Era por volta do meio dia quando Rony terminou uma sessão de fotos em um bairro próximo ao centro da cidade e parou para almoçar. Guardou seu material de trabalho na mochila e caminhou pelo lugar a procura de um restaurante.

Entrou em um Self Service que lhe parecia decente e o preço estava dentro do padrão, montou seu prato e quando olhou em volta afim de achar um lugar para se sentar, ele a viu. Hermione estava sentada no fundo do restaurante, de frente para uma das janelas, mexendo distraidamente em umas folhas de papel. Automaticamente o ruivo sorriu e foi em sua direção.

– Parece que eu realmente tenho sorte! - Ele disse, sentando-se de frente a ela sem ao menos pedir licença. - Como pode ver, o restaurante está meio cheio e há poucos lugares disponíveis.

– Parece que estou me convencendo que você é um abusado. - Ela rebateu sem lhe dar confiança. - Contudo, pode ficar sentado, já estou saindo.

– Não, por favor, fique. - Pediu antes que Hermione pudesse levantar. - Prometo não incomodar.

A professora hesitou por um momento, porém como não teria que dar aula por pelo menos uma hora e meia acabou aceitando. Rony a olhava disfarçadamente enquanto almoçava, e o mesmo acontecia com Hermione, até o momento em que ambos olharam-se ao mesmo tempo. A morena corou, e aquilo foi a brecha que que Rony queria.

– Então, você vem sempre aqui? - Ele perguntou, e no mesmo momento riu da própria pergunta. - Desculpe, não foi uma tentativa de cantada sem graça, queria apenas saber se costuma almoçar aqui todos os dias.

– E por que eu lhe responderia a essa pergunta?

– Bom, simplesmente pelo fato de ser uma moça educada. Não vejo nada demais em querer saber um pouco mais sobre a senhorita.

– Você também pode ser um psicopata disfarçado que está na minha cola para descobrir informações e depois me matar de forma cruel.

– Vejo que tem uma imaginação muito fértil. Mas garanto que não sou nenhum tipo de psicopata. Acredite, já passei por esse tipo de exames. - Rony elevou suas sobrancelhas e abriu um sorriso de lado. Tirou a carteira do bolso, colocou em cima da mesa e abriu-a, mostrando-lhe seus documentos. - Está vendo senhorita, sou um homem de bem, e dentro da lei, além do mais, conheceu minha irmã, então qualquer problema pode ir diretamente a ela, e vai por mim, a Gina estressada é pior que o exército inteiro.

Hermione não sabia se ficava séria ou se ria do jeito como Rony falava. A morena acabou relaxando na presença do rapaz, e antes que pudesse notar, ambos já conversavam civilizadamente.

– Fale a verdade pra mim, você anda me seguindo, não é? - Ela perguntou divertida enquanto terminava de beber seu refrigerante.

– Na verdade, eu paguei um detetive particular. - A jovem retesou o sorriso, e no mesmo instante Rony se desculpou. - Olha, é apenas uma brincadeira, não precisa ficar desse jeito.

– Não gosto desse tipo de brincadeira! - Ela respondeu ríspida.

Rony mais uma vez se desculpou e tentou a todo custo mudar o humor da professora. Faltando apenas alguns minutos para o ruivo voltar ao trabalho, Hermione disse que precisava ir embora pois teria que trabalhar no turno da tarde.

– Posso te acompanhar? Prometo não fazer nenhuma brincadeira de mau gosto. - Ela acabou aceitando.

Rony pagou a conta dos dois e ambos foram caminhando pelas ruas da cidade até que chegaram ao colégio que a morena dava aulas.

– Eu fico aqui. - Ela disse.

– Foi um prazer poder vir até aqui na sua companhia. - Respondeu galanteador, e antes que Hermione pudesse passar pelos portões, ele a chamou. - Seria muito abuso de minha parte pedir o número do seu telefone?

– Quem sabe um dia, não é? - Hermione tencionou a entrar, porém Rony parou em sua frente.

– Só quero lhe conhecer melhor. Prometo não ser um chato.

– Consegue ser ainda mais? - Perguntou com um leve ar de travessura. - Fazemos da seguinte forma. A próxima vez que me encontrar, eu lhe dou o número, mas não vale se aproveitar da vantagem de ter o seu cunhado como bode expiatório, combinado?

Rony pendeu a cabeça de lado e lançou-lhe um sorriso maroto, de quem adorava aquele tipo de coisa.

– Isso está me parecendo um desafio, e eu adoro desafios! Está fechado.

