Mistakes escrita por Niina Cullen


Capítulo 15
Capítulo QUATORZE


Notas iniciais do capítulo

Eu vejo pelos comentários atenciosos ♥ que vocês estão gostando de Mistakes, mas é difícil não ficar triste quando eu vejo que o número de acompanhamentos não segue o mesmo número de reviews.

Eu terminei o capítulo agora, não foi possível trazê-lo no domingo passado porque faltava muito coisa ainda. Não vou nem falar do tempo né :X Eu trouxe ele mais cedo porque tenho fé de que vou conseguir terminar o QUINZE que já tem o começo (confesso que tive que me dividir entre esse e o próximo). E por confiar demais nas leitoras que comentam sempre eu QUERO MUITO VER os que estão faltando pra tornar isso tudo ainda melhor.

ATENÇÃO A NOTA FINAL :*



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/617647/chapter/15

Capitulo

QUATORZE

 

Edward Cullen não conseguia se lembrar qual tinha sido a última vez que ele tinha se sentindo tão livre de seus próprios fantasmas - dos fantasmas do passado - que o atormentavam constantemente. 

Já era noite e seu comportamento impassível não poderia ser confrontado com o homem que ele costumava ser. 

— Senhor Cullen?

A taça de vinho estava levantada a meio caminho dos seus lábios ávidos no momento que foi interrompido. 

Ele nunca tinha sido um homem que gostava do silêncio. Não tinha sido assim desde que aquela mulher tinha forçado caminho até chegar a ele, mas tempo tinha-se passado e escutar os seus próprios pensamentos às vezes soava bem. 

Totalmente desinteressado Edward ergueu o olhar para a mulher de uniforme azul e branco a sua frente. Ele não reparou muito bem no vestuário da senhora que devia ter os seus pouco mais 50 anos.

— Você não leu no contrato que eu não gosto de ser incomodado? - sua voz era apenas um gelo inquebrável.

Edward Cullen tinha chegado mais cedo do que costumava chegar em casa e foi recebido pela nova cozinheira temporária. Era só uma das muitas que iam e vinham.

A sala de jantar era apenas mais um dos cômodos que se não fosse pelos móveis fariam ecos intermináveis enquanto seu garfo e faca esbarravam um no outro de vez em quando.

Essa troca de serventes às vezes o aborrecia. Elas nunca sabiam que não podiam apimentar o tempero da sua comida e que não deviam servir a sua bebida porque ele mesmo podia fazer isso.

Edward e Isabella voltaram para o prédio das Indústrias Cullen e devido aos muitos compromissos que Edward teve durante o dia todo, ele quase não pôde manter os seus olhos verdes nela. Seu motorista tinha levado Isabella até em casa quando ela tinha terminado o seu serviço - e ele teria ficado surpreso com a eficiência que ela exercia o seu trabalho. Então não tinha mesmo sido tão imprudente da sua parte contratar ela e demitir Elizabeth. Pelo menos não por enquanto.

Quando eles se despediram com um leve roçar dos seus lábios sobre os macios e aconchegantes dela, recebendo uma leve risada contida de volta quando ele não se afastou  Edward pegou um de seus carros que costumam ficar na garagem e foi direto para a sua mansão.

Ele tinha muita coisa para pensar e aquela mulher insignificante estava  atrapalhando.

— Desculpe - a mulher de cabelos curtos e que tinha a cabeça baixa sussurrou enquanto tentava alisar uma imperfeição invisível no seu avental. - Eu só queria saber se o senhor vai precisar de mais alguma coisa.

— Não. Só se retire. Você já foi instruída de como funciona.

Amanhã será uma outra, que com certeza cometerá o erro no preparo do seu café da manhã e com sorte não interromperia o seu jantar.

No dia seguinte Isabella levaria o pai para uma consulta e tinha dispensado a sua ajuda quando ofereceu o seu motorista para levá-los.

Estava fora de cogitação Edward ir junto.

