Mistakes escrita por Niina Cullen


Capítulo 28
Capítulo VINTE E SETE


Notas iniciais do capítulo

Não tem como não agradecer aos comentários do capítulo passado.
Obrigada à vocês que estão comigo! :*

Só posso dizer que antes dessa nova fase começar eu preciso contextualizá-los mais. Trazer mais cenas entre a família do Edward e tal. Então aguentem firme kk e apertem os dedinhos e comentem muito. Ainda temos a presença de fantasminhas e eu queria saber o que eles estão achando.

O meu muito obrigada a L C Muller, você sabe o que fez, e quem veio por ela, por favor dá um oizinho para que eu saiba quem são vocês *-* L C Muller me passa seu tt :***



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Capítulo 
VINTE E SETE

— Você sabe que Forks é logo ali, não sabe?

As pessoas próximas a sala de embarque já começavam a caminhar em direção ao portão que as vozes dos autos falantes indicavam. Era o voo de Charlie até Seattle. De lá Billy estaria o esperando para levá-lo para casa. Casa.

Aquela simples palavra um dia significou algo para Bella, que hoje, era verdade, não sentia saudades. Forks agora era apenas a cidade pequena e chuvosa que ela tinha nascido e onde tinha sido sim feliz, durante um tempo.

Ali, naquele aeroporto, com as pessoas se encaminhando para seus próprios destinos, Bella tinha uma única certeza: sentiria saudades do seu pai.

Pai e filha estavam um de frente para o outro, com a distância de um braço entre os dois e não haviam trocado muitas palavras desde que entraram no táxi quando o homem de inglês enrolado e simpático fechou o porta malas com a última bagagem de Charlie até aquele momento.

O mesmo ainda esperava uma resposta, quando levemente inclinou a cabeça para o lado.

Com aquilo, que Bella não pôde responder, Charlie queria dizer que se ela quisesse voltar, ele estaria esperando por ela. Aquela sempre seria a sua casa.

Seus braços foram mais rápidos do que os dele quando o abraçou, mas não mais do que as suas lágrimas que já transbordavam dos seus olhos, lavando o seu rosto.

— Me desculpe - ela sussurrou conta os braços de Charlie. Ainda eram os mesmos braços que a seguravam quando ela vinha correndo até ele quando saia da escola e ele a estava esperando, ainda eram os mesmos braços que a seguravam quando ela caía, e agora ele estava indo embora. Aquela sensação de perda, de vazio, quase poderia ser comparada a perda da mãe. A diferença era que Charlie estava vivo.

— Eu já não tenho mais nada que me prenda aqui - Charlie sussurrou apoiando o queijo sobre a sua cabeça. Bella se lembrava dele ter dito exatamente aquilo quando disse que iria com ela para Nova York.

Naquela época ele defendia isso dizendo que não queria deixá-la sozinha. E agora ele repetia as mesmas palavras. Mas estava indo embora.

— Essa é a sua escolha - ele disse. - Eu precisei trocar de coração para entender que eu preciso deixar você caminhar com as suas próprias pernas, como sempre foi. Você nunca aceitou muito bem que as pessoas se intrometessem na sua vida.

Silêncio, passos apressados e rodinhas de malas se arrastavam sobre o chão do aeroporto rumo aos seus destinos, e a voz anunciando o portão de embarque para o voo de Seattle fazia a sua última chamada.

Bella não se reconhecia mais nas palavras do seu pai. Aquela pessoa que ele descrevia não parecia ser ela. Ela não se reconhecia.

Bella não gostava da pessoa que havia se tornado. Insegura com uma propensão absurda de se menosprezar nos pequenos e grandes detalhes que a fazia pensar que não era boa o suficiente. Com isso ela só estava alimentando o poder de Edward sobre ela, e o pior era que ela nem ao menos se dava conta disso.

Não é o amor que nos cega. Ele é puro e verdadeiro para as pessoas certas. O que cega são os medos que cultivamos e levamos com a gente, para sempre.

— Se cuida minha Bells.

O beijo que Charlie deixou em sua testa doeu com a sua despedida. Ele tinha apenas os documentos na mão, e a bengala na outra quando se virou em direção ao portão. As malas já tinham sido despachadas.

Charlie se voltou para a filha uma última vez e as lágrimas ardiam enquanto escorriam pelo seu rosto com mais intensidade.

