Mistakes escrita por Niina Cullen


Capítulo 42
Capítulo QUARENTA E UM


Notas iniciais do capítulo

Aqui está o famigerado Próximo Capítulo!!!
Um dos capítulos mais importantes e eu não sei o que dizer.

Gente, que dor de cabeça. Chorei demais escrevendo os próximos capítulos.

**Drica ;) Muito obrigada pelas palavras, quando penso que Mistakes está conseguindo atingir tão em cheio o coração de vocês, fazendo vocês chorarem e se sentir dentro da história, me faz me sentir mais responsável ainda pelo o que eu escrevo.

Não sei se vocês simplesmente gostariam de excluir da mente de vocês os últimos capítulos, e discorrê-los em um único só goela abaixo... Passando rapidamente pelos acontecimentos até que... Ponto, Bella finalmente está livre.

Sinto a frustração de vocês, de quererem apressar as coisas, e fico meio de mãos atadas, assim como vocês se sentem.

Eu não podia e não posso apressar as coisas. Posso já ter feito em outras fanfics minhas (não de propósito, mas sim porque não amadureci elas... vocês sabem que um bom vinho é tido como o mais velho? Isso aconteceu com Mistakes. Eu amadureci (isso não é pra vocês pensarem que estou tentando me char aqui rs). Sei que o último, ou penúltimo, ainda estou decidindo enquanto escrevo, será uma chuva intensa, com resoluções finais e mais eu comentando nas NF rs.

Beijooo pra vocês e até mais ;)

Se preparem pra esse!

Recomendeeem!!! Deixem as palavras vierem! *-*



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Capítulo 
QUARENTA E UM

 

Você não sabe que se tornou uma desconhecida para si mesma. Não até que você percebe isso da pior forma possível.

Bella estava se lembrando da noite passada enquanto estava na sala com os meninos. Tinham acabado de ver um filme que eles tinham escolhido, quando seus pensamentos foram para a noite anterior.

Ela tinha se acostumado a ficar calada quando percebia que algo estava errado, sentindo que algo poderia acontecer - e às vezes isso dava certo, outras como essa não -, e muitas das vezes, na maioria delas, o seu silêncio apenas o irritava ainda mais, servindo apenas como uma desculpa para que ele explodisse.

Mas diferente da maioria dos dias Bella não conseguiu ficar calada, não ontem, não quando Edward estava querendo começar uma discussão por um motivo tão idiota quanto a sua gravata que tinha sido levada para a lavanderia mais cedo.

Eles já estavam se preparando para deitar, os meninos já estavam dormindo a pelo menos uma hora depois do jantar e eles estavam no quarto, com a porta fechada como sempre. Aquilo permitia uma acústica de ambiente muito melhor. Um disfarce, ela completou em pensamento.

Ritta tinha levado as roupas para a lavanderia, mas por algum motivo ela tinha se esquecido de uma gravada preta junto com roupas brancas e tinha deixado por muito tempo, tinha se esquecido delas enquanto tentava ter notícias do neto que estava doente. Era uma gravata simples. Simples pelo fato dela ser lisa e não ter nenhum desenho, mas ao que tudo indicava era uma gravata muito importante para Edward - algo que tinha custado uma pequena fortuna na última viagem para a Itália.

Ritta tinha esclarecido o que tinha acontecido quando contou para Bella que tinha colocado os gêmeos para tirar uma soneca, e pegaria um livro para ler - estava lendo alguns livros sobre Segredos da Mente há um tempo quando ouviu Ritta a chamando na porta do quarto.

Ela tinha dito que tinha retirado as roupas, e de repente lá estava ela, desbotada e com alguns fiapos de roupa branca de tecido de inverno, a maioria com pelos.

Bella tinha sorrido para Ritta e pediu que ela ficasse tranquila, porque era uma gravata qualquer, simples e Edward tinha tantas outras. Ele não se importaria.

Mas Bella estava errada, como sempre estava com a reação do marido.

Mas ela não podia esperar por aquilo.

— A gravata estava aqui mais cedo - ele apontava para dentro do closet. Bella o tinha seguido quando ele a chamou na porta e viu que ele tinha colocado todas as suas roupas no chão, e tudo aquilo por causa de uma maldita gravata.

Bella se apoiou no batente da porta que dividia o closet do resto do quarto e respirou fundo, implorando que Edward não tivesse notado o seu aborrecimento. Ela tinha passado o dia inteiro com dor de cabeça e se recusara a tomar qualquer remédio para melhorar aquilo.

