Guerreiros escrita por L M


Capítulo 37
窒息


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura!!



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Takeshi não se sentia desta maneira desde que vira a mãe morrer em seus braços, uma dor aguda, profunda e definitivamente insuportável.

Ele ainda estava lá, ajoelhado no penhasco encarado o nada ainda sentindo os olhos queimarem ainda estando rubros. Precisou de quase todos os garotos e soldados para tentar controlá-lo tamanha era sua fúria, queimou pessoas inocentes, mas no momento ele não tinha espaço para remorso apenas para a dor da perda.

Ele vira o rosto de Haruo caindo penhasco abaixo sendo esmagado ainda pelo maldito cavalo selvagem negro, ele não chegou a tempo de puxar o garoto e lhe dar uma boa surra pela tamanha burrice. Não chegou a tempo de brigar mais uma vez com o infeliz Honō ryū e rolarem no chão se batendo da forma que Takeshi adorava, não chegou a tempo de se sentir consrangido pela ideia absurda de ter um melhor amigo, não chegou a tempo de fazer ciúme no garoto ficando com a garota que ele gostava e que de alguma forma o irritava. Não chegou a tempo de ainda sentir dúvidas quanto a seus sentimentos malucos.

Takeshi estava com dor.

Ele ouviu passos se aproximando dele e se virou minimamente visualizando a silhueta de Hotaru com faixas em seus braços, porque fora o primeiro a agarrar Takeshi o impedindo de saltar do precipício, e por consequência acabou queimando os dois braços do garoto. Mas Hotaru não pareceu se importar com isso, estava com as mãos dentro dos bolsos de seu kimono de treino e o olhar mantido no horizonte conforme o Sol se punha em meio as montanhas e enfriava cada vez mais:

–Vai ficar aí até quando?-perguntou Hotaru com a voz visível e abatida:

–Deixe-me em paz.-falou Takeshi:

–Cara, eu era amigo do Haruo também. Foi uma fatalidade, mas precisa se levantar.-falou Hotaru:-Seria o que Haruo iria querer.

Takeshi se manteve em silêncio ainda apertando os punhos junto a si, propriamente se queimando, porém quase não sentindo dores:

–Riki teve que tomar sonífero, estava tão desesperado e chorava como um louco que o doutor On não teve outra opção.-falou Hotaru se sentando ao lado de Takeshi:-Shiro está trancado na tenda sem querer ver ninguém, Hideo está enchendo a cara junto com Ran, Kyo e Daisuke, Norio está socando um tronco e detonando seu punho e Goenji está dando voltas pelos acampamento de cabeça baixa parecendo um psicopata. Cho está em prantos inconsolável e dizendo coisas sem sentido.

–Não me interessa como estão todos! Eu não me importo!-gritou Takeshi furioso encarando as esmeraldas de Hotaru que estava incrivelmente calmo:

–Não foi o único que perdeu um amigo, Takeshi.-falou Hotaru calmo:

–Cale a boca.-falou Takeshi se virando para frente.

Hotaru manteve-se quieto apenas encarando o céu roxo com laranja se perdendo na imensidão e para baixo o rio desgraçado que havia levado seu amigo para a morte. Não sabia que essa manhã seria sua última vez com Haruo, mas se soubesse teria dito a ele que o admirava por ser aquele cara forte e que fazia Hotaru se sentir familiarizado com alguma coisa.

Riu tristemente, não conseguiu chorar como Riki, mas com certeza não iria dormir bem e não se sentia mais bem, mesmo tendo que ir para a guerra:

–Meu irmão morreu na guerra.-falou Hotaru do nada atraindo a atenção de Takeshi que o olhou com os olhos ainda vermelhos de raiva que não conseguiam assustar Hotaru:-Hidan era o cara mais forte do clã Huyata, era veloz, forte, corajoso e fazia tato sucesso com as garotas que eu me sinto até um inútil.

