Mistakes escrita por Niina Cullen


Capítulo 25
Capítulo VINTE E QUATRO


Notas iniciais do capítulo

Eu sei que as coisas não foram fáceis no último capítulo, mas preciso dizer que as coisas não melhoram aqui também :(

Sim!! Capítulo postado exatamente depois de um mês o/

Não tivemos grandes avanços. Mas meninas (ou meninos... me deixem saber ;), VOCÊS que sempre estão aqui, são um máximo, obrigada por todo o apoio.



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Capítulo 
VINTE E QUATRO

Cirurgia arriscada.

Estabilizar, estabilizar.

Estamos perdendo ele.

Silêncio. Bella só queria silêncio enquanto a sua cabeçava criava os piores cenários desde que Charlie tinha sido encaminhado para a sala de cirurgia as pressas quando o desceram da ambulância.

Ele ainda estava respirando quando os paramédicos chegaram, mas Bella sabia o quanto estava custando para ele, como estava sendo difícil, só pela expressão de sofrimento que ele carregava no rosto.

Um dia ela tinha ouvido, ou lido em algum lugar - talvez nos panfletos informativos do hospital que recolheu durante o tempo que esteve em Forks procurando um emprego - que as sensações de ter um enfarto podia causar queimação, formigamento. Dificuldade em respirar. Seu coração podia continuar batendo, mas isso não significava que você estava bem.

Aquela era a primeira vez que Bella tinha presenciado um ataque cardíaco e aquele era o segundo desde que Charlie tinha sofrido o primeiro. No primeiro Bella não pôde estar ao lado do pai, não pôde socorrê-lo quando ele caiu das escadas da varanda na tentativa quase inútil de pedir ajuda enquanto a dor o levava a inconsciência. Mas o seu vizinho mais próximo, o senhor Evans que passava de carro no mesmo pôde. Ele vinha do mercado e tinha ajudado o seu pai a viver. Ela não.

Aquela vez ele tinha ficado inconsciente, era o que Charlie tinha lhe dito para confortá-la e os médicos, depois das consultas periódicas, tinham confirmado. Mas hoje não, dessa vez era diferente. Ele sofria, sofria por sua causa e não conseguia se livrar do sofrimento enquanto seus olhos focavam uma Bella desesperada.

Ela ainda não sabia explicar como tinha conseguido pegar o celular e ligar para a emergência, enquanto gritava aos berros e chorava de soluçar que o seu pai estava caído no chão, ainda acordado, enquanto tentava respirar e não conseguia, a mão levada ao peito em punho. A consciência não parecia ser o suficiente para fazê-lo responder a seus apelos.

Ele não respondia.

Ela não queria acreditar que aquilo estava acontecendo. Só queria que a droga da ambulância chegasse logo. Àquela altura Bella já não entendia mais o que a mulher no telefone estava falando.

Charlie só se contraia em espasmos que Bella sabia que eram involuntários e sugava o ar que não chegava a seus pulmões. Tudo isso em questão de minutos até que os paramédicos chegassem e a afastassem para que pudessem fazer o primeiro atendimento.

Desde então Bella estava no Presbyterian Hospital aguardando notícias. Não tinham deixado ela passar daquela maldita porta que dizia somente pessoas autorizadas. Ela tinha que ficar ali, esperando, esperando, esperando... Interminavelmente esperando.

As paredes brancas daquele corredor, a luz, o cheiro de antibiótico e de banheiro recém lavado. O som de máquinas que bipavam e que deveriam estar estimulando os batimentos cardíacos, quando talvez fosse só os seus pensamentos lhe pregando uma peça.

Ao se lembrar do dia que tinha recebido a notícia que Charlie tinha sofrido um enfarto, as lágrimas escorriam pelo seu rosto sem nenhuma dificuldade com a lembrança. E o medo que tinha lhe dominado naquela época ainda era tão real. Medo de perder a única pessoa que ainda tinha na vida.

Aquele sofrimento que tinha sentido quando viu o pai naquele sofá e o seu olhar, quando ela largou as malas no pé da porta aberta e correu para ele, não se comparava a nada do que ela estava sentindo agora, adicionado e misturado ao arrependimento.

