Guerreiros escrita por L M


Capítulo 77
Bônus: Águia


Notas iniciais do capítulo

Oii, Guerreiros!! Como estão?
Resolvi escrever, (partindo de uma ideia de uma leitora muito querida) como Hotaru despertou seu xamã!
Ps: coloquem a música!
Boa leitura!! :)



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https://www.youtube.com/watch?v=iLPhgWs_zKE

Dizem que no momento da morte, passa-se um filme da sua vida em sua mente, rápido como um borrão, porém significativo o suficiente para apertar o peito. Tal filme nada mais é do que as lembranças, dos momentos passados em vida; das risadas em momentos engraçados, das lágrimas em tristeza, lágrimas também em dor física ou sentimental, raiva em momentos de necessidade, momentos de sorrisos de felicidade. Desde os momentos da infância com seus pais, até os amiguinhos que se perdem ao longo da vida, veja bem, ninguém sabe o que aconteceu com seu primeiro amigo, no qual você considerou mesmo, o tempo o afastou. Todavia Hotaru podia ver até seu primeiro amor inocente de criança, enquanto lutava desesperadamente para fazer com que o ar entrasse em seus pulmões; o primeiro beijo, a primeira dor de amor, a dor da perda do irmão, as brigas infundadas com seu pai, os consolos ligeiros da mãe sempre em luto.

O garoto concluía que sua vida até ali foi uma perda tempo, por que ele viveu até ali, afinal?! Por que temos um específico tempo de vida que ninguém sabe? Preparado vida toda para se tornar um líder do clã, no lugar do irmão, preparado para ser um guerreiro, para ser forte, para orgulhar seu pai... Preparado para algo. Sempre. Isso não é vida?! Que diabos de vida é essa?! O que é viver? Quem saberia respondê-lo neste momento, em que a tão preciosa estava o deixando pra nunca mais tocar no corpo cadavérico e frio que ele se tornaria. O coração disparado, lutando ainda, lutando firme, desesperado para manter-se batendo, porque se parasse... Acabou!

Por Deus! A vida tem um ponto final, como uma história, ela também termina. Sem mais nem menos, súbita ou trágica, tranquila ou dolorosa, ela se esvai e não há nada que se possa fazer. Então era isso? Essa era a sensação de morrer? Ele abria algumas frestas dos olhos, e para seu horror ele não via mais nada, somente um breu, o loiro não mais enxergava. Porém ainda ouvia... Sim! Ele conseguia escutar ainda os gritos de choro, leves empurrões em seu corpo assustadoramente pesado; ele podia escutar os gritos de uma menininha, os xingamentos infinitos de um Jin e uma voz ofegante e desesperada que deveria ser de Riki. O garoto sentia dor, queimava em sua carne e o sufocava, mas ele tentava dizer algo, dizer que eles foram importantes para a vida dele, como nenhuma pessoa jamais seria, queria desesperadamente, pelo menos, dizer adeus. Será que sua vida foi tão miserável que nem ao menos se despedir ele poderia?

O loiro estava confuso, não sabia ao certo onde estava indo quando avistou uma luz branca, não fazia nenhum sentido já que tudo não passava de um breu a minutos atrás; estranhou também o fato de não estar sentindo dor ou seu coração em colapso. Estranhamente ele estava bem e em paz, estava em uma campina de grama verde baixa, haviam cavalos e risadas por todos os lugares, haviam animais ali, lindos e que pareciam gostar dele. Crianças corriam, pessoas em paz e uma sensação de aconchego tomou o coração de Hotaru. Nem ligava mais para o fato daquele lugar não está fazendo sentido algum, ou o fato de nunca ter visto algo parecido. O céu era de um azul forte, tão belo, haviam nuvens coloridas em meio ao arco-íris, flores do campo finas cresciam ali, cheiro de café tão familiar para ele:

—Hotaru?-uma voz familiar o despertou, respirando livido ele agradeceu de não estar ficando completamente louco e ter mais alguém ali conhecido com ele.

Virando-se de supetão, quase caiu para trás. 

