Ugly Heart escrita por Rainy


Capítulo 6
Capítulo 5 - A ousadia de Hyuuga Neji


Notas iniciais do capítulo

Oláaaaaa meus amores. Dessa vez eu nem demorei, né? o//
Então, para as adoradores de um capítulo grande, ai está! 4 mil palavras...... Gente, que trabalho que deu KKKKK
Espero mesmo que gostem! XD



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Jogou o corpo no sofá de sua sala, suspirando cansada. Aquela manhã estava sendo um verdadeiro inferno em sua vida.

Sua reunião com o conselho fora um completo desastre. O hospital estava com falta de verbas para reformas e, quando foi confrontar os anciões, eles disseram que ela é quem havia gastado todo o dinheiro.

Sim, de fato ela gastou. Com medicamentos, camas novas, aparelhos mais desenvolvidos, pagamento de funcionários... E ainda sim aqueles velhos diziam que ela era uma jovem muito irresponsável.

— Malditos! — exclamou ao passar a mão por sua testa, tentando se acalmar. — Quero tanto chutar os traseiros daqueles desgr-... — uma batida na porta chamou sua atenção.

Revirou sua mente pensando em que estaria a procurando naquela hora. Ino tinha saído em uma missão, Kakashi ainda estava em repouso no hospital e Naruto, sempre que a visitava, entrava sem pedir permissão, se acomodando na casa como se fosse a dele.

Continuou pensando nisso, indo em direção à porta e surpreendendo-se assim que a abriu.

Arregalou os olhos, sua boca escancarando-se em espanto. — Sasuke? Eh? O que você está fazendo aqui?!

Sasuke ignorou as perguntas da rosada, a encarando com sua típica expressão apática. — Vai me deixar entrar ou não? — perguntou; Sakura percebendo que o Uchiha não estava com muita paciência.

Balançando a cabeça em confirmação ela se afastou, dando espaço para a passagem do shinobi. Sasuke ainda lhe olhou de esguelha antes de entrar em sua casa.

Observou o recinto atentamente. Vasculhou suas lembranças, recordando-se de que nunca estivera na casa de Sakura antes. Aquilo tudo, em si, era uma completa bagunça.

Almofadas no chão, papéis jogados, além de livros espalhados por toda sala e recipientes de comida vazios.

Se encostou na parede conforme cruzava os braços, sorrindo um pouco ao notar as bochechas de Sakura com uma coloração vermelha, provavelmente embaraçada por sua desorganização.

— Não é sempre assim... — ela ainda tentou se explicar, indo em direção à sala e pegando seus livros do chão, depositando-os na mesinha de centro.

— Tenho certeza que não. — foi a resposta sarcástica.

Sakura desistiu de arrumar sua bagunça, colocando as mãos na cintura à medida que encarava o Uchiha. — Você ainda não me disse o porquê de estar aqui, Sasuke.

Ele arranhou a garganta antes de se pronunciar: — Tsunade está nos chamando para uma reunião. Agora. — falou, não dando espaço para que a rosada protestasse.

Sakura franziu o cenho, confusa. — E você veio até aqui só para me avisar?

Ignorando o tom de incredulidade da garota, Sasuke respondeu irritado: — Foi o dobe que me pediu.

— E você aceitou um pedido justamente do Naruto?

— Sakura, será que você pode parar de ser tão irritante e ir logo? — afastou-se da parede, dando as costas para a kunoichi e saiu porta a fora.

Sakura ainda observou o local que o moreno estava por alguns segundos antes de dar passos rápidos e sair também, questionando-se o porquê do mau humor repentino do garoto.

Surpreendeu-se ao ver que Sasuke estava a esperando em frente à sua casa, ainda com a expressão irritada no rosto, porém suas mãos estavam tranquilamente postas dentro dos bolsos de sua bermuda e seus ombros permaneciam relaxados.

Fechou a porta de casa. Passou pelo Uchiha que começou a acompanhá-la sem dizer nenhuma palavra.