Quantas foram as vezes que ela se culpou por não ter estado ao lado do pai quando ele mais precisava? E agora, lá estava ela, quando tudo tinha acontecido e não tinha impedido nada. Bella se culpava sim, ela que tinha começado a discussão, quando Charlie só estava ali para mostrar como era um bom pai. Só isso. E ela uma péssima filha.

Ela olhou novamente para a porta - não sabia se pela nona ou décima vez. Não tinha certeza. Não tinha notícias, ninguém veio falar com ela. Nada.

 E o que isso importa?

As palavras afiadas daquela noite reivindicavam a sua atenção.

 Eu o amo e não há nada que você possa fazer ou falar para me afastar dele pai.

Suas mãos foram até a cabeça e depois desceram até seus olhos, sentindo as lágrimas quentes que escorriam pela sua bochecha.

 Eu escolho quem serve para mim.

Ela tinha discutido com seu pai, se exaltado enquanto dizia aquelas coisas mesmo sabendo do estado de saúde dele.

Pela primeira vez Bella tinha erguido o tom de voz com ele, tinha se rebelado. Sua adolescência tinha sido tranquila apesar de ter sido um pouco impetuosa demais. Ela amava muito os pais.

Ela queria apagar os últimos momentos porque sabia que era uma péssima pessoa, uma péssima filha. Se Charlie mo... Bella soluçou, sentindo suas pernas cederem mais uma vez. Encostada naquela parede tão fria, as lágrimas continuavam escorrendo e ela não tinha notícias.

São as nossas escolhas que atingem todos que estão a nossa volta. Principalmente as consequências delas.

As consequências estavam ali e talvez Charlie não sobrevivesse a elas.

Em momentos de dor e confusão as pessoas costumam cometar alguns erros - alguns maiores que outros. Bella não podia saber, mas estava no meio de um dos maiores de toda a sua vida e ela nem tinha cometido nenhum deles.

No momento em que Bella achou que poderia enlouquecer de tanto esperar por notícias ela ouviu passos se aproximando, passos apressados contra o porcelanato do piso do hospital, e quando ela se virou esperava ver alguns dos médicos que tinham entrado naquela sala de cirurgia e impedido que ela continuasse o caminho - médicos já atentos e a espera do seu pai, mas era Edward que estava ali. Ele usava uma calça jeans e ainda vestia a camisa polo branca, mas agora com uma jaqueta preta que cobria seus braços. Ele tinha a carteira na mão e as chaves do carro na outra.

Ele parecia ofegante, como se tivesse corrido muito para estar ali.

 Bella - Edward murmurou ao vê-la, se aproximando e diminuindo os passos conforme se aproximava dela. Seu nome na boca dele soava diferente. Ele trazia nos olhos uma aflição confusa, que fez o seu coração doer, protestando em resposta.

Seu pai estava sendo operado - e tudo parecia dizer que uma eternidade já tinha se passado desde que aquelas portas se fecharam -, eles tinham discutido por causa daquele mesmo homem parado a sua frente, hesitante, e antes disso ela tinha considerando, por segundos que fosse, o convite dele. Da pessoa que Charlie parecia se aborrecer só de ouvir o nome. Charlie sempre foi gentil, calmo e por vezes sorria. Não existia um único estranho que ele não cumprimentasse.

Aquela altura Edward já não era mais um estranho, mas ainda assim Charlie mantinha a sua posição inflexível de que Bella deveria se afastar dele.

Venha morar comigo. As palavras ainda estavam tão claras na sua mente e Edward tinha dito, insinuado como se fosse a coisa mais normal e sensata que podia acontecer para eles. Mas não naquele momento, não quando Charlie estava tendo um ataque e Bella só conseguia pensar em que o pai...

Agora Edward estava ali, parado a sua frente, e ainda hesitante colocou as mãos em cada lado do seu rosto molhado e inchado pelas as lagrimas que não paravam de escorrer, e ele trazia seus olhos verdes para os castanhos dela, como se pudesse despertá-la daquele pesadelo. Mas tudo o que Bella conseguia pensar naquele momento era em como podia ter considerado aquilo, mesmo que por segundos que fosse. Ela estava com vergonha. Ela seria capaz de abandonar o pai? Quando ele ainda precisava tanto dela. Talvez não precisasse mais...

Quantas coisas mais ela seria capaz de abandonar por Edward?