Ela permaneceu lá até que a área, antes cheia, estivesse apenas com algumas pessoas que passavam por ali, rumo aos seus portões de embarques ou as saídas do aeroporto JKF, quando Bella sentiu o pesar levá-la até o chão, sem que ela estivesse mesmo nele. Era apenas uma metáfora, uma que podia traduzir bem o seu estado naquele momento.

Ela queria sim a liberdade de poder caminhar com as suas próprias pernas, afinal era isso o que ela queria quando soube que precisava trabalhar e que para isso a faculdade em Seattle já não podia mais ser o seu objetivo, a sua maior preocupação, não quando Charlie precisava da sua ajuda. Ele nunca tinha cobrado nada dela, mas ela veio para Nova York, e sabia que não teria mesmo vindo sozinha, não para deixar o seu pai em depressão sozinho. Não quando ele mais precisava dela. Mas talvez Charlie tivesse ficado bem lá, sem ela.

Caminhar com as suas próprias pernas.

Era Bella que estava deixando o pai fazer aquilo, pois ela não sabia mais como poderia. Até então ela achava que soubesse.

Algumas coisas mudam. Algumas coisas saem do nosso controle. E algumas, machucam, deixam feridas expostas que podiam nunca se fechar.

Mas outras ainda podem superá-las e nos ajudar a superar as perdas.

Bella caminhou rumo a saída do saguão de embarque, e através das portas de vidro automáticas ela viu todo aquele cinza e branco das ruas. Algumas pessoas entravam e saiam as pressas em seus casacos pesados para os táxis ali disponíveis. Apesar do clima e do gelo no asfalto ainda era seguro andar de carro por Nova York, o que não se poderia dizer nos próximos dias. O tempo parecia que iria piorar vindo do norte para os outros estados de todo o país, fazendo com que Bella apertasse bem o sobretudo que tinha ganhado de Edward naquele dia no hospital quando ela ainda esperava que o pai despertasse, e saiu em direção a rua. Quando ela passou pelas portas já ia em direção ao táxi quando o viu. A primeira coisa antes, depois de todo aquele cinza e branco das ruas, foi ele. Que chamava o seu nome.

— Bella - ele acenava e corria em sua direção, como se sempre fizesse isso. Como se não lhe faltasse fôlego.

Bella nunca tinha percebido como Edward mantinha a forma. Usava um óculos de sol que talvez protegesse de todo aquele vento nos olhos que ela estava recebendo, e enquanto corria e desviava das pessoas o seu cabelo se movimentava suavemente. A camiseta de linho social que usava por baixo de um sobretudo desabotoado. Ele estava sem gravata e no lugar um cachecol.

Quando ele parou a sua frente, e nada ofegante, ele sorriu e foi quando tirou os óculos escuros. Os verdes enigmáticos dos seus olhos fazia com Bella esquecesse um pouco de como respirar, quando, num ímpeto, ela ficou na ponta dos pés e se esticou para colar seus lábios aos dele, ela não sabia mais o que era vazio. Ela nunca mais queria saber o que era aquilo.

Edward estava ali, e pronto para curar todas as suas feridas. Ele era a melhor coisa que tinha lhe acontecido em tanto tempo, e ela podia não saber como ele foi se interessar por ela, mas algumas coisas não tinham explicação, assim como o fato de Edward ainda estar sorrindo depois que separaram os lábios. Agora ambos sem fôlego, quando Bella apoiou o seu rosto sobre o peito dele.

***

— Você sabe que um dia ela vai trazer um namoradinho pra gente conhecer, não sabe?

Charlie estava ao lado da esposa na pia, enquanto Renée secava o que ele passava para ela, ele ensaboava e enxaguava logo em seguida a louça. Eles estavam indo bem, Duran Duran tocava ao fundo, vindo do rádio de pilha que estava pousado sobre a bancada da cozinha atrás deles, até que ela precisou tocar naquele assunto.

— Os filhos não deveriam crescer.

Ele sentiu quando Renée o acertou com o cotovelo bem nas costelas, de lado. Ela tinha uma boa mira de esquerda que faria qualquer um dos caras da delegacia venerar a sua linda esposa. Ele riu um pouco quando tentou desviar, tinha dito aquilo um pouco alto, o suficiente para que ela ouvisse, por isso a cotovelada.