O ruivo estendeu a mão em cumprimento. Hermione retribuiu, contudo, antes que a soltasse, o rapaz deu um beijo no dorso da mão da morena. Ambos despediram-se e seguiram seus caminhos.

Assim que entrou na escola, a professora de Literatura lembrou de acessar o site do fotógrafo para saber se as fotos ainda se encontravam lá, e como já esperava, viu que nada havia mudado. Por fim acabou mandando outro e-mail pedindo que retirassem suas fotos do ar.

Andando distraidamente pelas ruas, Rony notou que seu celular apitava. Pegou-o no bolso e viu que acabava de receber uma nova mensagem de Hermione.

"Senhor RBW, mesmo sabendo que todas as minhas tentativas de fazer com que o senhor retirasse minhas fotos do site foram falhas, eu venho mais uma vez, e será a última de forma amigável, pedir que retire as mesmas do ar.

Atenciosamente HG"

Rony não conteve o sorriso ao lembrar de como Hermione podia ser tão temperamental e ao mesmo tempo delicada. O rapaz já ia responder o e-mail quando seu telefone começou a tocar. Era Lilá Brown.

– Olá loirinha! - Ele disse.

"Ron precisamos conversar. Está com tempo disponível agora?" Ela perguntou do outro lado da linha. Sua voz estava séria como se realmente quisesse falar algo importante. Rony perguntou onde ela estava e foi encontrar a jovem.

Lilá estava sentada em uma sorveteria apenas esperando o ruivo chegar. Seu semblante era calmo.

Assim que Rony chegou, foi direto de encontro a moça. Ela parecia distraída enquanto mexia no celular.

– Desculpe a demora. - Ele disse ao puxar a cadeira para se sentar.

– Tudo bem, você nem demorou tanto assim.

– Então o que quer falar comigo? Parecia preocupada no telefone.

– Impressão sua. Olha Ron eu só te chamei aqui porque queria lhe dizer uma coisa, antes que você soubesse por terceiros. - O rapaz gelou imaginando diversas coisas.

– E o que seria? - Ele engoliu em seco ao perguntar.

– Eu estou grávida!

– Grávida, como assim grávida? - O desespero já era nítido no rosto do rapaz. Não tinha idade para ter uma responsabilidade tão grande.

– Quer mesmo que eu lhe diga como aconteceu? - A garota respondeu ironicamente com outra pergunta. Lilá se ajeitou na cadeira, e continuou a contar. Fazia poucos dias que havia descoberto sobre a gravidez.

Rony custou a acreditar no que ouvia, e definitivamente não estava preparado para esse tipo de responsabilidade.

– Ron te chamei aqui apenas para dizer que não quero mais ficar com você. - O ruivo simplesmente não entendeu o motivo daquela frase. Lilá acabara de contar que estava grávida e no minuto seguinte queria terminar o tipo de rolo que tinham.

– Ou eu sou muito burro, ou você vai precisar me explicar direito essa história.

– Ron esse bebê que eu espero não é seu, e antes que comece a me xingar lembre-se que você mesmo sempre foi claro ao dizer que não tínhamos um relacionamento.

– E isso lhe dá o direito de sair por ai com qualquer um? - Rony tinha as orelhas em tom escarlate e sentia-se traído.

– Não lhe traí, se é isso que está querendo dizer. Ouça bem Ronald, você não tem nenhum direito de me cobrar absolutamente nada. Desde que começamos a sair eu sempre procurei saber como você estava, sempre respeitei quando precisava me largar para ir trabalhar, e nunca me meti em nada, então não me culpe por ter aparecido alguém que preenchesse o vazio que você deixou. A verdade é que você só precisa de alguém que supre as suas vontades, e sinceramente eu não tenho saco pra isso. - Lilá pegou sua bolsa, e já ia em direção a saída quando lembrou de dizer uma última coisa. - Não quero seu mal, Rony, mas não posso viver dessa maneira, não mais. Você é uma ótima pessoa, é mesmo, contudo ainda não amadureceu o suficiente, e espero que um dia encontre uma mulher que faça com que isso aconteça.

Lilá ainda beijou-lhe a bochecha antes de ir embora, e Rony permaneceu calado, processando tudo o que a jovem havia dito. Sabia que era tudo verdade, porém nunca teve a coragem de assumir tal fato. Além disso, era a primeira vez que o ruivo levava o fora de uma garota, e talvez por esse motivo estivesse daquela maneira, era algo novo que nunca havia sentido.