O silêncio, no entanto, a inquietava. Sim, aquele ainda se tratava de Uchiha Sasuke – o idiota. Sim, ficar perto dele depois de tudo que tinha ocorrido ainda era um tanto incômodo, mas ele era seu companheiro de equipe, afinal. Passou sua infância e adolescência com ele e Naruto, então, por respeito aos momentos bons – e raros – que passaram juntos, ela poderia se esforçar um pouco e ter uma conversa civilizada com ele. Não é só porque estava o superando que tinha que anulá-lo completamente de sua vida. Mesmo ainda tivesse que lidar com a sua arrogância de tempos em tempos.

Sakura infelizmente tinha o coração mole, incapaz de ignorar alguém por muito tempo.

Para a sua grande surpresa, Sasuke fora quem quebrou o silêncio: — Você parece exausta.

Olhou-o de esguelha, porém o moreno continuava a encarar o caminho à sua frente.

Suspirou, seus músculos ficando tensos mais uma vez. — Problemas com o conselho... — respondeu; Sasuke finalmente olhando para si.

Hn. O que aqueles velhos fizeram?

Sakura quase riu com o comentário do Uchiha.

Era impressão sua, ou Sasuke estava interessado no que ela tinha para falar? Aquilo poderia ser um sinal de cavalheirismo ou de humanidade. Sakura preferiu acreditar na segunda opção.

— O hospital está precisando de uma reforma. — respondeu, não conseguindo evitar o pensamento de quão lindo o rosto do moreno ficava à luz do sol. Balançou a cabeça, ralhando com si mesma que não deveria ficar reparando nele; mesmo que fosse uma tarefa extremamente difícil. Poderia deixar de pensar em Sasuke como sua paixão, mas não estava cega ao ponto de ignorar sua beleza.

Sasuke ergueu uma sobrancelha, estranhando o porquê de Sakura ficar quieta tão repentinamente. A kunoichi se deu conta disso e continuou a falar: — O pouco dinheiro que tinha foi direcionado a comprar equipamentos e medicações que estavam em falta. Fui até o conselho para pedir mais verbas, porém eles recusaram à proposta dizendo que fui irresponsável por não saber administrar o hospital. Isso nem fazia parte do meu dever como médica, mas Tsunade-sama está tão ocupada com a Vila que pensei em ajudá-la... Obviamente, não deu muito certo.

Observou a kunoichi enquanto ela cerrava os punhos, seus lábios se contraindo em desagrado. Naruto tinha comentado consigo que Sakura estava fazendo o máximo para cuidar do hospital, passando horas dentro do escritório de Tsunade ao tentar resolver problemas que pareciam não ter fim.

Em seu intimo, Sasuke sentiu-se minimamente orgulhoso do caminho longo que Sakura estava percorrendo. Quem diria que aquela garotinha irritante que o perseguia para cima e para baixo poderia estar tomando a frente de um dos maiores hospitais do mundo ninja. Isso o fez pensar no quanto a kunoichi tinha evoluído e ele sequer notara.

Será que no meio de toda essa mudança, Sakura acabou por deixar para trás amor que sentia por ele? Mas, se sua okaa-san estivesse certa, o amor não deveria durava para sempre?

Então, o que mudara? O que fez Sakura distanciar-se de si tão repentinamente? Há um tempo ela estaria pulando em seu pescoço e irritando-o da pior maneira possível, mas agora caminhava calmamente ao seu lado e não se parecendo em nada com a garota que ele conhecia. Ou talvez só achasse que conhecesse.

Pensou em dizer algo para confortá-la, porém aquilo não era de seu feitio. Estava disposto a mudar de assunto quando uma voz o interrompeu:

— Sakura! — a kunoichi virou-se para trás, observando Hyuuga Neji vindo em sua direção.

Ele parou a poucos passos de distância de si, cumprimentando Sasuke com um aceno de cabeça. Sasuke não o respondeu.

— Neji! — sorriu brilhantemente. — Como vai?

— Bem, obrigado. — Neji respondeu, um leve sorriso formando-se em sua face por ver a garota. — Também estão indo encontrar a Hokage? — seu olhar desviou-se para o Uchiha somente por alguns segundos, logo voltando a observar à rosada.

