Mistakes escrita por Niina Cullen


Capítulo 5
Capítulo QUATRO


Notas iniciais do capítulo

Oiiiiiiiiiiiiiiiiiii... ;)



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Capítulo

QUATRO

Seu Scarpin recém colocado anunciava a sua presença no imenso escritório da mansão Cullen, localizada no centro de Nova York no instante em que Alice viu quando a mãe colocou o fone no suporte e com a testa assustadoramente franzida se virou em direção à porta de correr aberta que dava para a área da piscina.

– Deixe eu adivinhar... – solicitou Alice sem esperar por algum consentimento da mãe. – Edward aprontou de novo! – Não era uma pergunta, nem muito menos uma constatação. Era a consolidação do fato.

A mulher que admirava a plenitude do azul que oscilava quando o frescor atingia a superfície da piscina, era Esme Cullen e que nesse exato momento sentia-se angustiada e não poderia dar atenção ao sarcasmo sagaz fora de hora da filha. Sabia que ela não fazia por mal. Mas aquele não era o momento. Esme nem ao menos sabia se existia um.

Quando Alice não ouviu nem ao menos uma repreensão vinda por parte da mãe, apenas um longo suspiro cansado formar-se inundando o recém quieto ambiente, Alice se deu conta de que tinha falado algo de muito errado.

– Mãe? – relutante Alice mordeu a língua para não dizer mais nada que pudesse chateá-la ainda mais. Compreendia que não era a culpada e tão comedidamente aguardou alguma indicação que poderia voltar a falar.

– Era a senhora Masen. – Por fim, Esme proferiu ainda perdida na imagem a sua frente, sem realmente ver nada. Nada que a fizesse ver o que fizera de tão errado. – Você se lembra dela, certo?

Claro que Alice se lembrava da senhora que lhe dava doces e contava histórias engraçadas para ela e o irmão quando pequenos. Depois de mais velha, Alice nunca mais apareceu na empresa, mesmo antes de todo o ocorrido, mas ainda era capaz de lembrar das manhãs agradáveis que tinha junto daquela senhora.

Alice riu suavemente com a lembrança e balançou a cabeça, assentindo.

– Todas as vezes que visitávamos o papai era ela quem ficava com a gente – disse.

Naquele instante formou-se um leve, mas insistente sorriso nos lábios rosados de Esme Cullen para logo depois se desfazer em uma linha rígida perante o que ela acabara de saber.

– Você sabe que naquela empresa não existia mais ninguém com que eu pudesse contar para tomar conta do Edward – seu sussurro era suficientemente claro aos ouvidos da filha que estava agora ao seu lado. – Elizabeth era a única que podia ficar de olho nele quando eu, que sou a mãe dele não podia. Eu sei, eu sei o que você vai dizer. Que Edward já atingiu a maioridade há muito tempo e que isso não era necessário. Foi o que seu pai disse. Mas ele é meu filho. E quando Edward nos afastou da sua vida... Tudo que eu conseguia pensar era como ele estava. E Elizabeth podia fazer isso por mim. E ela fez. Até agora.

Agora era a vez de Alice franzir a testa, para em seguida se recriminar.

Teria que marcar urgentemente uma nova sessão de peeling.

– Como assim até agora? – indagou, aturdida. Sabia que seu irmão tinha aprontado algo.

– Edward demitiu Elizabeth – entoou Esme.

– E eu achando que nada mais poderia vir dele.

A aversão de Alice era nítida e livre de qualquer receio. Estava farta de criar falsas esperanças que o velho Edward – o mesmo ser com que dividiu o útero da mãe e que por vezes, quando pequenos, implicava com ela quando entrava em seu quarto sem a sua permissão – voltaria à vida. Emergiria das profundezas a qual se afundou.

Estava claro que suas tentativas foram falhas, mas nem por isso desistiu e mesmo que as falsas esperanças não partissem apenas da mãe, e também do pai, Alice também acreditava que um dia aquela escuridão toda veria a luz.

Ela estava de volta.

Esme agora encarava a filha, talvez compartilhando de mesmos pensamentos e da mesma esperança, mas também de algo que se alimentava dentro de si.

