Naquela mesma tarde, assim que a diretora Minerva McGonagall saiu da sala dos professores, Hermione pegou o celular e digitou uma mensagem de texto para Rony:

"Ta, tudo bem! Dessa vez eu vou, mas somente porque havia prometido a minha filha. E se eu souber que está rondando o Harry pra ter informações minhas, nunca mais olho na sua cara!"

E a resposta veio em menos de um minuto.

"Já mencionei que adoro essa sua marra? Mas tudo bem, não vou meter meu cunhado em assuntos que só dizem respeito a mim. Posso buscar vocês a que horas?"

"Você é maluco? Não vou montar na sua moto com a minha filha!"

"Não disse que iria de moto, eu tenho um carro também. É só me dizer seu endereço e eu busco vocês."

O que havia se tornado uma conversa via SMS's teve que ser interrompida, pois Hermione precisava buscar Rose. A morena jogou o celular dentro da bolsa e correu para chegar a tempo na escola primária.

– Mamãe! - A menina gritou assim que viu a jovem.

– Que saudade, minha princesinha! Como foi na escola hoje? - Hermione perguntou, pegando a menina no colo para encher-lhe de beijos.

– Foi muito legal.

– Que bom. - A morena disse colocando a filha no chão novamente.

No caminho para casa, Hermione contou a Rose sobre o piquenique que fariam no dia seguinte. A menina ficou extremamente feliz, principalmente por saber que Rony também as acompanharia.

– Mamãe podemos levar o Perebas? Quero mostrar ele pro Rony. - A menina perguntou assim que chegaram.

– Não poderemos levá-lo porque aonde vamos não é permitida a entrada de cachorrinhos. - Rose não ficou enchendo a mãe de perguntas, apenas foi brincar com o bichinho, enquanto Hermione se encarregava de preparar todas as coisas para o dia seguinte.

Antes de ir dormir, a morena ainda lembrou-se de enviar uma nova mensagem para o ruivo, dizendo a hora e o local que se encontrariam, e disse ainda que o rapaz não precisaria se preocupar com nada, que ela levaria tudo.

[...]

Sete horas da manhã e Rose já estava de pé, ansiosa e animada para fazer o passeio com Rony e Hermione. A morena acordou logo depois. Ambas tomaram o café da manhã juntas e em seguida começaram a arrumar as coisas dentro do carro.

Na hora marcada saíram em direção a Quinta da Boa vista, ponto turístico do Rio de Janeiro muito utilizado pela população para esse tipo de atividade. Quando chegaram Rony já as esperava. Apesar de o dia estar frio, o ruivo estava de moto.

– Bom dia meninas! - Ele disse assim que ambas chegaram próximo o suficiente para que não precisasse gritar.

– Bom dia Rony! - Rose falou alegremente, mais alto que o normal.

– Oi Rony. - Hermione o cumprimentou com um aceno de mão.

– Prontas para o melhor piquenique das suas vidas? - Indagou orgulhoso. Do pequeno baú da moto Rony retirou três potes de geleia caseira, e um pote repleto de biscoitos, tudo feito por sua mãe.

– Eu disse que não precisava se preocupar com nada.

– Eu sei senhorita teimosinha, mas você nunca vai provar nada como essas geleias e esse biscoito.

– Duvido muito!

– Quer apostar comigo? - Ele a desafiou, olhando-a com uma das sobrancelhas arqueadas.

– E o que eu ganho com essa aposta? - Indagou ela, olhando-o da mesma forma.

Rony pareceu pensar no que pediria como prêmio caso ganhasse a aposta e o que poderia dar em troca caso perdesse.

– Fazemos o seguinte. Se não gostar, eu sumo da sua vida, você nunca mais vai me ver.

– Interessante...

– Mas...se gostar - Fez uma pausa dramática. - aceitará sair comigo em um encontro de verdade, apenas nós dois.

– E por que eu não? - Indagou Rose confusa. Rony abaixou-se até ficar na altura da menina e explicou-lhe que às vezes pessoas adultas precisam fazer coisas de adultos. A menina pareceu entender, e olhou para a mãe na expectativa de ouvir o que a jovem tinha a dizer sobre a proposta.

– Isso é jogo sujo! - Grunhiu Hermione.

– Nunca disse que jogaria limpo. - Rony rebateu maroto. - Vamos lá, Hermione, me dê uma chance.

– Vamos comer! - Exclamou Hermione mudando completamente o rumo do assunto.

