Mistakes escrita por Niina Cullen


Capítulo 31
Capítulo TRINTA


Notas iniciais do capítulo

Trazendo um capítulo na véspera de Natal, avisos lá em baixo ;*



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/617647/chapter/31

Capítulo
TRINTA

 

Jasper seguiu com o Mercedes preto de Edward, um dos carros que Bella conhecia, pelas ruas de Nova York a leste da ilha de Manhattan, indo em direção a região dos Hamptons no condado de Long Island. Destino de luxo dos riscos e milionários.

Bella podia se lembrar da sua mãe folheando aquelas revistas de celebridades enquanto ela estava lendo algum livro ou focada em algum dever de casa que devia entregar na próxima semana. Renée suspirava alto com todas aquelas mansões e por vezes Bella ouviu nomes como Madona e Paris Hilton saírem da boca dela com entusiamo.

Bella não conseguia segurar o riso ou evitar revirar os olhos enquanto a sua mãe fantasiava e delirava a repeito daquelas pessoas.

Talvez Renée nunca tivesse fantasiado um futuro daquele para a sua filha, mas com certeza ela sabia que aquilo não deveria importar para ela mais do que o verdadeiro amor que ela queria que a filha encontrasse.

— Eu encontrei mãe.

Sussurrando aquelas palavras Bella sorriu e se aconchegou um pouco mais no peito de Edward depois de ter erguido a cabeça para ver aquelas casas grandes iluminadas afastadas por quilômetros que a separavam passarem por eles, conforme o carro seguia.

Edward não parecia ter entendido o que Bella tinha dito, mas repousou o seu queixo sobre a cabeça dela e disse:

— Já estamos chegando.

Eles não falaram muito desde que deixaram o apartamento, embora eles não precisassem. Edward deslizava a sua mão nas suas e fazia movimentos aleatórios, como se estivesse pensando em alguma coisa. Algo que Bella não podia saber. 

Aquela seria a primeira vez que veria a família de Edward. Todos juntos. Quando Carlisle tinha ido até a Cullen Enterprise, eles não tiveram a oportunidade de conversar, mas ele tinha se apresentado e tinha sido tão simpático. Mas ele não tinha entrado da mesma forma que saiu. Edward não quis receber o pai, e Bella não tinha coragem de perguntar porquê.

Aquela tinha sido a primeira vez que viu Carlisle, pai do homem que ela amava.

— Mamãe vai adorar - Alice garantiu quando mostrou o salto que tinha comprado para a amiga. Bella estava um pouco ansiosa demais, nervosa demais, e aquele salto que Alice tinha tirado da caixa e lhe entregado só tinha piorado tudo.

— Tem certeza que um tênis não seria melhor? - ela perguntou, bastante receosa. Ela olhou de canto de olho para seus tênis preto com esperança.

— Não mesmo - Alice disse. - Você ficará linda com as roupas que escolhemos.

— Você quer dizer as roupas que você escolheu.

— Isso é só um detalhe Bella. Eu gosto de te ajudar e você finge sentir o mesmo por eu fazer isso com você - ela piscou e logo em seguida saiu do apartamento, dizendo que tinha que se apressar se quisesse que aquela noite fosse especial.

Bella adorava Alice, mas ela temia o que podia acontecer se ela quisesse se intrometer em outro dia tão ou mais especial quanto aquele. Bella se encolheu com as imagens que já criava na sua cabeça.

— Está com frio - Edward perguntou?

— Não muito - ela respondeu. Aquela era uma preocupação que ela não queria que Edward soubesse. Até então ele tinha se divertido com os passeios forçados de Alice, mas os olhares de alerta que ele dirigia sempre para a irmã continuavam. Eles pareciam se comunicar com os olhos idênticos. Afinal eles eram gêmeos.

Edward tinha razão, eles já estavam chegando. Jasper estacionou na entrada de carros daquela mansão com imensos pinheiros que a circundavam, todos iluminados assim como a própria casa. Cada janela, cada contorno daquele imenso jardim. A luz do natal estava por toda a parte, simples, mas marcantes.

Quando Edward a ajudou a descer do carro, Bella viu a umidade branca da grama na entrada e pensou que seria bom se agarrar aos braços de Edward. Somente a sua mão não seria capaz de impedir um acidente como muitos que ela já tinha tido na entrada da sua casa em Forks - todos os natais, aquilo já parecia uma tradição. Uma que Bella estava disposta a quebrar.

Alguém devia ter limpado a neve que tinha se acumulado durante todo o dia, mas aquela devia ser uma tarefa muito difícil de manter, em vista que a neve continuava a cobrir todo aquele jardim iluminado pelos pinheiros altos que no verão deveria ser a coisa mais linda de se ver, com todo o verde e os frutos.

