Mistakes escrita por Niina Cullen


Capítulo 34
Capítulo TRINTA E TRÊS - II Parte


Notas iniciais do capítulo

Esse é o Capítulo 33 ou a famigerada Segunda Fase rs (só pra descontrair!).

Olha, de verdade, fiquei muito feliz com os comentários do último capítulo. De verdade, vocês mostraram que queriam mesmo o próximo kkk. Querem saber, os mais de 100 leitores que temos aqui, na verdade se resumem em vocês meninas.

Obrigada por isso, obrigada por acreditarem em Mistakes, por comentarem e serem tão sinceras - a raiva por Charlie persistiu nos comentários, e entendo perfeitamente isso, gosto de provocá-las confesso.

Bom, mas vamos parar de enrolação e dar um pequeno salto?

A máscara caiu bebês...

*** Por favor LEIAM ISSO:

— Se você já passou ou passa por algo parecido e se sentir ofendida, ou de alguma forma propensa e se sentir mal, NÃO LEIA.

— Trataremos de relacionamento abusivo. De violência doméstica, por isso podem ter gatilhos.

— Não sou especialista, apenas uma leitora ávida.

— Por favor, se continuarem comigo, tenham em mente que isso não é amor.



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Capítulo 
TRINTA E TRÊS

Já era a sexta vez só naquele dia, e ainda não eram nem 10 horas da manhã quando ele voltou a ligar.

O jantar não tinha sido o que ela esperava. Ele a desrespeitou e a humilhou na frente das pessoas que estavam ali, pessoas que ela nem ao menos conhecia como ele parecia afirmar, perguntando da onde vocês se conhecem.

Ele gritava muito e mantinha um aperto firme em seu braço.

Aquilo um dia os destruiriam. Ambos. E a sua vida estava por um tris.

Foi naquela noite, quando eles voltavam daquele jantar desastroso, ela calada e ele gritando, acusando enquanto dirigia o carro, que ela realmente teve medo dele.

— VOCÊ PENSA QUE EU NÃO VI COMO VOCÊ OLHOU PARA ELE? HÃ?

Ele gritava enquanto a sacudia.

Aquilo já tinha acontecido outras vezes, mas não como essa. Essa era diferente.

Ela só queria chegar em casa e que aquilo fosse um pesadelo e que ela acordasse viva dele.

O barulho da porta abrindo fez com que Bella pulasse do sofá, assustada. Desligou a televisão e deixou de lado aquele filme que falava sobre um casal que discutia muito, passavam por problemas, mas que no dia seguinte faziam as pazes e estavam bem e felizes de novo no dia seguinte, como deveria ser.

— Edward? - ela chamou, colocando o controle remoto de lado e afastando o cobertor que usava para cobrir as pernas.

Ele não respondeu, mas Bella viu quando ele seguiu para a cozinha, deixando a sua mala e o terno que carregava na mão próximo a porta.

Bella pegou os dois, deixando a mala no aparador próximo ao escritório fechado e dobrando o terno no braço ela seguiu para a cozinha também.

Edward estava pegando água na geladeira no momento em que Bella entrou na cozinha. Ele estava de costas para ela.

— Você foi ao médico? - aquela era a sua única pergunta para ela.

— Sim - ela respondeu, olhando para os seus pés descalços. Ela odiava aquilo. Quem eles tinham se tornado. Dois desconhecidos em uma casa tão grande. Mas o que podia ter mudado. Ela ainda o amava.

Bella se sentiu mais uma vez inferior quando Edward se virou para olhá-la. Ele não a acompanhou naquele dia porque não queria se frustrar mais uma vez.

Ele estava certo.

Seus olhos ardiam quando ela balançou a cabeça. Negativo.

Aquela era uma resposta Edward conhecia muito bem. Que eles conheciam muito bem.

Edward continuou de costas quando apoiou o copo sobre a bancada e despejou o líquido gelado e transparente da garrafa nele, sem falar uma única palavra. Engoliu sua água de uma só vez e colocou o copo sobre a pia vazia. O eco daquela casa era ensurdecedor.

Bella sentiu quando a sua mão foi em direção a ele, mas seus pés estavam fincados ao chão, incapazes de darem um único passo em direção a ele. Era como se ela estivesse revivendo aquilo tudo mais uma vez. E estava mesmo, porque a história se repetia. Bella se lembrava daquela cena. Das outras vezes parecia doer tanto como estava sendo agora.

Mais uma vez a cena se repetia, e ela não estava sendo a esposa que deveria ser.