Shiro estava vestido com roupas brancas e soltas, o rosto corado, o sorriso de sempre estampado em sua face robusta, os olho envoltos de felicidade por vê-lo. Hotaru sentiu um aperto no peito, mas nada que se assemelhasse a medo ou tristeza, ele estava feliz... Feliz como jamais esteve:

—Sh-Shi... Meu Deus do céu!-o loiro passou as mãos pelos cabelos loiros, notando uma manga branca rodeando seu braço, notando estar vestido das mesmas vestes do amigo:-Shiro! É você?! Me Deus do céu, homem... É você!

—Sou eu meu amigo, estava com saudades de você! Como vão todos?-perguntou Shiro sorrindo se aproximando colocando uma mão no ombro do loiro, que se manteve de boca aberta encarando Shiro:-O que há?

—Você é real?-perguntou o garoto cutucando a bochecha de Shiro, que sorriu achando graça:-Ou eu fiquei maluco?

—Nesse momento eu sou real, meu amigo. Eu e todos nesse lugar.-falou Shiro erguendo os braços, sentindo uma brisa leve soprar acolhedora:-Não é lindo?!

—Estranhamente maravilhoso. Mas eu não estou entendo nada, eu estou aqui... Você esta aqui!-falou Hotaru com uma mão apoiada no queixo pensativo:-Mas você morreu, como pode...?

Shiro o encarou sorrindo de leve, com um olhar mais pesaroso:

—Ah, não...-murmurou Hotaru arregalando os olhos colocando uma mão no peito e outra na cabeça:-Ah cara, e não tô acreditando que estou morto?!

—Veja bem, Hotaru...-começou Shiro, mas o garoto em desespero o interrompeu:

—Aquele filho da puta me matou com uma flecha no braço?! Ah, desgraçado, eu não to crendo! Espero que tenha morrido e ido para o quinto dos infernos... Aquele maldito!-bradou Hotaru com raiva:-Uma flecha?! Uma maldita flecha?! Só pode ser piada, eu sobrevivi a coisas muito piores para uma flecha me matar?! Mas que merda... Que tragédia!

—HOTARU!-gritou Shiro segurando-o com ambas as mãos pelos ombro do garoto:-Acalme-se por favor...

—Como me acalmar?! Eu tô morto, Shiro! Que merda...-murmurou o loiro passando as mãos no cabelo:-Estou no céu obviamente, o que é menos mal... Ai, droga!Pode falar palavrão no céu?! Já falei uma porrada, será que tem prolema?!

—Meu amigo... Acalme-se!-falou Shiro sorrindo para ele:-Isso aqui é um outro plano, nada mais importa o que aconteceu em outrora.

—Então ainda posso xinga?! Porque, de verdade Shiro, eu tô puto de raiva por estar morto... Caramba, nem to sabendo falar mais!-falou Hotaru e Shiro gargalhou:

—Watashi wa anata o minogashita, watashi no yūjin! Soshite, anata ga tsūka shinakereba naranakatta koto o mōshiwakenaku omotte imasu... Okotta koto wa kesshite futatabi okorimasen, anata wa jiyūdesu!-falou Shiro passando um braço roliço por sobre os ombros de Hotaru o fazendo andar pela grama quente e acolhedora. Os pés descalços não se sujavam, e podiam sentir a terra viva por todo o local:-Senti sua falta, amigo! E sinto muito pelo que você teve que passar... O que aconteceu nunca mais acontecerá novamente, estamos livres!

—Doko ni iku no?-perguntou Hotaru o acompanhando, olhando maravilhado para todo o lugar:-Onde estamos indo?

—Vou te levar para ver os outros.-falou Shiro sorrindo:

—Outros...?-perguntou Hotaru, logo arreglando os olhos:-Nossa Senhora do céu! Esqueci que morreu uma porrada também junto da gene, tudo um bando de azarado também.

—Watashitachi ga shinu no wa fuunda to omoimasu ka?-perguntou Shiro o encarando, parando de andar:-Você acha que somos azarados por morrer?