— Edward, era uma preta? - sua pergunta era idiota, ela sabia a qual gravata ele estava se referindo, mas tinha se esquecido dela no segundo seguinte que Ritta disse que compraria uma nova e Bella sorriu, dizendo para ela que ela não precisava se preocupar.

Quando ele ouviu aquilo, ele semicerrou os olhos e olhou direto dentro dos seus. Aquilo fez Bella puxar com mais força o casaco que usava e que ia até acima do seu joelho. Estava um pouco frio naquela noite.

— Era uma preta, e eu pensei que já tivesse dito isso antes.

Ele passou por cima das roupas e foi até Bella, que viu que não conseguiria ir mais para trás quando já estava com as costas contra o batente da porta.

— Ritta a levou junto com as outras peças de roupas para lavar e sem querer ela acabou estragando.

Era como tirar um peso das suas costas. Ela não tinha se lembrado mais daquela gravata até aquele momento que Edward resolveu que queria deixá-la separada para a manhã seguinte. Ele nunca separava as suas roupas, se preocupava apenas em se vestir bem, mas naquele momento ele estava agindo de forma tão metódica que dificilmente a primeira roupa que ele pegasse no cabide seria a que ele usaria para o dia seguinte.

Então por que isso?

— Sem querer... - Edward repetiu, sussurrando a última parte, como que para si mesmo e esfregou as mãos na sua têmpora. - Ritta manchou a minha gravata de linho italiano sem querer.

Bella ergueu as mãos para o alto, de re pente furiosa.

— Eu nunca te vi usando aquela gravata, então qual é o problema agora? - ela perguntou, incapaz de ficar calada. Ela estava com muita raiva do que Edward estava fazendo, da discussão que ele estava começando por causa de uma maldita gravata. 

— Qual é o problema? - ele repetiu, semicerrando os olhos em sua direção. - Você é o problema.

Aquilo machucou. Aquilo doeu, e por um segundo completo as lágrimas que Bella conseguiu segurar antes que ela escorresse pelo seu rosto, ardeu dentro de seus olhos.

— Olha Edward, eu não sei o que você espera de mim - ela disse, incapaz de conter aflição, o desconforto em sua garganta. - Eu nunca sei - Bella choramingou.

— Nada Isabella, eu não posso esperar nada de você.

Aconteceu de repente quando Bella desencostou um pouco as suas costas do batente da porta e riu em direção a Edward que não tinha alterado a sua expressão furiosa em nenhum momento desde que aquilo tudo começara. 

— Quer saber? - Bella refutou. - Vá para o inferno. 

Bella ainda pensou que talvez não devesse falar  daquele jeito com Edward, com um tom tão desafiador quanto o que estava usando com ele, mas ali, a poucos metros de Edward, dentro daquele imenso closet, ela só conseguia pensar que talvez não fosse culpa sua o estado incerto que Edward agia na maioria das vezes, que não fosse a sua culpa ele estar furioso por causa de uma gravata que ele poderia encomendar quantas ele quisesse.

Por um momento Bella tinha visto um vislumbre de um sorriso no cantos dos lábios de Edward quando ele fechou os olhos com força, como se ele estivesse contendo algo muito grande e estivesse cada vez mais difícil de controlar.

Bella conhecia aquela reação, e agora, como num passe de mágica, ele estava prestes a explodir, e ela estava perto demais dele, como todas as outras vezes.

Foi muito rápido, de repente Bella estava no chão, e com a queda caiu sobre o seu braço, causando uma dor forte com o impacto quando sentiu o carpete debaixo de si. Se lembrava que depois que Edward se afastou, falando algo sobre ser a culpa dela ele ter deixado que Ritta ainda continuasse ali - o fato dela ter confrontado-o esquecido. Depois ele fechou a porta atrás dele com um estrondo que não acordou os meninos, mas despertou um dos piores sentimentos em Bella. 

Não era uma grande novidade, ela já o conhecia bem, mas nem mesmo quando Edward a trancou naquele quarto, quando ela nem sabia que estava grávida, ela sentiu aquilo. 

Sentiu que poderia deixá-lo. E seus filhos com certeza iriam com ela.

O problema não estava em Bella ficar depois de tudo aquilo, e sim em continuar amando o que Edward foi capaz de representar para ela um dia, toda a sua gentileza, enquanto ele tentava esconder sua vulnerabilidade, seus fantasmas. Tentar encontrar o que tinha se perdido não era tão fácil, e era só uma parte do problema enquanto o medo sempre existiria.     

Bella voltou ao presente percebendo que Noah não estava mais brincando com as suas peças de montar no tapete da sala de brinquedos, mas sim tinha saído pela porta aberta e Benjamin faria a mesma coisa se ela não tivesse pulado do chão naquele exato momento para pegá-lo no colo e correr para fora da sala quando viu que Noah estava tentando escalar o aparador com as bebidas que ficava bem próximo ao sofá da sala principal. Se ele se aproximasse um pouco mais poderia...