— Ela nunca vai deixar de ser nossa filha por isso - ela riu, colocando o prato que tinha acabado de secar na pilha. Aquela era a segunda vez só naquela semana que a máquina de secar quebrava. E ela não tinha reclamado. Charlie tinha que admitir que gostava daquilo, ele ainda não tinha comprado a peça que tinha quebrado e que precisava ser substituída por uma nova, talvez quando o inverno começasse ele se apressasse em resolver isso, senão sobraria para ele. - Como eu estava dizendo, ela vai se casar, ter seus próprios filhos, e tudo bem com isso. Não devíamos ser pais tão protetores.

Ele sabia que Renée estava se referindo a ele somente. Então ele terminou de enxaguar o último copo e passou para ela, quando se virou e apoiou as costas na pia. Renée também terminou de secar o último copo e passou um pano de prato seco para que Charlie pudesse secar as mãos. Se juntando a ele, ela continuou rindo.

— Sou mesmo protetor - ele resmungou e devolveu o pano de prato e cruzou os braços no peito. - Esses garotos podem quebrar o coração da nossa filha e pra você tudo bem.

Charlie não olhava para os grandes olhos chocolates da sua esposa, senão ele teria visto como Renée não acreditava realmente que ele estava dizendo aquilo. Era apenas a idade mental avançada dele, conservadora falando mais alto.

— Charlie, esses garotos podem até quebrar o coração da nossa Bella, mas isso vai ensiná-la. E outra, Isabella é muito mais racional do que nós dois juntos. Se isso acontecer ela saberá como juntar os cacos, e nós estaremos aqui.

Quando Charlie não falou nada, Renée se posicionou a frente do marido e esperou que ele tirasse aquela cara de emburrado exagerada do rosto.

— Sim - ele respondeu a pergunta implícita.

Charlie só não esperava que Renée não estaria mais ali para ajudá-lo a ser o melhor pai que pudesse ser quando a sua Bells precisasse. Ela não estaria mais ali para cumprir com a promessa que ele devia honrar.

Cuidar da única filha.

Ele estava sozinho e deixando com que a própria filha fizesse as suas próprias escolhas. Ele não interferiria mais nelas. Porque ele se recusava a acreditar que seu grande amor não estivesse acompanhando tudo, onde quer que estivesse. Ele só esperava que ela não estivesse muito zangada com a sua própria decisão.

Semanas tinham se passado até que esse dia chegasse. O dia que Charlie realmente soubesse que só existia um único lugar onde ele mais queria estar - e não era, nem nunca seria Nova York. Vir para aquela cidade era o jeito que ele encontrou de cuidar de Bella, mesma que no caso ela estivesse cuidando mais dele. Ele tinha sido um empecilho na sua vida.

Uma decisão que naquela época pareceu a mais sensata, hoje ele pensava que não tinha dado muito certo.

Mais cedo, antes de saírem, ele tomou seu remédio e logo em seguida empurrou com a água, pensando que aquele quarto, aquele apartamento, nada daquilo era dele, nem de sua filha. Mas ela já tinha feito a sua escolha.

Existia algo em Edward que Charlie não conseguia explicar. Era um homem que não lhe transmitia segurança. Ele estava deixando a sua filha com o leão ou com um cordeiro. Edward poderia ser um dos dois animais? Qual, se é que era possível ficar tranquilo com qualquer que fosse. E agora aquele anel.

A discussão com Bella tinha sido difícil, ele via como depois de tudo Bella ainda carregava o sentimento de culpa. Mas as palavras dela ainda chacoalhavam os seus pensamentos

— Me ouça - ele tinha pedido. - Ele não serve pra você.

— Eu escolho quem serve para mim - foi a resposta de Bella, afiada e desafiadora. Ela estava sofrendo, ele estava sofrendo e tinha provocado outro enfarto, e dessa vez o coração tinha que sair de jogo para entrar em outro. Ele sabia que o dinheiro daquele homem tinha sido usado. Ele estava cheio daquele dinheiro, mas de um coração de uma pessoa que um dia existiu.

E aquele anel, só dizia para Charlie que ele não tinha nada para fazer ali. Ele estava enganado.

Agora era a vez da sua Bella.

Ele só queria que ela pudesse pedir ajuda - Deus, que ele estivesse errado, e que Bella nunca precisasse. A irmã daquele Edward - que tinha visto no hospital - parecia ser alguém do bem que pudesse estar na sua vida.

