Takeshi abriu os olhos.

Viu ao seu lado uma bandeja contendo dois pães, pedaços de frutas, peixe e um copo grande de água. Ergueu-se rapidamente da cama nem prestando a atenção da onde estava, apenas queria comer. A fome o consumia.

Ele comeu o pão rapidamente sentindo o alívio em seus músculos ao receber o alimento, ele sorriu enquanto o prazer da fome sendo morta o aquecia o corpo. Ele tomou um copo de água e aos poucos sentia-se forte novamente, mesmo ainda tendo cansaço:

—Não coma muito rápido.-uma voz suave ecoou pelo local.

Seu peito acelerou enquanto ele ainda engolia algumas frutas. Virou a cabeça encarando a garota sentada em um pequeno estofado gasto verde-musgo. Estava linda com um vestido azul escuro, botas e os cabelos até o ombro lisos e lhe encarando com um olhar de alívo, logo ele sentiu a necessidade de tê-la perto de si. Ali estava seu melhor amigo e garota por quem se apaixonara, juntos. Agora ele podia vê-la como uma mulher:

—Hana!-ele disse com a voz rouca e forte.

Hana sentiu seu peito acelerar pela forma com a qual ele chamou seu nome. Chamou por ela.

A menina sorriu levemente de lado do mesmo modo que fazia quando se fingia ser Haruo, ela se ergueu e caminhou a passos lentos se posicionando próxima da cama encarando o rosto com algumas marcas de surras e o peito nu do garoto também machucado, todavia não deixava de ser a visão mais bela que Hana já tivera. Takeshi sorriu de lado a olhando de um modo distinto ao qual ela estava acostumada, todavia ao se lembrar do pequeno encostar de lábios de ambos na guerra fez seu rosto corar e o peito acelerar.

O garoto colocou a bandeja novamente na escrivaninha e ergueu seu braço pegando na mão de Hana, porém ambos mantinham os olhares unidos um ao outro. A menina suava e a respiração se tornava forte:

—O que está fazendo?-perguntou com a voz falha:

—Estou te puxando para mim.-falou Takeshi simplesmente a puxando, fazendo com que a menina caísse quase sobre o corpo dele:

—Não! Takeshi, você ainda está machucado, precisa de cuidados!-falou a garota tentando se soltar e não encará-lo. Não conseguia. Não podia. Toda vez que fazia os olhos de Cho apareciam, e se a criança nascesse com os olhos dele?! Deus... Ele poderia ser pai.

A menina se afastou colocando as duas mãos no peito de costas respirando fundo. Ela ouviu ele se erguendo da cama e se aproximando dela. Ela sentiu apenas a cabeça dele repousar sobre seu ombro, sem mais nenhum toque... Apenas a cabeça dele em seu pescoço inalando seu cheiro:

—Não sabe como temi perdê-la.-falou Takeshi com os olhos fechados:-Por que está distante de mim?

—Estou próxima de você. Não vê como estamos?!-falou a garota tentando manter-se sã:

—Não me refiro a isso. Refiro-me ao fato de você está tentando se distanciar.-falou Takeshi a virando para si e pela primeira vez desde que descobriu que seu melhor amigo era uma mulher, ele se pôs a encarar os seus olhos:

—O que é?-perguntou Hana corando:

—Seus olhos são lindos.-ele disse simplesmente:-Eu me achava um inútil desgraçado por achar que os olhos do meu companheiro de equipe eram lindos. E ainda mais quando comecei a ter atração por ele.

—Na-Nani?!-indagou Hana encarando Takeshi com os olhos arregalados:

—Foi o que você entendeu. Eu sentia algo por você até quando você era um homem.-falou Takeshi dando de ombros pegando na mão de Hana que sentiu seu peito aquecer:

—Takeshi, você sabe que o que o Kabuto disse é verdade, não sabe?!-indagou Hana:

—Sobre o que?-perguntou Takeshi desviando o olhar:

—Cho realmente estava grávida, Takeshi.-falou Hana com a voz falha:-Como posso acreditar em algo assim, já que você fez o que fez.