– Eu sinto que errei em algum momento Alice – anunciou cabisbaixa. – Não existe um único dia que eu não me pergunte se eu poderia ter evitado que aquela mulher entrasse em nossas vidas. Que ela destruísse o seu irmão.

– Edward sabia o que estava fazendo mãe, não foi sua culpa – seus braços circundaram o corpo também pequeno da mãe e lá permaneceram. – E também não foi por falta de aviso. – Não conseguiu evitar o comentário pretensioso.

Esme cutucou a filha, mas sorrindo a abraçou fortemente.

– Eu sou mãe. Faz parte da minha natureza me culpar.

– Eu sou irmã, e faz parte da minha natureza colocar juízo naquela cabeça danificada. Sério, mãe, sorte a sua termos nascido de cesárea.

As duas riam, tendo um momento descontraído diante de tanto pesar.

Esme sabia que a filha não era a melhor pessoa indicada para colocar juízo na cabeça de alguém, quando nem mesmo ela o tinha. Mas sabia que ela jamais aceitaria, assim como nunca aceitou, a barreira construída pelo irmão gêmeo.

_

Tudo o que Isabella precisava naquele exato momento era de uma boa e fumegante xícara de café expresso.

Nunca fora fã de um, mas também nunca precisou ter toda a sua atenção voltada para uma papelada de causar medo até mesmo em quem tinha fascinação por letras. O que não era muito o seu caso. Sentia fascinação pela mente das pessoas, dos sorrisos por trás de cada bom dia e da fúria incontida que existia em cada um. Mesmo que ela não admitisse, essa capacidade de elucidar as feições dos transeuntes parecia fugir-lhe das mãos quando a sua frente, a um braço de distancia, estava o CEO das Indústrias Cullen. Claro que o fascínio ainda existia. Sentia-se capaz de ver os olhos verdes – de um oceano intenso e de um claro e exaltado fulgor – e ansiar pela revelação de seus pensamentos. Mas era inútil o seu desejo banal. Era inútil ter um ensino superior incompleto, e era ainda mais inútil nutrir aqueles pensamentos.

Hoje tinha sido um dia muito atarefado, e já se sentia capaz de exercer as suas funções sem o auxilio do – para muitos – tão temido Edward Cullen.

Isabella não queria mais perder-se em pensamentos a respeito do mesmo, por isso não se pôs a divagar pela contrariedade de todos os funcionários quando nem mesmo o CEO ficava para trás.

Tentava apagar da mente os comentários que ouvira mais cedo e começou a separar as papeladas que precisavam ser arquivadas, mas antes, anexadas ao computador.

Ainda sentia aquela vontade por um bom café expresso, e quando pensou que seria uma boa ideia pegar uma xícara na copa que ficava a poucos passos da entrada para a presidência, a porta ao seu lado se abre em um perfeito arrastar silencioso, que senão fosse pelo o seu reflexo nem teria visto que o senhor Cullen saia da sala, abotoando o botão central do terno – um hábito que Isabella constatou.

Ele estivera trancado no escritório desde que ela chegara.

Sabia da reunião por vídeo conferencia que foi adiantada para aquela manhã e que nem ao menos pôde vê-lo para entregar-lhe o cronograma do dia. Aquela era uma de suas funções, mas sentiu-se invasiva por atrapalhar aquele momento de muita importância para a empresa.

– Isabella – aquilo deveria ter sido um cumprimento, se Isabella não tivesse sentido um leve, mas insistente efeito de repreensão vindo dele.

– Senhor Cullen – se levantou de forma acanhada.

Ainda sem que olhares se encontrassem, Edward se aproximou de sua mesa e com toda a sua opulência tentava, inutilmente, esconder o seu descontentamento.

– Pensei que não a veria hoje – disse, desabotoando o único botão recém abotoado do seu terno, sentando-se na cadeira acolchoada.

Isabella podia sentir os olhos dele cravados em cada movimento seu, e ainda de pé, o encarou. Mas perdeu a intenção de falar algo a seu favor quando nos verdes olhos do homem a sua frente, encontrou uma incompreendida mágoa que se dilatava tornando aquele momento tão mais longo do que deveria ser.