—Namae: Mite, otoko... Watashi wa mada konran shite iruto... Kami! Watashi wa shinde iru, watashi wa watashinokazoku, watashi no yūjin o kesshite mimasen. Watashi wa mō Hana o dakishimeru tsumori wanai. Watashi wa Takeshi o hirottari, akage no baka to tatakattari shite inai. Watashi wa Hideo ga watashi ni okottari, ran to Kyō to warattari suru koto wa arimasen. Watashi wa Daisuke, Kioi, Riki to wa hanashimasen. Watashi wa mō sonzaishinai, Shirō! Sore wa watashi no tame ni owattashi, sore wa watashi o kuruwa sete shimaukara... Tsugi wa nanidesu ka? Watashi no imanani ga okorudeshou ka? Ima watashi wa nanidesu ka?-falou Hotaru erguendo os braços pra cima, sentindo algo de estranho dentro de si, quase como um desespero mútua e ôco:-Olha, cara... Eu ainda estou confuso e... Deus! Eu tô morto, não verei mais minha família, meus amigos. Não vou mais abraçar a Hana, não vou apanhar do Takeshi ou brigar com o ruivo idiota. Não vou ver o Hideo irritado comigo, ou rir com o Ran e o Kyo, não vou conversar com Daisuke, Norio e Riki. Eu não existo mais, Shiro! Acabou pra mim e isso me assusta pra caralho, porque... O que vem agora? O que será de mim agora? O que eu sou agora?

—Logo você será capaz de entender meu amigo.-falou Shiro e Hotaru bufou:

—Sabe que essa linha do "enigmático" tá me irritando, né?! Vou ser punido por te dar um soco?-perguntou Hotaru e Shiro riu:

—Shiro-kun!-uma voz feminina gritou.

Hotaru olhou para trás vendo uma Cho correndo feliz e sorridente, com um longo vestido branco, descalça e com várias borboletas voando ao redor dela, de todas as cores, era lindo vê-la bem, o que tirava a lembrança horrenda que mal o fazia dormir, de vê-la morrendo. O cabelo castanho e longo estava trançado e ela estava corada pela corrida e parecia mais iluminada, Hotaru nunca tinha a visto tão viva:

—Cho!-gritou o garoto correndo de encontro a ela que parou com os braços abertos o esperando. O garoto loiro correu, pegando-a no colo e a rodopiando:-Cho-cham! Cho-cham! Como é bom vê-la, meu Deus!

—Hotaru-kun! Que saudade de vê-lo!-falo a menina após ser posta no chão, acariciando o rosto do amigo:

—Anata wa dono kurai utsukushiku miemasu ka? Sore wa sōdesu... Dakara... Ikiiki shite imasu!-falou Hotaru sorrindo, realmente contente por vê-la:-Como está linda! Está tão... Tão... Tão viva!

—Shikashi, watashi wa ikite iru, hotaru! Kono basho o mite... Wareware wa subete ikite iru!-falou a menina sorrindo e Hotaru ficou com uma expressão abatida:-Mas eu estou viva, Hotaru! Olha esse lugar... Estamos todos vivos!

—Não contaram a ela que estamos mortos?!-perguntou Hotaru a Shiro que apenas franziu o cenho e o garoto, voltou a encarar Cho que o olhava em curiosidade:

—Naze kare wa... ?-perguntou a menina a Shiro que deu de ombros, fazendo Hotaru ficar ainda mais confuso:-Por que ele...?

—Ele ainda não está pronto!-a voz que seguiu fora de Tadashi que havia chego no local, impotente, porém com uma postura mais humilde e acolhedora:-Como vai, meu rapaz?

—Morto!-respondeu Hotaru:-Todo mundo aqui tá zen desse jeito porque é um efeito colateral de se estar morto ou é brincadeira com a minha cara?! Qual é gente, estamos mortos, pelo menos um chorinho ou uns xinamentos de vez em quando seriam mais normais.

—Ele já xingou e chorou por acaso?-perguntou Tadashi achando graça:

—Apenas xingou muito desde a hora que chegou aqui, Tadashi.-falou Shiro:

—Ele falou que não tinha problema xingar!-falou Hotaru erguendo ambos os braços:

—E não tem, meu rapaz.-falou Tadashi sorrindo:-Nada mais importa!

