Kissu´s escrita por LiLiSaN


Capítulo 7
Usagi =^.^=




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(Imagem: Mamoru e Usagi - Mangá Sailor Moon)

...

“Sinto muito, mas não a encontro em nenhum lugar”. Tatsuki curvou-se, era a oitava tentativa de procura, mal sucedida.

“Tudo bem, se encontrá-la me avise”. Deu uma gorda gorjeta a ele, e despediu-se, fechando a porta.

Shaoran não escondia o desapontamento. Não conseguia achá-la. Parece que tinha evaporado. O hotel era grande, mas era um só. Não havia infinitos hotéis, quartos, cozinhas dentro dele. De duas, uma: Ou ela estava fugindo ou não queria falar com ele.

Sabia que ela estava trabalhando, Tatsuki garantiu isso. Onde ela estava?

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“Sakura? Por favor, me ajude aqui!” - Uma senhora, aparentando ter 65 anos, tirava lençóis brancos de uma das máquinas de lavar da área de serviço. Sakura deixou de passar ferro em um dos lençóis e foi ajudá-la - “Não vão me dizer o que está acontecendo mesmo?”. Sakura sorriu sem graça, ao lado de Motoko que tirava outros lençóis da centrífuga.

“Repito: Não está acontecendo nada, Chieko-senpai”. Motoko continuava seu serviço, sem encarar a senhora desconfiada.

“Vocês, jovens, acham que podem mentir para os mais velhos”.

Sakura, com ajuda de Naoko, decidiu trocar com uma colega e passar a manhã toda ajudando na lavanderia. Não queria mais vê-lo ou falar com ele. Já estava sabendo, que ele a procurava, mas se dependesse dela, não a encontraria. A não ser que a Generala, a obrigasse. Mas torcia para que ele não a perguntasse sobre seu paradeiro.

“Sakura se esconda! Está vindo alguém!”. Sakura, prontamente, escondeu-se atrás de uma das máquinas. Já era a quinta vez que fazia isso. A senhora, baixinha, mais uma vez balançou a cabeça negativamente e bufou.

A porta foi aberta: “Oláááá!”. Naoko adentrou sorridente. Motoko suspirou aliviada. Sakura ao ouvi-la saiu detrás da máquina.

“Naoko-chan, você tem que avisar que está chegando, lembra?”.

“Ahn sim”! Desculpe-me!”- Naoko curvou-se e olhou para Sakura - “Sakura-chan, Tomoyo pediu para avisar, que às 17h00min quer ver você. Ela falou que não é para você se preocupar que a banda não estará mais aqui”.

“Vão embora esse horário?”.

“Sim!”- Naoko fez bico, chateada pela ida deles – “Eu vi Eriol-chan e o Yukito-chan conversando no corredor que estou trabalhando, foi mágico!”.

“ACHEI VOCÊ SAKURA!”. Tatsuki abriu a porta bruscamente, as assustando.

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“E aí? Nada?”. Eriol adentrou no quarto.

“Nada. Tem certeza que Tomoyo, não sabe de alguma coisa?”. Sentado na poltrona vermelha, Shaoran fitava o teto do quarto, estava chateado.

“Bem, ela disse que Sakura não quis dizer em que lugar do hotel estava nem para ela”. Eriol cruzou os braços, fitando o amigo.

“Duvido muito. As mulheres se protegem”. Levantou bruscamente da poltrona, irritado pela constatação que fez.

“Acho que é a primeira vez, que vejo você assim”. Eriol sentou-se e passou a encarar o amigo inquieto, que andava de um lado para o outro.

“Assim? Assim, como?”. Shaoran parou de andar e fitou o amigo, curioso.

“Atrás de uma garota, insistentemente”.

“Não enche Eriol”. Bufou, e foi até a janela do quarto.

“Você definitivamente sente algo por ela”. Eriol sorriu, ajeitando os óculos.

“Não tem nada a ver! Só me sinto culpado de ter sido grosseiro com ela! E...” – De costas, praguejou, cruzou os braços e por um momento relutou em concluir o que dizia - “E de a ter beijado. Nunca aconteceu isso antes, nunca tinha beijado alguém inexperiente”.

“Você pode até está sentindo culpa, como você mesmo disse. Mas não é só isso, qualquer tolo percebe”.

“Então, vamos lá, Sr. Experiência, grande sábio, o que estou sentindo?”. Um Shaoran irônico saiu da janela e passou a encarar Eriol.

“Uma vez, uma linda jovem disse: ‘A vida seria muito fácil se você estiver sempre me ajudando’. Faço as palavras dela, as minhas”. Sorriu de lado.

“Ás vezes, suas meias palavras, seu jeito enigmático, enche meu saco”.

“Atrapalho?”. Meilin entrou sem bater.

“Ah, pronto! O clube: Gostamos de irritar Shaoran, está completo”. Balançou a cabeça negativamente.

“Ainda com esse péssimo humor?” – Meilin o encarou ferozmente, e lançou um sorriso a Eriol-“Eriol, não sei como você consegue ficar sorrindo perto dele. Ele de mau humor, suga qualquer energia boa do ambiente”.

“Fiquem aí conversando, quando terminarem fechem a porta!”. Shaoran pegou seu casaco, e saiu do quarto, sem olhar para trás.

“Mal educado!” – Contrariada, deu língua para o primo -“Ele só fica assim, quando o assunto ‘herdeiro ou voltar para China’ é mencionado. Vocês não estavam falando sobre isso, certo?”.

“Não, Meilin. Shaoran está apenas com dificuldades de lidar com certos sentimentos”.

“É... Percebi”- O semblante de pesar em seu rosto era nítido- “É por causa dessa tal de Sakura, não é?” – A pergunta surpreendeu Eriol, que nada disse - “Bem, se for, ela que se cuide”. Sorriu maliciosamente. Um sorriso que escondia o ciúme e sua tristeza.