Sasuke franziu o cenho. Esperava mesmo que aquele metidinho Hyuuga não estivesse envolvido em quaisquer planos que Tsunade tinha para eles. Desde que pegou Neji olhando descaradamente para as pernas de Sakura naquele dia fatídico em que a kunoichi tinha inventado de sair de casa com aquele kimono,- curto demais em sua opinião -, Sasuke acabou por desgostar do Hyuuga. Não que tivesse alguma coisa contra ele antes, porém não achou certa a perversão que ele tinha para a sua companheira de equipe.

Decidiu, então, que iria afastar Sakura de todo shinobi depravado que a moça poderia encontrar. Nem que para isso tivesse que queimá-los com as chamas de seu Amaterasu.

Possessão? De forma alguma. Só estava cuidando do que era dele.

“Espera. O quê?!” — bateu em sua testa automaticamente, censurando a si mesmo por estar com ideias tão malucas relacionadas à Sakura. Justamente Sakura.

Os dois indivíduos perto de si o olharam com espanto, não conseguindo entender o porquê daquela reação de Sasuke tão repentinamente.

— Sasuke... Está tudo bem? — Sakura perguntou cautelosa.

O Uchiha olhou diretamente para Neji, seu interior se irritando com a forma que ele fitava a garota de cabelos róseos.

Pegou sua companheira de equipe pelo cotovelo, arrastando-a consigo pelas ruas de Konoha.

— Vamos logo. — disse, não dando tempo para que Sakura continuasse a conversar com Neji.

(...)

Naruto curvou as sobrancelhas em confusão, observando atentamente as pessoas presentes na sala. Sakura, Sasuke e Neji, para ser mais exato.

Os três tinham chego juntos à sala da Hogake e as expressões estranhas em seus rostos criaram uma confusão na cabeça do Uzumaki.

Mais cedo, quando estava indo para a casa de Sakura para avisá-la sobre a reunião que Tsunade convocara, ele acabou por encontrar Sasuke no caminho e, pensando numa forma de reaproximar seus dois melhores amigos, insistiu para que o Uchiha fosse em seu lugar para dar o recado.

Ficou impressionado quando Sasuke não recusara sua proposta, e sim lhe dera as costas e passou a andar em direção à casa de Sakura. Pensou que os dois poderiam ter uma conversa e o clima se tornaria tranquilo, no mínimo.

Olhando para suas faces agora, talvez ele tenha se enganado. Sasuke continuava com o semblante apático, espiando Sakura de vez em quando. Já sua amiga lançava olhares ferozes para o Uchiha, isso quando não encarava Neji de uma forma como se pedisse desculpas por alguma coisa. O Hyuuga, entretanto, estava mais próximo do que deveria de Sakura, até sorrindo certas vezes para ela.

“Mas que diabos tá’ acontecendo com eles?!” — pensou, segurando a vontade de se levantar e proferir as perguntas que sua boca estava louca para fazer.

A voz autoritária de sua obaa-chan chamou sua atenção, tirando-o de suas reflexões: — A líder de Tsukigakure solicitou nossa ajuda. A aldeia está sofrendo ataques de um grupo de mercenários e suas forças ninjas não estão sendo o suficiente para se defender. Sua missão é ir até lá e detê-los, além de prestar qualquer tipo de ajuda médica necessária. Alguma pergunta?

— H-há... — olhou para Hinata que se sentava bem ao seu lado no sofá. A garota corou ao notar o olhar do Uzumaki sobre si, voltando a encarar a Hogake antes que desmaiasse. — Há alguma pista sobre o paradeiro desses mercenários?

Tsunade acenou com a cabeça. — Sim. Aparentemente um trabalhador viu quando os indivíduos, após realizarem um ataque, se meteram na floresta. Acreditam que a sede deles seja por ali.

— Floresta? — Shion questionou. Sakura já tinha notado a jovem na sala, contudo não fez questão de cumprimentá-la e nem sequer olhou em sua direção.