Bella estava quebrando. Ela podia sentir, mas ainda precisava dizer:

— O que você está fazendo aqui? - ela era fraca de mais para tirar as mãos dele do seu rosto, e afastá-lo enquanto sua voz era apenas um sussurro, um sopro no meio de tanto silêncio e dor.

Edward a encarou como se não a reconhecesse, mas não recuou.

Ela sabia que estava sendo uma tola. Eles tinham acabado de ter um dia simplesmente perfeito, e ele não tinha culpa, não podia ter.

— Bella - ele sussurrou novamente, angústia em seus olhos verdes que se comunicava com os seus, como se soubesse que qualquer movimento em falso, qualquer respirar desordenado, pudesse levá-la ao chão. Naquele momento não era mais Isabella para ele.

Os papeis tinham se invertido. Ela que tinha sussurrado o nome dele em súplica naquela noite.

— O que você quer comigo? - perguntou, sentindo o coração protestar mais uma vez. Mas não era o seu coração que estava passando por momentos difíceis há bastante tempo, e que tinha suportado tão bravamente as dificuldades e as complicações de uma vida sem a mulher que amava, e tendo que lidar com uma filha egoísta.

Ela estava mesmo sendo egoísta? Ou apenas o poder que Edward já parecia exercer sobre ela já começava a contaminá-la, com mentiras e pensamentos dolorosos? Ela nem podia saber disso. Bella era um tipo de garota que amava demais, que se entregava demais, e ela descobriu isso com Edward. Antes nunca tinha se sentido daquela forma, antes nunca tinha pensado que poderia ser possível amar alguém e sentir tanta dor, tudo isso junto.

Agora ela sabia disso, tinha certeza dos seus sentimentos e que tinha que renegá-los até o fim.

Edward não respondeu a sua pergunta amarga.

Ele podia?

— O que você quer comigo? - ela choramingou. Aquilo era diferente, completamente diferente de quando lia seus romances favoritos e os personagens eram altruístas e ingênuos demais para continuarem juntos, para lutarem juntos. E ficarem juntos. - Eu estou magoando o meu pai.

O arrependimento estava consumindo as poucas forças que ainda tinham lhe restado. E a insegurança, o momento e as circunstâncias que os tinham trazido até ali, até aquele momento era demais para suportar. Ela não era forte como a mãe achava que ela era.

Ela queria gritar naquele momento, afastá-lo e mandá-lo ir embora. Acertá-lo no peito e se perguntar se ele também sentia a mesma coisa, a mesma dor. No entanto, apesar de só Bella estar falando, ou discutindo, Edward ainda mantinha as mãos em cada lado do seu rosto choroso, todo molhado pelas lágrimas. Ele parecia querer enxugar aquelas lágrimas do seu rosto frágil e angustiado, mas tudo indicava que ele não sabia mais se tinha permissão.

E com isso Edward deixou as mãos cairem em ambos os lados do seu corpo paralisado no segundo seguinte - ele parecia começar a entender o que Bella pretendia fazer. Ele se virou, ficando de costas para ela, mas não rápido o suficiente para que Bella visse o seu rosto. E por um instante Bella pensou que ele poderia estar fora de si.

Ele correu as mãos pelos cabelos - desalinhando o que já estava bagunçado, quando se virou, de volta para ela. Ele ainda exibia uma expressão atordoada, desesperada quando soltou a sua respiração moderadamente enquanto olhava para o chão, desviando seus olhos dos dela.

— Eu entendi que não devia ter agido de forma tão mimada quando você estava certa - Edward finalmente começou meio hesitante, como se não estivesse muito certo do que diria. Talvez ele pudesse cair em si e ver que Bella não era alguém para uma pessoa como ele... - Eu fui duro e quando cheguei em casa eu só pensava no que você tinha dito e que você tinha razão. Então achei que... Achei que precisava que você soubesse... - ele balançou a cabeça, como se tentasse clarear seus pensamentos.

No instante em que Edward ergueu os seus olhos que tão rápido encontraram os da garota triste, confusa, frágil que estava a sua frente, ele continuou:

— Mas quando eu cheguei, e vi aquelas pessoas de robes na rua, falando que tinha sido horrível. - Ele suspirou, cansado antes de continuar. - Bella, você tem que entender que eu só conseguia pensar que algo de muito ruim tinha acontecido. Não podia esperar que eles me dissessem o que tinha acontecido, e com quem, porque a frase foram para o Presbyterian Hospital foi o suficiente para mim entender que eu podia ter te perdido, de uma forma ainda mais pior do que agora.