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“E então, vai dizer?”. Naoko ajeitava os óculos de grau, enquanto encarava Tatsuki, preso a uma cadeira. Era encarado por olhares femininos ameaçadores. Menos os de Sakura, que olhava a cena, embraçada.

“Entendam, não queria. Mas não aguento mais procurá-la. Passei a manhã toda vasculhando esse hotel...”.

“Tatsuki-san, repito: Se você contar para alguém, vou partir você em dois”. Motoko apertou o punho.

“Bem...”- Olhou para o lado, desconfiado -“Tem alguém, me oferecendo umas gorjetas gordas... Apanharei, mas com dinheiro no bolso” – Despreocupado, voltou a encará-las -“A não ser...”.

“Fala, o que você quer?!” – Ele chamou Naoko, timidamente. Ela aproximou-se e ele falou algo em seu ouvido. Ela encarou Motoko – “Certo! Combinado! Mas se você disser...”.

“Não, não, não! Não direi!”. Tatsuki, com um sorriso enorme, balançava a cabeça rapidamente.

“Agora vai. Podem vim atrás de você!”. Naoko saiu da sua frente.

“Até mais garotas! Até amanhã Motoko-chan”. Saltitante e com um sorriso largo, encaminhou-se para a porta.

“Será que ele não vai dizer Naoko-chan?”. Perguntou Motoko, desconfiada dele.

“Não, não vai”.

“Porque tanta certeza, Naoko-chan?”. Perguntou Chieko, que a essa hora, já sabia de toda a confusão.

“Porque Motoko-chan sairá com ele amanhã”.

“O QUÊ?!” – Motoko furiosa, segurou o colarinho da farda de Naoko a sacudindo- “Vou matar você Naoko!”.

“Desculpa Motoko-chan, mas foi o que ele pediu em troca do silêncio!”. Naoko, sem graça, tentava sorrir, enquanto Sakura e Chieko tentavam tirar Motoko de cima dela.

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“Yue? Meilin disse que você queria falar comigo”. Eriol sentou-se a mesa do restaurante hotel.

“Sim”- De braços cruzados encarava o amigo- “O que aconteceu entre Shaoran e Kinomoto Sakura?”.

“Nossa, essa estória está fazendo sucesso... Como você sabe? Você a conhece?”. Arqueou as sobrancelhas em um misto de curiosidade com surpresa.

“(...) Sakura é irmã mais nova de um velho e grande amigo meu. Por um acaso, a encontrei trabalhando aqui”.

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Lembrança Yue...

Então vocês davam aulas na Escola Tomoeda?”. Sakura com as bochechas coradas, não conseguia esconder toda sua empolgação ao encontrar um velho amigo de seu irmão. Sentados em um banco de praça, próxima ao Hotel, conversavam entre uma mordida e outra no pastel frito (gyoza), comprada por Yue em uma barraquinha próxima.

Sim. Dei aulas lá, depois da banda fazer sucesso, tive que sair”- Mastigou e a fitou sorrindo -“Touya ainda dá aulas?”

Sim! Ele gosta muito de ser professor”. Sorriu, de olhos fechados.