Aquela não tinha sido a primeira vez, e Bella já tinha conversado com ele outras vezes sobre como aquilo era errado. Eu só queria ver a janela mamãe, era o que ele sempre dizia.

Mas dessa vez foi diferente. Bella colocou Benjamin no chão e correu para Noah a tempo dele puxar uma das bandejas e esta cair sobre ele, junto com aquelas garrafas de vidro.

— NOAH - ela gritou desesperada para o menino e quando o segurou pelos braços, fazendo ele olhar para ela, e não o pegou no colo, mas se ajoelhou na frente dele e o chacoalhou, fazendo com que os sua cabeça fizesse um movimento de pendulo, para frente e para trás enquanto ela gritava com ele.

— O que você pensa que estava fazendo? Você podia ter se machucado.

— Eu só queria ver a janela mamãe - Noah tinha dito a mesma coisa igual das outras vezes, e Bella nunca o tinha visto tão assustado enquanto ele soluçava. Das outras vezes ela apenas o pegava no colo e o abraçava.

Meu Deus. Quando Bella se deu conta do que estava fazendo já era tarde demais. Noah já estava chorando e não mais tinha uma cara de assustado quando a mãe o chacoalhava desesperada, mas sim triste. Benjamin também chorava, ainda de pé no lugar que ela o tinha deixado ela levantou a cabeça e o viu. Ritta também estava lá e correu para ajudá-la com os meninos.

Bella sentiu a cor da sua pele mudar, para um tom ainda mais branco e frio quando sentiu a temperatura do seu corpo abaixar quando a adrenalina do momento se fora. Ela estava sozinha com os meninos, ela tinha dispensado as babás mais uma vez quando Edward sempre discordava disso. Ela era capaz de cuidar dos próprios filhos.

Mas de repente, pensando no que tinha acabado de fazer, ela pensou que estivesse errada, e que Edward, mais uma vez estava certo sobre ela.

— Você não é uma boa mãe.

Por um momento ela viu a imagem de Edward atrás de Noah, enfurecido com o que ela tinha acabado de fazer, e como ela tinha deixado que as coisas chegassem aquele ponto.

O que tinha de diferente das outras vezes era a sua reação. Ela tinha se distraído por um momento e quando voltou ao presente, quando ela viu que Noah não estava mais ali, brincando com o irmão, ela surtou, ela se desesperou. E sem controle, como Edward naquele dia quando ele a empurrou para longe dele, Bella tentou identificar algo que tenha feito com que ela também perdesse o controle sobre si mesma.

Pensar naquilo fez com que Bella pensasse que não estava longe de ser igual ao marido - e o pior era que ela tinha gritado e machucado Noah de alguma forma porque mesmo que ela não tenha o apertado da maneira que Edward a apertava, talvez porque não tinha a mesma força que ele tinha quando estava zangado, ela tinha machucado o seu filho. Tinha gritado com ele, e ela nunca tinha feito algo parecido. Nunca.

Ela não o tinha balançado com força, mas aquilo tinha sido o suficiente para fazê-lo chorar.

Sempre tinha a primeira vez, ela se lembrou da de Edward.

O dia tinha sido uma droga, todo ele quando aquilo aconteceu, e Bella queria recompensar os meninos. Queria de alguma forma apagar aquela lembrança horrível da cabecinha deles, diante de tantas outras como a relação conturbada dos pais. 

Diferente de Bella, Edward não se importava muito de melhorar as coisas entre eles no mesmo dia ou de se arrepender do que tinha feito ou do que tinha dito, ele apenas se afastava e Deus sabia o que ele estava pensando quando ele estava sozinho.

Então Bella pediu que Ritta a ajudasse a arrumar uma bolsa com algumas coisas dos meninos, porque eles iriam se divertir.

— A gente vai sair mamãe? - Benjamin perguntou. Assim como o irmão ele tinha ficado muito assustado, mas logo esqueceria o ocorrido, Bella esperava.

— Sim, nós vamos - Bella riu um pouco vendo o sorriso dos dois.

— Ebaaaa - Benjamin gritou no colo de Ritta que sorria também enquanto elas foram para as escadas com os meninos no colo.

— Pegue a minha chave do carro quando estivermos descendo Ritta, acho que ainda está no mesmo lugar que Edward a deixou.

Ela esperava que sim.