Takeshi apertou os olhos encarando Hotaru falando conforme o mesmo fitava os céus que começavam a se tornar mais escuros conforme a noite caía:

–Ele era o meu herói, eu o amava. Porém o cara não cosneguiu na guerra mesmo sendo o melhor! Na guerra nem o melhor sai vivo, Takeshi, morre todo mundo que não for esperto e forte o suficiente. E... Infelizmente Hidan não foi esperto.-falou Hotaru apertando os punhos:-Lembro que eu tinha seis aos quando aconteceu e o que sobrou do Hidan foi somente a cabeça dele, já que não cosneguiram achar o restante do corpo. Minha mãe quase enloqueceu e meu pai se tornou o ser mais anti-social do universo pegando pesado comigo, mas nunca demonstrando tanto afeto por medo de passar pelo que passou quando perdeu Hidan. Não o culpo, eu faria a mesma coisa.

–Por que está me contando sua história de vida?!-indagou Takeshi:

–Para ver se você usa essa sua cabeça, grande não sei o motivo já que eu acho que não possui um cérebro, para funcionar!-falou Hotaru:-Todos morrem em guerras! Eu sei que dói, Haruo era nosso amigo e gostávamos dele, mas não deu! Perdemos ele... A morte é algo natural da vida, tão natural quanto dormir. Então utilize a frase que você vive me dizendo, Takeshi, para eu virar homem! Mas agora eu passo essa frase para você, um homem não se mostra abalado por mais que doa!

–Você não entende!-gritou Takeshi emanando fogo até em seus ombros, fazendo Hotartu se afastar:-Não... Entende!

–Explique então!-falou Hotaru:

–Está agindo como Haruo!-falou Takeshi virando o rosto, somente a menção de seu nome lhe causava dor:

–Então finja que sou ele e se abra como se abria com ele.-falou Hotaru:

–Eu já perdi muito nesta vida, Hotaru! Eu tinha uma mãe e a perdi, eu tinha um pai e o perdi para o orgulho e agora que consegui um amigo... O perco sem poder fazer nada! Fui um inútil!-gritou Takeshi:

–Se você foi eu fui mais, só gritei o tempo inteiro ao invés de agir.-falou Hotaru:-Mas eu sou seu amigo! Se me considerar...

–Não se trata disso...-falou Takeshi:

–Pensa assim, se caso nós morrermos na guerra não seria tão má ideia assim.-falou Hotaru:

–Por que?-perguntou Takeshi:

–Estaríamos com ele.-falou Hotaru:

–Você entende?!-indagou Takeshi irônico:

–Eu entendo!-falou Hotaru sorrindo de lado:-Agora tenta se acalmar antes que coloque fogo aonde não deve e acabe ficando sem poder ter filhinhos, o que não estou reclamando seria uma benção, mas pra você seria péssimo!

Hotaru se levantou e Takeshi sorriu de lado o vendo cainhando para longe gargalhando. Takeshi não admirava as pessoas pelas suas capacidades e sim pelos dons que tinham, os mais simples que conseguiam possuir.

Hotaru era invejado por Takeshi por sempre conseguir fazer os outros rirem e se sentirem bem mesmo em momentos dificilmente insuportáveis.

Takeshi se levanta e começa a andar pelo acampamento estava com a cabeça baixa, porém notou de leve Goenji caminhando com os olhos baixos por um caminho que pleo rastro já fora pisado por horas. O garoto estranhou e logo ouviu um som de gritos encarando ao longe uma cabeleira azul socando um tronco e emanava raiva da voz.

Takeshi duvidou de início que Hotaru deveria está falando a verdade, mas logo viu na tenda do refeitório Hideo, Kyo e Ran saindo completamente bêbados trocando as pernas e não sabendo onde estavam.

Takeshi respirou fundo e foi até a tenda onde vira On e Cho se retirando, a garota completamente abalada e tremendo chorando como louca. Será que ela gostava mesmo de Haruo e estava fingindo consigo?! Não interessava no momento.