Yue fitou o seu doce sorriso. Nem parecia a moça que chorou copiosamente horas atrás em sua frente.

~~~~~~

“É... Não existem coincidências, apenas o inevitável”.

“E então?”.

“Yue é um assunto delicado, que deve ser resolvido entre eles. O que posso falar é que Sakura vai ser responsável por algo grandioso”.

“Grandioso?” – Yue fez cara de pouco-caso, para o que acabará de ouvir- “Seja lá o que for. Sakura não é como as mulheres que Shaoran está acostumado. E no que depender de mim: nela, ele não toca”.

“Não se preocupe! Sakura sabe se cuidar e Shaoran sabe muito bem disso”.

“Pode ser. Mas, vou protegê-la”.

“Sakura é uma garota muito especial mesmo, te entendo perfeitamente”.

“Olá men...”. Nakuru se calou ao escutar Eriol, junto de Chirahu e Rika, olhou os dois com curiosidade.

Eriol sorriu, e as cumprimentou, convidando-as a se sentar.

Nakuru, com a expressão séria, encarou Yue, e em pensamento indagou: “Sakura?! Mas quem é Sakura?!”.

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17h15min. Pela terceira vez, ficou sabendo que eles já não estavam no hotel. Haviam ido a uma sessão de fotos e uma entrevista. Depois iriam direto para o aeroporto. Iriam embora.

Tinha conseguido. Tatsuki realmente gostava de Motoko, pois não havia dito nada.

Sorriu ao lembrar-se de Naoko correndo com medo de Motoko. Que confusão. E tudo isso por causa dela, sentia-se culpada por está envolvendo pessoas que nada tinham a ver com seu “problema”.

No elevador, permanecia calada. Não sabia explicar o que estava sentindo. Não estava feliz, ao contrário. Talvez, por saber que mais cedo ou mais tarde, que ia encontra-lo. E seria no noivado da amiga. Mas, até lá, esperava que a raiva passasse. E se dependesse dela, ele nunca iria saber o que o seu beijo, significou.

A porta do elevador abriu, e Tomoyo sorriu, dizendo: “Já ia atrás de você, Sakura!”.

...

Sentadas a mesa, na sacada da suíte, conversavam animadamente. Tinham muito assunto para pôr em dia. Tomoyo iria embora à noite, e não queria ir sem antes conversar com a amiga.

“Acho que esse hotel deveria mudar de nome para: Hotel Tomoeda”. Tomoyo ria. Sakura tinha comentado que Yue, era amigo de seu irmão nos velhos tempos.

“Concordo com você”.

“Sakura-chan...” – Tomoyo encarou a amiga- “Posso perguntar uma coisa?”.

“Claro, Tomoyo-chan!”.

“Foi seu primeiro beijo?” – Tomoyo riu entre as mãos ao ver a cara de espanto de Sakura, que logo ficou ruborizada - “Sim, eu sei. Mas não se preocupe, ele não anda espalhando que beijou você por aí. Depois que ele tratou você daquela forma, pedi a Eriol que me dissesse o motivo. Ele disse que não sabia. Então eu disse: Ou você descobre, ou termino o noivado”.

“Mas vocês nem noivaram ainda...”. Sorria sem graça, não conhecia esse lado da amiga.

Tomoyo, rindo, balançava a mão direita, para cima e para baixo, e continuou a falar: “Então me escondi no quarto de Shaoran, e escutei a conversa”- Aproximou-se da amiga e segurou suas mãos -“Ele disse que beijou você” - Sakura fitou o chão – “Foi, não foi?”.

“Sim...”. Por um momento hesitou, mas confessou.

“Eu sabia!” - Tomoyo deu pulinhos de alegria e a abraçou - “E como foi?”.

“Tomoyo-chan!”

“Eu quero saber Sakura-chan!” –Empolgada, sorria-“Você gostou, o que sentiu?”

“Eu...”- Hesitou, e depois de um longo suspiro, disse: “Eu não sei. Não fazia de ideia de que meu primeiro beijo fosse ser com alguém que nem gostar de mim, gosta...”.

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Horas depois...

“Saudades de Tomoyo?”. Eriol deu de cara com Shaoran chegando ao Hotel.

"É...”. Shaoran desconfiado tirou os óculos escuros.

“Sei... E mandou Meilin ir na frente com o pessoal, sem razão alguma? Finjo que acredito e você continua fingindo que não veio tentar ver Sakura”.

“Como você é chato”.

“Tudo bem, esqueci de falar com o motorista sobre nossa ida. Por favor, avise Tomoyo que já subo, acho que ela está conversando com uma amiga, uma que trabalha neste hotel...”

Shaoran sorriu de lado, e apertou a mão do amigo. Estava para lá de agradecido com àquela informação.

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“Já estou com saudades Sakura-chan!”. Tomoyo sai de seu abraço, e fitava carinhosamente a amiga. Despediam-se, Sakura tinha que voltar ao trabalho.

“Também. Vejo você, logo, logo”.

Sakura saiu do quarto, sorrindo. Estava feliz. Passar um tempo com Tomoyo causava esse sentimento. Agora que a amiga sabia de tudo, sentia-se mais aliviada e calma. Tomoyo tinha o dom de acalmá-la.

Corou ao lembrar da conversa do primeiro beijo... Que vergonha! Seu primeiro beijo foi descoberto facilmente pela amiga de anos. Lembrou-se das palavras de Tomoyo:Shaoran não é essa pessoa que você pensa Sakura. Logo, logo você vai descobrir”. Será mesmo?

A porta do quarto ao lado foi aberta.

“Oi cerejeira ambulante!”

“Mamoru-kun! Trabalhando muito?”.

“Sim, mas acabei. E você, perdida?”.

“Vim me despedir de Tomoyo-chan”.

“Ah, aquela sua amiga, namorada do cara da banda, certo?”. Mamoru a olhou e ela confirmou.

“Vai descer?”. Sakura se pôs a andar ao seu lado.

“Sim” – Um Mamoru nervoso, parou de andar. - “Sakura...” – Sakura virou-se e estranhou o comportamento do amigo.

“Sabe... É que... Bem. Vou pedir Usagi-chan em casamento”.

“Sério?! Que legal! Meus parabéns Mamoru-kun! Vou ser convidada, não é?!”.