Às vezes Edward deixava em um lugar visível, como no balcão da cozinha, ou no quarto sobre o aparador. Bella aprendera a perceber que aquele era o jeito dele de confiar nela. Se ela extrapolasse os limites, sofreria as conseqüências. Com certeza era o que ele pensava.

E ela nunca tinha ultrapassado nenhum para saber o que ele faria.

Então pela primeira vez ela não ligaria para ele e não prepararia um breve roteiro mentalmente antes disso para que não gaguejasse e os seus planos com os meninos fossem por água abaixo como era na maioria das vezes. Em uma dessas vezes, quando Edward deixou que ela saísse com os meninos, Bella se surpreendeu quando ela viu que ele já estava lá e sorria quando os meninos soltaram a sua mão e foram correndo até o pai que estava de braços abertos.

Ele não confiava nela mesmo, do que adiantava?

Hoje ela havia perdido o controle sobre si mesma, havia gritado com o seu filho, tinha assustado Noah com a reação exagerada que tivera, mas se redimiria e prometeu nunca mais fazer aquilo. E diferente de Edward, ela cumpriria a sua promessa e nunca mais faria isso.

Aquilo a machucou por dentro, a imagem de Noah e de Benjamin chorando a deixou sem chão, mas fez com que novas esperanças surgissem, e diferente de como tinha sido as outras, essas não eram direcionadas a Edward ou ao relacionamento conturbado deles, e dizia respeito unicamente aos seus filhos, a quem ela amava incansavelmente.

***

Benjamin e Noah ainda estavam acordadíssimos no banco de trás do carro quando Bella estacionou o carro em frente a casa depois de passar pelos imensos portões da mansão e subir o jardim.

Eles tinham cantado juntos músicas infantis conhecidas por terem sido temas dos filmes favoritos deles em toda a vida - às vezes seus filhos conseguiam ser muito expressivos, intensos quando gostavam de alguma coisa, e aquilo enchia o coração de Bella de orgulho. Eles estavam crescendo tão rápido e já eram tão espertos.

Agora os dois não paravam de falar sobre o pato que quis atacá-los enquanto eles estavam comendo biscoitos que Ritta tinha colocando em dois potes coloridos e individuais para eles.

— Ganso - Bella os corrigiu mais uma vez, rindo com os filhos.

— Sim mamãe - Benjamin confirmou, continuando a falar sobre como o ganso tinha chegado muito perto de comer o seu último biscoito.

Eles tinham ido até o Central Park - ir muito longe não era uma opção, e os meninos gostavam de lá, até perguntaram se o papai estaria esperando por eles como da última vez - e isso trouxe algumas lembranças para Bella que seriam melhor que nunca tivesse existido, mas talvez os meninos nem existissem, ela pensou angustiada. Contudo ela não os levou até lá por isso, mas sim porque o maldito CR-V tinha uma quilometragem que Edward tinha colocado especificamente para aqueles momentos, e eles não puderam ir muito longe.

Ok, ela tinha que admitir que ele era mesmo muito inteligente, sempre fora e sempre seria. Ele sempre pensava em tudo o que não o impediria de saber aonde encontrá-la, não importasse em que lugar ela estivesse.

— Você me deixaria?

Com os meninos era mais difícil de fugir, ela queria dizer quando ele perguntava se ela tinha pensado nisso, em fugir.

Ela tinha pensado sim, muitas vezes, mas Edward daria um jeito de bloquear o seu cartão no segundo que ela fizesse a reserva das viagens. Ele tinha o dinheiro, ele tinha a senha de tudo, ele receberia um alerta no e-mail informando que ela tinha comprado passagens para Moscou, na Rússia, um país muito grande, mas que não o impediria de encontrá-la, ou quem sabe em Madri.

Bella sabia dos riscos que correria se fizesse algo parecido com aquilo, por isso nunca fez nada. E nunca ultrapassou limites como aqueles. Não até aquela noite.

— Pronto, agora vocês podem ir até a Ritta e pedir a ajuda dela para lavarem as mãos. O jantar já deve estar pronto.

Quando Bella fechou a porta atrás de si depois que os meninos e ela entraram, ela viu com o canto do olho que Edward estava sentado na poltrona da sala. Os meninos não tinham o visto quando correram para a cozinha chamando por Ritta.

Já era a hora do jantar, Bella estava certa em pedir que os meninos fossem lavar as mãos. E o cheiro estava divino, como sempre. Edward tinha que admitir que ficarem com Ritta tinha sido uma das melhores coisas que tinham feito, em muitos anos, desde o nascimento dos filhos.