A presença de Shion sempre a incomodava desde a primeira vez que a loira se fez presente no hospital, soltando ordens como se fosse algum tipo de autoridade por ali. De fato, Shion era uma médica excelente, porém como pessoa ela era um desagrado em geral. Os olhares que a garota lançava para os seus companheiros de equipe todas as vezes que os encontravam só aumentava sua antipatia por ela.

A fala de Neji acabou por chamar sua atenção: — Tsukigakure é rodeada por uma floresta extensa. — explicou — E, até onde sei nessa época do ano a neblina na região é densa, o que vai dificultar um pouco a nossa busca.

Shizune concordou. — Sim. É por isso que você e Hinata foram designados para esta missão. Acreditamos que com o byagukan, a procura pelos mercenários se torne mais fácil.

Todos acenaram em concordância. Tsunade afastou sua cadeira com um empurrão, abaixando-se para alcançar a última gaveta de sua mesa. De lá retirou alguns arquivos e os colocou nas mãos de Shizune.

A jounin deu passos calmos até os ninjas espalhados pela sala, lhes dando os respectivos documentos com certas informações sobre a missão.

— Sobre os mercenários... — a atenção toda se voltou para o Uchiha. — Temos ordens para matá-los? — sua expressão estava indecifrável, porém seus ombros tensos denunciavam o incômodo que sentia ao fazer tal pergunta.

Tsunade soltou um longo suspiro. — Se necessário... — respondeu, com um ar pesado. Bateu as mãos em frente ao rosto, dispersando o clima tenso. — Bom, agora vamos dividir as equipes. Ao chegarem à entrada de Tsukigakure quero que vocês se separem em dois grupos. Acredito que isso facilitará na busca por informações e na captura dos inimigos.

— Espero ficar na mesma equipe que você, Sasuke-kun... — Sakura enojou-se ao notar a piscadela descarada que Shion acabara de mandar para seu “alvo”.

Sasuke ignorou a garota, afastando-se rapidamente quando Shion veio em sua direção. Ele não percebeu o risinho que Sakura soltara ao ver sua reação mediante a ousadia da loira.

Tsunade mordeu o lábio antes de continuar sua fala, preparando seus ouvidos para a reação que viria a seguir. — Naruto, Shion e Hinata formaram a primeira equipe. Quero que vocês concentrem suas forças principalmente na vila. Já Sasuke, Neji e Sakura estão responsáveis em explorar a floresta.

QUÊ?! — o grito estridente de Naruto irrompeu o local, como esperado. — Baa-chan! Você não pode separar o time Sete!

— Não só posso como já fiz.

— Mas...!

— Não tem mas, Naruto!

— Vovó... — murmurou suplicante, um bico enorme se formando em sua boca.

— Pare de me chamar assim, seu estúpido! —bateu com os punhos na mesa, partindo-a em pedaços. — Agora tirem já os seus traseiros folgados daqui! E, Shizune, me arrume logo uma mesa nova!

Sakura segurou uma risada, saindo juntamente com os outros para fora do escritório de Tsunade.

“Pobre Shizune...” — pensou, lembrando-se do olhar espantado que a jounin lançava para o que restou da mesa de sua shishou.

Observou Naruto se aproximar com passos lentos, a cabeça abaixada e as mãos pendendo preguiçosamente ao lado de seu corpo.

Olhou-o complacente ao perceber a expressão desolada que tomava conta de seu rosto. — Não fique assim, Naruto. — passou as mãos pelos ombros do loiro, sacudindo-os levemente. — Nós vamos ficar juntos na maior parte do caminho. E, se quiser na volta eu pago uma tigela enorme de rámen para você. O que acha?

Só foi ouvir a palavra “rámen” para que o loiro se animasse mais uma vez. A ideia de ter sua comida preferida o esperando na volta da missão acabou por deixá-lo extremamente feliz. E com fome.

Hehe! Rámen de graça... — sorriu mostrando todos os dentes.