“Claro...”- Fitando o chão, continuou- “Sabe...” – Engoliu seco, dizendo -“É que faz três dias que escrevo e rescrevo o pedido e ensaio diante do espelho. Ontem, finalmente achei que ficou bom. Mas queria uma opinião feminina, será que se importaria se eu ensaisse com você?”.

“Claro que não!”. Abriu um sorriso.

“Posso te chamar de Usagi-chan?!”- Sakura acenou que sim- “Tudo bem... Cof, cof... Er...”- Mamoru tirou um papel do bolso, ficou ereto, vermelho, tentava se concentrar – “Bem, lá vai... Cof... Usagi...”.

“Sakura-chan?!”- Tomoyo abriu a porta, havia escutado a sua voz, olhou curiosa a cena. Sakura explicou o que acontecia, apresentando o amigo e dizendo do pedido de casamento. Tomoyo com os olhos brilhando, voltou a entrar –“Esperem, não se mexam!”.

Depois de alguns minutos, Tomoyo apareceu: “Pronto, pode começar Mamoru! Também darei a minha opinião”. Eles tinham gotas sob as cabeças. Tomoyo tinha uma filmadora em mãos.

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“Até mais!”. Shaoran despedia-se de Aoshi, e começar a andar pelo corredor. Estava com a ideia fixa de pedir pelo menos desculpas.

Não aguentaria esperar até o dia do jantar de noivado para isso. Queria que os dias que se passassem fossem tranquilos e se ela permitisse, queria manter contato com ela até revê-la no dia do jantar. Queria saber mais dela, conhecê-la e a forma como a tratou não o ajudava em anda para que isso acontecesse.

“Anda, começa Mamoru!”. A voz de Tomoyo chamou sua atenção, apressou os passos. Estava perto de dobrar a direita do corredor.

Arregalou os olhos, lá estava ela. Fez menção de ir ao seu encontro, mas o rapaz segurando sua mão, o fez voltar-se para trás e encostar-se à parede. Não queria ser visto.

“Usagi...”- Shaoran repetiu o que ouvira, levantando uma sobrancelha: Coelho? - “Naquela terça-feira, de manhã, quando você esbarrou em mim e me olhou vermelha, pedindo desculpas, finalmente acreditei em amor à primeira vista...”- Shaoran fechou os olhos e apertou com força as mãos – "Nunca me preocupei em encontrar o amor ou saber como é amar alguém. Mas aí, você surgiu. Esses dias, semanas, meses ao seu lado têm sido os melhores...” - Sakura o olhava carinhosamente, estava ficando emocionada. Tinha certeza de que Usagi iria chorar compulsivamente – “Eu tento sempre retribuir o que você me proporciona: o seu carinho, seus cuidados, sua atenção e seus sorrisos. Eu amo o seu sorriso! Amo também quando você faz drama quando está com ciúmes. Mas sei que sabe que você é a mulher que escolhi para dividir os maus e bons momentos. Quero continuar cuidando de você, até quando você ficar velhinha. Então...” – Tomoyo pôs a mão na bochecha, ao vê Mamoru ajoelhando-se. Sakura surpreendeu-se – “Usagi, quer casar comigo?”. 

Shaoran arregalou os olhos, não acreditando no que ouviu. Desencostou da parede e voltou a olhá-los, tentando não ser visto.

“Sakura, o que foi?!”. Sakura encarava Mamoru, ainda ajoelhado, chorando. Estava emocionada. Era a coisa mais linda que já tinha ouvido.

“Ela está emocionada Mamoru!”- Disse Tomoyo a filmando, divertia-se com toda cena. Ao fundo, notou uma presença. Aumentou o zoom da câmera, e viu Shaoran, tristemente, fitando as lágrimas de Sakura. Voltou a filmar Sakura –“Diz que sim Sakura-chan!”.

“Mas... Er...” – Desconcertada, Sakura olhou a amiga. Ao fitar o sorriso de Mamoru, o retribuiu- “Eu aceito!”. Tomoyo voltou a filmar Shaoran, mas ele já não estava lá.

Tomoyo sorriu, com a certeza da confusão que havia se instalado.

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“Shaoran, aonde vai? Falou com ela?”. As portas do elevador abriram e Eriol deu de cara com Shaoran, que esperava pelo elevador.

“Não! Ah! Não vou mais a Tomoeda com você. Antes, vou dar uma relaxada em algumas cidades!”. Shaoran iria junto com Eriol para Tomoeda.

“Mudou de ideia?”. Eriol desanimou. ‘Relaxar em algumas cidades’ vindo de Shaoran, significava que ele iria aproveitar a solteirice, ou seja: Festas e mulheres. Shaoran, nada disse, apenas piscou o olho esquerdo e entrou no elevador.

“Mentirosa...” - Shaoran tentava conter a raiva. Então, ela tinha namorado, e ainda por cima iria casar – “Ah claro. E o idiota se sentindo culpado, pensando nela, no beijo... Primeiro beijo? Coitada da Tomoyo-chan, não conhece a amiga... Tenho mais é que me ferrar para deixar de ser tão idiota!”.

Aoshi o fitava com receio. Ele fazia caras e bocas: “Coelha? Maldita coelha mentirosa!”- Socou a parede do elevador- “São todas iguais!”.

Shaoran não conseguia controlar o que estava sentindo. Tinha vontade de quebrar a cara daquele sujeito e arrastar Sakura dali.

“DROGA!”. Concluir isso, o irritou ainda mais.

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Tóquio – Dias depois -20h15min

“Então ele disse: Quero continuar cuidando de você, até quando você ficar velhinha. Usagi-chan, quer se casar comigo?!”. A moça de longos cabelos louros e olhos azuis, sentada a mesa de uma lanchonete, obtinha atenção de todos. Era Usagi, agora noiva de Mamoru. Ela apertava as mãos entre o peito, com os olhos brilhando, relembrando a cena do pedido.

“Que lindo Usagi-chan!”. Suspiravam em coro.