—Tente pelo menos entender o meu lado, Hana!-falou Takeshi:

—Eu entendo... Na verdade, eu não vim aqui para sofrer por um amor não correspondido. Vim aqui para salvar meu pai e meu clã.-falou Hana fria o que fez Takeshi abrir os olhos ao contemplá-la saindo.

O garoto de olhos azuis fora mais rápido e a pegou pelo pulso voltando-a para seus braços e a segurou ali, não permitindo que a mesma se afastasse. Hana virou-se para Takeshi e ambos mantinham-se encarando um ao outro, o garoto reconhecendo o semblante de briga e raiva do amigo, vira Hana mantendo a mesma. Era difícil, mas ele não daria o braço a torcer:

—Tente pelo menos me entender!-falou Takeshia segurando com mais força:

—Eu já entendi! Desde o momento em que começou a se relacionar com a Cho! Eu entendi, caramba! Você gostava dela, agora que ela se foi voltou-se para a idiota que fingiu ser um garoto?!-gritou Hana com raiva. Estava desesperada, com dor, com receio, com medo... Tinha que retirar pelo menos aquela angústia horrenda do peito. Pelo menos, tentar tirá-la:-Eu não estou com raiva de você, Takeshi.Você é meu amigo...

—Haruo era meu melhor amigo!-falou Takeshi firme:-Em um tal ponto que você não imagina, eu me sentia tão bem em estar com um amigo que esquecia dos meus infinitos problemas! Hana, pelo amor de Deus; foi você quem eu deixei se aproximar quando eu achei que o desgraçado do Mitsuo havia morrido, consolou-me, você me ajudou com a concentração da serpente, você sempre esteve lá!

—Eu era seu amigo!-falou Hana:-Nada mais do que isso! E agora vou continuar sendo sua amiga!

—Por que é tão teimosa?! Você esta apaixonada por mim, por que, demônios, você não admite para si mesma de uma vez?!falou Takeshi a puxando mais forte:

—Porque tudo o que sobrou de mim está em cinzas!-gritou Hana socando as suas mãos no peito de Takeshi e deixando as lágrimas invadirem seu rosto:-Kuso! Kuso! Kuso... Tente me entender! Eu fui acabada por Kabuto e Mitsuo, fui quase morta e por minha culpa Cho e Shiro estão mortos. Porque fui uma completa tola! Uma completa tola em achar que poderia me passar por um garoto, aprender, tornar-me forte! Uma completa tola e ser egoísta em pensar que toda a desonra que eu causei em minha família fosse remunerada com esse gesto. Tola ao achar que eu poderia conseguir. Tola em me imporar com o que você faz. Tola em amar. Tola ao pensar que eu vou ter algum futuro ao sair desta porra de guerra que só traz ruína!

Takeshi estava atônito ouvindo os gritos da garota, as mãos enfaixadas e tão delicadas fechadas em punho sobre seu peito quente. Sentia toda a dor e angústia que sua amada esta sentindo; ele queria matar a todos que a fizeram sentir-se assim, queria socar a si esmo por ter a audácia de machucá-la e de sequer ter gritado com ela:

—Eu sou uma tola, Takeshi! Eu pensei que pudesse conseguir e falhei! Todos sabem que sou mulher, e é proibido! É uma desonra...-murmurou Hana retirando o rosto vermelho e os olhos inchados do peito molhado do rapaz:-Se eu não morrer no fim, eu não vou ter mais nada... E aquele quem eu mais quis proteger, nem vai querer me ver como filha.

—Sore o itte wa ikemasen!-gritou Takshi a segurando forte pelos ombros e a empurrando contra a parede, olhando firme nos olhos dela:-Não diga isso! Nunca mas repita isso! Não sabe o que pode perante as pessoas não imagina quão forte e magnífica é! Seu pai deve estar em pleno desespero por achar que está morta ou em perigo, nunca iria pensar assim...