— Sra. Cullen seus exames estão perfeitos - Bella tinha acabado de voltar do quarto com a enfermeira que a ajudou a tirar a roupa verde usada para exames quando se sentou em frente ao Dr. Adamovich que olhava para os papeis em sua mão. Ele era um Russo que já estava nos Estados Unidos há muitos anos, mas que ainda tinha um sotaque carregado que no começo disso tudo a fazia rir depois de deixar a sala. Quando viu o Dr. Adamovich pela primeira vez foi quando Edward disse que existia algo de errado com ela, porque eles precisavam descobrir o motivo dela não conseguir engravidar, depois de todos aqueles meses tentando.

— Então por que eu não engravido? - aquela pergunta era a mesma, mas a sua reação, diferente das outras vezes, era mais desesperada.

O que ela estava fazendo de errado? Por que não conseguia dar um filho ao seu marido?

Sua pergunta nunca foi tão simples e ao mesmo tempo tão inconformada.

— Sra. Cullen - ele tinha que repetir o seu nome a cada início de frase? - Existem alguns motivos que podemos relacionar isso, e já falamos sobre um deles, o estresse.

Edward também achava isso no começo, antes dela deixar os seus estudos, deixar a Cullen Enterprise. Ele tinha convencido ela do que seria melhor para eles. Era só isso o que ele queria, que eles voltassem a ser felizes.

Mas o Dr. Adamovich queria dizer outra coisa com aquilo - e estava se aproveitando porque naquele dia Edward não estaria com ela. Bella sabia o que ele queria dizer com aquilo: que o seu parceiro talvez estivesse sendo muito controlador, individualista.

Bella se mexeu na cadeira, incomodada porque ele não sabia nada sobre a sua vida, e não conhecia a pessoa que Edward era. Somente depois do casamento que as coisas não pareceram ser mais como eram antes, mas ela entendia, ela precisava entender. E aquele médico não tinha que falar mais uma vez do seu marido, jogar a culpa nele quando era ela que não conseguia engravidar.

Se Edward não estava ali, ao seu lado, era porque ele não podia passar mais por aquilo. Todas às vezes que se sentaram juntos ali naquela sala aguardando uma resposta positiva daquele médico, era um silêncio que se formava quando ouviam que não tinha bebê nenhum. Ela sabia que ele sentia raiva. Muita raiva. E arrependimento.

Aquilo a estava matando. Não saber o motivo de tudo aquilo estava matando Bella aos poucos. E o seu casamento também. Primeiro veio o ciume, a quase infertilidade - Bella não queria admitir para si mesmo aquilo - e agora o afastamento. Edward parecia absorver aquilo tudo sozinho, querendo mostrar para ela a burrice que tinha feito quando eles se casaram.

— Você precisa relaxar, pensar em outras coisas, dar um tempo a você mesma - o médico de cabelos brancos, alto e ossudo se recostou na cadeira e esperou que Bella concordasse.

Seria muito mais fácil de explicar para Edward que ela tinha uma doença muito grave que a impedia de engravidar. Era muito mais fácil que a culpa fosse de qualquer outra coisa, e não dela.

— Que tal voltar com seus métodos contraceptivos, voltar a estudar, trabalhar? Você é jovem e...

A partir daquele momento Bella não ouviu mais nada do que o médico dizia, se levantando naquele mesmo segundo e pegando as suas coisas na cadeira vazia ao lado. Ela não deixaria que aquele senhor dissesse o quão errado ela estava levando a sua vida. Julgando coisas que não diziam respeito a ele, mas somente a ela e a seu marido.

— Obrigada Dr. Adamovich - Bella sempre sorria e o cumprimentava, mas dessa vez ela simplesmente se retirou daquela sala, fechando a porta atrás de si sem nenhuma delicadeza ao batê-la, assim como Edward fazia quando estava zangado.

Era melhor descontar a sua raiva em uma porta, não era?

Dali Bella seguiu para o banheiro e se encaminhou para uma das cabines vazias. Abaixou a tampa da privada e se sentou ali, colocando a sua cabeça sobre suas mãos estendidas sobre o seu colo, onde ela pôde chorar sem que ninguém a interrompesse - até que chegasse uma mãe com a sua filha. Porque a ala pediátrica tinha que ser perto do consultório do seu endócrino?

No começo Bella gostava de ver as mães entrarem com suas pequenas ou pequenos - para mães não existiam banheiros somente femininos. Bella sorria para aquelas crianças e sentia que na próxima vez que estivesse ali, as coisas seriam diferentes, porque logo ela e Edward teriam a sua própria surpresa, o seu próprio presente.

Quando ela saia, Edward estava esperando do lado de fora, com o telefone no ouvido, cuidando das coisas da empresa enquanto estava fora, com ela.