—Ótimo! Então socar vocês também não vai me trazer problema, porque sinceramente, não tô aguentando vocês com esse jeito enigmático de merda.-bradou o loiro com raiva visível, conforme colocava ambos com braços na cintura:

—Kare ga shinda koto o ukeireru no wa muzukashī, kinpatsu?-perguntou uma voz conhecida. Hotaru viu atrás de Tadashi, Kohaku aparecendo sorrindo neutro e em paz, com uma pequena flor do campo lilás nas mãos, com as mesmas vestes brancas e descalço. O garoto ofegou, olhando com pesar o sensei a sua frente:-Difícil aceitar que morreu, loiro?!

—Deus, sensei! O senhor também, não!-falou o garoto sentindo realmente ainda a dor da perda:-Mas que merda! Por que teve que morrer?!

—Não consegui ser tão forte, meu guerreiro... Mas está tudo bem! Estou em paz e cumpri minha missão.-falou Kohaku:

—Não é possível que eu sou o único indignado neste luga?! Não é possível que só eu tô triste por estarmos aqui?!-gritou Hotaru sentindo uma queimação muito forte no peito, que começava a se espalhar por todo o corpo:-Argh! O que é isso?!

—O que?-perguntou Cho o olhando com um sorriso mínimo:

—Essa queimação terrível!-falou o garoto passando a mão sobre o peito e sentindo as costas ardendo também:-O que é isso, Shiro?! Mesmo depois de morto ainda sentimos dor?!

—Não, não sentimos.-falou Shiro calmo:

—Argh! Merda!-bradou o loiro s contorcendo, abaixando o corpo:-Que droga é isso então?! Punição pelos meus pecados, por caso?!

—Não, caro guerreiro você só não está pronto. Por isso está com esses sentimentos conflitantes... Por isso sente dor.-falou Tadashi passando uma mão pelos cabelos dourados do garoto trêmulo, em um carinho:

—O que...?! Não estou pronto para o que, merda?!-gritou o loiro, com os olhos chegando a lacrimejar de dor intensa, conforme sentia-se cambalear caindo sobre campina com as vistas embaçadas. Com todos sumindo em sua frente:-Pelo amor de Deus! O que está acontecendo comigo?!

Hotaru ouviu um grito de um pássaro, o que lhe chamou atenção para os céus que se tornavam branco, à medida que sua vista embaçava ainda mais com tudo sumindo em sua frente. Várias águias de pelagem castanha dourada com branco, os olhos verdes, voavam em rasante e círculo por Hotaru que se abaixava mais pela dor intensa. Suas costas pareciam fogo e em seu peito somente sobrara a dr, conforme ele ouvia os batimentos fracos novamente do próprio coração:

—Dō ka... Korehana ndesu ka? Sore o tomeru! Dōzo!-gritou Hotaru com ambos os braços abraçando a si mesmo, para as mãos chegarem nas costas:-Por favor... O que é isso?! Faça parar! Por favor! AH!

—Acalme-se Hotaru, você só está voltando.-falou Kohaku:

—O que?!-gritou o garoto:

—Esta retornando ao mundo, meu amigo.-falou Shiro:-Foi muito bom vê-lo, companheiro!

—Estou indo embora...?!-gritou Hotaru pelos sons das águias estarem muito alto e um novo grito feminino ecoar por sua mente:-O que é isso?! Quem está gritando?!

—Nos veremos novamente, Hotaru! E por favor, diga a Hana para não se culpar por mim e por Shiro... Nada foi culpa dela, sabíamos o que estávamos fazendo.-falou Cho pegando no rosto de Hotaru em suas mão sorrindo meiga:-Por favor, diga a ela...

Ela beijou sua testa, e as lágrimas escorreram pelos olhos do garoto:

—Eu... Eu direi, Cho-cham.-falou ele soluçando, sentindo-se pesado novamente e o grito agudo fino aumentando:

—Vá salvar seu país, águia dourada!-falou Tadashi:

—Eu... Não estou morto.-falou Hotaru fraco.

Uma das aves voou rápida e entrou, literalmente, nas costas de Hotaru que gritou alto, arregalando os olhos pelo impacto. Tudo se tornou escuro após uma luz dourada ofuscante cegá-lo, provinda de suas costas.