Como Bella tinha imaginado, ela escorregou quando apoiou os dois pés no chão. Mas um braço estava no de Edward, e ela sentiu quando ele passou o outro braço pela sua cintura, impedindo que ela fosse ao chão, ou pior, que tivesse torcido o pé sobre aquele salto altamente perigoso.

Como estavam quase na mesma altura - aquele deveria ser o único ponto bom daquele perigo transformado em sapato -, seus rostos estavam muito próximos, suas respirações de misturavam e os olhos de Edward estavam por todo o canto do seu rosto, como se eles estivesse buscando algo difícil de encontrar, até mesmo para ela, que parecia sempre deixar algo passar a respeito do homem que amava, e que não conseguia saber o que era.

— Obrig... - Mas ele já a estava beijando, forte nos lábios, deixando-a sem ar.

Mas tão cedo seus lábios se juntaram, eles se separaram.

— Vamos Bella, quero apresentá-la aos meus pais como minha noiva. - ele tinha se demorado naquelas palavras, como se regozija-se e o satisfaze-se.

Bella apenas concordou e firmou um pé depois do outro na grama branca pela neve. Edward não parecia se importar com a lentidão que andavam. A noite, apesar de fria e branca, estava linda, e logo eles subiram as escadas que os levaria até os Cullen que os esperavam.

A mansão ficava num nível mais alto, um pouco distante da entrada dos carros. Quilômetros a separava de outras casas, e aquilo não fez com que Bella se sentisse exatamente em casa.

Entrando dentro da mansão, ela sentiria o mesmo, mas não por aquelas pessoas que a esperavam. Eram apenas a família de Edward, que ela queria que se tornasse a sua também. A promessa silenciosa que o anel em seu dedo fazia lhe dizia aquilo.

***

Uma vez dentro da mansão Cullen, Esme não conseguia se conter de tanta alegria.

Edward finalmente traria Isabella, ou Bella - ela sorriu sozinha - para conhecer os pais. Ele tinha demorado tanto para apresentá-la, sempre muito misterioso. E por mais que Esme tivesse achado que com aquela nova pessoa que tivesse surgido na vida do seu filho, Edward seria capaz de voltar a ser o homem que ela tinha visto crescer, que teve seu coração quebrado, mas que agora voltaria a ser quem ele realmente era.

Aquilo era apenas o que Esme desejava. Mas nada tinha mudado de verdade. Nada na relação de Edward com os pais.

Carlisle disse ter visto a garota uma vez, e antes disso Alice já tinha conhecido ela também. Esme era a única que não sabia quem era Isabella Swan. A mulher que tinha sido capaz de fazer com que seu filho a pedisse em casamento, em tão pouco tempo.

Alice tinha dito que Edward parecia um pouco mais receptivo quando estava perto dela, e um pouco menos ríspido. Ele parecia rir mais quando estava com ela. E Esme ainda não tinha tido a oportunidade de ver aquilo.

Mas ela não podia deixar de se preocupar. Edward tinha se enganado uma vez.

— Não precisa se preocupar mãe, ela não é igual a ela - Alice surgiu por trás, com aquela habilidade estranha de saber exatamente o que estava incomodando a mãe.

Alice já tinha dito aquilo tantas outras vezes.

E ela devia saber o que estava falando, pois nas últimas semanas elas passaram mais tempos juntas do que Esme era capaz de contar. Ela tinha se contido, talvez esperar que Edward tomasse a decisão de trazer a moça fosse o melhor.

E tinha mesmo.

Agora ela estava ali, preparando tudo para um natal em família que eles não tinham desde que aquela outra mulher tinha destruído tudo quando surgiu em suas vidas. Antes mesmo de Katherine desaparecer com a mesma facilidade que tinha surgido em suas vida, eles já não eram o que se podia chamar de família.

Esme engoliu em seco e respirou fundo, sorrindo para a filha que trazia nas mãos a travessa com as lentilhas para a grande mesa decorada para aquela data tão especial. Uma data que não só simbolizava o nascimento de Jesus, mas também o começo de uma nova vida.

Ela não poderia chorar, não agora que Edward estava prestes a chegar e não quando ainda faltavam coisas para finalizar na cozinha, como a torta de maça - típica da noite de natal que estava pronta no forno, apenas sendo aquecida para não perder a temperatura durante o jantar.