Takeshi não sabia ao certo mas tinha que ver se o que Hotaru falou sobre Riki era verdade, o garoto foi vagarosamente até a tenda hospitalar e viu em uma cama Riki deitado dormindo ainda restando vestígios de lágrimas em seu rosto.

Takeshi sentou-se na cama a frente do garoto colocando as duas mãos na nuca e abaixando a cabeça, não iria chorar. Takeshi não se permitiria fazer algo assim, se nem por sua mãe ele ousou derramar uma única lágrima que dirá em um garoto que ele era amigo e morreu de forma trágica. Ele prendeu as lágrimas sofridas dentro dele mesmo não querendo que viessem à tona:

–Você era a última pessoa que eu pensaria que estaria aqui quando eu acordasse.-falou uma voz fraca.

Takeshi encarou mais a frente fitando Riki sentado na cama com os cabelos castanhos bagunçados e os olhos vede musgo inchados e um sorriso fraco e frio nos lábios:

–Infeliz coincidência, eu imagino.-falou Riki:

–Pode ter certeza disso.-falou Takeshi:

–El...-ele começou com a voz rouca e queimando:-Ele morreu mesmo?

Takeshi o encarou com os punhos cerrados, qual era o problema daquele garoto?! Iria mesmo fazer Takeshi dizer isso em voz alta e acreditar mesmo naquela hipótese?! Mas o que mais poderia ter acontecido, era o que sua consciência gritava:

–Sim.-respondeu frio.

Riki deu um sorriso fraco e frio deixando lágrimas escaparem de seus olhos silenciosamente abaixando a cabeça:

–Eu imaginei.-falou Riki limpando as lágrimas:

–Era tão próximo assim dele?-perguntou Takeshi:

–O conhecia desde criança.-falou Riki frio:-Deus! O que Chang-sama fará?!

–Como assim?!-indagou Takeshi:

–Você sabe do que estou falando, é filho de um cara parecido ou pior que Chan-sama.-falou Riki tentando desconversar:

–Idiota.-falou Takeshi:-Não é o único triste com a morte dele.

–Imagino que você seja um desses?!-indagou irônico Riki:

–E se eu for?!-desafiou Takeshi:

–Mesmo assim eu não acreditaria, achou que aquele show de fogo para tudo quanto é lado me convenceu?!-indagou Riki se levantando da cama:-Você só faz isso quando está com raiva, sei bem como é isso, deveria está com raiva por perder a chance de domar o cavalo líder.

Takeshi sentiu-se apunhalado e uma raiva constante e imensa crescendo dentro dele. Como esse garoto se atrevia falar assim dele, pensava Takeshi:

–Como ousa...?!-indagou Takeshi o encarando com os olhos vermelhos:-Acha que sou frio assim, Nohara?

–Tenho absoluta certeza.-falou Riki chutando a terra e uma rocha pontuda enorme sair de dentro do solo parando a centímetros do rosto de Takeshi:

–Mas, o que?!-indagou Takeshi:

–Domino o elemento terra, baka.-falou Riki:

–Não quero machucá-lo.-falou Takeshi:

–Não ligo se te matar.-falou Riki:

–E acha que conseguiria?!-indagou Takeshi sorrindo sínico:

–Não acho difícil.-falou Riki:

–Não sabe o quão errado está, moleque.-falou Takeshi:

–Tenho sua idade, se sou moleque você também é!-falou Riki se aproximando:

–Não digo que é um moleque por sua idade e sim por suas ações, um homem não briga com caras que são visivelmente mais fracos do que ele.-falou Takeshi se aproximando de Riki:-E eu sou um homem.

–Eu te detesto.-falou Riki:

–Também não sou muito seu fã.-falou Takeshi:

–Saia daqui antes que eu te faça em pedaços.-falou Riki voltando a se deitar na cama e querendo morrer de depressão.