“Porque você não conta que eu tive que falar três vezes?” –Depois do gole de café, fitou a noiva envergonhada- “A primeira vez eu mal disse: ‘Usagi-chan, naquela terça-feira... ’, ela disse: ‘SIM, SIM! ’ e começou a chorar. A segunda chorou no meio da fala, não foi?”.

“Er... Você sabe que sou um pouquinho sensível Mamoru-chan”. Batia os dedos indicadores um no outro, ruborizada.

“E quando vocês pretendem casar?”. Naoko obteve a sua atenção, e logo Usagi se pôs a falar. Inclusive dos preparativos do casamento, deixando Mamoru sorrindo sem graça, pois por ela, já seria amanhã.

Sakura olhava a animada conversa. Decidiu aproveitar o resto do dia de folga, que passou a manhã e tarde estudando para admissão na faculdade, aceitando o convite dos amigos para um jantar descontraído. Os estudos evoluíram, tentava ocupar as brechas de tempo, estudando. Isso a distraía. Quando não estudava, seus pensamentos, vez ou outra, se perdiam. E era por causa dele.

Não sabia mais nada dele. Tomoyo apenas comentou, sem ela perguntar, que ele estava passeando por algumas cidades no Japão.

Com certeza estava dando encima de todas as mulheres possíveis. Pensar nisso, a fez apertar o punho. Ela apenas foi só mais uma. A diferença é que ele lhe beijou, e nem imaginava o quanto aquele beijo significou para ela.

“Sakura, porque aquele cara da banda queria falar com você?”. Tatsuki a despertou de seus pensamentos

“Não sei...”. Olhou para o lado oposto, tomando suco de laranja.

“Porque você não fica quieto Tatsuki?”. Bufou Naoko.

“Eu hein, fiz só uma pergunta... Só achei estranho. Ele estava desesperado tentando encontrar você. Vocês são namorados ou ex-namorados?”. Ele cruzou os braços, e a encarou de perto, ansioso pela resposta.

“Aquele senhor foi só um cara irritante e mal educado que passou pela minha vida, e espero não vê-lo tão cedo”. De bochechas levemente corada, Sakura fingiu falar a verdade.

“Bem, ele parecia gostar de você. Toda vez, fazia uma cara de ‘cão abandonado’ quando eu dizia que não tinha te encontrado. Jogando o charme hein, Sakura-chan?!”. Tatsuki levou um pisão de Motoko, por debaixo da mesa e grunhiu de dor.

As palavras dele martelavam em sua mente: ‘Gostar de mim?’.

“Mamoru-kun, por que mesmo você é amigo de Tatsuki?”. Motoko irritada fez todos sorrirem sem graça, encarando Tatsuki.

Outra vez, Sakura perdia-se nos seus pensamentos: “Aonde será que ele está?”.

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Nagasaki— Karaoke Nyaaah - 20h:45min

“Vai, vai, vai!”- Rapazes e mulheres, sentados em uma extensa mesa, gritavam animadamente, enquanto o estimulavam a tomar de uma vez, todo o saquê –“Aewww! SHAORAN, SHAORAN!”. Comemoravam.

Shaoran bateu com força o copo na mesa, e levantou-se, abrindo os braços, em um misto de comemoração e orgulho.

“Nossa, Shaoran, desse jeito você vai sair daqui carregado”. Um dos rapazes batia em suas costas, rindo. Shaoran balançava a cabeça, estava um pouco tonto. A bebida começara a fazer efeito.

“Desde que não seja por vocês”. Disse em tom malicioso, fitando as mulheres insinuantes da mesa.

“A propósito, Satsuki e Mio estão disputando, para ver quem leva você para casa hoje”. O homem apontou para o fundo da mesa. Uma mulher de cabelos longos, rosa, de vestido vermelho colado ao corpo, evidenciando os seios avantajados, encarava intimidadoramente a moça de cabelos negros compridos, no vestido tubo, preto. Ambas o disputavam em uma queda de braços.

“À toa. São figuras repetidas”. Shaoran fez o os rapazes ao seu lado rirem.

“É assim que se fala!”.

Shaoran serviu-se de mais saque. E ao encarar o amigo ao lado, uma moça, de costas, pedindo uma bebida no balcão, chamou atenção. Lembrava muito a ela. Cabelos curtos, até a nunca, de cor castanho-claro, pele branquinha. Gostou do corpo, a cintura era menor, mas o bumbum, definitivamente era mais avantajado.

Tomou todo o saquê, em um gole, e levantou-se da mesa. Chamando atenção dos amigos, que os rodeava.

“Ei! Vai aonde?!” – Shaoran nada disse. Eles o seguiam com o olhar e perceberam do que se tratava, e riram entre si – “Satsuki-chan, Mio-chan, podem parar com essa disputa. Qual das duas vai querer ficar comigo, hoje?”. O homem galanteador mostrava todos os dentes. Elas também seguiram Shaoran, com o olhar, e notaram que, naquela noite, nenhuma ficaria com ele. Deixaram de lado a luta, e suspiravam inconformadas.

“Vou querer a mesma bebida dessa senhorita” - Shaoran foi dizendo ao garçom, que estava detrás do balcão. A encarou, e escondeu o desapontamento com um sorriso. Sabia que não era ela, mas por um momento, desejou que fosse. Os olhos azuis, o fitavam com curiosidade. Ela era bonita, o sinal, pequeno, próximo à boca, a tornava ainda mais convidativa – “Fiquei curioso. Quero ver se além de linda, você tem bom gosto”.

“Você é especialista em bebidas?”. Estava encantada pela beleza do homem a sua frente.

“Não, não. Mas gosto de sempre experimenta-las. Adquirir experiência”- Debruçado no balcão do bar, a encarou -“Dizem que o tipo de bebida, fala muito sobre a pessoa que está bebendo”.

“Sei, não me diga...”. Ela tomou um gole, e revirou os olhos.

“É sério!”- A bebida, trazida pelo garçom, foi posta em sua frente –“Quer ver?”- Ele tomou um gole, franziu a sobrancelha, e depois tomou mais um- “Pronto. Quer saber o que ela me diz sobre você?”.

“Ok. Vamos lá. Diga”. Ela o encarou, com curiosidade.