Cozinhar para a família antes nunca tinha sido tão prazeroso como tinha sido um dia. E cozinhar para as pessoas da sua família era gratificante, ainda mais quando uma pessoa seria integrada a ela. Já fazia muito tempo que eram somente Esme, Carlisle e Alice.

A campanhia tocou no segundo que Esme tirou o avental que estava amarrado a sua cintura e largando ele na bancada da cozinha ela correu para o hall de entrada da casa, onde já estavam Carlisle e Alice, um pouco atrás - ela parecia ainda mais animada do que a mãe, mas Carlisle parecia apreensivo enquanto abraçava Esme de lado e esfregava seu braço com uma mão, com receio pelo o que viria a seguir. Carlisle sempre fora muito reservado, mas Esme podia sentir exatamente o que ela estava sentindo.

Eles estavam felizes, não se podia negar, mas ainda assim nervosos com o que podiam esperar.

Será que Edward finalmente tinha encontrado o seu grande amor como ela e Carlisle tinham encontrado há tantos anos atrás um no outro, antes de saberem que estavam esperando gêmeos no primeiro ano de casados?

Será que Edward seria capaz de entregar o seu coração realmente aquela moça?

Tantas perguntas e nenhuma resposta. Tantas incertezas e ao mesmo tempo tantos motivos para comemorar.

Carlisle tentava esconder seus receios, enquanto Esme apenas esperava o melhor do filho, sempre. Alice veio para o seu lado também e apertou a mão da mãe. Alice sempre tinha sido tão compreensiva e não se importava que muitas vezes toda a preocupação dos pais estava sempre voltada unica e exclusivamente para Edward. Ela sempre tinha sido uma menina resolvida, com atitude e carisma e aquilo fazia Esme se perguntar quando, finalmente, seria a vez da filha trazer o seu grande amor para os pais conhecerem.

Agora era a vez de Edward, e aquela Esme sabia que era diferente. Ela sentia em seu coração de mãe que Bella era a mulher que Edward precisava para redimi-lo e mostrar-lhe o caminho que ele poderia ter seguido se tivesse conhecido ela antes daquela outra destruir parte da sua vida. Parte dela, porque a outra, Esme ainda acreditava que seria salva.

Salva por aquela jovem que estava parada ao lado do filho quando a porta de abriu logo em seguida que Edward tocou a campanhia.

Esme não podia entender, mas ninguém deve ser a salvação de outra pessoa, ninguém deve carregar o peso de mudar outra. Bella não merecia isso.

***

— Quando Edward disse que você viria eu mal pude acreditar.

Aquela tinha sido a primeira coisa que Bella ouviu daquela mulher com voz de anjo que cantava no coração da igreja. Tão doce, calma, tranquila ela se encaminhou até Bella, deixando os braços do marido que antes estavam ao redor do seu ombro, soltá-la.

— Bella, é um prazer conhecê-la - Esme tinha parado a sua frente, segurando suas próprias mãos de forma delicada e talvez aquele fosse um gesto de nervosismo. Desde que a porta tinha sido aberta por Edward, aqueles olhos verdes, os mesmos olhos de Edward, os mesmos olhos de Alice, tinham se encontrado com os seus.

Tanto amor e afeto jorravam daqueles olhos, que por um segundo Bella pensou que poderia ter tido a mãe a sua frente.

Mas aquela era Esme, mãe de Edward e Alice. Tão delicada, pequena, com seus cabelos castanhos escuros sobre os ombros, vestida com um vestido verde escuro e com um colar bege comprido sobre o colo. Ela usava um salto, e parecia flutuar sobre eles, quando tudo o que Bella mais queria era poder tirar o que usava dos pés. Correr o risco de ir ao chão minutos atrás não se comparava ao se distrair e torcer o pé naquele chão lustroso e branco com toda a decoração daquela casa sofisticada - como tudo que devia vir daquela família -, a escada logo atrás dos pais de Edward e Alice, logo no hall levaria para o que deveria ser os quartos. Lá fora Bella se atreveu a olhar para cima e viu que a casa tinha mais dois pavimentos além do principal.

Bella ainda não parecia ser capaz de dizer nada, mas quando se permitiu ver que não era apenas Esme que parecia tão feliz com aquele encontro, mas Carlisle, seu marido e pai de Edward também estava. Ele só parecia um pouco mais contido, ainda atrás da mulher e ao lado de Alice que trazia um sorriso encorajador nos lábios. Ela também estava divina, com seu corte curto quase rente a nuca e vestida perfeitamente bem para aquela ocasião.

