Capítulo

TREZE

Bella não esperava por aquilo. 

Definitivamente não esperava. 

As pressas, mas tentando não demonstrar isso, Bella desceu os poucos degraus da frente do prédio e seguiu pela calçada, parando a uma distância segura do lindo homem a sua frente. Sem perceber ela estava sendo escoltada pelos seus próprios instintos, e por um pai contrariado - Charlie observava aqueles dois, tentando desesperadamente conter a sua ânsia e mostrar para aquele playboy que a sua Bells tinha um pai. Um pai que ainda sabia manusear uma arma muito bem. 

Edward estava encostado em um carro comprido e preto, que gritava milhões facilmente, pensou Bella, totalmente temerosa de que não só ela tinha percebido isso. Embora aquilo não fosse mais novidade, nem para o seu pai. Então por que aquele medo tinha que estar instalado nela, como se reforçasse o que ela já sabia?  

Que ela não era boa o suficiente para aquele homem de terno e que usava uma gravata que combinava perfeitamente com ele e que tinha os cabelos perfeitamente desalinhados tão convidativos que exigiam a sua atenção. 

Os vidros do carro estavam fechados e escuros, e não era o mesmo carro de ontem, já que alguém devia estar dirigindo para Edward hoje. 

Quando ele sorriu, se aproximando e rompendo aquela curta distância que ela deixou entre eles quando parou a sua frente, Bella pôde sentir que todos os medos e a forma como o pai agiu ontem à noite e essa manhã começavam a se dissipar, e aquela aproximação voltava a envolvê-la, como se nunca a tivesse deixado na noite passada. Lentamente, mas ainda consciente de que o pai poderia estar observando-a, Bella sussurrou um cumprimento. 

De todas as coisas que poderia acontecer naquele momento, Bella deveria estar preparada para qualquer tipo de convite que Edward Cullen poderia fazer para ela. Mas pelo o contrário, ela nunca estava. 

Durante todo o percurso ela esteve absorta em seus próprios pensamentos. Perdida em como aquilo podia ser errado quando começou de forma tão bonita e inesperada. Será que as coisas boas da vida não podiam acontecer dessa forma? 

A jovem Bella sabia que por Charlie ela seria capaz de fazer qualquer coisa e mesmo tudo o que já tinha feito achava que era pouco, que não era o suficiente para o ótimo pai que ela tinha. 

Mas não aquilo, não renunciar aquele sentimento que já tomava forma e já se apossava de um lugar que só poderia ser dele. 

Mas não negar aquele sentimento e todos os outros que se deslocavam ferozmente em uma avalanche diretamente a seu encontro, destinados aquela parte que pulsava do lado esquerdo toda vez que ela estava perto dele. Bella sabia e sentia que desde a outra noite eles estavam mais enraizados e fixados. 

Será que as coisas boas da vida não podiam acontecer dessa forma? Seus pensamentos insistiam. 

Aquilo só podia ser uma loucura. 

Estar com o seu chefe e presidente das Indústrias Cullen era uma loucura maior ainda quando este dizia e mostrava que tinha sentimentos por ela desde o primeiro momento que se declarou. Mas ela estava ali, rompendo todas as barreiras e vivendo aqueles sentimentos e tudo o que poderia vir com eles. 

Pelo o que parecia ser a primeira vez Bella Swan estava pensando em seus próprios sentimentos e Deus sabia que aquilo não podia ser egoísta. Ir contra o seu próprio pai que apresentava uma opinião totalmente contrária e que reforçava a insegurança da filha seria difícil para Bella. Ela estaria mesmo disposta a permanecer segura e longe de todas as incertezas, que não eram poucas, de que aquilo, ainda sem rótulo, podia dar errado? 

Charlie só a amava muito e como qualquer pai queria ver a felicidade e a certeza dela irradiando da filha. 

E Bella sabia disso.

Talvez levasse um tempo até Charlie se acostumar e aceitar a ideia do que estava acontecendo. Mesmo que ainda fosse um pouco confuso aquilo tudo ele tinha que ver como Bella se sentia feliz. 

Sua insegurança parecia estar sempre a espreita e talvez permanecesse sempre assim, mas o sorriso de Edward e as suas palavras jamais a deixaria sucumbir aos seus próprios medos, e perecer diante de seus próprios sentimentos. Ela confiava nisso, confiava nele. E de repente aquilo tudo foi jogado para longe, em um lugar que Bella sabia que sempre visitaria, mas por enquanto era só ela e Edward, e isso bastava. 