– Desculpe senhor Cullen, eu... – ela queria realmente se desculpar. Mas não por não ter ido a sala dele assim que chegou esta manhã e ter cumprido a sua primeira função do dia que era, juntos, deliberarem o que seria feito naquele dia, e sim pelo o que podia ver, agora, se esvaindo, como poeira no ar, nos olhos que a examinavam.

Mal sabia ela que o homem a sua frente não se importava com a função que ela deveria exercer na empresa. O seu cronograma do dia não estava em seus pensamentos quando a confrontou. Estava impondo a sua autoridade para o passarinho assustado a sua frente.

– Não, tudo bem. – Sorriu dissimuladamente, dando inicio ao teatro. – Eu estava em vídeo conferência, o que foi um desastre por sinal – constatou. – Não seria muito prazeroso me encontrar naquele estado – apontou a porta fechada ao lado de Isabella, como se o que estava lá dentro explicasse e muito o seu estado.

Isabella, ainda aturdida, deduziu que os comentários sobre “... acredito que dessa vez foi o vaso chinês!”, e “Pode esperar e temer pelos seus próprios empregos, porque hoje alguém vai dar adeus as Indústrias Cullen.”, eram verdadeiros.

– O senhor quer que eu chame...

Interrompendo o desespero pela compreensão da mesma, disse:

– Não – negou a oferta interrompida, pensando em algo melhor e que lhe distrairia. – Acho que um café seria bom, não acha? – questionou, como se devesse mesmo esperar por um consentimento vindo da mesma.

O quê? Ele podia ler pensamentos?!

Isabella já se retirava, indo em direção a copa que estivera pensando há instantes, quando Edward se levantou, apressado, impedindo-a de fazer o que faria, com as mãos firmes em seu braço, e agora a sua frente, a poucos centímetros, podendo sentir a respiração que de repente se tornou ofegante apresentando-se contra a sua vontade.

Droga!, amaldiçôo aquela reação em um silêncio interno. Aquilo denunciaria o seu nervosismo rotineiro quando estava assim, a centímetros dele. E não poderia ignorar os batimentos acelerados do lado esquerdo do peito.

Tinha que se afastar agora. Era o que os seus instintos, recém despertos diziam. Não deu ouvido a eles. Mas agora parecia o certo a se fazer.

Percorreu os olhos atentos para a mão que a fez parar no meio do caminho, mantendo-a estática, a não ser por sua respiração e consequentemente as batidas estridentes que deveria urgentemente conter. Era um aperto firme e que poderia deixar uma marca em sua pele terrivelmente branca e que com qualquer pressão, sendo ela ou não vinda da mão direita de seu chefe, era o suficiente para fazê-la se preocupar em como escondê-la depois.

Estava tentando se manter longe daqueles olhos que pareciam incendiá-la por dentro e que poderiam descobrir os seus segredos mais infames. Não que tivesse algum relevante, mas aquilo era realmente perturbador.

– O que pensa que vai fazer? – indagou ele, com uma cólera contida.

– Pensei que o senhor quisesse café. – Respondeu hesitante, ainda alerta as suas reações que gritavam erraticamente, fazendo um inoportuno estardalhaço que podia ser, de fato, ouvido por ele.

A confusão que parecia fazer parte daquela doce garota simplesmente fazia-o explodir em perfeita euforia. Nunca pensou que seria fácil despertar aquelas reações que a denunciavam. Mas agora estava ali, a uma fase que antecedia a vitória e seria um horrível protagonista daquela história se deixasse se levar pelas batidas ensurdecedoras que partiam com tamanha fúria para fora do peito incontrolado da mesma.

A inconfundível inocência da pessoa afável a sua frente poderia tê-lo feito questionar os seus planos. Poderia tê-lo feito abandonar o seu desejo por consertar os seus erros passados e ter calado a voz que reverberava em seu âmago que se ele não o fizesse, não continuasse com o seu plano, cometeria o mesmo erro outra vez.

Poderia ter feito isso e muito mais, ter percebido o que deveria fazer, ter rompido a camada protetora que mantinha o fogo do seu coração apagado e teria ignorado a escuridão que o conduzira até aqui.

Mas seria um péssimo protagonista em sua própria história. E ela se repetiria mais uma vez, como se fosse a sua maldição pessoal. E aquilo ele não permitiria.

