensar que te tratamos dessa forma?

— Porque vocês me deixaram para trás agora a pouco. – ela apoia as mãos no quadril. – O que mais eu preciso fazer pra mostrar que posso ajudar? Me atirar novamente na frente de bestantes? Se quiserem eu faço isso...

— CHEGA PRIMROSE!!! – Katniss grita impaciente comprimindo seus lábios de raiva. – Nunca mais repita isso, tá me ouvindo? Só porque a gente te deixou para trás a pouco não significa que você não tem potencial para nada, você não tem sabe o que? Maturidade. Não importa se você consegue atirar uma faca até 50 metros de distância, você vai continuar sendo imatura. Se eu te deixei aprender a se defender, é porque eu percebi que você vai precisar disso um dia, mesmo que eu tenha certeza de que enquanto eu viver você estará segura, pois minha única razão de estar aqui nessa porra, passando fome e sede, é para manter você viva. – diz Katniss com lágrimas escorrendo pelas suas bochechas – Então eu te imploro, para nunca mais se jogar na frente de um bestante, pois se você morrer, eu morro junto.  Se você morrer, tudo o que eu fiz vai ser em vão e não importa se eu terei que perder um braço ou uma perna por você, desde que você continue viva. Me entendeu?

Prim fica estática, mal conseguindo respirar, segurando com todas as suas forças as lágrimas que se formaram em seus olhos. Katniss suspira e olha para o céu, se afastando do grupo em seguida, sem esperar sua resposta.

Ela se senta encostada em uma árvore e fecha os olhos, respirando fundo, tentado esquecer o sermão que deu para sua irmã mais nova.

— Oi!

Katniss abre os olhos rapidamente, vendo Peeta em sua frente. Ele encara atentamente seu rosto parecendo preocupado.

— O que você quer? – ela cruza os braços desviando o olhar.

— Bom, só vim te dizer que você não tá errado em nada que envolva Prim. – diz. – Mas seria bom você ter um pouco de paciência. Ela é só uma criança, e como você mesma disse, ela é imatura, ainda está crescendo. Sei que não tenho nada a ver com ela, mas eu, assim como todos do grupo, criamos um carinho especial por ela, então você precisa ter paciência com ela. Sei que você quer protege-la a todo custo, te entendo. Mas tente se colocar no lugar dela, você a faz se sentir incapaz de tudo.

Katniss engole em seco e pisca com velocidade para afastar suas lágrimas. Peeta toca seu ombro dando um sorriso compreensível e se afasta, deixando Katniss sozinha na escuridão, apenas com a companhia de seus pensamentos.

+++++

Tobias enxuga o suor de sua testa enquanto termina de arrumar suas coisas para todos partirem. Ele olha para o mapa no chão e a observa por alguns instantes montando uma guerra de decisões em sua mente.

— Tobias, o que está esperando? – Hermione o chama.

— Nada. – ele guarda o mapa rapidamente em sua mochila, quando se vira ela está encarando-o de braços cruzados. – O que é?

— Não pense que consegue disfarçar comigo. – ela semicerra os olhos. – Eu não sou burra. Está pensando em ir até onde o mapa direciona?

Tobias prende a respiração por alguns segundos enquanto pensa na resposta.

— Isso não te interessa. – ela passa por ela.

— Ah, é da minha conta sim! – ela responde, ainda de costas para Tobias. – A decisão desse mapa significa minha vida também.

— E você acha que eu não sei? – ele ergue as sobrancelhas falando em tom irônico. – Eu não sou burro.

Hermione cruza os braços e suspira.

— Olha eu não sou uma pessoa que se põe a frente de tudo, mas aquelas garotas são tudo o que eu tenho e elas me consideram sua líder, apesar de eu nunca ter me visto como uma. Mas se elas me veem assim, eu tenho que fazer de tudo para mantê-las vivas. Não acho que seguir esse mapa seja seguro, mas eu também creio que posso haver uma esperança nele. Eu to numa corda bamba, mas é tudo por elas.

Tobias ajeita a alça de sua mochila em seu ombro, que ficou tenso, enuanto encarava eus olhos. Percebeu que Hermione estava a ponto de chorar, mas se segurou para manter-se parado. Sentiu seu coração acelerar enquanto encaravam-se e por algum motivo curioso, ele sentia suas mãos suarem. Hermione parecia ter o dom de ler sua mente, ela não podia esconder nada dela e isso de alguma forma o atraía. Tobias se aproximou de Hermione e ficou com seu rosto a poucos centímetros distante do dela, fazendo com que caso se inclinasse um pouco poderia beijá-la. Encarou profundamente seus olhos castanhos respirando fundo.