Todos estavam tão bem vestidos, e de repente Bella não se sentiu mais arrependida pelo frio que estava passando com aquela roupa naquele momento, ainda do lado de fora da mansão. Ela queria agradecer a Alice por aquilo - tinha sido um pouco teimosa demais quando ela tinha apresentado aquela saia e todas as outras coisas para ela, mas Esme foi mais rápida e a puxou pela mão.

— Venha Bella, ou você pode congelar aí fora - Esme disse, a levando para o que devia ser a sala. Em nenhum momento ela tinha olhado para o filho, que sorriu e piscou para Bella, dizendo que estava tudo bem.

A árvore de natal estava no canto da sala, próximo a imensa janela coberta pela cortina que ia de uma parede a outra.

Toda a alegria de Esme e vontade de fazer todos a seu redor confortáveis lembrava muito Alice. Já Carlisle, era a imagem e semelhança de Edward, ou o contrário. Ambos, mãe e pai, pareciam tão jovens. Edward tinha dito uma vez que a mãe era paisagista, arquiteta formada que dedicava o seu tempo a casa e a família, sem esquecer dos seus próprios compromissos, sendo eles profissionais ou caridosos. Já Carlisle tinha sido presidente da Cullen Enterprise antes de Edward, e agora ele dedicava mais o seu tempo a esposa e a qualquer outra coisa que dissesse respeito a livros. Sendo em pesquisas acadêmicas, ou apenas curiosidades mitológicas e fantasiosas. Edward não parecia dizer aquilo com maldade, mas Bella podia sentir, quando ele contou aquilo para ela, que ele parecia carregar ressentimento quando falava da família. Ela só não entendia porquê. Edward parecia culpar a todos por alguma coisa, que Bella não tinha coragem de perguntar, porque ela não podia saber nem por onde começar. Mas Edward já tinha sido capaz de contar tantas coisas para ela. As outras, sejam lá o que eram, seria apenas uma questão de tempo - bom, pelo menos era o que ela esperava.

Eles estavam tomando café e biscoitos na sala depois do jantar que tinha sido simplesmente fantástico. Não só pela comida, que estava uma delícia, com todos aqueles recheios e assados, mas também por aquelas pessoas.

A família de Edward era tão atenciosa, e Bella pôde se sentir em casa, pela primeira vez em muito tempo desde que deixou Forks. Ela queria muito contar para o pai como tinha sido aquela noite de natal, a primeira que ela passava longe dele, e sem a mãe.

A lareira estava ligada e todos estavam sentados no imenso sofá branco. As fotos espalhadas pela mesa de centro, ou sobre os móveis da sala contavam uma história como que por uma linha do tempo, e ali não pareciam faltar peças do quebra cabeça que era a vida de Edward para Bella, quando ela sentia que precisava encaixar todas as peças. Ela tinha medo de não ser capaz de encontrar todas as que ainda faltavam, ou de conseguir e se arrepender.

A ignorância, às vezes, podia mesmo ser o melhor caminho para a felicidade? Bella não sabia a resposta para aquela pergunta. Ela não sabia para muitas das perguntas que se formavam na sua cabeça.

Fotos de Esme segurando dois bebês em seus braços, ainda no hospital, outra agora com Carlisle junto aquela família que juntos tinham construído. Tantas fotos, tantos momentos importantes.

Edward e Alice crianças, ambos com casquinhas de sorvetes na mão e sorrindo, cúmplices para a câmera.

Outra ainda com a família ao redor de um senhor de idade sentado em uma poltrona. Aquele deveria ser o avó de Edward, antes de falecer e passar a empresa para o único filho Carlisle.

Bella achava que já sabia tudo o que precisava sobre a família Cullen, não importava muito que as peças do quebra cabeça de Edward parecessem intermináveis, ela estava feliz por estar ali.

— Eu vou pegar uma bebida para mim - Edward estava ao seu lado no sofá, ouvindo silenciosamente Esme contar histórias sobre a infância dos filhos, sem se mostrar interessado ou ao menos feliz, quando decidiu se levantar, não antes sem deixar um beijo no topo da sua cabeça.

Bella via como Esme parecia acompanhar aqueles pequenos detalhes com um brilho nos olhos.

Todo o medo que Bella sentiu pensando que os pais de Edward poderiam não aceitá-la por causa da sua condição social e inferior a toda a fortuna deles, caiu por terra.

Ela não precisava temer a reação deles, porque eles pareciam gostar dela, de verdade.

Quando Edward se afastou, Bella viu quando Carlisle também fez o mesmo. Ela abaixou o copo com café que tomava e o biscoito amanteigado que levaria até a boca ela deixou no prato. Já tinha comido biscoitos demais, estava mais do que satisfeita e pronta para que Esme lhe contasse mais das histórias de Edward para ela.