— Ei. Sakura. — seu olhar voltou-se para frente assim que ouvira seu nome. Neji a encarava em frente à saída da torre, o vento bagunçando levemente seus cabelos.

Lembrou-se de mais cedo quando o shinobi tentou falar com ela e Sasuke praticamente a arrancou de perto dele. Não tinha entendido muito bem o porquê o Uchiha tinha feito aquilo, tão pouco se preocupou em perguntar.

— Sinto muito por antes, Neji. — desculpou-se ao se aproximar, o tom de sua voz carregado de arrependimento.

Neji quis sorrir perante a inocência da kunoichi. — Não há porque se desculpar. Eu queria falar com você, Sakura. Está ocupada? — olhou rapidamente para Naruto que tinha se aproximado protetoramente de sua amiga, quase criando uma barreira entre eles.

— O que você quer com a Sakura-chan? — a pergunta o pegou de surpresa, suas sobrancelhas erguendo-se levemente enquanto acompanhava o olhar feroz do Uzumaki sobre si.

— Naruto...! — quis afundar o rosto do loiro no chão, porém optou por somente afastá-lo com um empurro. Dirigiu seu olhar mais gentil para Neji. — Vamos andar, sim? — disse praticamente arrancando o Hyuuga dali.

Naruto continuou a observá-los, seus corpos se afastando cada vez mais. Colocou as mãos por cima de sua cabeça, notando a presença de Sasuke assim que o mesmo se aproximou dele.

— Esse Hyuuga... — soltou um ruído de desagrado — Tenho certeza de que ele quer se aproveitar da Sakura-chan!

Sasuke não o respondeu, ignorando o desconforto que sentia ao pensar em Sakura e Neji juntos. E, pior, sozinhos.

(...)

— E então — começou a falar, observando o shinobi que andava ao seu lado —, o que queria falar comigo? — perguntou.

Neji cessou seus passos, fazendo com que Sakura parasse junto com ele. — Vou ser direto. — a encarou com tremenda seriedade. — Meu avô está com certos problemas de saúde, porém ele se recusa a ir ao médico. Todas as enfermeiras a quem pedi ajuda se recusaram a vê-lo. Acho que sua reputação acabou por assustá-las um pouco.

Sakura sorriu diante do comentário bem humorado. Realmente, pelo o que escutou por aí, o ancião do clã Hyuuga não era muito conhecido por exalar simpatia.

Neji continuou: — Será que você poderia...?

— Dar uma olhada nele? — Sakura completou — Mas é claro, Neji! E não se preocupe porque não há um paciente que não caia por meus encantos. — riu de si mesma com sua brincadeira.

— Tenho certeza disso. — a resposta direta há surpreendeu mais do que gostaria de admitir; Neji optando por continuar a encará-la profundamente.

Olhou um tanto perplexa para o Hyuuga, desconhecendo a ousadia que ele lhe dirigia. Primeiro aquele comentário de como ela estava bonita com seu kimono, e agora isso?

Qual seria seu próximo passo? Convidá-la para jantar?

Assustou-se ao chegar à conclusão de que não ficaria nem um pouco incomodada caso Neji a chamasse para um encontro.

Expulsos aqueles pensamentos dignos de uma garotinha no colegial, quebrando a troca de olhares e passando a encarar um lugar aleatório a sua volta.

— Preciso pegar minha bolsa médica em casa. Se importa de me acompanhar até lá? — perguntou, sentindo o olhar de Neji queimando sobre ela.

— De maneira alguma. — respondeu tranquilo.

Ela imediatamente começou a andar em direção a sua residência, sabendo que Neji continuava bem atrás de si.

Ao chegar até lá, apressou-se em pegar tudo que precisava, não querendo deixar que o garoto a esperasse por mais tempo do que o necessário. Assim que estava pronta voltou a caminhar com Neji, dessa vez em direção ao distrito dos Hyuuga.

Levaram poucos minutos até chegar ao seu destino; Sakura observando o enorme portão que permitia a entrada para o pátio do clã.

Ela acompanhou os passos de Neji, se sentindo um tanto acanhada ao notar os olhares dos membros que treinavam por ali.