"- Eu entendo", foi o que ele disse quando ela tentou se desculpar agradecendo.

O ex-chefe Swan não podia ser um empecilho maior no seu caminho. Ele tinha que ser um pouco mais atento e contido com a sua fúria, pelo menos quando estivesse perto de Isabella porque ele não podia deixar  transparecer a sua irritação naquele momento, afinal o pai parecia mesmo importante para ela. E naquela altura ser compreensivo fazia toda a diferença na conquista da sua presa. Definitivamente não tinha mais volta para a princesa do papai.

Quando Edward se levantou ele viu que a cozinheira continuava na cozinha. Ela deveria estar esperando para poder retirar a mesa.

Ele subiu as escadas e foi até o seu quarto. A porta de vidro que levava até a varanda estava aberta e ventava muito naquela noite. Mas não era um vento gelado como tinha sido da noite passada com Isabella. O ar era um pouco mais fugaz, e batia com violência contra o seu rosto quando Edward se posicionou de frente para a sua vista, se apoiando no parapeito.

Os seus erros podiam ter começo e fim, onde o meio era toda a sua perdição e o ódio que aquela mulher plantou em seu irreconhecível coração, mas esses caminhos sempre o levaria até ali. Não importava muito o que ele fizesse. 

Seus olhos estavam abertos. E mesmo abertos ele só via escuridão.

A escuridão que Katherine trouxe para a sua vida que ele insistia em fantasiar achando que ela o amava. Mas aquele sentimento nunca existiu.

Será que algum dia Edward Cullen conheceu? Mesmo antes de ter se tornado esse temido carrasco dos negócios.

Sua família já não fazia parte daquele parâmetro, não quando ele se afastou com todo o seu ódio mal direcionado.

O volante da sua vida tinha se perdido no instante que ele perdeu o controle sobre si mesmo.

Edward Cullen estava procurava uma direção.

No entanto era exatamente o que Edward Cullen não tinha. Ele sabia que o amor podia destruir uma pessoa e todas as suas esperanças e aquilo bastava. Não importava quem estivesse no seu caminho, seria atropelado também. 

As lembranças duelavam a sua atenção, mas tampouco ele se renderia a elas. 

"- Ele não é o único." 

Quando as palavras saíram da sua boca não tinha mais como resgatá-las. E Edward sabia disso no segundo que elas se formaram e se transformaram em algo pronunciável. E agora, parado encarando nenhum ponto específico, só reforçava aquilo.

O rosto de Isabella, uma Isabella apreensiva se revelou na sua frente, levando toda a escuridão daquela noite, mas não da sua alma. 

Aquelas palavras tinham um significado que Edward não podia e não conseguia identificar. Muito mais do que inverter a direção da flecha já lançada era tentar convencê-lo daquilo. Não só a moça apreensiva e que parecia implorar uma explicação que não alimentasse ainda mais os seus medos. 

O que essas palavras realmente significavam?

Os olhos castanhos de Isabella ainda imploravam uma resposta, mas não qualquer resposta. Ele não podia negar que aquela garota talvez fosse a sua própria resposta. A resposta para os seus próprios fantasmas e as suas próprias incertezas e objeções. Que ela era a resposta para tudo o que não era real com Katherine.  

Isabella estava a sua frente novamente e Edward sabia que não podia desviar os olhos dos dela. Mesmo que aquilo fosse só uma lembrança e que aquilo não fosse real, ainda eram tão apelativos para ele.

O que ele podia enxergar neles além de... Ele tentou respirar fundo, levando ar aos seus pulmões comprimidos. 

O que era aquilo? 

Os lindos, suplicantes e instigantes olhos castanhos dela imploravam uma resposta. Mas uma resposta que aquele Edward não podia dar.

Isabella podia ser a sua salvação enquanto ele acreditava que ela só poderia ser a sua perdição.