— E como está os preparativos para o casamento Bella? - Esme perguntou, o seu sorriso nunca parecendo menos reluzente do que era.

— Hmmm, bem... - Bella não sabia por onde começar. Suas bochechas de repente estavam pegando fogo, e ela podia garantir que não pelo fogo da lareira que crepitava. Ela não conseguia ficar menos nervosa com aquela pergunta. Era a primeira, e nem mesmo Alice tinha sido capaz de questioná-la sobre aquilo. Mas agora Bella sabia que com a pergunta de Esme, isso logo mudaria.

Bella viu pelo canto do olho como Alice, que estava sentada no outro sofá, antes com o pai, se mexia no sofá, como se não pudesse se controlar.

Esme estava sentada em uma poltrona que parecia muito com a que o avó de Edward, na foto, estava sentado. Ela também era toda estofada e combinava com o sofá branco que compunha a sala. Tudo parecia muito novo, mas aquela poltrona não, ela parecia carregar história. Ela esperava que Bella dissesse alguma coisa, com toda a paciência.

— Eu não tenho muita certeza se... esse casamento... - Bella não conseguia terminar o seu raciocínio e temia que Esme pudesse interpretá-la de forma errada.

— Quando se ama de verdade, minha querida, não há o que temer - foi o que ela disse enquanto se inclinava para a frente e cruzava as pernas, agora para o outro lado.

— Não, não é isso - ela balançou a cabeça. - Eu tenho certeza absoluta sobre Edward, mas... foi tudo tão rápido.

Bella sorriu, sendo acompanhada por Esme e Alice.

— É normal isso minha querida, não se preocupe. Edward sempre foi... surpreendente demais. - Aquela última parte Esme hesitou em dizer e quando disse tinha os lábios rígidos, como se estivesse absorta em suas próprias memórias.

— Bella nós precisamos começar a pensar em quantas pessoas virão para a cerimonia, toda a decoração, cada detalhe deve ser muito bem... - Alice começava a divagar, e Esme agora ria e concordava para tudo o que a filha dizia, os lábios agora soltos em um sorriso. Ela se levantou para sentar ao lado de Bella, assim como Alice que afastou o prato de biscoitos, sem antes deixar de pegar um, e se sentar em seu lugar, sobre a mesa de centro, em frente as duas.

Não tinha como não sorrir também, Bella pensou, afinal era o seu casamento com Edward, e ela queria que tudo fosse perfeito, mesmo que o perfeito dela fosse muito diferente do que Alice podia pensar e do que aquele mundo poderia lhe oferecer.

Ela só sabia que Edward queria se casar o quanto antes, e para ela estava tudo bem.

Ela só queria a felicidade dele, e sabia que com isso, seria feliz também. Aquela era a sua única certeza e devia bastar.

***

Aquele não era o primeiro copo de uísque que Edward tomava naquela noite, quando ele se levantou e se afastou de toda aquelas histórias que obviamente era uma tentativa involuntária da sua mãe para entreter Isabella, e Edward não poderia culpá-la, porque ele mesmo não sentia a necessidade de calar o silêncio com cada história que pudesse ser capaz de preenchê-lo.

O fato é que tudo estava correndo bem. Ele fez o papel de bom filho, aquele que puxava a cadeira para a mãe se sentar, passava direto por uma Alice divertida esperando que ele fizesse a mesma gentileza, mas puxando a cadeira para a sua futura esposa.

Futura esposa.

Era muito fácil se acostumar com aquelas palavras.

Ele não tinha vindo até ali há bastante tempo e estava tendo todo aquele trabalho para pedir a bênção dos pais, como um dia tinha feito. Também não sentia vontade de aproximá-los.

O que Edward realmente queria tinha haver com poder. Única e exclusivamente poder.

Ele não só queria mostrar para Bella o que acharia que estaria ganhando ao se casar com ele, como também queria mostrar para os pais que tinha conseguido e que dessa vez daria certo. Não tinha como ser o contrario, ele sorriu consigo mesmo enquanto levava o copo de uísque até os lábios.

Carlisle vinha a seu encontro, com uma das mãos no bolso da sua calça que usava e a outra que segurava um copo vazio que ele pousou sobre a mesa atrás de Edward.

— Eu não sei o que você pretende com aquela moça Edward, mas eu espero que não seja tarde demais para se arrepender.

Edward continuava olhando a cena que se desenrolava na sala, com Esme e Alice conversando com Isabella, deixando-a a vontade. Ele podia ver o sorriso que se formava no canto da sua boca todas as vezes que seus olhos se encontravam.