Bella suspirou fracamente, sentindo a sua espinha vibrar. Ela sentia isso sempre que Edward a observava seja quando eles estavam jantando e ele estava desconfiado de alguma coisa que ela não tinha feito, ou quando ele aparecia no meio da noite no quarto deles depois de ter terminado mais um trabalho que tinha trazido para o escritório e subir para o quarto. Quantas vezes Bella não flagrou ele olhando para ela, da porta, respirando forte como se tivesse acabado de acordar de um pesadelo e correra até o quarto para saber se era verdade.

Quantas vezes ela não quis perguntar o que ele tinha, ou o que ele tinha pensado?

Muitas, mas em nenhuma delas Bella teve coragem de perguntar o que o atormentava.

Era o medo de que ela tivesse ido embora depois de tantas brigas, depois de tantas discussões? De tantas agressões? 

Quando ela achava que estava tudo bem entre eles, Edward sempre dava um jeito de estragar tudo.

Ela não falou nada quando se afastou da porta, às vezes era melhor permanecer calada, então foi até a mesinha perto ao lado da porta onde devolveu as chaves do carro, o mesmo carro que Edward tinha dado para ela de presente de aniversário casamento há quase um ano. Eles estavam casados há quase 4. Até então apenas Edward tinha a permissão de levá-la para os lugares - isso se ele quisesse. Não tinham mais motorista, e Bella rezava todas as noites para que os meninos não precisassem ir para o hospital as pressas porque aquilo complicaria tudo.

— Você não me viu aqui? - ele perguntou quando ela passou direito, a caminho da cozinha para ver os meninos.

— Eu vi sim - ela se virou lentamente, segurando as alças da sua bolsa preta e cara na mão enquanto a bolsa transversal dos meninos estava pendurada em seu ombro.

— Então venha até aqui, eu estava com saudades.

Edward se levantou quando colocou as mãos dentro dos bolsos da calça que usava. Ele ainda usava a roupa de mais cedo, mas o paletó e a pasta estavam jogados no chão da sala e Bella podia sentir a fúria emanando dele assim que se aproximava hesitante de Edward. Ainda com a bolsa preta na mão e a transversal no ombro quando Edward a puxou para o seu peito quando ela se aproximou, incapaz de conter a pressa que estava, a impaciência que sentia com os movimentos lentos de sua esposa.

Quando Bella sentiu os braços de Edward ao se redor ela tremeu, mas não pelo contato, mas sim porque aquilo significava uma única coisa: perigo.

Com o tempo ela passou a saber identificar cada toque dele, o que cada um queria dizer.

Era o seu corpo entrando em alerta mais uma vez e ela conhecia muito bem aquela sensação.

No segundo em que Edward puxou o seu queixo para cima, para olhá-lo Bella viu algo que já reconhecia nele, como ele estava devastado, como ele exibia uma cara cansada, derrotada, como se ele tivesse acabado de chegar de uma guerra, de uma guerra que ele achava que tinha perdido, mas que no segundo final ele tinha sido avisado pelos seus soldados que tinham vencido, que ele tinha vencido. Mas nem mesmo assim, com a vitória ele ficou em paz.

Nem mesmo quando a viu passando pela porta com os meninos ele foi capaz de reconhecer que não tinha perdido como tinha imaginado. Bella queria perguntar o que ele tinha feito, se ele tinha ligado para alguém, para Alice, se ele tinha falado com alguém das companhias aéreas para impedir algo que não tinha acontecido, ou se ele só tinha acredito em Ritta e esperado.

Quando Bella sentiu a respiração dele contra a sua ela fechou os olhos, não agüentando mais olhar para os seus olhos doloridos. Ela estava de tênis, o que fazia com que ela tivesse que ficar na ponta dos pés e içar o seu corpo até ele, que tinha se inclinado muito pouco para colar seus lábios macios aos dela.

Por um momento Bella tinha pensando que Edward estivera mesmo com saudades, porque o beijo tinha sido diferente, diferente de todos aqueles, diferente até de quando eles se conheceram. Bella quis se agarrar mais aquele momento, não importava se os meninos estivessem bem próximo dali e pudessem pegá-los na sala, se beijando. Bella precisava de mais, mas então, tudo mudou.

Os lábios de Edward já não eram mais macios e delicados contra os seus, agora eram furiosos enquanto ele segurava o seu queixo com uma das mãos e a outra ele aperta a sua cintura, a puxando com mais força contra o seu corpo.

Um só corpo.

 Edward - ela tentou afastá-lo, gemendo contra seus lábios. Ela não temia que os meninos e Ritta aparecessem, mas sim porque ele a estava machucando e não lhe causando desejo. Ele mordia os seus lábios agora com os deles com força, e em sua língua ele chupava e mordia com os próprios dentes.

