Guerreiros escrita por L M


Capítulo 18
疲労


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura!! Dois capítulos em um dia!! Uhuu! :D



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/617825/chapter/18

https://www.youtube.com/watch?v=xJrEvz6nbv8

Hana estava deitada no chão com as duas mãos espalhadas ao lado de seu corpo, ela olhava ao redor e ninguém, nenhum dos garotos conseguiu aguentar por muito tempo aquela situação. O Sol lhes castigava, enquanto a fome os corroía, como algum bicho que estava os comendo por dentro, o vazio da fome nunca fora tão sentido, como se faltasse algo dentro de seus corpos manchados pelo desgaste.

Hana aguentou até onde conseguia, e foi uma das últimas a cair. Riki caiu desmaiado ao seu lado e ela se despessou totalmente da concentração que se necessitava e tentou acordá-lo, sem nenhum sucesso. Simplesmente deixou seu corpo cair, mas sua consciência não fora embora, apenas seu corpo não aguentava mais nada.

Takeshi caiu ao seu lado, não demorou muito para o garoto se entregar também. Hana o sentiu ao seu lado deitado e respirando pesadamente, ele estava com os olhos fechados e colocou os dois braços embaixo da cabeça.

Kohaku não estava mais ali, a fome lhe bateu com força e ele foi descansar e se alimentar, deixando todos ali apenas com os olhos dos guardas os guardando como se fosse leões olhando atentamente para uma presa abatida.

Apenas Hana e Takeshi permaneciam com a consciência ainda e foi difícil Hana ver os amigos caindo na sua frente, com o cansaço e a fome os consumindo por inteiros, não havia mais energia, não havia mais força, não havia mais porcaria nenhuma. Hana sentia-se vazia como ela nunca sentira, era algo que assustava, como se tudo dela houvesse sido devorado pela grande fome, até mesmo sua alma.

Se ela tivesse algum chakra, agora com certeza já deveria ter sido devorado dentro de seu corpo, riu com esse pensamento e virou seu rosto para Takeshi que respirava calmamente com os dois braços em cima do rosto:

–Pare de me olhar, Honō ryū!-indagou Takeshi e Hana se assustou bufado em seguida virando seu rosto para frente.

Vislumbrou Takeshi retirando as mãos do rosto e a encarar, o encarou de volta e revirou os olhos voltando a colocá-los no céu roxo com laranja do fim de um dia:

–Obrigado.-murmurou Takeshi e Hana o encarou com os olhos arregalados:

–O que disse?!-indagou Haruo/Hana:

–Não irei repetir, idiota!-falou o garoto:-Eu sei reconhecer quando fazem algo por mim, não sou nenhum monstro sem coração.

–Nossa! Se você não falasse eu continuaria achando o contrário.-zombou Haruo/Hana e Takeshi o encarou com raiva:

–Você é insuportável, cara.-falou o garoto:

–Estou tentando descontrair, parece que não tenho mais forças para nada. Parece que tem um monstro no meu estômago devorando tudo...-murmurou Haruo/Hana e Takeshi riu baixo:

–Espero que seus amigos estejam vivos ainda...-murmurou o garoto e Hana levou um susto:

–O que?!-quase gritou Haruo/Hana:

–Estou brincando... Mas seria horrível para você.-falou o garoto e Hana riu de lado:

–Eles são fortes, mas isso aqui está virando tortura.-falou Haruo:

–Meu pai nunca disse que seria assim.-falou o garoto:-Na verdade ele sempre falava que foi fácil para ele!

Hana se sentia estranha conversando tão abertamente com Takeshi, mas ficou feliz por isso, era melhor do que brigar e rolar no chão ambos se batendo até um sair bem machucado. Ela já havia se cansado disso, e não queria deixar o papo morrer, se sentia bem e esquecia das dores ouvindo a voz dele:

–Meu pai não... Ele não cansava de repetir que fora horrível e torturante, mas eu nunca acreditei! Até agora...-murmurou Haruo/Hana.

O silêncio lhes envolveu, enquanto ela ouvia as respirações dos companheiros exaustos, ela sentia o desgaste deles como se fosse a cruz que ela estaria fadada a carregar ali. O mundo parecia um lugar tão estranho quando ela era apenas a filha de Honō ryū Chang, sempre esperavam dela mais do que ela poderia oferecer. Sonhavam por ela, escreviam seu futuro com a mesma vendada pelas mãos que insistiam em fechas seus olhos e não deixá-la enxergar a realidade e suas escolhas, como se ela vivesse trancafiada.

A dor que sente agora, prova que o mundo não era um lugar estranho que ela pensava e sim cruel. Um mundo em que as coisas só eram resolvidas pela força brutal, com mortes e sangue innocente espalhado, pela guerra onde nem sempre as pessoas voltavam. Deus, como poderia permitir algo assim?!

O vento frio da noite começava a lhes envolver, mas de qualquer forma Hana se sentia bem em estar sentindo essas dores, dores que seu pai sentiu um dia, dores que ele sentiria novamente se não fosse por ela. Esse pensamento a fazia aguentar a dor que lhe sufocava e lhe fazia querer chorar, mas ela não choraria... Não! Nunca mais!

Mulheres, neste mundo, teriam que ser fortes! E provariam que mesmo na mais frágil flor também existiam espinhos para se defender do que lhe tentar arrancar seu sopro de vida.