O que elas estavam falando?

Edward sorveu mais um gole do seu uísque e apertou os olhos para o gosto do líquido amargo acariciando a sua garganta.

Ele não se importava.

— Você sabe que eu não sei do que você está falando, não é? - em nenhum momento ele parou para olhar a expressão do pai.

Carlisle sabia que tinha alguma coisa muito errada e isso não queria dizer que ele não tinha gostado da moça. Isabella parecia ser uma boa moça, e era isso que o preocupava. Desde o dia em que ela o recebeu no escritório da Cullen Enterprise, no mesmo dia que Edward tinha se recusado a falar com ele. Ele sabia que podia ser o momento de conhecer aquela moça que Alice tanto falava, como se fosse a salvação de Edward. Ele só precisava de uma desculpa, mas seu filho não quis recebê-lo.

Edward estava negando que tinha algum plano, e Carlisle temia que isso pudesse ferir uma inocente. Ele não sabia o que estava fazendo, sabia?

Como pai ele tinha que acreditar, dar um voto de confiança para o filho. Talvez Alice pudesse estar certa e aquela fosse a mulher certa para Edward, a mulher de verdade que o faria ver o verdadeiro amor e amar de verdade.

Seu coração de pai estava apertado, ele nunca poderia ajudar Edward a voltar a ser quem um dia ele tinha sido e que por causa de Katherine ele tinha se perdido. Então, Carlisle deu um passo a frente antes de se voltar para o filho, ficando a sua frente colocou a mão sobre o ombro dele.

— Ela é a mulher certa para a sua vida. Eu só não sei se você é mesmo o homem certo para a vida dela.

Carlisle se afastou conseguindo esculpir um sorriso sobre o seu pesar enquanto caminhava de volta para a sala, se sentando na poltrona vazia depois que Esme foi se sentar perto de Bella e Alice. Ele precisava dar um voto de confiança para o filho que já tinha sofrido tanto, e não podia mais deixar que Esme percebesse a sua inquietude do momento.

Enquanto Edward continuava parado, olhando a cena a sua frente a raiva lhe subiu a cabeça. As palavras idiotas de seu pai só tinha servido para lhe irritar mais.

O copo vazio na sua mão estava quase cedendo ao seu aperto quando ele desistiu e o largou sobre o aparador com a bandeja e as bebidas.

Ele tinha que sair dali. Agora.

***

 Você é o que Edward precisa - Bella não entendia porquê Esme disse aquilo.

Edward se sentou ao seu lado depois de ter bebido um pouco mais e sussurrou em seu ouvido que precisavam ir.

Bella ficou um pouco surpresa. Esme e Alice ainda falavam das imensas lojas que elas poderiam visitar em Londres. E tudo indicava que Edward não tinha percebido que elas falavam do vestido de noiva.

— Nós podíamos marcar um final de semana - Alice continuava a falar, empolgada, como se não se desse conta da presença do irmão.

Aquele tinha sido um ótimo momento para eles se despedirem. Existiam muitas lojas de vestidos de noiva em Nova York. Mais uma vez a revista dos famosos da sua mãe tinha vindo a sua mente.

Talvez Alice ficasse feliz com algumas boas referências. Será que Charlie enviaria as revistas que Bella sabia que estavam em algum lugar no armário sob a escada?

Eles já estavam no carro, a caminho da casa de Edward - o que era estranho porque Edward não tinha perguntado o que ela preferia. Sua casa ou a dele.

Ele estava calado demais, mas correspondia a todos os seus incentivos e beijos. Mas algo estava incomodando Bella durante todo o caminho, ainda mais do que a pressa em Edward deixar a casa dos pais.

Todos pareciam esperar por aquilo, menos Esme que conseguiu disfarçar por alguns segundos o seu desconforto.

Já era mais de meia noite, os presentes já tinham sido abertos quando se despediram e quando ela disse aquilo, na voz mais doce e sincera possível, a voz de uma mãe esperançosa.

— Você é o que Edward precisa.

Somente para que Bella ouvisse.

Não seria o contrário? Bella pensou no mesmo segundo que sorriu para a mãe de Edward e se despediu, agradecendo a todos pela noite e pelos presentes - ela nunca tinha ganhado tantas coisas, afinal só era ela e os pais. O pessoal da reserva não tinha costume de trocar presentes, algo que Bella sempre concordou.

E algo que não poderia fazer sentido para aquela família. Edward tinha encomendado uma coleção inteira dos livros das irmãs Brontë. Bella não sabia o que faria quando esses livros chegassem. No apartamento ela não tinha espaço nem para os poucos livros que tinha trazido com ela para Nova York.

