Mistakes escrita por Niina Cullen


Capítulo 27
Capítulo VINTE E SEIS


Notas iniciais do capítulo

Orgulhosa. Porque já temos capítulos até o 31... Faltando revisão, claro... E estabeleci meta a cada um mês um capítulo novo, podendo ser 2 dependendo da participação de vocês.

Obrigada pelos comentários no capítulo anterior. Isso mostra que está valendo a pena e que falhei muitas vezes com vocês, com Mistakes, mas não quero mais errar (uma conotação aí rs).

Vamos ler, por que esse capítulo... é tudo o que Edward Cullen quer.



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As próximas semanas que se seguiram após o transplante de Charlie podiam ser facilmente resumidas como distantes.

Da UTI para o quarto do hospital não demorou muito até que Charlie tivesse alta. Bella pôde perceber naqueles dias que o humor de seu pai tinha melhorado consideravelmente com a sua liberação do hospital, mas não com todos os cuidados que eles deveriam ter. 

Ele não escondia que odiava hospitais, nem mesmo das enfeiras que desenvolveram um nível de paciência que seria invejado até pelas Monjas dos Alpes - Bella não sabia mesmo se existiam Monjas lá.

Ele não tinha sido fácil, tendo em vista os resmungões e a falta de vontade de conversar nos dias de visita. Ele ainda continuava reclamando, mesmo depois que o Doutor King assinou a alta, para que ele se recuperasse em casa. Não sem antes reforçar os novos remédios que Charlie tomaria. Seu novo coração não podia ser rejeitado pelo organismo.

Bella achava que não podia existir coisa pior. Mas ainda assim, apesar de todos os seus temores, seu pai tinha sobrevivido. E isso graças a generosidade de uma família e a Edward.

— Eu não tive a chance de recusar o dinheiro daquele... - Charlie estava mexendo de um lado para o outro a sopa pastosa que a enfeira do turno da manhã tinha deixado antes de sair quando ele falou aquilo.

Bella estava deitada na poltrona reclinável no canto do quarto. Isso tinha sido logo depois da alta, Charlie ainda sairia naquele mesmo dia.

— Esses remédios, você compre com o meu dinheiro.

Era o máximo que ele conseguia se referir ao homem que ela amava. E não era com palavras de agradecimento.

Bella não falou nada. Não podia. Naquele momento o silêncio era a melhor opção.

Ela não podia esperar mais do seu pai, podia?

Charlie já estava de volta ao apartamento da Haven Avenue e apesar de todo o seu entusiamo de sair do hospital, ele ainda continuava distante.  

Se não era a péssima comida do hospital, era o fato de que ele não podia soltar um espirro sem que Bella corresse até o seu quarto para verificá-lo, ou ainda quando ele recusou veementemente a ajuda de uma enfermeira para tomar banho nas primeiras semanas de reabilitação.

De fato ele acabou sedendo mais tarde.  Ainda assim não era a teimosia de Charlie que estava preocupando Bella.

Com toda a distancia que o pai tinha colocado entre eles, Bella só conseguia pensar que ele poderia estar punindo-a, de alguma forma. E algo continuava a incomodá-la durante os dias que seguiram.

Com as férias antecipadas, ela pôde cuidar e acompanhar toda a recuperação de Charlie bem de perto. Edward tinha dado todo o apoio e dito que ela tinha todo o direito de estar com o pai. A empresa daria um jeito de ficar bem sem ela. 

— Eu só não tenho certeza quanto a mim - ele tinha dado um sorriso torto para ela,  o mesmo que ela era capaz de fazê-la esquecer de tudo. Ele tinha interrompido todos os seus argumentos contra a decisão que ele já tinha tomado. Não havia nada que ela pudesse fazer umas vez que o seu chefe já tinha cuidado de tudo. 

Sem dúvida Edward tinha sido fundamental durante aquele período. Nas vezes que Bella ligava para ele de madrugada sem se dar conta de que ele poderia estar exausto - era o único momento que eles poderiam ter a sós. Mas ele ainda assim atendia como se não pudesse ter ansiado mais por aqueles minutos de conversa durante todo o dia quanto ela. 