— Por aqui. — Neji a indicou o caminho; sua rota terminando ao ir de encontro a uma das maiores casas que tinha visto por ali.

“Eles, com toda certeza, não tem problemas com dinheiro”. — pensou, tirando seus sapatos antes de entrar na residência.

Seguiu Neji por um corredor extenso, ambos parando em frente a uma enorme porta de madeira. O shinobi bateu levemente, ouvindo um sonoro “entre” do lado de dentro.

— Seja paciente. — informou a Sakura por cima do ombro, entrando no quarto logo em seguida.

A primeira imagem que se formou a sua frente fora do ancião dos Hyuuga deitado em uma cama, uma expressão cansada banhava o seu rosto.

Os olhos brancos imediatamente vagaram sobre si, observando-a com extremo cuidado. O senhor voltou à atenção para o seu neto, as sobrancelhas juntas em confusão.

Ojiisan, está é Haruno Sakura. — Neji explicou conforme se aproximava da cama de seu avô. — Ela é médica e-

— Já disse que não preciso de médico nenhum. — ele o interrompeu. — Leve-a embora daqui.

Neji suspirou, já esperando tal atitude de seu avô. Olhou receoso para Sakura, que o respondeu com um leve sorriso.

— Hyuuga-sama. — chamou a atenção do velho sobre si que ainda a olhava intrigado, perguntando-se porque ela não sumira dali assim como as outras que foram até lá para vê-lo.

— Já disse para ir embora. — seu tom de voz não poderia ter sido mais rude, porém Sakura não se importava nem um pouco. Já tinha lidado com diversos pacientes ranzinzas no hospital, que no final sempre acabaram por adorá-la. O ancião dos Hyuuga não seria uma exceção.

— Sinto muito por estar incomodando-o-...

— Você é esperta, afinal das contas. Saia.

— Porém — Sakura continuou, não ligando de ser interrompida. — não vou sair daqui até ver o que está errado com o senhor. Nós temos duas maneiras de fazer isso. — aproximou-se do leito com passos lentos, nunca desviando o olhar dos orbes perolados.

Depositou a bolsa que carregava no chão, colocando as mãos na cintura logo em seguida. — A primeira: o senhor irá colaborar comigo. A segunda maneira, e já devo alertá-lo que essa será uma abordagem mais violenta, é que vou pedir para Neji segurá-lo contra a cama enquanto eu realizo o check-up. Então, qual prefere?

Os olhos brancos esbugalharam-se em surpresa — C-Como você ousa se retratar comigo desta maneira?!

Sakura deu de ombros. — Estou tratando-o como qualquer outro paciente que se recusa a receber cuidados. Por favor, me diga qual é a sua escolha, Hyuuga-sama. Ou já posso pedir para que Neji o prenda na cama?

O ancião só foi capaz de abrir e fechar sua boca repetidamente, não conseguindo pronunciar palavra alguma. Em todos os anos em que vivera, poucas foram as pessoas que falaram consigo daquela maneira e sobreviveram para contar a história.

Se ao menos tivesse a mesma disposição de antes... Certamente tiraria aquela garota de sua residência aos pontapés.

Neji, entretanto, olhava Sakura com puro fascínio. Estava tão surpreso que não era nem capaz de rir da expressão que seu avô dirigia a kunoichi. Ela era, realmente, incrível.

Sakura ergueu uma sobrancelha, esperando a resposta do ancião. Ele suspirou longamente, relutante. — Você ao menos sabe o que faz, garota? — perguntou; Sakura já assumindo que aquilo era uma autorização para fazer o check-up.

Olhou rapidamente para Neji, seu sorriso transmitindo a felicidade por ter desdobrado o idoso.

— Tenha um pouco de confiança em mim, Hyuuga-sama. — agachou-se até alcançar sua bolsa, tirando seus equipamentos de lá.