Como um solavanco, soco, ou qualquer coisa que pudesse acontecer, o garoto despertou tossindo forte, puxando o ar desesperadamente e sentindo o coração martelando rápido, forte e quente dentro da caixa torácica. O corpo contra o chão duro, o frio fazendo-o ficar arrepiado e as costas queimando, queimando em um grau que o loiro achou que poderia estar mudando de chaka. Os olhos verdes foscos, tentavam formular o que estava acontecendo ao seu redor, conforme o grito fino voltava mais forte.

Hotaru apoiou os braços dolorosos sobre o chão, auxiliando a se erguer, conforme a imagem embaçada tomava forma nítida. Aiko estava em pé, o vestido mais rasgado, descabelada, chorando trêmula, conforme segurava sua espada pesada desajeitadamente, mantendo cinco lobos longe de seu corpo, haviam marcas de garras que rasgavam a panturrilha e braços da menina, nos quais pingavam sangue, que tentava afugentá-los:

—Hanareru! Tōzakete kudasai... Dare ka! Īe! Dasshutsu! Watashi no kamiyo, karera o ika sete kudasai!-gritava a pequena com as lágrimas pingando de seu rosto infantil:-Vão embora! Vão embora, por favor... Alguém! Não! Saiam! Meu Deus faça-os irem embora!

https://www.youtube.com/watch?v=YjADg2sMexc

A força de uma menina tão pequena o fazia, involuntariamente, compará-la a Hana e logo depois a Cho, mesmo em um mundo de nobreza, os que são fadados ao trono têm em seu sangue o valor único que os faz ser tão insubstituíveis em governar uma nação. A força altruísta de pensar nos outros acima deles mesmos, uma capacidade para poucos e almejada por muitos. Quem a possui não é uma pessoa boa, não é aquela mas perfeita, não é a mais forte, tampouco a mais fraca, é somente alguém gentil. A gentileza é o vínculo perdido, abençoado por poucos e dado a minoria, com o dom de fazer os outros sorrirem mesmo que eles estejam quebrados, o dom de salvar mesmo que eles próprios estejam se machucando, o dom de proteger mesmo que custe suas próprias vidas. A gentileza é a dádiva que poucos são capazes de suportar seu peso.

Hotaru apenas acordou para o que estava acontecendo, no momento em que um dos lobos pulou agarrando a barra do vestido da menina, puxando-a para as trevas conforme ela gritava e se debatia aos prantos, fazendo com que o demais lobos se preparassem para mordê-la.

Mas eles não iria completar tal ato. Não com ele ali para protegê-la.

Hotaru levantou voou com raiva, sentia os olhos ardendo, porém conseguindo visualizar bem até demais o que estava ocorrendo abaixo de si, o chakra dourado emanando de seu corpo e atrás e suas costas dois pares de asas gigantes saíam brilhantes, as asas da águia, como se a própria luz do Sol houvesse beijado-o. O garoto sorriu de lado erguendo amas as mãos chamando a atenção dos animais que rosnavam vindo em sua direção, largando uma Aiko de olhos arregalados encarando a sua visão de guerreiro.

O loiro apenas bateu os braços contra os mesmos, causando uma ventania inexplicável, que nem ele mesmo sabia como, notando os animis saírem voando batendo em todas as partes, até caírem mortos pelos ossos partidos do corpo. Respirando fundo ele se pôs ao chão ofegante, ainda sentindo uma queimação fora do normal em seu peito, notando uma fina cicatriz com resquício de queimação no braço, onde em outrora fora plantada a flecha, que quase o tirara a vida.

Aiko correu em sua direção abraçando-o, enterrando o rosto maculado e choroso em seu pescoço nu, que sentia os líquidos de tristeza da garota, molharem-no. O loiro sentou passando um braço em torno da pequena e outro acariciava seus cabelos, passando calma:

—Ochitsuite, denka! Subete ga daijōbudesu, watashi wa daijōbudesu, anata wa anzendesu! Sore wa daijōbudesu!-murmurava o loiro, instigando a pequena a parar com o choro sofrido que o apertava o peito:-Acalme-se alteza! Tudo ficará bem, eu estou bem, você está salva! Está tudo bem!