Hoje era diferente, ela não saiu daquele banheiro com esperanças de que as coisas melhorariam da próxima vez que estivesse ali, e nem Edward a estava esperando, com a sua bolsa na mão.

Aquele sofrimento não acabaria nunca?

As pessoas achavam que ela tinha abrido mão de muitas coisas por Edward, da sua vida por ele. Mas o que eles não sabiam era que antes dele não existia nada. Edward sim estava perdendo tudo estando ao seu lado.

Mas ele ainda estava ali. Superando todas as suas expectativas ele continuava ali. Só um pouco mais distante, impaciente. Desde o casamento as coisas não pareciam mais tão perfeitas. Bella queria abraçá-lo e dizer que entendia perfeitamente, entenderia até se... ele a abandonasse.

Ele passou por ela saindo da cozinha sem uma única palavra. Seu perfume o acompanhando. Com certeza ainda chateado com a discussão que ela tinha começado pela manhã.

O dia tinha amanhecido e com ele todo o medo do que poderia acontecer, dos seus exames acusarem negativo e dela ter que dar a notícia para Edward.

Ele não a acompanharia dessa vez, tinha muito trabalho na Cullen Enterprise e chegaria tarde no final do dia.

Suspirando ela levantou da cama e pegou o seu robe branco de seda na poltrona ao lado, deixado na noite anterior antes de se deitar e ver que Edward ainda não tinha vindo para a cama, seria mais uma noite com ele lá embaixo, no escritório.

Edward saia do closet, ainda com o rolpão no corpo mas com uma camiseta de botões em uma das mãos. Ele se aproximou do recamier aos pés da cama, largando a camiseta ali junto com o seu sapato antes de colocar a sua calça, despretensiosamente, sem ao menos olhar para ela.

— Pensei que teria que te acordar - ele abotoou o botão da calça quando terminou de vesti-la e se virou para pegar a sua camiseta branca. - Não esqueça que é hoje o retorno com o Dr. Adamovich.

Ele ostentava uma feição cansada, derrotada, mas daquela vez era quase desafiadora quando ele a encarou. Era como se ele estivesse provando algo que Bella já percebia nela: a sua incapacidade de ser mãe.

Deus, o que ela tinha feito com o seu casamento?

Até aquele momento ela tinha feito tudo certo, tinha concordado com tudo, até mesmo quando ele disse que ela não viajaria para Forks, não sem ele. Ou quando a proibiu de sair de casa sem avisá-lo aonde estava indo - foi depois dela ter ido a um café no shopping com uma colega da faculdade, Angela Weber, para estudarem para a prova de Comportamento Humano - observar as pessoas distraídas em meio as compras era parte do exercício. Nem ao menos naquele dia ela o contrariou, apenas aceitou e disse que ligaria da próxima vez.

A verdade é que não existiu uma próxima vez.

Edward já tinha conseguido que ela deixasse a faculdade, os colegas de classe, os seus objetivos de terminar o que ela tinha começado lá em Seattle.

E as coisas não pareceram melhorar depois que o tempo passava e ela não conseguia ficar grávida. Primeiro era o fato dela estar muito estressada com a faculdade, com o trabalho na Cullen Enterprise - naquela época ela cuidava além da agenda de Edward como também da parte de relacionamento pessoal e comercial da empresa -, e agora o que poderia ser que a estava impedindo de dar um filho para Edward?

Aquele exame de hoje lhe diria se existia algo de errado com os seus hormônios e Bella esperava que sim. Algo concreto que ela pudesse resolver, que aquele médico ou qualquer outro especialista pudesse resolver.

Edward não esperava uma resposta, então Bella seguiu para o banheiro, e quando voltou, ela disse, sentindo a raiva por si mesma lhe corroer por dentro. Corroer o espaço que devia ser do filho ou da filha deles, ali abaixo da sua mão, em seu ventre.

— Eu não faço mais nada direito. Nem te dar um filho eu sou capaz.

Edward estava colocando os sapatos, sentado com as costas arqueadas, quando virou a cabeça para olhá-la.

— Não comece com isso de novo - ele disse com indiferença, sem exaltar o volume da sua voz. - Você concordou comigo quando conversamos que você precisava descansar e relaxar.

Ele tinha concordado, ela apenas teve que aceitar.

— E outra - ele continuou. - Alice está chegando de viagem, não ouse dar atenção para as baboseiras que eu sei que ela te fala. Minha irmã é uma solteirona que adora cuidar da vida dos outros menos da própria.

Agora sua voz era dura e firme enquanto ele olhava para ela em pé perto na porta do banheiro.