Ele tinha voltado?

Edward agora mantinha uma expressão enfurecida, como se alguém tivesse feito algo errado.

Aquelas frases não faziam mais sentido do que as que ele não tinha terminado.

Achei que precisava que você soubesse... - o quê, ela quase gritou?

Ele parecia tenso, rosto franzido, desfazendo a fúria de instantes atrás.

Num momento Bella estava esperando que alguém viesse lhe dizer que o seu pai estava bem e que a esperava para vê-la. Que ele sorriria e a abraçaria - mesmo que aquilo fosse uma parte incomum dele - e lhe diria que tudo ficaria bem. E no outro ela estava tentando romper com Edward, romper com tudo o que ele já representava - em tão pouco tempo - em sua vida. Tufo o que ela já sentia por ele.

Mas agora, naquele exato momento Bella só podia pensar em seu pai. Ele devia estar lutando... lutando. E a sua dor não se comparava aquilo.

Edward tirou de seu bolso uma caixinha minúscula que cabia na palma da sua mão. Ele parecia atrapalhando, segurando a carteira e as chaves do carro, agora em uma mão.

Isso tudo parece tão estranho, mas eu sinto que é a coisa certa Isabella. Para nós dois.

As mãos dele estavam firmes, e os dedos firmes sobre a tampa da caixinha preta toda aveludada que se ergueu tão facilmente com a leve pressão da ponta de seus dedos, expondo o que estava preso no espaço de encaixe uma moeda que deslizaria para dentro de um cofrinho.

Mas não era uma moeda, nem tinha como objetivo deslizar para dentro de um cofrinho.

— Não precisa responder agora, e eu vou entender - ele começou, cauteloso. Seus olhos ainda acompanhavam os dela. - Mas Isabella... Casa comigo.

Edward Cullen não tinha feito uma pergunta.

Eu juro que não vou te decepcionar.

Aquelas palavras eram de Edward para Bella, e pareciam ter sido ditas em um tempo muito distante, onde tudo parecia fazer sentido, apesar de ainda ser desconhecido. O amor.

Ele não tinha ficado de joelhos, e Bella realmente não esperava por isso. E quando ele se aproximou, com a caixinha ainda aberta na palma da mão carregando aquele anel que brilhava tanto por causa de uma única pedra em cristais que deveriam ser tão pequenos que formavam uma coisa só, Bella não sabia, mas tinha perdido aquela batalha interna que viera travando tão bravamente.

Como se fosse um imã sendo atraído, Bella ergueu a mão lentamente, mas ela só conseguia enxergar Edward. Tudo parecia uma grande invenção da sua cabeça. Ela não sentia mais o cheiro de hospital, o ar gelado do ar-condicionado, e as paredes em tons claros já não oprimiam mais os seus sentidos.

Não era uma pergunta, mas Bella estava respondendo, assim como naquele restaurante quando suas mãos repousaram sobre as de Edward, confirmando o que ela não conseguia dizer em palavras.

Edward alcançou sua mão com a outra livre quando tirou o pequeno anel brilhante da caixinha, que fechou e colocou de volta no bolso, junto com as chaves. Ele estava acariciando delicadamente com o dedo as costas da mão dela, quando o anel deslizou pelo seu dedo.

O anel fazia uma volta tão perfeita no seu dedo, que chegava a abraçar completamente a sua espessura.

Era certo, era errado. Havia uma pequena diferença entre esses dois universos, e Bella precisava vivê-lo para descobrir.

Edward só sabia que as suas próprias intenções eram diferentes e quando ele abaixou a cabeça, sorrindo, enquanto Bella se erguia na ponta dos pés e passava suas mãos ao redor do seu pescoço, para encontrar a sua boca, ele soube que tinha agido de forma rápida. Tinha agarrado aquela oportunidade. E nada, nem ninguém seria capaz de atrapalhar aquele momento.

Ele tinha conseguido.

Tinha dado aquele grande salto para alcançar seus objetivos. E ele não falharia, não dessa vez.

A recém descoberta mania de Bella enrolar o cabelo da nuca de Edward na ponta do seu dedo estava em ação, fazendo ele trazê-la mais para perto de seus braços.

— Desculpe Isabella... meu amor - ele abraçou Bella e inevitavelmente estavam prontos para o que aconteceria em seguida. - Eu te amo.