Bella sentiu o gosto do sangue, quando ele parou e então falou, ainda apertando o seu queixo com o rosto pairando sobre o seu, ela já tinha aberto os olhos e viu que nada tinha mudado, Edward ainda exibia um rosto cansado, mas agora ele se dava conta de que tinha mesmo vencido.

— Mais uma vez que você fizer isso eu a tranco em um manicômio e você nunca mais verá os meus filhos. Você entendeu?

Suas palavras eram apenas um sussurro, quem os visse pensaria que eles estavam distribuindo juras de amor.

Ele ainda a abraçava, com as mãos em seu quadril enquanto balança seus corpos juntos, ao som de uma música que não existia e que nunca existiria para ser tema daquele casal, enquanto Bella tremiam e ele apoiava agora a cabeça na curvatura do seu pescoço e a beijava com força ali, deixando marcas que ela teria que esconder também, como todas as outras.

Os meninos tinham aparecido naquele mesmo momento, e quando Edward se afastou, ela ainda segurava a respiração. Agora ele sorria para os filhos que correu até ele. Edward pegou os dois no colo - aquilo não era problema para alguém com os músculos que ele tinha - e olhou para ela, completamente resoluto, feliz com a vitória, diferente de momentos atrás enquanto tentava se recuperar da derrota.

Bella não duvidava que ele tinha mesmo sofrido, mas com certeza não era mais do que ela sofria estando ali, casada com alguém que não a amava, com alguém que não a respeitava, com alguém que a agredia.

Agressões não precisavam ser físicas, elas podiam ser verbais também. Elas podiam ser uma ameaça como aquela que Edward tinha acabado de fazer antes dos meninos aparecerem.

***

Eles precisavam ser rápidos, Bella pensou quando soltou as mãozinhos dos meninos e ajudou eles a se sentarem nas almofadas que tinha arrumado no chão do quarto de hóspedes que ficava no final do corredor.

Não podiam perder tempo.

Bella olhou para a porta fechada e implorou que Edward demorasse no banho como sempre fazia, enquanto a chamada de vídeo estava sendo processada.

Ela tinha esperado muito tempo para aquilo, e agora que estava acontecendo Bella temia pelo pior, que poderia estar arriscando muito mais do que ela podia imaginar.

Ela olhou para os meninos impacientes enquanto mexiam na tela do notebook no colo da mãe com seus dedinhos ávidos a espera do vovô. Bella sorriu enquanto o círculo continuava girando, como um cachorro correndo ao redor do seu rabo, a tela toda azul naquele quarto iluminado apenas com as luzes da cabeceira da cama acesas. Edward poderia ver a luz saindo pela fresta da porta, mas ela decidira que ali seria melhor, se ela tivesse que sair com os meninos as pressas eles entrariam no quarto deles a tempo - ela esperava.

Ela não queria envolver Ritta, por isso não lhe pediu ajuda. Ela não queria envolver mais ninguém em seus problemas.

Quando a ligação completou, e nela apareceu um Charlie totalmente afobado enquanto se sentava no sofá da sala, com certeza em frente a mesinha de centro de madeira envelhecida que Renée tinha comprado em uma casa de artesanato de Portland. A frente do sofá ainda devia existir a TV gigantesca de Charlie tinha comprado há muito tempo, ela devia estar desligada porque Bella não ouviu nenhum barulho de jogo, apenas os grilos lá fora.

Ela nunca imaginou sentir saudades daquilo. Devia estar chovendo lá fora, uma chuva fina que tantas vezes a aborrecia quando ela tinha que ir para a escola, ou ficar presa ali, implorando que o seu pai não inventasse nenhuma pescaria para aquela manhã.

 Bella? - Ele parecia surpreso quando a viu na tela do computador. - E os meninos.

Charlie sorriu e Bella não tinha ouvido nada daquilo, quando Charlie acenou, Benjamin, Noah e ela acenaram de volta. Bella tentando esconder a risada ao ver que o pai ainda não tinha se adaptado as tecnologias.

O microfone devia estar desligado, enquanto o seu pai falava e acenava para as crianças em ambos os lados da mãe quando Noah tinha se cansado daquilo e subiu para o colo de Bella, muito mais feliz ali, quando Bella colocou o notebook sobre a cama, enquanto eles continuavam sentados sobre as almofadas. Benjamin apenas ficou de pé, tocando na tela do computador, como se pudesse ficar mais perto do avô.

Charlie tinha conhecido os netos sim, com poucos meses de vida Charlie veio para ficar uma semana e diferente do que ela e Edward achavam, ele não ficou em um hotel ao qual Edward prontamente se ofereceria para pagar, mas sim na mansão, em um dos quartos de hóspedes, talvez aquele onde eles estavam agora, se escondendo de Edward.