“Bem, essa bebida me diz que você é o tipo de mulher independente e desapegada. Também articulada e inteligente. É até meio blasé, não se importa muito com que os outros vão pensar de você... E que também, gosta de elogios”. Ficou espantada. E depois deu um meio sorriso.

“Não preciso de uma bebida para dizer, que o senhor é o tipo de homem galanteador, que transpira virilidade e masculinidade. É experiente, sabe desfrutar as melhores coisas da vida, e não faz questão nenhuma de disfarçar. E nem preciso dizer, que adora flertar, não é?” – Ela sorriu ao fita-lo intrigado- “Sou formada em Psicologia”.

“Bem, você até que acertou”. Ela se aproximou dele, e encostou-se em seu braço estendido no balcão e falou em seu ouvido, com uma voz sensual.

“Eu me esqueci de dizer, que é o meu tipo preferido”.

Shaoran a encarou, e deu um meio sorriso.

...

Horas depois…

Suados, e ofegantes, permaneciam intactos, na tentativa recuperar o folego. Ela o encarou e deu um leve beijo em seus lábios e saiu de cima dele, enrolando-se com o lençol da cama, cobrindo o corpo nu. Shaoran, antes sentado, voltou a deitar e pôs as mãos nos cabelos, desalinhados. Nada disse.

“É, você não é só galanteador. Pensei que fosse do tipo que vive de fazer propaganda enganosa”. Ela ria baixinho.

“Isso foi um elogio, então?”. Ele a encarou e ela sorriu.

“Sim!” – Piscou e levantou-se, enrolada no lençol da cama- “Vou tomar um banho! Tenho que ir! Trabalho amanhã cedo”.

Shaoran a seguiu com os olhos, e fitou a lua minguante pela janela. Pegou o celular no cômodo, ao lado, viu as horas: 3 horas da madrugada. Colocou o celular sobre o peito.

Sakura Kinomoto, veio em sua mente. Então, ela tinha namorado, acabou de ficar noiva, e ainda por cima mentiu para ele? Parece que Tomoyo não sabia muita coisa da amiga, afinal.

“Primeiro beijo... Hunf... E eu me sentindo culpado”. Disse baixinho, balançando a cabeça negativamente.

Lembrou-se do primeiro dialogo, das bochechas coradas, dos olhos verdes o encarando com veracidade, do seu beijo, do olhar que ela lhe deu quando ele soltou seus lábios... Sorriu.

Mas o tímido sorriso foi evoluindo, cobriu a boca com a mão direita, tentando segurar o riso. Mas não conseguiu.

Ria ao acabar de ter a quase certeza do que estava acontecendo com ele. Li Shaoran, o mulherengo, teve uma noite quente, com uma mulher linda e sexy e em vez de esta contente e orgulhoso, não sentia nada. Apenas, voltava a pensar nela. Isso podia significar tantas coisas. Levantou-se da cama, e riu.

Riu como tivesse lembrando-se da piada mais engraçada do mundo, como se não houvesse amanhã. A barriga já começava a querer doer.

“Ei, o que é tão engraçado?”. A mulher abriu a porta do banheiro, ainda seminua.

“Não, nada. Foi só uma mensagem que recebi”. Disse estendendo o celular, desconversando. Satisfeita com a resposta, voltou a entrar no banheiro.

Ele voltou a sorrir, e murmurou baixinho: “Acho que o Eriol vai se surpreender quando eu disser que talvez eu esteja começando a sentir algo por aquela garota".

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Tomoeda- Aeroporto -  Semanas depois

“Lá está ela!”. Um homem de cabelos castanhos, com alguns fios brancos, acenava, sorrindo tentando chamar atenção dela. O rapaz, de cabelos negros, ao seu lado, segurando um, pesado, gato angorá, amarelo, entre os braços também acenou.

Ao vê-los, Sakura apressou seus passos, saindo da sala de desembarque. Finalmente, revia a sua família.

“Pai! Touya-chan! Kerberus!”. Sakura se encaixou no abraço do pai, e chorou. Sentia muita falta daquele abraço protetor, como queria tê-lo toda vez que tivesse alguma chateação, como quando era criança. Bastava ele abraça-la e tudo ficava bem. O que a aborrecia, não significava mais nada.

“Para de chorar monstrenga”. Touya bagunçava seus cabelos, na tentativa de anima-la. Ela enxugou as lágrimas e abraçou o irmão, mas com cuidado para não machucar seu gato.

“Não sou monstrenga!”- Dizendo isso, estendeu a mão, pegando Kerberus, que permanecia imóvel, balançando o rabo lentamente para um lado e para o outro. Reconhecendo a dona, ronronou em seus braços – “Kerberus, você está muito gordo! Papai!”. Reprendeu seu pai, que sorria sem graça.

“Ele come muito filha, se eu não fizer sua vontade ele mia pela casa toda”.

“Mas o senhor sempre o mimou muito”.

“Geralmente, os animais lembram os seus donos, não é monstrenga?”

“Eu não sou monstrenga!”. Fujitaka sorria com as cenas dos irmãos dando língua um para outro.

Com Kerberus ainda em seus braços Sakura andava ao lado do pai e de Touya, que segurava suas malas, juntos saiam do aeroporto.

No caminho para casa, fitava com amor os lugares por qual passava. Parecia que nada havia mudado, tudo permanecia igual. Para ela, isso era revigorante. Morar em Tóquio era bom. Gostava da capital, tinha seus benefícios. Mas nada se comparava ao aconchego e a tranquilidade que Tomoeda transmitia.

Ao chegar em casa, subiu para seu quarto. E ao abrir a porta, seus olhos ficaram marejados. Tudo estava lá. A cama arrumada, seus ursinhos de pelúcia, a escrivaninha ao lado da cama, com seus pertences. Parecia que nunca tinha saído de casa. Kerberus entrou no quarto, tentava subir na cama, mas pelo seu peso, estava com dificuldades.