Talvez não fosse apenas o estado de desorientação de Isabella com as suas palavras que fez o presidente das Indústrias Cullen procurar involuntariamente naquele momento algo que o fizesse parar com aquilo. Interromper o rumo dos seus planos.

Talvez houvesse muito mais do que ele podia imaginar na sua frente, naquele parque. E que agora resplandecia a sua frente.

Como se ele pudesse tocar, como quando tomou aquele rosto macio nas suas mãos naquela manhã, ele se aproximou. E isso foi o suficiente para a imagem dela evaporar. Escapando do seu alcance com a mesma velocidade que Isabella tinha de se deixar dominar pela sua própria insegurança. 

Aquilo era a sua perda de controle.

Um controle que ele nunca teve com Katherine. 

Não era o controle, mas sim a falta dele que o transformou.  Destruindo tudo o que havia de bom nele. Naquele outro Edward.

E essa mesma falta de controle abria portas que ele decidiu trancar para sempre quando ele viu os resultados de tê-las abertas.

Isabella estava enganada se achava que ele poderia fugir.

Os olhos castanhos luminosos dela só podiam lembrá-lo desses resultados. Das consequências.

A raiva já começava e borbulhava em seu estômago.

Isabella ainda esperava uma resposta. A sua resposta. E tudo o que Edward disse naquela manhã queimava com cada batida irregular daquele órgão que deveria permanecer parado, como ele estava naquele segundo.

Enquanto ela aguardava cautelosa pelas palavras que poderiam destruí-la já que sempre esteve claro que a insegurança de Isabella era e sempre seria o seu maior e pior trunfo, ele pensava no que deveria dizer. A insegurança afastava, mas Edward tinha que reconhecer que ela também escancarava os portões da vulnerabilidade. Isabella não tinha o controle sobre os seus próprios sentimentos. Aquelas batidas irregulares do coração dela com a sua aproximação denunciava isso.

"- Você  Isabella. Você também não consegue entender isso."

Sua palavras ecoavam pela noite escura. Mas a imagem de uma  Isabella ansiosa já tinha se dissipado, só não o seu suspiro de alívio.

Sua omissão era imperceptível. Todo aquele ódio que ele acumulou e tudo aquilo o impediam de ver a verdade nos olhos daquela mulher.

Talvez existisse uma luz e dessa vez ele estivesse mesmo cego. Katherine May, sua ex em vários sentidos, nunca tinha metido sobre quem ela realmente era.

Sua omissão era a resposta que definiria o seu futuro e o de Isabella. Ambos já estavam ligados.

Não tinha pra onde fugir. Nem de suas próprias  mentiras e erros que pareciam se acumular a cada segundo que ele negava aquela queimação e aquele estado de liberdade de instantes atrás, antes de perder a fome que não sentia.

A imagem de Isabella não estava mais ali, mas Edward sabia se ele se inclinasse um pouco mais para frente ele seria capaz de sentir o perfume de frésias e da doce lavanda que exalava dela. Ela só podia ser um bálsamo, um conforto para a sua liberdade ou uma tentação para a sua destruição.

Ele já tinha sido destruído uma vez.

E isso não aconteceria novamente.

"- Mesmo depois de tudo o que eu te disse não parece ser o suficiente?"

Não pareceu ser para a outra. 

"- Eu estou cansada de tudo isso Edward - indiferente ela continuava pegando as suas coisas, as coisas que ela comprava e ganhava com o dinheiro de Edward. E com certeza presentes de outros, além dele, do próprio imbecil, inútil que estava parado feito uma múmia vendo tudo aquilo.

— Katherine... - ele começou com a voz trêmula. - Se for por causa da minha família... eu não me importo...

— Você não se importa? - ela ria com escárnio.  Seu longo cabelo sobre os ombros. - Eu que não me importo Edward. Todas as suas tentativas inúteis de mandar o seu soldadinho texano atrás de mim falhou. E todas as suas cobranças elas me deixam enjoadas. - Como se ela tivesse dito algo errado e ruim, ela colocou a mão sobre a boca, com os olhos bem abertos, fingindo espanto. Mas ela continuava rindo. - Não pense errado, querido.