Claro que Charlie não tinha gostado da ideia que ele mesmo teve, mas o fato dele ficar mais próximo dos netos e da sua filha era o suficiente para que ele pudesse aturar aquela situação com o genro.

E foi uma semana muito boa. Edward parecia outra pessoa. Alguém que ela tinha conhecido e se apaixonado. Mas bastou Charlie ir embora para que o inferno voltasse e a sua paz acabasse.

— Pai, você deixou o microfone desligado outra vez - Bella disse, sabendo que ele podia ouvi-la.

— Oh — Bella conseguiu ler os lábios do pai quando ele se inclinou para o notebook procurando o lugar certo para ligar o microfone. Bella queria saber se ele demorava tanto assim também para desligá-lo, ela sorriu brevemente, olhando mais uma vez para a porta fechada do quarto.

— Pronto, agora vocês conseguem me ouvir? - ele perguntou.

Bella tinha deixado o som baixo de propósito, porque não podia ser muito alto. Mesmo que as portas tivessem um isolamento, Edward poderia ouvir se saísse do quarto para procurá-los.

Que ele não fizesse isso, que ele não fizesse isso.

Ela não teria tempo o suficiente para esconder o notebook e colocar os meninos nos quartos.

— Sim, muito bem até, não é meninos - Bella respondeu, incentivando os filhos a falarem com o avô.

Houveram outras vezes como aquela, sem que Bella precisasse se esconder com os meninos, mas Edward sempre estava a espreita e com o notebook dele, e quando ele não aparecia, Bella deveria fingir que ele não estava bem ali, ouvindo tudo.

Em uma resposta bem humorada, Benjamin e Noah colocaram as mãozinhas nos ouvidos em resposta e começaram a rir junto com a mãe.

— Xii - ela sussurrou baixinho para eles.

Ainda sorrindo, Charlie perguntou, totalmente alheio sobre o real motivo da filha estar usando uma echarpe que sobre os ombros.

— Está muito frio aí? - Ele perguntou, enquanto brincava com Benjamin com a mão a frente do rosto fingindo que o pegaria. Noah queria brincar também, então sem a ajuda de Bella ele se levantou do seu colo e foi brincar com a tela do notebook também.

Quando o silêncio terrível se formou, os meninos o quebraram, falando:

— Foi o papai que beijou a mamãe - os dois riram, cúmplices.

— Meninos - Bella murmurou entre os dentes, repreendendo-os, embora eles estivessem certos, mas diferente do que eles pensavam, aquilo não era motivo para divertimento.

E então, quando Bella achou que Charlie não engoliria aquilo como algo inofensivo, Charlie fez a pergunta que Bella esperava que ele não fizesse. Mas Charlie era policial, desconfiar fazia parte da sua essência.

— Você mudou de número?

Não, eu apenas dei um jeito de comprar um outro sem que o meu marido soubesse. Isso era algo que ela não poderia contar. Ela não escondia segredos somente de Edward, há muito que ela mentia para o seu pai sobre estar bem, sobre estar feliz, sobre Edward ser tudo o que ela sempre sonhou. Ela também mentia para os pais de Edward, mentia para Alice - quando isso não era o suficiente.

Alice tinha se tornado a sua aliada, quando ela não podia confiar em ninguém, porque eles também sofreriam com aquilo, não que Alice não sofresse, mas ela tinha prometido que a ajudaria. E era o que ela vinha fazendo sempre.

Não foi planejado. Edward a teria impedido se ela dissesse que estava vindo para Forks com os meninos, mas eles precisavam rever o avô. Bella teve a ideia ali, naquele momento, pensando em Alice, no notebook que ela tinha mandado para ela pelos correios, em um horário que Edward não estaria em casa.

— Sim - foi o que ela pôde respondeu.

— Ah - ele assentiu. - Então deve ser por isso que tento te ligar e você nunca me atende. Deveria ter me ligado assim que mudou de número.

Se fosse em outro momento, Bella teria dito que Charlie podia ligar no telefone fixo, mas não quando ela se lembrou do que Edward tinha falado outro dia, algo sobre Charlie não ligar para ela, sobre ele não se importar com ela.

— Cadê o seu pai que não te liga pra saber como você está?

Ele tinha mentido para ela, mais uma vez, como sempre escondera que seu pai tinha ligado. Edward sabia que Charlie nunca ligaria para a mansão, não quando ele poderia atender o telefone.

Aquilo por vezes irritou Bella. Ela queria que o seu pai tentasse mais, lutasse mais por ela. E Edward sabia disso, sabia tanto e a manipulava ao seu belo prazer. Ele devia se sentir ainda mais no controle quando Bella achava que não tinha ninguém que se preocupava com ela.