“Eu ajudo você”. Sakura o colocou na cama, e ele aconchegou-se. Ela fez carinho em sua cabeça, e ele esfregava sua cabeça em suas mãos – “Tenho muita coisa para contar Kerberus. Aconteceram coisas que você nem imagina!”. O encarou sorrindo, e ele apenas, continuava a apreciar o afago.

O bater da porta chamou atenção dos dois.

“Filha? Posso entrar?”.

“Pode sim”- Retribuiu o sorriso ao pai- “Obrigada. O quarto está do jeito que deixei”.

“Apenas cuido dele para você. Sonomi ligou mais cedo. Queria saber a que horas você chegava. Quer ver você antes do jantar de noivado de Tomoyo-chan”.

“Faz muito tempo que não a vejo”.

“Sim. Quando ela aparece por Tomoeda, ela vem nos visitar. Ela nos convidou para jantar hoje à noite, você quer ir? Deve estar cansada...”. Levantou-se da cama, e Kerberus se pôs a sentar, estendendo a patinha direita, tentando chamar a atenção da dona.

“Estou só um pouquinho, mas quero ir sim!”. Sakura percebeu Kerberus, e voltou a sentar na cama, o acariciando.

“Você tem se alimentado direito? Estou achando você um pouco abatida!”.

“Só tenho estudado muito papai! As provas serão no próximo mês, e como vim para cá, tive que estudar o dobro” – Sorriu sem graça, ao notar os olhares preocupados do pai a sua magreza- “E Touya?”.

“Voltou para o colégio. Mas ele vem na hora do jantar. Eu vou deixar você à vontade. Vou arrumar algumas coisas”.

“Eu ajudo você!”. Kerberus dormia, enquanto recebia os carinhos da dona.

“Não, filha! Descanse!”.

“Pai, já,já eu desço!”. Balançou a cabeça negativamente, e seu pai inconformado, saiu do quarto.

O ronco baixinho obteve sua atenção. Olhou Kerberus que continuava dormindo profundamente. Deitou-se na cama e o abraçou.

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Mansão Daidouji - 20h05min – Horas depois...

“Boa noite, por favor, entrem”. O mordomo estendia o braço para dentro da mansão, indicando para que entrassem. Sakura, ao lado do pai e do irmão, agradeceram a cordialidade, e entraram.

Sakura, com olhos brilhando, admirava a linda mansão sendo decorada. Era lá que aconteceria o jantar de noivado. Era um vai e vem de pessoas que cuidavam dos mínimos detalhes. Seus olhos pararam na enorme escadaria, que levava aos quartos e outros cômodos da mansão. Estava sendo testados vários tipos de flores, que cobririam todo o corrimão. Sonomi estava junto da decoradora, que aparentava estar confusa, escutando com atenção seus comandos. Sakura sorriu ao ver que ela percebeu que eles haviam chegado, antes de o mordomo anunciá-los.

“Sakura...” - Sonomi veio em sua direção e deu um apertado abraço. A olhou com carinho, acariciando seu rosto – “Está cada vez mais parecida com a sua mãe...”. Sakura corou, mas continuou sorrindo. Adorava quando ela dizia que parecia com a sua falecida mãe, Nadeshiko.

Sonomi deu um sorriso para Touya, e ao ver Fujitaka, com o “sorriso bobo de sempre”, fechou a cara e virou o rosto o ignorando – “Ainda bem que seus filhos são lindos que nem a mãe, por que se tivessem puxado para você. E esses fios brancos? Que desleixado!”. Touya e Sakura sorriam sem graça.

“Concordo com você”. Disse Fujitaka. Sonomi desfez a cara de desdém, e ficou brava. Ela nunca conseguia tirá-lo do sério.

 

Yoru no sora ni matataku

No céu da noite, pisca

Tooi kin no hoshi

Ao longe uma estrela dourada

(Voz de fundo)

 

A doce voz ecoou por toda a mansão. Sakura fechou os olhos. Todos pararam o que faziam e contemplava a doce voz.

“Tomoyo-chan, começou a cantar”. Disse Sonomi, olhando para a sala de música, com as portas entre abertas.

“Sua filha, desde pequena tem essa voz maravilhosa”. Disse Fukitaka.

  

Yuube yume de miageta

Na noite passada, eu vi no meu sonho,

Kotori to onaji iro

Um passarinho da mesma cor

(Voz de fundo)

 

Sonomi sorriu, e olhou para Sakura, dizendo: “Sakura-chan, vá lá”. Sakura assentiu e andou em direção à sala. Sonomi olhou todos os funcionários, parados, e tossiu, chamando a atenção deles, que entenderam que deviam continuar o serviço.

 

Nemurenu yoru ni

Nesta noite com insônia

Hitori utau uta

Eu canto esta canção, sozinha

Wataru kaze to issho ni

Junto com o vento que passa

Omoi wo nosete tobu yo

Eu voo pelas minhas memórias

(Voz de fundo)

 

Abriu a porta com cuidado. Tomoyo estava em pé, vestida em um lindo vestido azul-claro, com as mãos entre o peito, de olhos fechado, cantando. Ela parecia uma princesa das histórias encantadas.

 

Yoru no sora ni kagayaku

No céu da noite, brilha

 Tooi gin no tsuki

Ao longe uma lua prateada

 Yuube yume de saite 'ta

Na noite passada, sonhei com

 Nobara to onaji iro

Um jardim de rosas da mesma cor

 

Curiosa, deu passos para frente, gostaria de ver quem tocava. Olhou para piano, e teve uma boa surpresa. Era Eriol. Ele notou sua presença, e sorriu.

 

Yasashii yoru ni

Na noite doce,

Hitori utau uta

Eu canto esta canção, sozinha.

Asu wa kimi to utaou

Amanhã, eu cantarei com você

Yume no tsubasa ni notte

Montada nas asas dos seus sonhos

 

Tomoyo finalizou e abriu os olhos, fitando Eriol. Ao ouvir as palmas, viu Sakura. Sorriu e agradeceu, curvando-se.

....

“Então você vai vir se vestir aqui?!”. Uma Tomoyo esperançosa a indagava. 

“Bem... Você está insistindo tanto”. Sentadas, próxima ao piano, conversavam animadamente sobre o jantar de noivado.

“Que bom! Não posso perder nenhum momento, quero filmar tudo Sakura-chan, você vai ficar mais linda”.