Vencido apenas por aquele momento, Rony ia levando todas as coisas enquanto Rose carregava seu capacete.

– A sua cabeça cabe aqui dentro? - Ela perguntou curiosa.

– Sim, isso é o que me protege se acontecer um acidente.

– Mas a sua cabeça é muito grande...

– Rose! - Advertiu Hermione.

– Deixa ela. - Rony interviu. - Sim florzinha, minha cabeça é grande, mas cabe direitinho ai.

– Mamãe quando eu for grande, eu vou querer uma moto igual a do Rony.

– Você está sendo uma má influência pra minha filha! - Hermione sussurrou para o ruivo.

– Ela quer apenas aproveitar as coisas boas da vida. Você deveria fazer o mesmo! - Ele sussurrou de volta.

Os jovens acharam um lugar próximo a uma grande sombra e por ali ficaram. Enquanto Hermione e Rony foram arrumando as coisas em cima da toalha, Rose brincava distraidamente em volta dos dois. A morena simplesmente amou as geleias preparadas pela mãe do ruivo.

– Acho que me deve um encontro! - Ele disse maroto.

– Nada disso. - Ela respondeu enquanto limpava um dos dedos que estava sujo de geleia de framboesa com a boca. - Eu não aceitei a aposta, esqueceu?

– Ta certo, ta certo, mas um dia você vai aceitar! Mas vamos mudar de assunto... Além da Rose, você pensa em ter mais filhos?

– Definitivamente não! Amo a minha filha, mas não teria estrutura pra passar por tudo de novo. Na verdade eu nunca imaginei que fosse conseguir criá-la.

– O pai dela nunca ajudou, não é?

– Rose não tem pai, já lhe disse isso uma vez e, por favor, não insista nesse assunto.

Rony desculpou-se com as mãos em rendição e prometeu não tocar mais no assunto. Um pequeno silêncio perdurou entre os dois até que a morena o quebrasse:

– E você, pensa em filhos?

– Na verdade eu acho que ainda não havia pensado sobre isso. Sempre fui livre, nunca quis me prender a ninguém, mas quem sabe um dia, não é mesmo?

– Verdade. Quem sabe um dia você não encontre alguém por quem valha a pena se prender.

– Acho que já encontrei. - Ele disse, olhando-a tão intensamente que fez com que a jovem corasse de vergonha. - Mas ela não me dá uma oportunidade de mostrar como eu realmente sou.

– Coisas da vida, não é? - Ela indagou limpando a garganta.

Rony não tentou mais fazer com que Hermione se sentisse confortável em sua presença, pois não era mais necessário. Ambos conversavam como se fossem amigos de longa data, enquanto Rose continuava a brincar com as crianças ali presentes.

Já era quase fim de tarde quando Hermione resolveu ir embora. Havia passado praticamente o dia inteiro na companhia de Rony e apesar de estar sentada, sentia-se cansada.

– Por que está me olhando com essa cara? - Ela perguntou ao notar o olhar do ruivo.

– Você não vai mesmo aceitar sair comigo?

– Você não vai desistir, não é? - Ele negou com a cabeça, mostrando um pequeno sorriso no canto dos lábios. - Ta, tudo bem, eu aceito sair com você, mas não hoje. Primeiro tenho que ver como farei com a Rose.

– Podemos sair amanhã durante o dia. Não me importo com a hora. E se você quiser, pode deixá-la na casa da minha mãe. Meu sobrinho passa todos os Domingos com ela. - Rony disse não escondendo a alegria de Hermione finalmente ter cedido ao seu pedido.

– Melhor não. Além do mais eu posso deixá-la com o padrinho dela.

– Bem, o convite está feito. Tenho certeza que minha mãe iria adorar passar o dia com ela.

Hermione pareceu pensar se aceitava ou não, mas por fim preferiu ver se Neville e Luna, os padrinhos da menina, poderiam ficar com ela durante algumas horas.

Hermione carregava Rose no colo, e Rony a cesta com o que havia restado de comida.

– Eu realmente gostei de hoje. - Ela disse quebrando o silêncio entre os dois. Rony não pôde deixar de sorrir e concordar que havia sido um bom dia.

Assim que chegaram onde o carro estava estacionado, Hermione colocou Rose no chão. A menina despediu-se de Rony com um forte abraço e ruivo se atreveu a fazer o mesmo com a morena, e para a sua surpresa o abraço foi correspondido.