No momento que o carro foi estacionado - sem muito sacrifício pelo motorista que Bella não sabia o nome e que era capaz de passar despercebido se ela não soubesse que ele estava dirigindo - Bella não pôde esconder a reação que teve no segundo que percebeu aquela natureza toda. Ela nunca esteve naquele lugar e não conhecia absolutamente nada de New York. Mas até então o seu objetivo antes de Edward cruzar a sua vida era apenas trabalhar, nunca foi explorar aquela bela cidade, e ela começava a sentir que podia fazer aquilo, que seria bom. E quando Edward abriu a porta para ela, Bella conseguiu visualizar ele a seu lado em uma nova etapa da sua vida que começava. 

Ela não podia esconder a reação o que teve no segundo que percebeu aquela natureza toda. E não só isso, mas estava mesmo considerando um começo com ele. 

Não importava muito o fato de que o céu estava encoberto e que não tinha muitos pássaros como costumava ter na fonte, porque o que realmente importava naquele momento eram as palavras de Edward. 

Ele tinha dito que os pais traziam ele e a irmã quando eram crianças e Bella imaginou um garotinho de cabelos claros acobreados correndo por aquele gramado verde junto da irmã enquanto os pais corriam atrás deles. 

De repente a preocupação que sustentou durante todo o caminho, pensando em como o pai se mostrou contra sem nem ao menos ouvir a filha na noite passada estava em segundo plano. 

E em primeiro estava a sensação da mão de Edward nas suas e toda aquela natureza que ocultava tudo o mais enquanto Bella admirava aquela vista e o céu que refletia sobre o lago. Era como se não existisse mais nada além deles e alguns pássaros que se deslocavam sobre a variedade de árvores espalhadas por todo o gramado extenso do parque. 

Aquele lugar era importante para Edward e aquilo só deixava Bella ainda mais ansiosa para saber tudo sobre aquele homem que parecia tão reservado, impedindo que as pessoas se aproximassem conhecessem o verdadeiro Edward que estava além do presidente de uma das companhias mais importantes do país. E contra isso tudo, contra toda a probabilidade mostrava para Bella que com ela era diferente. 

Ela não podia sentir medo daquele homem como as pessoas ao seu redor pareciam sentir. Não daquele homem.

Interrompendo de forma cálida os seus devaneios, Edward perguntou, embora parecesse mais uma afirmação:

— Você esteve calada durante todo o caminho. 

Bella estava encostada no peito de Edward enquanto ele mantinha os braços firmes a sua volta. Aquilo era tão reconfortante. 

A preocupação dele aqueceu o seu coração e Bella queria dizer para Edward não se preocupar, assim como uma voz silenciosa pedia também para que o pai não se preocupasse. Aquela altura os motivos podiam ser diferentes e ainda assim eram direcionados a ela. 

— Meu pai não consegue entender isso - sua voz era apenas um sussurro quando Bella levou uma mão até um dos braços que a abraçavam. Na verdade nem eu. Seu pensamento era apenas um eco que Bella gostaria que se mantivesse calado. 

Quando Edward não disse nada, Bella pensou que ele poderia ter lido a insegurança ecoando de seus pensamentos pelo o que ela tinha acabado de dizer, mesmo quando ele tinha pedido para ela não ter, que ele sentia que era a coisa certa para os dois. 

Será que um dia ela realmente se veria livre de tudo aquilo e daria mais importância para aquele momento e não para os sentimentos conflituosos que sempre estavam a espreita? Prontos para destruí-la. 

"- Nós enfrentaremos isso tudo juntos."

E indo contra aquilo e alimentando os conflitos dos pensamentos de Bella, ele anunciou: 

— Ele não é o único. 

A resposta vacilante de Edward fez Bella tremer levemente, se virando para olhá-lo. 

Eles ainda estavam de pé, parados de frente para o lago que refletia aquele céu que não parecia que ia ceder ao sol que insistia aparecer de vez em quando atrás das nuvens grosas. E agora, de frente um para o outro Bella pôde examinar o olhar vago que ele tinha no horizonte atrás dela, o mesmo que estavam admirando instantes atrás. E quando os olhos dele deixaram a paisagem e caíram sobre os castanhos de Bella a deixou perdida, desorientada. O que ele realmente via nela? 

Os olhos verdes pareciam buscar, procurando incessantemente alguma coisa, algum sentimento, alguma ruptura nos olhos castanhos dela que poderia fazê-lo fugir. Naquele momento Bella presumiu que não era a única que temia aquilo. 