Lábios macios se chocaram, segurança e plenitude invadiram Bella que começava a esquecer dos motivos que deveriam fazê-la se afastar dele, empurrá-lo para longe da sua vida, mesmo que ainda desconhecesse as razões. Esqueceu de suas inseguranças enquanto o peito de Edward se colava mais ao seu enquanto sua boca se moldava com os seus lábios ágeis, mas gentis sobre os seus.

Bella já sabia que não tinha mais controle sobre seus próprios sentimentos. Uma relação capaz de desconstruir suas próprias chances de escolhas já tinha sido construída.

Seus sentimentos já não eram mais tão confiáveis. E estavam levando-a ao fracasso.

***

As horas passavam, pessoas chegavam pediam seu café e saiam. Algumas carregavam em suas expressões o cansaço, expressões que diziam que tinham passado a noite acordados em busca de notícias que não vinham, outras apenas sentavam sozinhas e tomavam suas bebidas enquanto respondiam mensagens pelo celular. Essas pareciam menos preocupadas, talvez tivessem trazido alguém para um exame de rotina e já estavam de saída.

Bella queria poder dizer o mesmo.

Quando ela virou seu rosto para a xícara de café intocável a sua frente viu que ele não estava mais tão fumegante, mas ainda assim não tinha vontade de tomá-lo. Queria mesmo poder sair dali, daquele lugar perturbador e silencioso, quando só se podia ouvir o barulho dos seus pensamentos e dos passos das pessoas que entravam e saiam daquela área de alimentação do hospital, ou das xícaras sendo pousadas cuidadosamente em pires brancos.

— Isabella...

Bella ergueu seus olhos cansados da xícara para o homem que estava sentado a sua frente. Ele também não tinha bebido nada, só mantinha a sua mão firme na dele, aquela mão que agora carregava uma coisa importante em um dos dedos.

Ela sorriu frágil e sabia que se fizesse qualquer movimento em falso ela desmoronaria.

Devia estar feliz, não devia?

Aquele gesto deveria significar tanto. Mas Bella ainda estava tão confusa, aquilo tudo ainda não parecia real, não parecia fazer sentido. Não quando o seu pai estava em algum lugar daquele hospital lutando pela vida. Bella esperava que ele estivesse. Que ele não desistisse dela.

Edward a tinha convencido a vir até ali, sair daquele corredor opressivo e sentar um pouco. Talvez comer alguma coisa pudesse ajudar. Ele disse que podia trazer algo de fora se assim ela quisesse, mas ela tinha recusado, embora tenha aceitado sair do lugar que ele a tinha encontrado e que ela tinha aceitado o seu pedido de casamento sem pronunciar uma única palavra.

— Você precisa pelo menos colocar alguma coisa no estômago.

A voz de Edward ainda parecia tão longe, como se ele realmente não pudesse estar ali. Mas ele estava, e não a chamava mais de Bella. Ela queria que ele a chamasse de Bella. Parecia ter sido a primeira e última vez.

Ela girou sua mão, a mão que ele segurava, deixando agora a dele por baixo e apertou um pouco mais, sentindo o aro do anel se desprender apenas um pouco. Ele tinha dito que podia pedir para que apertassem um pouco mais, mas ela não queria. Assim estava bom.

— Você ainda está aqui - ela disse, fraca demais para dizer algo coerente aquela altura.

Já eram mais de 12 horas esperando, esperando e esperando.

O dia, de alguma forma, deu um jeito de continuar, amanhecendo lá fora e Edward não devia estar ali. Ele era um homem importante que precisava estar em algum lugar importante, talvez com alguém importante, alguém que não fosse ela.

Por que esses pensamentos tinham que sempre estar ali, rondando a sua cabeça?

Ela estava cansada, e não tinha ouvido o comentário de Edward sobre o seu. Nem quando este se levantou e veio até ela, virando a sua cadeira e se agachando a sua frente com a maior delicadeza que aquele movimento poderia fazer contra o piso liso do lugar.

Ele beijou ambas as palmas de suas mãos, mas se demorou quando chegou até o seu dedo anular esquerdo. Ele disse o que tinha escolhido especialmente naquele dia do café. Edward já sabia o que queria há muito tempo, enquanto Bella ainda cogitava se tinha feito a coisa certa.