Sem falar sobre o anel ou o que aquilo podia implicar, Bella decidiu se manter em silêncio, e mesmo antes de que Charlie pudesse ter visto, ela sabia que não seria capaz de esconder, mas queria ter tido tempo para prepará-lo. Mas como ela podia prepará-lo, quando nem ela mesma teve esse tempo para se preparar com a realidade.O anel continuava em seu dedo, ela não poderia magoar Edward daquele jeito, mesmo que ele não visse, ela sabia que aquela era a forma de fazer Charlie aceitar pelo menos. 

Ela não podia forçar uma escolha que tinha sido sua, mas não tinha como ela não esperar que ele pudesse estar feliz por ela. Ela não sabia como seriam as coisas daqui para frente, mas com toda a certeza Charlie nunca a levaria ao altar - aquilo machucava tanto quanto o peso da culpa por ter sido tão dura e por Charlie ter sofrido aquele ataque depois dela ter dito aquelas coisas para ele.

Bella só não esperava pelo o que viria em seguida. 

Charlie estava se escondendo por trás de toda aquela insatisfação, e foi quando Bella soube o que ele estava planejando. Ela não poderia desconfiar, mas quando voltou para casa, logo no primeiro dia depois da sua volta para a Cullen Enterprise, ela soube e Charlie estava pronto para contar a decisão dele.

Ele estava indo embora.

Ela queria muito que o pai pudesse fazer parte daquela nova história que estava sendo construída. Mas Charlie tinha decidido que o melhor seria ficar longe dela, quando finalmente a filha estava feliz, como a muito não estivera. Não importava que as suas promessas tinham sido quebradas no instante que ela tinha tomado a decisão de deixar para trás o curso de psicologia, ainda no começo. Bella nunca esteve mais feliz, mas Charlie não era capaz de ver aquilo.

Ele iria embora e mais uma vez, tudo o que Bella podia e conseguia pensar, era que ela tinha sido uma péssima filha.

***

— Isabella, Isabella? - a voz do outro lado da linha chamava pelo seu nome. A voz era forte e foi capaz de despertá-la da letargia. Seus pensamentos estavam um pouco longe demais. - Está me ouvindo? - Edward perguntou quando ela não respondeu.

— Sim - foi tudo o que ela pôde dizer, passando a mão pelos olhos úmidos. Estava chorando mais uma vez. 

Tudo tinha sido tão rápido. O voo sairia de Nova York em 1 hora, e o trânsito estava bom e não demoraria para o táxi que Bella tinha chamado chegasse. As malas já estavam próximas à porta.

— Eu vou para aí, me esp...

— Não Edward, eu estou bem - ela o interrompeu. - Eu vou ficar bem.

Eles estavam no telefone há pouco mais de 20 minutos, quando Bella decidiu que precisava ligar para ele, ou enlouqueceria. Não tinha mais ninguém com quem ela queria falar naquele momento. Talvez com Alice, elas tinham se tornado grandes amigas e Bella ainda não conseguia entender como aquilo tinha acontecido. Talvez tivesse sido quando elas se conheceram no escritório, quando Alice trazia tristeza aos olhos e Bella queria ajudá-la quando as portas do elevador se fecharam, ou no café, ou ainda naquele hospital, quando ela chegou com roupas novas, shampoo e tantos cremes que até hoje Bella não descobriu para que raios serviam.

Edward tinha se justificado aquele dia dizendo que só tinha orientado Alice para esta trouxesse uma muda de roupa, o suficiente para que Bella se trocasse depois de tomar um banho, afinal, ela não sairia daquele hospital, do lado de Charlie tão cedo, e tinha um quarto para acompanhantes de pacientes que Edward tinha conseguido para ela. O que ele não conseguiria? Talvez ela ficasse sem resposta.

Alice tinha sido uma boa amiga, uma que Bella nunca teve,mas ainda assim, foi para ele que ela ligou. Edward era a pessoa que ela precisava naquele momento. No mundo todo.

— Então porque agora está chorando?

Ela tinha desmoronado enquanto Edward tentava distraí-la. Ela tinha falhado miseravelmente ao mentir quando disse que estava bem quando ele atendeu no primeiro toque, logo em seguida perguntando como ela estava.