A noite continuava fria lá fora e a neve se acumulava pelas ruas, em direção a casa de Edward.

Bella se lembrava da primeira vez que esteve ali. De todas elas, e não conseguia deixar de se deslumbrar um pouco mais, todas as vezes.

A casa era tão iluminada, talvez fosse menor do que a dos pais de Edward, mas ainda assim era grande.

Diferente da mansão da família Cullen, a mansão de Edward não estava decorada para o natal. Ele preferia assim, e Bella não questionaria. A casa era dele, e dizia muito mais sobre ele mesmo. Os tons de branco e amadeirado da decoração. Os vidros que circundavam cada perímetro da casa no estilo modernista um com pé direito oponente. Do lado de fora apenas alguns arbustos com iluminação e um imenso espaço para piscina aos fundos da mansão, onde Bella, sempre que estava ali apenas observava o movimento lento da água espelhada.

Aquela noite poderia ser igual a todas as outras, mas ainda assim diferente de uma forma que Bella não saberia explicar.

Naquela noite eles estariam na casa de Edward. Rodeados por toda aquela luxuosa decoração, pelos presentes que ambos ganharam e apenas Bella queria que valesse mais do que todas aquelas roupas e joias. Ou até mesmo que valesse mais dos que os seus livros que ela realmente tinha gostado. O amor deles.

Quando eles passaram pela porta do quarto, Bella fechou os olhos e pediu silenciosamente que aquilo não fosse um conto de fadas do qual ela mesma tivesse fantasiado. Que tivesse feito a decisão certa. E que juntos pudessem ser felizes mesmo que fosse naquela imensa mansão que para Bella não dizia nada.

Ela sentiu quando Edward se aproximou e sussurrou algo que ela não pôde compreender contra o seu pescoço, beijando e acariciando enquanto a conduzia até a cama.

Se Edward realmente quisesse ir embora ele já não teria ido? Ela não conseguia silenciar seus pensamentos porque ele já tinha provado de todas as formas humanamente possíveis como a amava e não iria embora. E uma prova disso era que Bella sempre arrumava algo para afastá-lo, um motivo seja ele qual fosse, e ainda assim a única resposta dele era:

— Eu te amo.

Bella sussurrou contra os lábios ágeis de um Edward que parecia absorto em seus próprios pensamentos enquanto a deitava na grande cama, naquele quarto iluminado apenas pelos abajures, e tirava a sua roupa com uma facilidade inumana.

Ele não parecia ter entendido o que ela disse. Seus olhos estavam tão mais escuros, quase que extasiados.

Cada milímetro que ele ia descobrindo, ou redescobrindo do corpo de Bella era capaz de lhe tirar gemidos que Bella tentava abafar quando ele a incentivava a continuar, a se soltar.

Aquela havia sido a primeira vez que Bella sentiu Edward tão distante. O cheiro de uísque era forte, mas ela queria aquilo tanto quanto ele. Então deixou que fosse doloroso tanto quanto foi, e não o afastou nenhuma vez. Juntos, seus gemidos eram de prazer, mas também tinham um desespero que Bella achou que poderia arrancar com as próprias mãos.

— Venha morar comigo - as palavras de Edward pareciam desconexas e distantes, e quando vinham a sua cabeça pareciam ter sido ditas a uma eternidade atrás.

Bella não respondeu. Ele também não tinha respondido ao seu eu te amo. Os ânimos estavam a níveis desconhecidos por ela aquela altura, e quando Bella sentiu a pressão em seu baixo ventre ela soube que não precisaria responder nada. Edward não precisava da sua resposta, tanto quanto Bella precisava da dele.

Sentindo aquelas oscilações de pressão, o impacto sobre a cama, o peito nu dele, quando mal tinha sido capaz de tirar as calças, sobre o seu fez Bella esquecer por um segundo das suas incertezas.

Quando Edward caiu ao se lado, ainda com os braços ao seu redor e sentindo a respiração quente e lenta dele em seu pescoço, Bella encarou o anel em seu dedo que dificilmente se via capaz de tirá-lo do seu dedo, até mesmo nas atividades mais simples como lavar a louça era algo difícil. Aquele anel já era capaz de dizer tantas coisas. Coisas que Bella não sabia que queria também. Mas a verdade era que ela queria tudo com Edward, até mesmo acordar todos os dias com ele ao seu lado. Tudo.

***

Ele estava impaciente e quase colocaria tudo a perder por causa do que o seu pai havia dito.

Ele não devia se meter na sua vida.

Como se aquilo realmente importasse.