Takeshi parou na saída da tenda e virou-se para Riki que fungava baixo no travesseiro:

–Ele não iria querer que ficasse assim.-falou Takeshi.

Takeshi saiu da tenda e foi andando ao redor do acampamento, indo até os limites e retornando na entrada onde se sentou em uma pedra e se manteve quieto e em silêncio apenas preso em pensamentos enquanto olhava o céu coberto pelo manto de estrelas brilhantes e várias constelações em cima de sua cabeça.

O garoto escutou passos de cavalo e encarou a entrada ficando de pé e colocando fogo em suas mãos, em posição de luta com os olhos semi-cerrados:

–Quem está aí?!-indagou o garoto:-Acho bom se apresentar ou lamento informar que você se meteu na maior roubada, meu chapa. Não tenho paciência com invasores, ainda mais hoje!

Takeshi avistou os cascos do cavalo negro líder que havia caído mais cedo com uma faixa enrolada em seu olho esquerdo todo machucado e arranhado e em cima dele a visão que parou seu coração por alguns instantes.

Haruo estava respirando ofegante com o braço direito para fora da roupa, completamente sujo e machucado, havia uma mancha de sangue bem grande em seu ombro e ele estava pálido com os lábios roxos pelo frio que estava fazendo naquela noite. Em suas mãos trêmulas estava um pedaço de papel que Takeshi não queria nem ver, apenas se concentrando na imagem de Haruo se aproximando e não pensando na hipótese de sua mente está lhe pegando uma peça:

–Não é possível...-murmurou Takeshi:

–Vai ficar aí com essa cara de quem está vendo um fantasma até quando?!-indagou Haruo/Hana com dor e totalmente mau-humorada:

–Até quando eu me conformar de que você é real e não um fantasma.-falou Takeshi pálido e ofegante pela surpresa:

–Ah, tenha dó Wurochiha!-falou Haruo/Hana saindo do cavalo:-Já estou todo ferrado e não estou a fim de ter que aturar marmanjo bêbado.

–O... Que?! Espera, Haruo é você mesmo?!-indagou Takeshi agora sorrindo de um modo que fez o coração de Hana saltar no peito em meio as dores insuportáveis em seu corpo:-Você está vivo?!

–Sim! Eu estou vivo!-falou Haruo/Hana mais calma olhando Takeshi:

–Mas... Como?!-indagou Takeshi:

–Sorte ou talvez um amigo...-murmurou apontando para Shu:

–Quê que é isso?!-indagou Takeshi:

–Um cavalo, caso você ainda não conheça que eu o domei assim que caímos da cachoeira.-falou Haruo/Hana:-Depois lhe explico tudo, agora poderia me fazer o favor de me levar para o doutor On! Estou machucado, com uma mordida de lobo no ombro, com hipotermia, com febre, faminto e morrendo de sede...

–Não sabe como estou feliz em vê-lo, cara!-falou Takeshi abraçando com a maior força que conseguia.

O coração de Hana acelerou conforme ela sentia os braços fortes de Takeshi envolvendo seu corpo dolorido e cansado. O simples gesto esquentou novamente Hana de um modo estranho, ela se sentiu feliz estando nos braço de de Takeshi e mais feliz ainda sabendo que ele sentira a sua falta:

–Eu preciso mesmo ir ao médico.-murmurou Haruo/Hana:

–Oh, é claro!-falou Takeshi ajudando Hana a se equilibrar:-Vamos logo que você ainda tem muita história para contar.

–Antes chame guardas para cuidar do Shu.-falou Haruo/Hana:

–Shu?!-indagou Takeshi:

–O nome do cavalo, agora anda logo. Nunca quis tanto ver o rosto feio do doutor On.-falou Haruo/Hana e Takeshi sorriu de lado.

Nunca se sentira tão feliz ao reencontrar Haruo, talvez não dê para mentir ainda mais para ele, porém era estranho admitir um sentimento tão forte por um garoto.


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Notas finais do capítulo

:D :D