Ele ainda tentou distraí-la, perguntando coisas sem muito importância, mas que para Bella valiam tudo. Mas ela não estava  respondendo as suas tentativas de ganhar a sua atenção.

Se deixou vencer.

Se sentia derrotada, e estava chorando de novo. Como Edward não se cansava daquilo? Qualquer outro homem já teria ido embora, mas Edward não era qualquer um. Ele estava disposto a vir até onde ela estava, mesmo que Charlie pudesse expulsá-lo.

Charlie ainda fingia que tudo o que fosse relacionado a Edward Cullen na verdade não existia, assim como o casamento com a filha que não se atreveria a tocar no assunto desde então. O anel já tinha dito muito por si só.

Talvez ele só quisesse puni-la, mas a verdade era que Charlie só estava se defendendo - não existia um jeito de fazer aquilo melhor. E não sabia como fazer isso sem machucá-la, mesmo que não fosse intencional.

Todos saem feridos de uma guerra.

— Eu falhei com o meu pai Edward - sua voz era apenas um sopro, e não porque Charlie podia ouvir. Ele estava bem do outro lado da sala, no quarto, terminando os últimos preparativos para ir embora. Feliz porque a enfermeira tinha ido embora e aquela tinha sido a sua primeira semana sem uma babá, ou melhor, sem nenhuma das duas babá - Bella e Gina Rodriguez, a enfermeira indicada pelo Dr. King.

— E por que você diz isso? - ele era muito atencioso, e Bella não conseguia ver como podia merecer isso. Suas feridas já estavam tão abertas que ela não conseguia enxergar o seu próprio valor. Pior seria quando essas mesmas feridas fossem reabertas, agora, por novos motivos que não fossem a morte da mãe, a decepção que sabia que tinha sido quando deixou Seattle e não pensou em si mesma, a saúde do pai e como ela achava que tinha contribuído pea sua piora e tantas outras culpas que só machucava mais. Ela só não espera que novas feridas fossem abertas e que viessem da pessoa que ela menos esperaria.

— Você lembra quando eu te disse que depois da minha mãe, só existia eu e meu pai? - ela queria que Edward entendesse, mesmo que ele não precisasse. Esse era o seu problema, e não dele. Ele já tinha sido bom demais para ela. Ela não esperou pela resposta a pergunta retórica. - Eu fiz tudo errado e agora...

Ela não precisava terminar.

— O que é errado Isabella? — ele parecia um pouco zangado agora, mas quando ele seguiu para a próxima, Bella pensou que ele podia estar angustiado, também machucado, mais uma vez por sua culpa. - Nós?

Quando Bella não foi capaz de responder, ele continuou:

— Isso é nós, as suas escolhas somos nós de agora em diante. E se você está arrependida com isso eu não sei...

— Não! - Bella balançou a cabeça com tanta força que a sua cabeça pareceu que desprenderia do pescoço. - Não Edward, isso nunca, é só que...

Sua cabeça estava uma confusão. Sua vida estava uma confusão e ela só queria que alguém a tirasse daquele oceano furioso que rugia com o impacto das ondas em seu corpo frágil.

Charlie estava do outro lado daquela sala, daquele apartamento gelado e de todo o zumbido do aquecedor e Bella não sabia mais o que dizer.

Ainda fazia muito frio e o natal estava próximo e pela primeira vez em muito tempo, Bella ansiou pela grande árvore de natal que era montada por ela e pelos pais na sala da casa de Forks. Renée sempre guardava todos os enfeites em uma grande caixa, até mesmo aqueles de quando Bella era criança. Os presentes sempre eram poucos, não tinha muitas pessoas que vinham até a sua casa e a sua única avó, ainda viva naquela época, preferia as temperaturas mais amenas do sul do país - Bella não a culpava, ela também.

Ela não sabia se realmente podia se arrepender. Todas as suas decisões tinha sido pensando nos outros, mas aquela, pela primeira vez, foi pensando nela, nos seus sentimentos e sem dúvida, em Edward.

Ela já o amava tanto.