— Eu também tenho que lhe dar com uma tremenda responsabilidade, então eu te peço pra parar de me atormentar. Para de ler minha mente. Isso me deixa nervoso. – ele começa a ficar ofegante se arrependendo do que acabara de dizer. – Simplesmente pare garota, você me faz me sentir um estúpido!

Hermione encarou seus olhos azuis escuros enquanto trocavam suas respirações. Algo nela se encantava por aqueles olhos, e ela sentia o desejo de beija-lo.

— Porque o te faço se sentir um estúpido? Te atraio?

— Pedi pra parar com isso. – Tobias sussurra cada vez mais próximo de beijá-la.

— Hermione!!!

Os dois se afastam num pulo e Annabeth logo aparece atrás da árvore.

— Vamos! Estão esperando o que?

— Nada, só... estávamos conversando. – Tobias responde sem encará-la.

Annabeth revira os olhos e se afasta novamente. Hermione acelera o passo para ir atrás dela, mas Tobias segura seu braço e a puxa de volta.

— Só quero que fique claro uma coisa: aquela situação, não pode se repetir novamente. Me entendeu?

— Não tem nenhuma oposição da minha parte. – diz virando de costas e se afastando.

+++++

Já está quase escurecendo, e o grupo ainda caminha sem rumo.

— Gente vamos parar um pouco. – diz Percy, mal conseguindo levantar os pés.

— Sim. Precisamos nos alimentar. – diz Tobias colocando a mochila no chão e tirando uma garrafa de água. – Bebam todos um pouco e passem.

Lena se senta ao lado de Harry, e ao passar a garrafa para Edward ouve um barulho, olhando para trás rapidamente.

— Ouviram isso? – pergunta.

— O que? – pergunta Edward. – Eu não ouvi nada.

Lena franze as sobrancelhas, jurando que não foi sua imaginação. Hermione e Tris começam a separar a comida, enquanto Ethan e Bella pegam a lenha para Clary fazer a fogueira. Lena novamente ouve um barulho e se levanta, já preparando seu revólver, enquanto caminha lentamente em direção à pequenas árvores e arbustos.

— Lena? – Harry a chama, mas ela o ignora.

Ela se agacha com eu revólver firme na mão direita e estica a mão esquerdar para afastar os arbustos. Quando puxa os galhos ela prepara para atirar, mas Harry empurra seu braço para cima quando ela dispara, fazendo o tiro ir para o alto. Harry está ofegante ainda apertando os punhos de Lena que fica trêmula.

— Eu... eu... – ela gagueja olhando para Gina e Ron trêmulos, no chão.

Harry toma o revólver de sua mão e guiando-a até uma pedra para se sentar. Tobias se aproxima dos dois, com as sobrancelhas franzidas.

— O que aconteceu com vocês? – ele perguntou.

— Fugimos quando vimos que a casa ia explodir. – disse Gina. – Quando pensamos em voltar, já haviam jogado a bomba e fugimos, pensamos que estavam mortos.

Tobias permanece sério, encarando os dois, sentindo que algo está muito mal esclarecido.

— Ainda querem fazer parte do grupo? – pergunta sem mais delongas.

— Sim. – respondem.

Tobias volta para perto de sua mochila e pega o mapa.

— Sabem o que significa isso? – ele pergunta. – Harry encontrou na casa.

Gina e Ron ficam pálidos e se encaram.

— É para chegar na cidade grande. – dizem. – Tem uma grande potência por lá e grandes chefes. Eles abrigam pessoas.

— E porque não nos disseram? – pergunta Tobias respirando pesadamente.

— Porque é secreto. Não aceitam qualquer pessoa, vocês precisam provar que querem entrar e que estão dispostos a seguir regras. – disse Ron.

— Que regras? – pergunta Hermione.

— Não podemos dizer. – diz Gina rindo como se Hermione fosse a pessoa mais ingênua do mundo. – Se fizermos isto seremos explodidos e não queremos isso. – diz ela puxando a manga que cobre seu braço, deixando visível um dispositivo debaixo de sua pele, localizado no antebraço.

— O que é isso? – pergunta Annabeth assustada.

— Localizadores. – Ron responde.

O grupo se entreolha e novamente toda a batalha mental se forma entre eles. Mas o que pode ser melhor que isto a não ser estarem em um lugar seguro?

— Acho que sabemos qual nossa decisão. – diz Katniss.

Tobias suspira e encara Hermione, que apenas fica em silêncio.

— Sim. – ele se vira para os ruivos. – Queremos ir para este lugar.