– Gostaria muito de um café sim Isabella – sua voz em tom de predador que estava a ponto de dar o seu último salto, o mesmo salto que impediria que o seu cordeiro fugisse trôpego pela escuridão do seu interior, irrompeu desimpedida. – Mas não aqui – balançou a cabeça. – Poderia me acompanhar? – solicitou respeitoso ao que parecia.

Quando Isabella ergueu o olhar, não podendo mais evitar aquele contato, se deparou com um dilema: sair ou não sair com o seu chefe? Deveria recusar o convite e focar no que veio fazer naquela empresa? Eram tantas perguntas que não possuíam respostas. E ainda se sentia presa àquela aproximação, sem saber se fugir ainda era uma opção.

– Não sei se...

Mais uma vez foi interrompida, mas agora pelo afastamento de Edward Cullen, que soltou o seu braço e tentando não reparar na vermelhidão que deixara no braço da sua secretária, se recompôs e sustentou o seu olhar receoso.

– Por favor, assim poderemos tratar de assuntos que foram deixados de lado no inicio desta manhã – explicou a sua posição. – Sem falar que a sua companhia me transmite uma tranquilidade há muito não vivida.

Estava sendo insistente e esgotando todos os seus recursos que o antigo Edward lhe deixou.

Gentileza era algo que não fazia mais parte da sua índole. Seu aperto firme, mas comedido, no braço de Isabella deixava claro isso. Não fora violento, mas sentiu-se satisfeito pela marca recém deixada na pele delicadamente translúcida.

Ainda aguardava uma resposta que consentiria ao seu pedido quando viu que a garota deu-lhe as costas para pegar o casaco e a bolsa e quando esta sorriu, já de volta a sua posição anterior, mesmo que vacilante, como se estivesse considerando os prós e os contras, sabia que o seu cordeiro tinha sido atingido.

– Obrigado – sorriu educadamente, perguntando quanto tempo mais precisaria fingir aquele cenário todo.

Isabella o seguiu para o corredor que os levariam aos elevadores, quando a faxineira deixava o elevador de carga com o carrinho cheio de acessórios de limpeza, pronta para mais um dia de faxina pesada na sala do magnata Edward Cullen.

No instante em que voltou sua atenção a sua frente, deixando de lado a cantoria, no amplo corredor que antecedia o escritório da presidência e todo o opulento recinto, viu a mulher a poucos passos a frente do homem antagônico que se mantinha atrás, com uma irreconhecível feição de agrado. A faxineira estava confusa. Onde se escondia a face colérica que iria condizer com o cenário que teria que enfrentar agora? E que enfrentava no fim de muitas manhãs e que por vezes tivera que ficar até depois do expediente.

– Bom dia – Edward Cullen proferiu em uma cordialidade que a faxineira tivera que olhar para trás para saber se tivera sido com ela mesma que o arrogante CEO se dirigia. – Espero não dar muito trabalho para senhora – ressalvou-se, enquanto a pobre e aturdida mulher se debatia em questionamentos.

A jovem mulher ao lado de Edward Cullen sorriu, realmente amável e seguiu para dentro do elevador que o mesmo assegurava para ela.

Quando ambas as portas do elevador se fecharam, impedindo que a faxineira continuasse a encarar o que acabara de presenciar, ela seguiu para o seu oficio, perguntando-se até quando aquilo duraria. Não que já tivesse presenciado isso desde que o filho do ex presidente das Industrias Cullen assumira a presidência, mas sabia que se existia um motivo por trás daquela cena isso se devia a jovem e recém contratada na empresa.


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Notas finais do capítulo

Geeente...!!!
Acabei de revisar o capítulo. Sei que demorei muito meninas, e mais uma vez não posso garantir que teremos o próximo logo.
Fico muito feliz com mais uma leitora, a doce da Helena Ferreira, que já me acompanhou em outra fanfic ^^ E lóooogico que com as meninas que comentaram no capítulo anterior.
Eu fico por aqui... porque ainda tenho que responder alguns comentários de vocês :)))
E mais uma vez... desculpem a demora!!!
Digam o que estão achando... beeeijos!!!