Ela piscou o olho para ele e continuo fazendo as suas malas.

Porque ela precisava daquelas coisas?

— Se tem uma coisa que me arrependo Edward é que não nos casamos no papel. - Seu tom era melancólico enquanto ela não lhe olhava nos olhos, como se estivesse falando consigo mesma. - Eu com certeza teria ficado com essa casa e vendido em seguida."

Dessa vez ele faria as coisas da forma certa. E ninguém seria capaz de pará-lo.

As lembranças ainda o atormentavam, mas ele tinha coisas mais importantes para pensar.

Ele pouco se importava com os sentimentos que tentavam inutilmente destruir o seu próprio muro de Berlim. E nem como Isabella poderia se sentir quando descobrisse que ela era apenas uma espécie de cobaia para as suas experiências. 

Tinha um espaço muito além de uma porta arrancada pela força do choque com a água gelada do Atlântico norte, onde ela não poderia se apoiar.

Ela podia ter os seus medos, as suas incertezas e continuar alimentando a sua vulnerabilidade, que não mudaria o que ela já estava sentindo.

Ele tinha afastado as suas lágrimas com os polegares, com as mãos sobre o rosto de pele macia e dissimulando compreensão ele falou sobre o tempo.

O pai dela, ex-chefe de polícia de Forks não seria capaz de colocar os seus planos a perder. Todas as suas conquistas até aquele momento a perder.

Charlie Swan não era mesmo o único que não podia entender aquilo.

Nunca foi uma questão de virar a página e esquecer o que Katherine May tinha feito em sua vida como os seus pais insistiam em dizer, e não seria agora que ele tinha uma perfeita personagem para aquilo que ele a arrancaria.

Charlie não era um problema.

Quando Edward fechou os olhos naquela noite, deitado em sua cama com o quarto em uma perfeita escuridão, ele viu a imagem de uma criatura inocente como um dia ele foi, mas que se tivesse a oportunidade faria a mesma coisa que a outra tinha feito. O fato não era ela ter ido embora. E sim ter feito o que queria com ele, modelando-o as suas vontades e enganando. Agora era a vez dele. 

Mas algo dormiria com Edward naquela noite e não era os seus fantasmas.

Agora era tarde demais Isabella.

Tarde demais para enxergar os erros que estava cometendo. Seu erro não foi se enganar com uma pessoa que não o merecia, e sim errar com uma outra que não merecia.

O perfume de lavanda e frésias ainda rondavam pelos seus sentidos. Ele seria capaz de identificá-lo mesmo a quilômetros de distância.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Esse devaneio do Edward é ele falando dele mesmo quando ele fala pra Bella que Charlie não é o único que não consegue entender essa relação. Ele acaba invertendo a direção da flecha para a nossa Bella. A verdade é que Edward também não consegue entender. Ele não tem certeza do que tá fazendo. Não sei vocês, mas não saber e ter consciência do que se está fazendo são coisas completamente diferentes.

Edward é realmente um mistério e não estou aqui para justificá-lo, mas vocês podem me dizer nos reviews o que acham. Eu achei importante esse capítulo, por isso ele está aqui, mesmo que eu prefira escrever os capítulos da Bella né. Ainda não sei como vão ficar os capítulos, mas quero muito dar preferência pra Bella, Franceska já disse que prefere a narração da Bella e só posso dizer que é muito bom saber a sua opinião *-* e que Mistakes não está completamente fechada. Alterações na minha cabeça são constantes e mesmo que seja difícil os capítulos com os pensamentos do Edward eu tento desenvolvê-los porque acho eles importantes.

Okay. Falei demais :/ kk Me deixem nos reviews o que acharam????? =) Não vou prometer nada, mas quem sabe o QUINZE não surge aqui até o final desse domingão ensolarado e quenteeee em São Paulo???

Beeijos :*