Bella não se importou para o que ele havia dito por último. Ela sabia que era errado voltar a falar de coisas que já estavam decididas, e Edward mais uma vez estava agindo certo, agindo de forma racional dizendo que ela precisava deixar de ser egoísta e pensar somente em si mesma. Ele queria um filho, e isso não tinha desculpas.

— Mas eu era mais útil lá do que sendo a sua esposa aqui - ela sussurrou, sem que ele pudesse mesmo ouvir. A verdade daquelas palavras a machucava, muito mais do que o olhar frio e o silêncio dele.

Tinha uma coisa que Bella escondeu de Edward.

Antes dela ser encaminhada junto com a enfermeira para a sala de exames, o Dr. Adamovich tinha falado uma coisa que Bella não fez muita questão de ouvir:

— Talvez seja a hora do seu marido considerar o possibilidade dele fazer alguns exames também, Sra. Cullen.

Ele repetia o seu nome ao final de cada frase também.

Aquilo podia ser possível? Ela não queria saber. Bella pegou o copo que Edward tinha deixado na pia e o secou, colocando de volta no armário.

Bella ainda se lembrava de como eles decidiram que queriam um filho.

Ela estava no banheiro, pegando a pílula sobre a bancada e a água que tinha pego na cozinha antes de subir para o quarto. Ele tinha se aproximado por trás e disse:

— Você não precisa mais disso Sra. Cullen - falou, beijando o canto atrás da sua orelha e lhe provocando arrepios. - Somos casados.

Claro, casados.

Bella ainda podia sentir os seus lábios percorrerem o caminho livre do seu pescoço, e do comprimido caindo da sua mão. Ela sabia o que Edward queria somente quando ele olhava ou tocava nela.

No começo daquelas noites de amor Bella foi perdendo o medo e se acostumando com a ideia de ser mãe, ficando mais confiante e entregue a Edward, não questionando e deixando de considerar que aquilo era uma decisão que não podia ser tomada com a voz, ou os lábios de apenas uma das partes envolvidas. Ela tinha os seus sonhos, os seus estudos, a empresa - mesmo que há muito já sentisse que seu trabalho estava sendo substituído aos poucos, até não existir mais nada e então uma outra pessoa em seu lugar.

A justificativa era sempre a mesma, Bella se lembrava:

Você precisa cuidar da nossa família agora.

Então tudo tinha acontecido muito rápido até que não existia mais a faculdade de psicologia, a única independência que ela tinha tido depois da saída da Cullen Enterprise.

Até não existir mais nada, além dela e aquela imensa casa.

Sozinha.

Era assim que Bella se sentia.


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Notas finais do capítulo

Surpresinhas nesses primeiros parágrafos do Capítulo (quem recebeu o Spoiler viu e quis cometer um assassinato *eu sei que exagerei rs*). Mas eu precisava que vocês adentrassem de vez ao clima dessa Fanfic.

Vocês viram que agora não só temos uma vertente do Edward controladora, sem máscaras, mas também como a Bella foi do paraíso e está indo para o inferno.

A possibilidade de um filho e como isso só piora a situação da Bella. Percebam como os pensamentos dela continuam se culpando.

(Foi muito difícil manter segredo de vocês. Meus Deus).


***Avisos lá em cima pesados, mas eu precisava dizer isso pra vocês, para que ficasse mais claro possível - e espero realmente que possa ter ficado.

*** OBS.: os avisos não dizem respeito só a esse capítulo, mas como os próximos. E Edward já era controlador e abusivo, agora ele só não esconde mais isso.


Em uma das respostas a um dos comentário do capítulo de ontem eu respondi que que "Estou totalmente com a Bella." E vocês? E em outro ainda: "A Bella está se perdendo. O quão ruim isso pode ser?"

Se sintam a vontade para me dizer o que acharam disso, e da possibilidade do bebê... De muitas eu já sei que a Bella tem o total apoio, ela tem amigas aqui do lado de fora, e que vocês gostariam que as coisas fossem diferentes para ela - eu também. Mas agora é trabalhar para o desenvolvimento dessa personagem que sim, sofrerá muito.

*** Desculpem se divaguei muito (às vezes - na maioria delas - eu faço isso). :P

Até o próximo meninas.

Quero trazer agora dentro e uma semana, ok? Mas vocês é que decidem sempre, mas essa semana eu continuarei trabalhando em coisas pessoais, e também escrevendo os próximos capítulos (ainda não sei quantos capítulos teremos ainda, mas já estou no 37 e não estou "enrolando" mais, mas sempre tentando ao máximo dar o meu melhor e buscando referências).

Obrigada e espero ver vocês logo! ;*