Mas o que ele podia ter encontrado se não um sentimento verdadeiro que já agarrava e revindicava o seu coração? 

— Você Isabella - Edward concluiu finalmente, tomando o rosto dela nas suas mãos frias, mas que não provocaram nada senão a queimação do desejo nela. - Você também não consegue entender isso. 

Então ele tinha mesmo lido e interpretado o seu silêncio até ali. 

Não tinha havido um único momento, dos poucos que estiveram juntos fora da prédio das Indústrias Cullen, que Bella não pensasse no que isso poderia significar para Edward, mesmo depois das suas palavras. 

— Mesmo depois de tudo o que eu te disse não parece ser o suficiente? - ele perguntou seus olhos ligeiramente franzidos, aproximando mais o seu rosto do dela enquanto se inclinava para ela. 

A respiração de Bella já estava um pouco difícil, entrecortada enquanto o hálito delicioso e os lábios convidativos de Edward a deixava cada vez menos consciente. Ele com certeza tinha ciência de como a desestabilizava. 

Bella quis forçar algo para dizer, mas estava cada vez mais complicado oxigenar o seu próprio cérebro. Nem um leve aceno de cabeça ela era capaz de fazer naquele momento quando ela sentiu que a respiração dele também estava difícil e que seus lábios estavam levemente entreabertos. 

— Naquele dia, quando você me mostrou que eu tinha uma chance trazendo as suas mãos até as minhas, eu soube que isso podia dar certo, assim como podia dar certo se a mulher do filme tivesse dado um espaço para que o homem que amava estivesse ao seu lado.

Isabella se lembrava do almoço naquele restaurante caro - das pessoas olhando para ela, e não para eles como Edward tinha dito, dizendo com os olhos que ela não pertencia aquele lugar, deixando ela ainda mais insegura por estar almoçando com o seu chefe - e como conversar sobre aqueles personagens, Rose e Jack, tinha deixado aquele ambiente um pouco menos arriscado, descontraído. Leve.

— Então eu quero que você saiba que tem um espaço muito além de uma porta para te sustentar quando você achar que não tem certeza sobre isso.

Bella não percebeu que tinha deixando uma lágrimas escorrer quando Edward a afastou com o polegar. 

— Vamos dar um tempo para o seu pai. 

Tempo. Talvez fosse exatamente isso que Charlie precisava. De tempo para aceitar. 

Ele não quis tocar no assunto essa manhã e talvez ele tivesse pensado melhor e ouvido as palavras de Bella quando ela disse que gostava de Edward e que não faria nada para envergonhá-lo. Se o pai realmente se preocupava com o que as pessoas podiam dizer a respeito de Bella - como ela sabia que não era o verdadeiro motivo e sim só a proteção exagerada que ele tinha com a única filha e parte de todo o amor que dividiu com a esposa - aquilo a destruiria, porque seria o mesmo que dizer que não confiava nela, e que não a conhecia. 

Nunca importou o dinheiro para Bella e o que Edward e os bilhões da sua família podiam lhe dar. Charlie não precisava se preocupar com isso, e nem era com isso que o ex-chefe de polícia de Forks se preocupava. 

— Você podia ter escolhido uma pessoa menos complicada do que eu - Bella sorriu levemente vendo que as suas palavras tiveram o efeito que ela queria: diverti-lo. Mesmo que não fosse muito boa com aquilo viu como o sorriso de Edward estava de volta aos seus lábios que ainda a convidava para se juntar com os seus. 

— Agora é tarde demais Isabella.

E a sua gargalhada, o seu riso fez Bella vibrar junto quando Edward a abraçou e pousou a sua cabeça na curvatura do seu pescoço fazendo um caminho de beijos pela sua pele fazendo Bella perder novamente o sentido dos seus pensamentos e controle também que naquela hora já tinha virado pó. Não demorou muito para que o caminho torturante se encerrasse em seus lábios que já estavam entreabertos como os dele já estavam desde o momento que ele aproximou os seus rostos. 

Ele começou depositando beijos calmos na sua boca logo desencadeando uma ferocidade ao reivindicar aqueles lábios doces para o dele. Será que toda a vez que ele a beijasse seria daquele jeito? Despertando sensações novas e diferentes a todo momento, deixando-a cada vez mais ávida por mais, mesmo que precisasse respirar para continuar viva e desfrutando daquele momento?

Bella ainda não sabia, mas eles teriam um bom caminho pela frente para ela saber.