Quando a porta do quarto de Charlie se abriu, Bella se atrapalhou, e se odiou por isso. Ela sempre tinha que pender para um lado naquela gangorra, mas ainda assim sempre deixava rastros de pesar em suas tentativas de não magoar aquelas duas pessoas tão importantes para ela.

— Eu te amo - ela se apressou. - Preciso ir. E... muito obrigada - ela estava se referindo ao fato dele ter aceitado que era melhor não a acompanhá-la até o aeroporto e se despedir de Charlie com ela. Outra pessoa aceitaria aquilo? Toda aquela rejeição? Edward sim.

Mas isso não mudava o fato de que ele tinha ficado chateado, contudo não tinha muito o que ela pudesse fazer para mudar o comportamento de Charlie diante de tudo que dissesse respeito a Edward.

Bella se levantou do sofá e apertou o celular na palma da mão, agora ao lado do corpo, que segurava a poucos segundos enquanto falava com Edward no segundo que Charlie entrou na sala. Ele vinha caminhando devagar, sem pressa, e por um momento Bella esqueceu que tinha acabado de desligar na cara de Edward sem deixar ele responder, e foca toda a sua atenção agora em seu pai.

Charlie ainda tinha dificuldade em se locomover, mas tinha sido teimoso quando disse que não precisaria de uma cadeira de rodas. A verdade era que a sua recusa era muito mais do que capricho, o apartamento o deixaria ainda mais imóvel na cadeira. Seria uma tortura.

Ele se movia devagar e ficava sem fôlego com facilidade, mas a verdade era que ele estava com pressa sim, com muita pressa.

— É o melhor para o seu pai senhorita Swan - Dr. King tinha falado quando Bella explanou a sua preocupação e disse para o médico que o pai estava voltando para Forks. Era o lugar onde ela nunca podia ter tirado ele. Era a sua casa, lá estava os melhores momentos que o pai tinha vivido, assim como o seu grande amor.

Assim como ele, Bella também tinha feito uma escolha quando decidiu vir para Nova York atrás de todas aquelas ofertas de empregos que a grande cidade podia lhe oferecer. Ela nunca quis tirar o pai de Forks, Charlie, teimoso ou não, sabia que precisava ir com a filha. E Bella sabia que precisava do pai. Fosse para cuidar dele, ou para que ele cuidasse dela. Eles só tinham um ao outro, e agora ele estava indo embora.

Não tinha nada que ela pudesse fazer.

Bella não conseguia mais ver a sua vida sem... Edward. Doia um pouco todo aquele sentimento, toda aquela aflição misturada a entusiamos que era estar com ele. Mas ele também trazia razão para a sua vida, apesar de todas as incertezas que ela ainda tinha.

— Pai... - Bella não sabia o que podia dizer, e como se tivesse surgido de propósito para apressar as coisas, a buzina de algum carro lá embaixo soo. Talvez para livrá-los de, mais uma discussão, quando a última tinha sido naquele mesmo lugar, quando ela tinha dito coisas que não podia ter dito, não porque não eram verdades, mas porque algumas coisas não precisavam ser ditas.

— Acho que é bom fazê-lo subir - Charlie disse. - Odeio admitir, mas pegar essas malas é algo meio difícil na minha situação. Ele apontou para a bengala encostada no braço do sofá. Ele logo se livraria daquele troço. Estava decidido a se recuperar de verdade, em todos os sentidos. Mesmo longe, ele precisava estar atento. Fisioterapia para recuperar os movimentos letárgicos após o primeiro enfarto tinha sido fácil.

Não conseguindo conter a sua reação, Bella sorriu um pouco para o comentário do pai, que não pareceu perceber a interrupção que tinham acabado de sofrer e se virou para a porta, mas logo o seu sorriso morreu quando ela se lembrou, como se pudesse esquecer, do motivo que estavam saindo. Em poucas horas ela estaria muito longe do pai.


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Notas finais do capítulo

... Longe de tudo o que ela conhecia.

Comentem, comentem... comentem... comentem...

Edward está conseguindo tudo o que quer.

Charlie está indo embora, e a próxima fase se aproxima. Não sei ainda quando exatamente, mas está perto. E não sei também se deixarei anos depois... Sei lá, aceito sugestões.

Obrigadaa ;**