Pediu para Neji erguer a cama de seu avô, fazendo-o ficar devidamente sentado. Verificou sua respiração, mediu sua pressão, notou os lábios com tonalidades muito claras e os olhos perolados que lagrimejavam de vez em quando. A tosse forte foi a maior preocupação de Sakura.

Sua surpresa foi que durante todo o exame, o ancião permaneceu quieto, somente a observando de tempos em tempos e até soltava alguns pequenos resmungos.

Sakura deu um leve sorriso, sentindo-se orgulhosa de si mesma ao terminar o check-up.

Neji a olhou em expectativa. — E então?

Suspirou. — É difícil dar o diagnostico exato já que Hyuuga-sama não realizou nenhum exame concreto, porém acredito que esses sintomas sejam decorrentes de uma alergia respiratória. Ela é bem comum durante essa época do ano e é normal atacar os idosos.

— Vai precisar de algum tratamento?

Balançou a cabeça em negação, tirando um papel e uma caneta de seus pertences, escrevendo suas recomendações: — A tosse é forte, porém não é constante. Sugiro que Hyuuga-sama faça inalações durante o dia, além de se manter devidamente hidratado. Mantenha o ambiente limpo e deixe que o ar ventile pelo quarto. O cansaço é devido à idade, mas acredito que algumas caminhadas o façam se animar um pouco.

Pegou o papel das mãos de Sakura, seus olhos vagando rapidamente pela letra cursiva da garota.

— Obrigado. — ela acenou com a cabeça em resposta.

Bateu as mãos em frente ao rosto, sorrindo abertamente para o ancião que agora a encarava; sua expressão indecifrável. — Não doeu nada, não é mesmo Hyuuga-sama? Devo dizer que você foi um ótimo paciente!

O idoso não a respondeu, somente apontou para a porta num pedido mudo para que eles se retirassem e deixassem-no em paz.

— Descanse, okay? — Sakura continuou. — Caso os sintomas piorem, não hesite em ir até o hospital! Lembre-se que é para o seu bem, Hyuuga-sama. Bye, bye. — despediu-se do idoso, pegando sua bolsa e saindo do quarto juntamente com Neji, que ainda lançou um olhar divertido para seu avô antes de fechar a porta.

(...)

— Estou realmente impressionado, Sakura. — o shinobi falou, cruzando os braços sobre o peito conforme encarava a rosada. — Meus parabéns.

Sakura sorriu, batendo levemente em seu braço. — Eu disse que ele não resistiria aos meus encantos.

Ele assentiu com a cabeça, observando-a atentamente.

Já tinha perdido as contas de quantas vezes Neji tinha lançado aquele olhar sobre si. Uma parte de seu intimo sentia-se um tanto incomodada, enquanto a outra praticamente implorava para que continuassem com aquela troca de olhares. Ainda assim, não conseguia manter aquilo por muito tempo; suas bochechas queimando toda vez que se metia nessa situação.

Deu um passo para trás na intenção de ir embora. — Bom-... — pigarreou; ralhando com si mesma por ter gaguejado. — Acho que está na minha hora. Até mais, Neji.

Sakura, no entanto, congelou no lugar ao sentir um agarre em seu braço, imediatamente erguendo os olhos surpresos para Neji. Os dedos do shinobi desceram até sua mão, erguendo-a num movimento delicado; seus lábios depositando um beijo casto no local.

A rosada sentiu o ar faltar de seus pulmões; sua boca abrindo-se, porém nenhuma palavra saía.

Neji soltou sua mão com uma lentidão, despedindo-se com um sonoro “adeus” antes de entrar mais uma vez em sua casa.

Sakura piscou, colocando a mão no peito. Conforme se virava para ir embora, começou a se questionar o porquê de seu coração estar batendo tão rapidamente; a sensação boa de sentir os lábios de Neji, mesmo que em sua mão, não saindo de sua cabeça.


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Notas finais do capítulo

E aí????? Pedras ou flores???
O ancião dos Hyuugas não possuem nome, por isso optei por chamá-lo de Hyuuga-sama do que inventar um nome aleatório.
Bom, espero vê-las nos comentários.
Um beijo e até o próximo capítulo