—Eu... Pensei que tinha morrido, eu... Você estava morto, seu coração estava parado.-falou a menina limpando as lágrimas, ao passo que Hotaru acariciava seus cabelos assentindo meio bobo:

—Eu si, eu sei... Ainda é difícil pra mim, sinto que psicologicamente não estou da bem, mas pelo menos inteiro eu estou.-falou o loiro e a menina riu fracamente:

—Jin wa kare o sukuu koto ga dekita.-murmurou ela se afastando um puco do loiro que já voltava a sua normalidade, apenas com a queimação no peito que fracamente o incomodava:-O Jin conseguiu salvá-lo.

—Como é que é?-perguntou Hotaru:-Acho que não ouvi direito... Jin e salvamento na mesma frase, ainda mais o meu... Como é que é?

—Jin o salvou! Emanou fogo em chakra e o transportou dentro de seu corpo pela feida da flecha e você... Voltou.-ela falou sorrindo e Hotaru ficou ali encarando-a com ambos olhos arregalados:

—Watashinojinsei o sukutta no wa jinda to itte imasu ka? Ā,-shin no tame ni... Unmei to anata no jōku, anata wa sore ga nandearu ka shitte iru, ōjo? Nando mo kare no shita o harau to, watashi wa kare ni byōki o hanashi, kunren de ashi o itameru koto o nozonde imashita. Kekkyokunotokoro, sorera no 2tsu wa doko ni kite mo kowagarudeshou!-falou o aroto se levantando com a pequena em seus braços, que agarrara seu pescoço para se mante em equilíbrio:-Está me dizendo que foi o Jin que me salvou a vida? Ah, pelo amor de Deus... O destino e suas piadas, sabe o que se chama isso, princesa? Pagar a língua de tantas vezes que falei mal dele e torcia para ele quebrar a perna no treinamento. E onde estão aqueles dois, afinal, vão levar um susto quando e virem!

—Foram encontrar os outros, provavelmente devem estar no meio do ataque agora.-falou a pequena e Hotaru sentiu um fio envolver sua espinha:

—Que merda! Oh, perdão...-murmurou o loiro sorrindo sem graça:-Temos que ir logo, eles estão atacando e se isso não for problema o suficiente, estão sem mim achando que estou morto!

—Eles foram alvar meu papai.-falou a pequena sorrindo:

—Foram, princesa... Tudo vai acabar bem, você vai ver! Ao raiar do dia, será apenas uma lembrança ruim que o tempo tratará de fazê-la esquecer.-falou loiro e a menina apenas negou sorrindo. Mesmo com o rosto inchado e machucado, o sangue saindo de suas feridas, descabelada, suada e com o rosto havendo indícios de um forte choro, ela encarou o loiro com os olhos firmes:

—Uma lembrança mesmo que ruim, serve para crescermos Hotaru! Esquecer não te fará amadurecer, enfrentá-la dia após dia com a humildade necessária te fará se preparar para as próximas que virão.-falou Aiko e Hotaru encarou-a maravilhado pelas palavas tão profundas e calorosas, conforme ela acariciava seu rosto suado e a barba rala:-Meu pai me ensinou.

—Por isso ele é m bom líder.-falou o loiro levantando voou:-Segure-se!

—Sono utsukushī kogane no tori wa nanideshita ka?-perguntou a pequenina após se arrumar no colo de Hotaru:-O que era aquele pássaro dourado bonito?

—Meu xamã!-respondeu o loiro orgulhoso:-Não poderia ser de outra forma, não é mesmo?! Quando se é bonito desse jeito.

A garota gargalhou e Hotaru voou rapidamente pra longe dali, com os ares o acompanhando ao seu redor, de coloração dourada cintilante. Rumo a batalha.

Hotaru não mais temia a morte.

Ele lutaria junto a força de Shiro, a destreza de Kohaku, a liderança de Tadashi e a compaixão de Cho.


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Notas finais do capítulo

Comentem o que acharam!!
Bjss! ♥