—Você não o conhece...-começou Hana ainda o encarando firme:

—Dane-se! Ninguém é tão frio assim!-falou Takeshi se aproximando:-Não vou permitir que seja morta, eu vou protegê-la de tudo e todos nem que para isso tenha que ir a minha vida miserável!

—Masaka!-gritou Hana desesperada olhando. Já perdeu muita gente, não poderia perdê-lo também. Não ele...:-Não! Por favor não me proteja!

—Não me peça isso!-gritou Taeshi abaixando o olhar:-Shite kudasai...Onegai... E por favor, não se afaste de mim! Eu posso ser o pior cara que você já conheceu. Frio, brigão, um orgulhoso de merda, mas por você eu mudo!

—Takeshi...-murmurou Hana:

—E mudo por você! Só... Hana.-falou Takeshi fechando os olhos e encostando as testas de ambos com ele ainda segurando firme seus punhos:-Eu perdi toda a minha família, eu não tenho mais ninguém... Você é a única que me resta, a única que é capaz de fazer a porra do meu coração acelerar de um modo que você não imagina. Você é a luz que me tira das trevas, por favor...

—E-Eu...-murmurou Hana com os olhos fechados:

—E se você quiser ir embora e me deixar, eu vou entender. Não vou te obrigar a nada.-falou Takeshi com a voz sôfrega:-Mas vá por um motivo mais forte do que o fato de Cho!

Hana enrijeceu:

—Eu gostava dela! Mas ela não era você...-falou Takeshi abrindo os olhos. Estavam muito perto um do outro, podiam sentir seus perfumes se misturando:-Eu era um cara com atração por um outro cara e a única forma de tirar isso da cabeça foi me envolvendo com Cho! E antes que você me bata, eu só comecei a ficar próximo dela porque achei que o "Haruo" gostava dela, e eu não queria vê-lo com ninguém; ou melhor... Não suportaria vê-la com ninguém sem ser a mim.

—Eu entendo seus motivos, Takeshi. Nenhum de nós dois está melhor do que o outro, ambos...-começou Han abaixando o olhar:

—Ambos estão ferrados.-falou Takeshi e Hana assentiu:-Ferrados por estarmos perdidamente apaixonados um pelo outro.

Hana o encarou e não conseguiu mais negar muito menos se afastar das belas safiras que a olhavam tão profundamente que chegava a aquecê-la por dentro. Estava nervosa e ficou mais ainda ao vê-lo se aproximar e roçar ambos os narizes, mas agora ela deixaria acontecer. Não negaria mais, até porque sabia que ele sentia o mesmo por ela, era um amor tão puro e verdadeiro que se construiu quando ela ainda era um garoto.

Sentiu seu coração disparar ao sentir os lábios dele roçar de leve aos seus.

Mas pararam.

Um estrondo na porta fizeram os dois se afastarem rapidamente, porem ainda mantendo-se perto um do outro, todavia com os olhos focados no ser loiro que estava se erguendo da madeira da porta destruída em suas roupas marrom e vermelho chamativo. Logo todos os garotos colocaram as cabeças para dentro do cômodo.

Hana sentiu seu rosto corar fortemente e Takeshi sentia a ira pouco a pouco tomando conta de si:

—Watashi wa shinjite imasen...-murmurou Takeshi apertando anda mais a cintura de Hana próximo a si, como se para lembrar a si mesmo que não deveria cometer um assassinato agora, porque ela estava perto no momento:-Eu não acredito...

—Riki, seu idiota! Que ieia foi essa de me arrebentar com a porra da porta?!-gritou Hotaru se erguendo batendo a madeira da roupa:-Quase que quebro todos os dentes, demente! Era só pra ouvir o que os dois estavam conversando!