“Mas, Tomoyo-chan, o noivado é seu...”. Sorria sem graça, enquanto Tomoyo tinha os olhos brilhando, imaginando a prima vestida.

 Eriol sorria de lado, ouvindo toda a conversa. O vibrar do seu celular, o fez levantar e ir à janela da sala, pedindo licença a elas, já atendeu dizendo: “Shaoran, resolveu aparecer?”.

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“Não começa... Já está em Tomoeda?”. Shaoran estava em um fino restaurante, tinha acabado de jantar. Olhou o relógio, com cara de tédio.

—“Sim... Quando você vem?”.

“Não sei. Mas provavelmente no dia do jantar. Tenho que fazer umas coisas ainda antes de ir. E quanto mais ficar longe dos cuidados excessivos de Meilin, melhor. Ela me liga a cada cinco segundos...”.

—“Deve está preocupada... Até porque ela conhece o primo que tem”. Riu baixinho.

“Meilin e você formam uma dupla pé no saco imbatível”.

—“E você, onde está? No Iraque, Dubai ou Alemanha?”. Foi irônico.

“Fukushima. Cheguei ontem. Vim no esconderijo secreto gravar uma canção”.

—“Sério? Fico feliz! Se você anda gravando é porque algo aconteceu, não vai me contar?”

“Ahn... É... Err... Prefiro pessoalmente”.

—“Tudo bem. Como você quiser”.

“Eriol...”- Shaoran encolheu-se na cadeira, olhou para os lados, apertou a toalha de mesa. Ao ouvir o amigo, pela terceira vez chamar por ele, tomou coragem – “Você sabe se ela chegou a Tomoeda?”.

—“Ela? Ela quem?”- A porta da sala foi aberta, e Sonomi adentrou— “Tomoyo-chan, Sakura-chan, Eriol, vamos jantar...”.

Ao escutar a voz feminina, falando o nome dela, Shaoran deu um pulou da cadeira, assustando os frequentadores do restaurante. Ele voltou a sentar, desculpando-se.

“A Sa... Sak... Sakura está aí com você?”. Apertava o celular.

—“Eu não disse? Que cabeça a minha. Sim, está! Vamos todos jantar. A propósito, tenho que desligar. Não é educado, deixar todos esperando. Até mais!”. Eriol divirta-se fingindo que ia desligar, ao ouvir o amigo gritando do outro da linha, voltou a falar —“Sim?”.

“Não desliga! Ela falou alguma coisa de mim? Perguntou algo?”.

—“Não Shaoran, até agora não”.

“Hum... E o noivo?”.

—“Não entendi muito bem a pergunta... Mas está bem feliz!”. Ao responder, Eriol referiu-se a ele. Não sabia que ele perguntava do ‘noivo’ de Sakura.

Cerrou os dentes, ao ouvi-lo. Então ele estava lá. Ele pediria desculpas a ela. Mas também cobraria uma explicação dela sobre o namorado, agora noivo, que ela escondeu: “Sei... Amanhã estou aí”.

—“Mas você só não iria...”.

“Amanhã Eriol!”- Interrompeu o amigo- “E diga para ela que... Diga que... É, diz que eu... Ah! Esquece! Não diz nada!”.

—“Eu digo que você disse um ‘Oi’”.

“Não diz nada. Ela ainda deve está magoada comigo”.

—“Tudo bem... Vou desligar agora. Depois conversamos. E não se preocupe: Conversarei, farei rir e estarei ao lado da adorável Sakura por você”.

“Eriol, não provoca...”

Eriol riu, poder dá o troco em Shaoran, estava sendo divertido–“Até mais Shaoran-kun! Ah, daqui a pouco mandarei algo para você. Fique atento. Até mais”. Shaoran não se despediu, Eriol desligou primeiro. Balançou a cabeça negativamente.

“Droga...”. Shaoran suspirou. O garçom veio à mesa e serviu-lhe mais vinho. Cruzou os braços, desejando estar em um jantar alheio, longe dali, especificadamente em Tomoeda.

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“Sakura?”. Sakura ao lado de Tomoyo virou-se para trás – “Poderia dá um belo sorriso?”. Ela não entendeu muito bem, mas sorriu. O som do ‘clic’, a deixou curiosa.

“Ficou bonita”. Eriol havia tirado uma foto com seu celular. Sakura sem graça tinha interrogações em volta.

“Porque você tirou essa foto?”. O olhava com curiosidade.

“É que Shaoran queria te ver”.

Suas bochechas coraram, e na tentativa de disfarçar a surpresa olhou para baixo.

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O vibrar do celular na mesa, chamou sua atenção. Deixou a taça de vinho na mesa, e o pegou.

Mensagem de Eriol” estava escrito na tela do celular. A abriu e arregalou seus olhos.

Era ela. Ficou imóvel a admirando. Ela estava mais linda do que de costume. Havia um laço preto em seu cabelo, o vestido amarelo, havia lhe caído perfeitamente bem.

O seu sorriso tímido era um encanto. Pensando bem, ainda não a tinha visto sorrir daquela forma para ele. Os olhos verdes pareciam lhe pertencer.

Sorriu de lado, e respondeu a mensagem: “Te devo uma Eriol”.

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 Continua...

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Música: Yoru no Uta by Junko Iwao, do anime Sakura Card Captors: https://www.youtube.com/watch?v=S4dtskmR3IQ

 

Observação:

Usagi: Significa Coelho, em japonês.


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Notas finais do capítulo

Como vão todos? Eu vou bem! Hehehehe. Gostaram do capítulo? Queixas, elogios?
Desde já agradeço o retorno. Esse capítulo saiu um pouco grande... Não sei se é bom ou ruim. Só me falarem. Gosto de trabalhar todos os personagens. Acho que vocês perceberam. Hehehehe =* Vejo você no prox. capítulo!

Já leram a continuação do mangá da Sakura? *.* que saudades que eu tava, pai amado! Tô adorando! Kissus!

Música: Yoru no Uta by Junko Iwao, do anime Sakura Card Captors: https://www.youtube.com/watch?v=S4dtskmR3IQ



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