Por mais que lhe doesse, ele tinha sido capaz e dispensado qualquer informação sobre o casamento. Apenas sabia o que era óbvio: que ainda não tinha uma data.

Qual pai não estaria feliz com isso? Com a possibilidade de ver a sua única filha se casando?

Edward Cullen tinha esperado o momento propício para fincar aquele anel caro no dedo de Bella, e uma data seria apenas uma data quando ele já tinha conseguido o que queria.

Existia algo naquele homem.

Charlie tinha se enganado quando achou que Bella precisava dele ao lado dela, em uma cidade que nenhum dos dois conheciam. Charlie queria cuidar da sua filha, como não conseguiu cuidar de Renée, da mulher que amava. Ele tinha falhado com Renée, e na tentativa desesperada de não falhar com a filha ele talvez tenha cometido um dos maiores erros.

Charlie estaria longe. Porque tudo o que realmente precisava e queria, esse tempo todo, era a sua própria casa, o seu próprio quarto, a sua própria cama. De sua Renée.

Amigos já o esperavam, Billy tinha se contido demais quando Charlie ligou, e ele sabia que logo todos os companheiros de pesca saberiam. As cervejas estavam suspensas. Charlie definitivamente não sentiria falta das quentes que Billy fazia questão de servir para todos nos dias de pesca ou de jogos na reserva quando ele esquecia de colocá-las no congelador.

Charlie estava decidido, e ele tinha demorado muito pra entender que a sua Bells, aquela mesma garotinha que resmungava todas as vezes que tinha que acompanhá-lo nas pescas aos domingos de jogos tinha crescido, e com ela as responsabilidades tinham se multiplicado. Com a morte da mãe ela já tinha desistido de tantas coisas, e ele só estava atrapalhando o destino que ela estava seguindo e traçando para a sua própria vida. As coisas podiam mudar, apenas com uma mudança de escolhas mal pensadas.

Charlie sabia que precisava deixar a sua Bells crescer longe dele. E mesmo que ele não conseguisse deixar de se sentir incomodado com aquele homem, Bella tinha feito a sua escolha. E para o bem ou para o mal, ele esperava que ela soubesse que teria o pai sempre para confortá-la. Até onde pudesse, até onde aquele novo coração pudesse deixá-lo viver. Ele podia ser turrão demais para agradecer aquele homem, mas ele esperava que Isabella pudesse vir até ele quando mais precisasse. Ele precisava ser o porto seguro dela quando o mundo viesse a ruir aos seus pés.

Então Charlie seguiu para o portão de embarque, sem querer olhar para trás e ver a sua filha tão perdida. Ele queria que ela pudesse ser forte, e que nada mais pudesse machucá-la, que a sua decisão de voltar para Forks pudesse ser o melhor. Alguns pedidos podiam parecer insanos, assim como algumas atitudes.

Mas Bella já não era mais a sua garotinha que sempre batia o pé em prol das suas próprias escolhas, agora era uma mulher que podia lutar por elas, sozinha. 

Aquele novo coração que batia no seu peito devia servir para alguma coisa quando fosse a hora certa. Mas não agora. Ele não podia impedir o que aconteceria, mas ele sabia que a felicidade da sua única filha dependia exclusivamente dela.


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Notas finais do capítulo

Sinto um aperto no coração toda a vez que Renée está em algum capítulo da história :'| Faço isso para que vcs entendam melhor a relação dessa família que se quebrou após a perda dela.

Espero que entendam o lado de Charlie. Ele nunca devia ter deixado Forks, mas também não podia deixar a sua filha sozinha. Agora ele sabe que Bella precisa andar com seus próprios pés, como ela sempre fez. Mas o que ele teme é que alguém a impeça de fazer isso.

Agora Edward tem o que quis desde o começo. Bella está sozinha. Mas será mesmo? Faz tempo que Alice não dá as caras por aqui. Prometo recompensá-las (os). Ou tentar rs.

Um capítulo por mês até agora. Ainda está de pé. Se tivermos uma quantidade considerada para os número de pessoas que acompanham Mistakes, 101 pessoas até agora, então trarei mais um capítulo.

Estou cumprindo todos os prazos!!! :) e posso ADIANTÁ-LOS!!!