Ela começou a ouvir passos e viu os médicos se aproximando correndo com macas e os soldados que vigiavam ajudarem e mais aparecerem, Primeiro retiraram os que estavam inconscientes a mais tempo e correrão para a tenda médica. E então um por um estavam sendo resgatados:

–Como está se sentindo?-perguntou a Takeshi sentindo a inconsciência ameaçar levá-la para a escuridão profunda:

–Cansado...-murmurou Takeshi:

–Acho que vou desmaiar.-falou Haruo/Hana rindo em seguida:

–Tente aguentar, seu estúpido. Já estão vindo nos retirar daqui!-falou Takeshi:

–Cheguei ao meu limite, cara.-falou Haruo/Hana:-Não dá mais, te vejo amanhã para brigarmos, nos batermos e tentarmos vencer em pelo menos um desafio!

–Dramático...-falou Takeshi:

–Idiota!-falou Haruo/Hana perdendo a consciência.

A escuridão a estava sugando e la apertou as mãos com medo de ir, porém o cansaço em seu corpo estava insuportável para aguentar mais um pouco; mas ela não iria chorar. Afinal, garotas crescidas não devem chorar.

Takeshi lhe encarou e viu o rosto sereno do garoto que lhe irritava mais do que qualquer coisa em sua vida. Mas se perguntava o por quê de agora em meio a quase noite, com os céus em cores misturadas e com a Lua nascendo o garoto lhe parecesse bonito?!

Franziu a testa voltando sua mente novamente para longe, os olhos voltados para o céu, enquanto relembra do que aquele garoto sem escrúpulos fez por si, como ele se atira na frente de um golpe que deveria ser dele e o toma para si?! Nunca... Nunca ninguém havia tomado as dores dele, para que ele não sentisse tanto, para que ele não se martirizasse tanto, para que ele não se sentisse um fracasso.

Viu a mãe sendo morta por homens que odiavam seu pai, ele não foi capaz de protegê-la. Não! Ele foi fraco! Fraco por não proteger a única mulher que significava algo para ele.

A mulher o mandou se esconder, enquanto lidava com os homens armados sozinha. Viu-se quase morto de tanto apanhar pelo pai naquela mesma noite, viu tudo o que ele mais amava sendo destruído pelo fogo que o pai emanava das mãos. Ele queimou sua mãe, que poderia está viva ainda, ele queimou sua casa e a ele seus olhos. O fogo se materializou em seus olhos e quando fica com raiva e ódio a coloração vermelha de fogo queimando em ira se mostra viva em suas íris.

Ele nunca viu outra vida para ele do que ser o melhor que todos já viram, o melhor guerreiro para que o pai lhe olhasse com orgulho, para que o homem amargurado na vida não se perca em mais insanidades a noite gritando e amaldiçoando o nome de Honō ryū Chang, para que de alguma forma ele fosse a cura para o coração banhado em ódio do pai.

Ele nunca se viu casando com nenhuma mulher, nunca se viu amando uma mulher, nunca se viu unindo-se a uma mulher. Claro, que ele tinha suas aventuras, mas elas não passavam disso para ele; algo que ele esquecia depois de um dia ou uma noite, algo que para ele não fazia sentido e nem o motivava a continuar com seu sofrimento particular em ser o melhor. Por alguma razão, ele tinha medo de amar, tinha medo de se perder em uma paixão e não ser capaz de protegê-la, assim como não foi capaz de proteger sua mãe e resultando na morte fria por uma lâmina travessando o coração pulsante dela.

O som cortante e agonizante da lâmina cortando a carne dela ainda o assombrava, e a dor que sentia em seu corpo nesse instante não era nada comparado a dor que sentira antes a dor que sentira quando a viu morrer, a dor que ainda o predomina e engole dia e noite. Essa dor é a única que ele sente prazer em sentir e a mais forte, por esse motivo se recusou a dizer que sentiu dor pelo golpe do sensei Kohaku, nunca iria dizer isso. E o garoto que mais despreza entra em sua frente e recebe o golpe por ele, o que esse infeliz é capaz de fazer?! O pai dele acabou com a vida de seu pai, que acabou com a vida dele e de sua mãe... A guerra o deixou louco, e Takeshi temia ficar assim.

Apertou as mãos com mais força vendo pelo canto do olho os médicos levarem o corpo de Haruo para longe, viu uma menina chorando ao lado do pai vendo o estado do garoto. Ingênua, ele pensou, é assim a vida de um homem na guerra, se ela o ama teria que suportar vê-lo machucado e ferido ou possivelmente, do jeito que o cara era idiota, receber um golpe fatal no lugar de um amigo. Mas eles não era amigos! A mente de Takeshi gritava isso, o que só fazia ele não entender a atitude do garoto.

Ele não queria mais isso, queria ser um cara normal, queria que isso tudo terminasse e ele tivesse acabado com o cara que ameaça seu país. E se fosse para morrer, ele morreria dando porrada em todo mundo que ali estivesse contra ele, morreria sendo um guerreiro, apesar de saber que ninguém choraria sobre seu corpo ele seria honrado por dar a vida.

Mas ele queria que alguém em algum lugar chorasse por ele, porque o pai já teria perdido a sanidade, pobre homem, pensou Takeshi. Qualquer pessoa chorando pela sua alma amargurada, queria ter uma companheira que fizesse isso; todavia ele temia o amor mais do que a morte, ele temia que esse sentimento tão puro o acertasse e não temia uma espada suja de sangue o matasse. Ele pensava assim e fechou os olhos tentando se conter, não era mas um garotinho que chorava a noite, já era um homem, afinal homens não podem chorar.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Conheçam um pouco o Takeshi!! :D :D