— Sim pai - ela concordou, tentando avaliar quanto tempo ela ainda teria.

Não muito, ela pensou.

Bella puxou os filhos para o colo e olhou cada um nos olhos, vendo os seus próprios olhos e não os de Edward.

— Que tal se fossemos visitar o vovô meninos?

As respostas dos dois não poderia ter sido outra, pulando e correndo para abraçar Bella, enquanto Charlie os observava, surpreso, mas sorrindo.

Ele também tinha adorado a ideia, e não perguntou nada, não questionou, e talvez não tivesse desconfiado de que Bella tinha planejado aquilo de última hora, sem pretensão alguma.

Talvez fosse o fato dela ter se dado conta, agora com mais força de que Edward a estava afastando de tudo o que ela conhecia. Ela não sabia, mas não importava. 

Mesmo com a ameça de Edward quando ela chegou em casa, ela não desistiria daquilo.

Eles iriam para Forks.

Ela tomou a sua decisão ali, com Charlie a tantos quilômetros de distancia mas ao mesmo tempo tão perto dela e dos netos por causa de uma simples tela de um computador.

***

Quando os meninos se despediram do avô, Bella percebeu que não conseguiria fazer com que os meninos não comentassem nada sobre aquilo se ela deixasse eles darem boa noite para o pai.

Então quando eles saíram do quarto, quando Bella já tinha escondido novamente o notebook, assustada que Edward pudesse aparecer a qualquer momento, ela fez de tudo para que os meninos sossegassem a empolgação com a novidade de irem viajar e fossem dormir.

Estava muito cedo, não tinha nem passado uma hora desde que eles jantaram, mas ela precisava fazer isso. Colocá-los para dormir seria o melhor porque ela conseguiria esconder aquilo por essa noite, até o dia seguinte, quando eles partiriam.

Quando Bella conseguiu colocar os meninos para dormir, foi no mesmo segundo que Edward abriu a porta e colocou a cabeça para dentro, com a mão ainda na maçaneta do lado de fora.

A luz dos balizadores era apenas o que iluminava o quarto, então ela respirou fundo, ainda de costas ajeitando Noah na cama que tinha acabado de pegar no sono. Ele sempre era o que mais dava trabalho para dormir.

Ainda de costas Edward não veria o seu rosto e não seria capaz de identificar o nervosismo que deveria estar estampado nela naquele exato momento.

— Tão cedo? - ele perguntou incerto. - Eles não devem estar acostumado a ficarem tanto tempo longe de casa.

Ela não queria discutir, não entraria na dele, por isso ela apenas tratou de subir um pouco mais o cobertor sobre cada um dos meninos e lhes desejou boa noite, com um pequeno beijo no topo de suas cabeças, afastando alguns fios que teimavam a ficarem desalinhados sobre a testa deles. O cabelo deles era no tom mais claro, o mesmo tom dos cabelos de Edward quando ele tinha a idade dos meninos - ela se lembrava das fotos do álbum de Esme. Ele continuava a encará-la da porta, como se esperasse uma resposta.

Existiam momentos, poucos Bella tinha que admitir, em que Edward se desarmava para os filhos, mas esse não era um desses momentos.

Bella tentou se recuperar e se afastou dos meninos, completamente adormecidos e se virou para a porta quando ele já tinha desaparecido.

Ele não desconfiaria de nada.

Ela estava feliz com a primeira decisão que tomava em tantos anos. Desde que se casara com Edward Cullen.


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Notas finais do capítulo

[to be continue]
Continuaaaaaaa...

Difícil de postar esse capítulo? Difícil.
Alguém imaginaria?

Não sei se superei as expectativas de vocês, mas... Estou satisfeita, porque mesmo que a Bella não aceite que tenha finalmente feito isso, e estar confusa e no escuro por não saber o que a espera, me deixa bem apreensiva por ela.

**Não confiem em todos os pensamentos dela, ela ainda está confusa, mas confie nela e tudo ficará bem (se lembre disso daqui dois capítulos POR FAVOR!).

Quem arrisca os próximos passos?

**Mistakes está se aproximando da reta final (*você já disse isso, muito até*), só mais alguns capítulo, e eu gostaria de poder contar com uma Recomendação de cada uma de vocês.

***Pra quem ainda não recomendou, saiba que é realmente importante para a Fanfic para que outras pessoas possam conhecer Mistakes.
E para mim também né ;)

Beeijo e nos vemos nos comentários e Recomendações ;) Me mandem mensagens também. Adoro! ;)