—Nani?!-gritou Hana sentindo o rosto esquentar:

—Imbecil!-gritou Goenji socando a cabeça do loiro:-Controle sua língua animal!

—Senhorita Hana não era nossa intenção...-começou Ran se virando para Hana ainda vermelha de vergonha:

—Você estava demorando muito no quarto do Takeshi.-falou Daisuke abaixando o olhar constrangido:

—Enfim... Ficamos preocupados!-falou Riki cruzando o braços:

—Ficaram preocupados!?!-indagou Takshi tentando se controlar e olhand com ódio para todos:

—Oh, nem vem com esse olhar de morte pra cima de mim não! A culpa não foi minha, seu inútil!-falou Hotaru acariciando sua face:

—Você arrombou a porta do quarto, Hotaru!-falou Takeshi perdendo a paciência:

—Em primeiro lugar eu estava ouvindo atrás da porta. E depois da declaração o Riki me empurrou porta a fora!-falou Hotaru:-Você acha que se eu arrombasse a porta eu estaria com um hematoma do tamanho de um focinho de cavalo na cara?! ainda por cima quase quebrando os dentes da boca?! Há! Culpe a si mesmo senão deu para beijá-la, você é muito lento.

Takeshi deu um chute forte em Hotaru que o fez cair no chão gemendo de dor e o xingando de vários nomes impróprios:

—E-Eu... Vou esperá-los na sala!-falou Hana saindo correndo ainda constrangida.

Takeshi mantinha seus olhos fechados e as mãos em punho. Hideo e Kyo estavam entrando no quarto e viram a porta arrebentada e Takeshi com uma aura assassina:

—Não acredito que vocês arrombaram a porta?!-falou Hideo:

—E eu ainda nem sei como o Takeshi não matou um aqui.-falou Kyo rindo cruzando os braços:

—Oh... Ele matou sim! E foi mais do que um, eu posso garantir! Infeliz, matou meus futuros filhos!-gritou Hotaru:

—Mada korosa remasen.-murmurou Takeshi se aproximando de Riki:-Ainda não matei. Qual é o seu problema, Nohara?

—Estou protegendo ela!-falou Riki:-Não confio e nem gosto de você, Wurochiha.

—O sentimento é recíproco, te garanto. Você não é nada dela para mandar assim!-falou Takeshi chegando mais perto sentindo os olhos ficarem rubros:

—E sou o melhor amigo dela!-falou Riki:

—Eu posso dar um jeito de você nem ao menos existir mais pra ela.-falou Takeshi emanando fogo das mãos:

—Takeshi!-Norio puxou o punho do garoto:-Não é uma boa hora para acabar com a nossa única arma no momento. Nossa união.

Takeshi se acalmou e encarou os olhos de Riki. O garoto sabia que o Nohara era um grande amigo e fazia parte da vida de sua amada e não poderia tirá-lo da vida dela tão facilmente. Todavia não iria permitir que o mesmo ficasse entre ambos novamente:

—Eu vou tê-la para mim!E espero que aceite isso.-falou Takeshi:

—E se eu não aceitar?!-falou Riki o encarando firme:

—Vai apender a aceitar me vendo junto dela.-falou Takeshi saindo da sala em fúria.

Riki o viu saindo e apertou as mãos:

—Baka-murmurou o garoto de olhos verde-musgo:

—Riki, não foi legal.-falou Goenji:

—Son'na koto wa arimasen! Não mesmo!-gritou Hotaru se erguendo:-Mas é incrível que quem sempre apanha sou eu! Aposto que é inveja do meu rosto atraente, só pode!

Hotaru saiu d cômodo reclamado seguido de Daisuke, Kyo, Ran, Hideo, Goenji e só sobrando Norio que encarava Riki:

—Nani?-peguntou Riki:-O que há?

—Não seja mais um inimigo!-falou Norio friamente saindo do cômodo.