Talvez não tivesse sido o melhor momento, mas ele estava ali, com ela. E aquilo sim parecia certo.

— Você não parou de chorar nenhum momento meu amor - Edward enxugou as lágrimas que grudavam pelo seu rosto e sorriu quando viu que ela tinha reagido ao seu toque, mais uma vez.

— Estou começando a achar que você se...

— Não! - Bella, saiu do seu torpor por um momento para interrompê-lo. Quase gritou quando a sua própria exclamação subiu vinda diretamente do seu peito e balançou a cabeça fazendo tudo girar um pouco mais.

Ela não se arrependia e não podia deixar que Edward pensasse aquilo, não depois de toda a declaração que ele tinha feito enquanto ela permanecia calada em seus braços.

Mesmo que não soubesse se tinha feito a escolha certa, Bella não poderia se importar menos. Queira reagir contra todos os seus pensamentos deprimentes para viver aquele momento. Ela faria tudo o que estivesse ao seu alcance e o que não estivesse também, para fazer Edward ter orgulho dela, e fazer com que ele não se arrependesse da escolha que tinha feito quando tirou aquela caixinha preta de veludo do bolso da sua calça. Ela seria digna de um Cullen.

— Então...

Edward começou a falar, mas tinha sido interrompido por um homem franzino, alto que estava logo atrás dele. Vestia um jaleco branco sobre uma roupa azul e parecia exausto. Talvez mais do que Bella que não tinha dormido ou colocado alguma coisa no estômago nas últimas horas, enquanto esperava alguma notícia do seu pai.

— Bella Swan? - o médico a chamou pelo seu apelido, e uma vez em pé ela pensou as piores coisas. Aquele tinha o médico que tinha conduzido Charlie junto com outros para a sala de cirurgia. Com Edward a seu lado, ainda segurando a sua mão, Bella segurou a sua respiração incapaz de dizer qualquer coisa.

Mas as palavras que se seguiram não eram ruins.

— Seu pai te espera.

Finalmente. Bella soltou toda a respiração presa e encarou Edward. Ela poderia ver seu pai.

Charlie estava acordado e se recuperava de uma cirurgia complicada. E o motivo de ninguém ter vindo até ela, dizer que seu pai estava em estado de observação, era porque eles precisavam decidir e estudar algumas opções antes.

O estado dele era grave, mas ainda assim tinha pedido para ver a filha, mesmo que não pudesse falar muito. A cirurgia tinha sido complicada e os médicos sabiam que outra, de grande importância tinha que ser realizada nas próximas 48 horas, mas para isso eles precisavam expor o estado clínico e conversar com a única parente que o paciente cardíaco ainda tinha. O Dr. Carter pensou que seria melhor se deixasse com que pai e filha se vissem, a garota parecia muito apreensiva para isso.

Bella já estava com a roupa especial que uma enfermeira tinha a ajudado a vestir. A touca e a máscara também esterilizadas evitariam qualquer contato que pudesse prejudicar a recuperação do seu pai. Ela sabia disso, por isso se apressou e quando foi encaminhada para o quarto de UTI lembrou que Edward tinha dito que ficaria ali, a sua espera, no mesmo corredor fora da sala de espera que ele a tinha encontrado na noite passada.

Depois que ela já estava preparada, parados em frente a porta e antes que pudesse abri-la, o Dr. Carter tentou ser direto, mas ainda assim gentil:

— Srta. Swan, seu pai quer vê-la. Mas por favor, seja rápida, ele não pode se esforçar.

Bella respirou fundo e concordou, vendo a porta se abrir e o médico se afastar para o lado para que ela pudesse entrar.

Seja rápida.

Não queria ser rápida com o tempo que teria com o pai. Aquele médico parecia querer dizer algo, mas estava aguardando o momento certo para dizer.


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Notas finais do capítulo

Uaall...

Esse capítulo já estava pronto, e como foi difícil escrevê-lo.

As intenções de Edward não são nada boas. Mas fiquem na cabeça que preciso guardar segredo... mesmo que você já possam entender os motivos dele - que não são justificáveis, mas que fazem parte de quem ele se tornou.

Não vamos bater na Bella, chacoalhar nada disso.

Muitos mulheres em relacionamentos contagiosos precisam de ajuda, de alguém por elas.

Vejo vocês no próximo?!
Obrigada!!!