Ser ou não o melhor para a sua futura esposa não queria dizer nada. O mundo estava cheio de benfeitores preocupados com os outros. Edward Cullen estava apenas mostrando como era viver de verdade, como a vida realmente era.

Dura, cruel e imperdoável.

As pessoas que faziam parte dela também podiam ser. E ainda pior, ele pensou.

— Filho, você pode superar isso.

Sua mãe estava errada quando disse aquilo. Todos estavam quando achavam que podiam se meter na sua vida.

Alguns momentos deviam ser apagadas da sua memória. Algumas pessoas tinham a noção de que nem sempre tinham o que queriam, e o que achavam ser o melhor para as suas vidas, porque esse melhor nem sempre lhes trazia certezas. Certezas de uma vida feliz.

Assim era a maior verdade que Edward tinha. A de que não importava as certezas de uma vida feliz, quando os seus erros passados gritavam a plenos pulmões. O que realmente importava para ele era como alcançar os seus objetivos, já que o que ele defendia ser o melhor era a sua única verdade, a vida real, não importasse as consequências.

Por isso a sua mãe estava errada quando disse aquilo. Todos estavam quando queriam se intrometer na sua própria vida e achar que sabiam o que estavam falando, como se eles realmente já tivessem passado pelo o ele passava todos os dias quando se lembrava da dor de ser enganado. Ele não podia superar, nunca. As lembranças, as malditas lembranças de Katherine nunca o deixaria em paz, nunca o deixaria seguir em frente.

Quando um homem se apaixona pela mulher errada que destrói sua vida no processo e quando descobre que foi enganado durante um longo tempo, você deve reagir.

Seus erros seriam consertados. A doce Bella já estava na sua mão e algumas coisas não poderiam voltar atrás.

O que ele estava fazendo, tudo o que estava fazendo para conseguir Isabella fazia parte da única herança que Katherine May tinha lhe deixado e que tinha aprendido durante os agressivos anos que estiveram casados. Ele amaldiçoava o maldito dia que tinha conhecido aquela mulher.

Mas ele mudaria o jogo. E não faltaria muito para isso.

Se ter se apaixonado tinha sido a sua ruína, a sua destruição, isso também não seria difícil de acontecer para quem lhe cruzasse o caminho. Nenhuma mulher voltaria a enganá-lo, porque ele nunca voltaria a se apaixonar e Edward estava ligeiramente surpreso com os avanços que tinha conseguido com aquela linda Bella que tinha cruzado o seu caminho.

A sua inocência o satisfazia. Nunca foi tão fácil manipular alguém, para moldá-la a sua forma.

Katherine mentia, manipulava e dilacerava tudo a sua frente, fingindo ser o que não era enquanto moldava aquele Edward, como uma massinha de modelar nas mãos dela, até que ele tivesse perdido tudo e a todos. Ele era a sua massinha que passava de uma mão para outra, e embora ele tenha demorado muito para perceber e tenha sido um pouco tarde demais e sem possibilidade de voltar atrás, não existiam arrependimentos. E não existiriam agora.

Porque agora era diferente, ele tinha a sua própria massinha para modelar. Como uma criança que podia ter tudo o que quisesse ele brincaria e se divertiria muito.

Não existiam limites para um ser como Edward Cullen.

Ele estava certo desde o começo - não que ele não soubesse disso -, a fragilidade de Isabella era a sua maior aliada.

Ele sempre conseguiria o que quisesse mesmo que isso significasse passar por cima de tudo.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Não me matem... Aqui é um história cronológica, com lembranças e desenvolvimento de personagens... Não falta muito até a segunda fase #capítulo33 (já tenho 2 capítulos prontinhos dela).

Gostaram da família Cullen? Eles estão sendo justos com a Bella?

Quero que me digam se gostariam de receber Spoliers dos próximos capítulos.
Não sei vocês, mas eu AMO Spoilers kkk

Mandei mensagem para algumas pessoas pedindo o e-mail para que eu pudesse enviar, mas não sei porque não consegui mandar para outras. Algumas outras eu apenas comentei a ideia do Spoiler, mas ainda está de pé de qualquer forma, só preciso que me enviem o e-mail...

8 reviews demais 116 pessoas acompanhando...

Comentem bastante que a pessoa aqui (diferente de vocês kk) não vai viajar, ficarei em casa... Querem ou não essa segunda fase antes de 2019?

Um grande beeijo para vocês, um ótimo Natal!
Desejo que 2019 seja um ano de mudanças felizes, de Paz e Amor para todas (os) nós.

Muito obrigada por estarem aqui ;)